1972: HÉLIO OITICICA & RUBENS GERCHMAN: ARTE EM NYC

   "Em Nova York levaram Abby Rockfeller para olhar Os Ninhos. Aí quando abriram, tinham um casal trepando lá dentro. Esse foi o máximo que eu já vi em participação, e foi um escândalo! Ninguém sabia o que fazer (...)
"Loft aqui está ficando legal: construí seis Ninhos para viver: também um troço que têm dois níveis, e por onde se entra pra o de baixo, por cima; Mário Pedrosa ficou louco, pois quando queria falar ao telefone tinha que subir tal plataforma". (Hélio Oiticica).

   250 Bowery - NYC


   Rubens Gerchman & Hélio Oiticica

   1972 À esquerda, na escada de incêndio do ateliê do artista no 250 Bowery, Soho, Ivan de Freitas, Roberto Delamonica, Hélio Oiticica, Amilcar de Castro e Rubens Gerchman

   "O Hélio Oiticica morou um ano comigo em Nova York. Em 69 ou 70, veio de Londres e não tinha onde morar, aí ficou lá. No Brasil a gente já tinha feito capas de parangolés porque ele tinha assim uma profunda admiração por mim. Ele me abriu a cabeça para muitas possibilidades da participação do espectador. Então não era um artista ligado nessa coisa: ainda era um pintor, um artista gráfico" Depoimento a Interwiew - dezembro de 1994

   — O Hélio marcava o leite com fitas delimitando a quantidade de consumo diário. A carne também - Rubens Gershman conta, para dar a idéia do que era ser um artista de vanguarda sem público no Brasil e no exílio. Depoimento a Toni Marques, correspondente do jornal 'O Globo' em Nova York, 25/09/2002

   "Ele participou de uma importante exposição no Museu de Arte Moderna de nova York, a "Information". Mas nunca conseguiu realizar nada além disso. Vivia das traduções que fazia. Nos seu últimos tempos lá, todo mundo sabe disso, fazia tráfico. Tanto que seu atelier foi invadido por um bando, destruíram e arrasaram tudo e ele foi se esconder noutra parte de Manhattan, virou um foragido. Ele sempre foi genial. Mas, quando o Hélio voltou de Nova York, ninguém mais deu bola pra ele. O Hélio, coitadinho, vivia aqui meio doente, sempre, dizendo: "Agora estou purificando meu nariz, pego ar puro da praia, estou até nadando". Mas a saúde já não era boa e ninguém ia às suas manifestações, como a do "Caju" e a do "Buraco Quente na Mangueira". Sempre fui a todas elas, mas e os outros? Sua morte foi um exemplo deste abandono. Depois de entrar pela janela da cozinha, Lígia Pape, amiga da vida inteira, encontrou-o desacordado atrás de um sofá. Ele teve um aneurisma e ficou dois dias desmaiado no chão. Como não teve socorro imediato, acabou morrendo pouco depois".

   Rubens Gerchman em depoimento a Interwiew - dezembro de 1994

   'O marginal iluminado'

   "Solitário, Oiticica viveu seus últimos dias. Na última noite em que foi visto, o artista bebia cerveja sozinho na boate 'Dancing Day's', no Morro da Mangueira. Ao chegar ao seu apartamento, teve um derrame cerebral que o paralisou. Durante três dias, ele tentou se arrastar pelos poucos metros que o separavam do telefone. Sua amiga Lygia Pape, estranhando a ausência prolongada do artista, foi ao apartamento e bateu na porta - sem obter qualquer resposta. Pela janela do vizinho, ela entrou na sala de Oiticica, que estava enrolado em suas próprias obras. Um projetor de slides iluminava seu rosto. (...)

