MORRE NO RIO O ESCULTOR FRANZ WEISSMANN (2005)


Morre no Rio o escultor Franz Weissmann

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Em clima de colunas gregas, Franz Weissmann e Fernando Bicudo, com colar soy-loco-por-ti-Xingu, no lançamento do vídeo sobre Tomie Ohtake, anteontem no Gabinete de Arte
- (Joyce Pascowitch, F. S. Paulo, 23 nov. / 1988)

Rio - 17 jul. / 2005 - O escultor Franz Weissmann morreu hoje, às 13h30, em sua casa, em Ipanema, na zona sul do Rio, de insuficiência cardíaca. Ele tinha 93 anos e morava no Brasil há mais se seis décadas. Weismann já havia sofrido um enfarte e, na semana passada, teve uma pneumonia. Seu corpo será cremado amanhã, no Momorial do Carmo, no Caju. Por determinação dele, em vida, não haverá velório, mas sua filha, Waltraudi Weissman, e outros parentes estarão lá.

Nascido em 1911, Franz Weissmann foi um dos nomes importantes daquele momento efervescente da abstração e do concretismo que marcou a arte brasileira nos anos 50. No Rio, participava do Grupo Frente, que preservava a liberdade de expressão. Fundado em 1954, o grupo era formado inicialmente por Lygia Clark, João José da Silva Costa, Hélio Oiticica, Abraão Palatnik, Ivan Serpa, Décio Vieira, Lygia Pape, Franz Weissmann, Eric Baruch e Aloísio Carvão. Os teóricos do grupo eram o crítico Mario Pedrosa, e o poeta e crítico de arte Ferreira Gullar. Naquela época era o Grupo Frente no Rio, e o Grupo Ruptura em São Paulo, que surgiu um pouco antes, em 1952, ano em que realizou uma exposição histórica no MAM de São Paulo e um manifesto, conhecido como Manifesto Ruptura, que era o manifesto da arte concreta/abstrata, que propunha uma reformulação das artes plásticas brasileiras.

"Escultor, nasceu em Knittelfeld, Áustria, em 1914, e em 1924 veio com a família para o Brasil. De 1939 a 1941 cursa a Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. De 1942 a 1944, estuda desenho e escultura com August Zamoysky. Em 1945 muda-se para Belo Horizonte, onde dá aulas particulares de desenho e de escultura. É convidado por Alberto da Veiga Guignard para ensinar desenho e escultura em sua escola, onde permanece até 1956. Já por volta de fins de década de 1940, seu trabalho apresenta uma simplificação formal e linhas geométricas.

Em 1950, sem interromper a produção figurativa, realiza suas primeiras esculturas geométricas. Sua primeira obra radicalmente construtiva data de 1951. A adesão a essa linguagem é contudo gradual, consolidando-se na primeira metade dos anos 1950, quando a produção figurativa declina.

Em 1955 adere ao Grupo Frente, ligado à arte concreta, promovendo exposições e debates sobre o movimento, além de receber o segundo prêmio de escultura na III Bienal Internacional de São Paulo.

Nos anos de 1956 e 1957 participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta no Museu de Arte Moderna de São Paulo (Mam-SP) e no Ministério da Educação e Cultura do Rio de Janeiro (MEC), já de volta ao Rio de Janeiro. Assina o Manifesto Neoconcreto de 1959 e participa da I Exposição de Arte Neoconcreta no Rio de Janeiro e em Salvador. Nesse ano, viaja para a Europa com bolsa de estudos. No ano seguinte participa da II Exposição de Arte Neoconcreta no Rio e em São Paulo, e da mostra Koncrete Kunst, em Zurique. Em 1961, vive entre a França e a Espanha. Nos anos 1960, sempre distante do rigor geométrico do concretismo, realiza trabalhos que consistem em chapas de metais amassados. Participa da XI Bienal de Escultura ao Ar Livre de Antuérpia, Bélgica, realizada em 1971.

Quatro anos depois recebe o prêmio melhor escultor na coletiva Panorama da Arte Atual Brasileira: Escultura e Objeto no Mam-SP. Em 1979, expõe no Instituto dos Arquitetos do Brasil, Rio de Janeiro. Em 1993, recebe o Prêmio Nacional de Arte do Ministério da Cultura. Participa da Bienal Brasil Século XX. Reside e trabalha no Rio de Janeiro. Participou de várias Bienais Internacionais de São Paulo, tendo obtido o Segundo Prêmio de Escultura na II Bienal, o Prêmio de Melhor escultor Nacional na IV Bienal e participado com a sala especial "Em busca da essência: elementos de redução na arte brasileira na VII Bienal".

Fonte: AGUILAR, Nelson (org.). Catálogo Bienal Brasil Século XX. SP: Fundação Bienal, 1994

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JB, 14 abr. / 1999