   Levado para fora do prédio, Hélio Oiticica pareceu recuperar-se. 'Seu rosto iluminou-se quando ele viu a rua', lembra Lygia Pape. No hospital, o artista ainda tentou falar com a amiga, mas não conseguiu. Entrou em coma e morreu no dia seguinte, 19 de março de 1980. Oiticica foi enterrado no Cemitério de São João Batista. A bandeira da Mangueira cobria o caixão e um surdo da escola entoava o canto fúnebre em homenagem ao passista, ao companheiro de tantos carnavais". Wilson Coutinho in Veja 5 fev. / 1986

"O que me interessa nessa evolução de Gerchman é exatamente essa superação de uma época de superlação da imagem, para formulação de uma síntese necessária hoje. (…) Em Gerchman, a tendência crescente ao uso do objeto é bem significativa (havia a tendência a um uso semântico da imagem, na maneira em que era exposta antes). Em 68 dizia eu, sobre isso (Correio da Manhã, 9 nov. / 1968), que havia uma tendência do ‘esvaziamento do mais sensorial para o objeto essencial ou probjetessência, já que a estrutura aberta não se fecha no significado dirigido, mas se abre na redundância’. Era um processo claro, em Gerchman, e se mostra cada vez mais como sendo a espinha dorsal de suas experiências.” Hélio Oiticica, Jornal do Brasil, 21 mar. / 1970

À meia-noite com Glauber, um filme de Ivan Cardoso
(Mário Pazcheco)

Colorido. 35mm com 16 minutos, montagem de Francisco Moreira. Telecineclipe sobre a obra de Glauber Rocha, Hélio Oiticica, José Mojica Marins e Rogério Sganzerla em depoimentos tomados na década de 70, originalmente o título era À meia-luz com Glauber na zona proibida. A intenção inicial de Ivan Cardoso era realizar um média-metragem sobre o encontro de Glauber Rocha com Hélio Oiticica, no apartamento de Daniel Más, no Rio de Janeiro ao final de 1978. Ivan Cardoso, fotografou este encontro, que saiu como reportagem especial da revista Vogue, de janeiro de 1979.

Durante o desenrolar do processo Ivan Cardoso percebe que o documentário tem que ter Glauber Rocha como figura central e Hélio Oiticica como interlocutor de Glauber e do texto que Haroldo de Campos escreveu especialmente para os dois. Segundo o diretor:

— O filme se transformou num filme sobre a Estética da Fome somada a Estética da Vontade de Comer. Nesta vertente — Eu coloco o Mojica e o Sganzerla, especialmente. Por isto há imagens no meu curta também do Zé do Caixão e de O bandido da luz vermelha. O diretor também quis utilizar trechos do curta Di-Glauber, mas não pôde.

Quando dona Lúcia soube que tinha o Zé do Caixão e que não era exclusivo sobre Glauber Rocha, estrilou: — Deus me livre, não tem nada de Zé do Caixão. Se ele colocar Zé, eu tomo o filme e mato ele.

— Na verdade é um diálogo virtual com a experimentação no cinema. Ivan Cardoso. (...) Mais que engajado, Glauber foi amante da experimentação, seus filmes são trash, B. Os piores filmes brasileiros. Mas por serem os piores, são os melhores.(...) O lado desconhecido de Glauber o lado pop, trash, experimental, psicodélico.

Hélio Oiticica, Glauber Rocha e Rubens Gerchman, em conversa informal no Rio de Janeiro, discutem os destinos da cultura brasileira em Nova York.

 Foto: Ivan Cardoso

   “A preocupação principal de Gerchman centra-se no conteúdo social (quase sempre de constatação ou de protesto) e na procura de novas ordens estruturais de manifestação de modo mais profundo e radical (no que se aproxima das minhas em certo sentido): a caixa-marmita, o elevador, o altar onde o espectador se ajoelha são, cada uma delas, ao mesmo tempo que manifestações estruturais específicas, elementos onde se afirmam conceitos dialéticos como o quer seu autor.
   Daí surgiu a possibilidade de criação do Parangolé social (obra em que me propus a dar sentido social a minha descoberta do Parangolé, se bem que este já o possuísse latente desde o início, e que foram criadas por mim e Gerchman em 66, portanto mais tarde.” Hélio Oiticica (primeiro à esquerda). “Esquema Geral da Nova Objetividade”, in Nova Objetividade Brasileira, Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna – MAM-RJ, 1967.

 

   Gerchman: rolimã artístico

   (Mário Salimon*)

   "A bordo do cargueiro 'Netumar', que o levava à cidade de Nova York onde gozaria o prêmio da viagem oferecido pelo MEC em 1968, escuta pelo rádio a promulgação do AI-5. Na 'Grande Maçã', aluga um apartamento na West 71 e participa de várias coletivas, dentre elas a 'Fashion Poetry Eventa', do qual faz parte o papa do pop Andy Warhol. Juntando-se com outros artistas, funda o 'Museu Latino-Americano' e logo vê suas obras sendo adquiridas para coleções particulares e museus dos Estados Unidos. Em Nova York, vai morar no apartamento 250 da rua Bowery, esquina da Spring Street e vê nascer o Soho, ponto de encontro artístico. Em seu ateliê, onde mora até 1973 com a mulher e dois filhos, hospeda Hélio Oiticica, Lygia Clark e Glauber Rocha. Antes de voltar para o Brasil, experimenta com a linguagem de vídeo em uma peça de seis horas com Glauber Rocha. O trabalho, que teve trilha sonora de Naná Vasconcelos, foi considerado uma das primeiras produções latino-americanas de vídeo alternativo-cultural e abriu caminho para um segundo 'Triunfo Hermético', com música de Airto Moreira e a participação de Flora Purim e do baixista Stanley Clarke, então um dos pupilos de Miles Davis. De volta ao país do futebol e do carnaval, passa a co-editar a revista 'Malazarte', criada por um grupo de artistas do Rio e de São Paulo e a dirigir a 'Escola de Artes Visuais do Parque Lage'.

   *Correio Braziliense, 6 nov. 1990.


   1970 Ateliê do artista no número 250 Bowery, Soho

   "Aí, como eu era o único em quem confiava, fiz uma edição dos seus parangolés. Levei-o no melhor impressor, o Claus Oldenburg, que atendia o Roy Lichtenstein, para fazer a gravura do Hélio. Era uma foto que ele me deu, com o Luiz Fernando vestindo a capa no cais da rua 42. Mas ele não gostou do resultado, achou uma merda. Por causa de um preto, cara, refizemos a impressão cinco vezes. Era um off-black complicadíssimo, com quatro impressões de preto, mais um cinza, um prata, vários grises no fundo, mas no final ele ficou satisfeitíssimo. Aí ele assinou aquilo tudo, eram umas 100 gravuras, tirou uma prova de artista para ele e me deu uma, que está emoldurada aqui em casa. Até ai, tudo bem...

   (...) Guardei o trabalho e trouxe-o comigo para o Rio. Combinei com o Hélio: quando você puder ou quiser, vamos fazer um lançamento no Brasil. Passaram-se uns oito anos até que um dia o Hélio me ligou, nervoso, gritando: "Gerchman, cadê aquela edição? Você está me roubando!" Ele estava puto, era dado a iras assim, mas consegui dizer: "Porra, Hélio, tá tudo aqui guardado, vou levar agora aí na sua casa". Quando ele viu o pacote fechado, ainda com o carimbo da alfândega, intacto, começou a chorar. (...) Um artista abandonado pelo mundo das artes plásticas, mas que depois de morto foi endeusado. Em vida, ele nunca vendeu nada, a não ser uns meta-esquemas que o Vergara vendeu para o Gilberto Chateaubriand. Depois fizeram esta Fundação Hélio Oiticica e aí sumiram com algumas coisas. Como aquela tiragem de 100 gravuras que fizemos em Nova York - edição lindíssima, investi uns 5 mil dólares, hoje seriam uns 20, delas nunca recebi um tostão -, andou sendo vendida lá fora por um alto preço. Esta Fundação H.O., vendeu muita coisa, levantei a lebre, tentei publicar isso no 'Globo', contra esse cara que monta todas as exposições, o Luciano Figueiredo, mas fui sabotado. Estão vivendo em cima do cadáver dele. São os vampiros do Hélio Oiticica. Fizeram exposição dele, em Paris, no Petit Palais, no Grand Palais, no Jeu de Paume, tembém em Sevilha, hoje, depois de morto, virou um grande nome mundial". (Rubens Gerchman em depoimento a Interview - dezembro de 1994)

   Edição serigráfica realizada a pedido de Hélio Oiticica por Rubens Gerchman
   (100 exemplares impressos sob supervisão do artista, numerados e assinados, Editora Ludos).

Mil novecentos e setenta e dois

Compilado por Mário Pazcheco

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 Iggy Pop e Greg Lake in 1972 (Photo: Getty Images, Michael Putland)

Janeiro

Gil e Caetano voltam de Londres e encontram o caos do Desbunde e a fúria Udigrúdi. O Tropicalismo deixara de ser uma grife exclusiva deles.

• No início deste ano, Andy Fraser, procura ouvir seus amigos e após dois meses de muita indecisão, eles estão de volta com a missão de tirarem Paul Kossof do abismo das drogas que ele se metera com o término da banda. Acabam fracassando, ainda preso às drogas, Paul Kossof se torna um problema que atinge a todos, uma série de concertos são cancelados, quando em um simples teste de som, Koss desequilibra-se, cai do palco e quebra o pé. Com a situação de anti-profissionalismo, Andy Fraser se retira do grupo e Paul Rodgers assume a liderança e a guitarra gravando com Paul Kossof quando este consegue chegar num palco ou estúdio, assim lançam Heartbreaker, em 1973, que seria o último disco do Free, onde Paul Kossof é tratado como convidado especial.

8 Jan.

Mautner, a nova tragédia

Fevereiro

By the 1970's the Lennons/Onos moved to New York, where they became active in the anti-war movement. This plus all of John’s controversial activities and drug use caused the Immigration and Naturalization Service to initiate his deportation in 1972. This made him extremely paranoid, thinking that President Nixon was out to get him personally. He dropped out of the counter culture and stopped his political activism. The couple moved from the trendy Greenwich Village to the more respectable Dakota.
"I met them in early 1972. I had been included in a book, The Photography of Rock. Henry Edwards, who wrote the text, told me he liked my work. He was interviewing John and Yoko for a story on The Elephant's Memory band (who were recording with John and Yoko) and asked if I would take the photos. John and Yoko had been in New York since the Fall of 1971 in an apartment just around the corner from mine on Bank Street". (Bob Gruen, fotógrafo).

• O senador republicano Strom Thurmond manda uma nota ao secretário de Justiça, John Mitchell, denunciando que Lennon planeja uma grande manifestação durante a convenção do Partido Republicano em Miami, que apontaria Nixon como candidato à reeleição. Uma semana depois começavam os problemas de Lennon com a Imigração e, no início de março, ele recebia a recomendação de deixar o país.
Documentos postos à disposição do público pelo FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, em obediência à política de liberdade de informação do país, mostram uma operação secreta realizada em 1972.

• A Califórnia supende a pena de morte e Charles Manson é setenciado à prisão perpétua.

• Angela Davis, candidata-se à Vice-Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Comunista.

11 mar.

O trio exilado liderado por Gil que agora empunhava guitarra Gibson é acrescido pela guitarra Fender Jaguar, azul de Lanny, gentilmente batizada de Bluebird, e o piano de Antonio Perna, uma novidade nos shows de Gil. A turnê nacional "Gilberto Gil em Concerto", inicia-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no roteiro do show 21 músicas, a instrumental Pipoca Moderna, Chiclete com Banana clássico de Gordurinha que Jackson do Pandeiro sempre cantava, Back in Bahia, Expresso 2222, O Sonho Acabou, além de suas canções - clássicos de Jimi Hendrix, Brand New Dream e John Lennon, um espetáculo destituído da preocupação política.

14 mar.

James Taylor won the 1971 Grammy for Best Pop Vocal Performance, Male, for "You've Got a Friend".

5 abr.

Rogério Duprat: Hekrreknhééknhekrreknheeknhekrreknhhééknhekrrknheeknhhekrr!

15 abr.

Um Concerto de Gilberto Gil

1º Maio

Glauber Rocha chora durante o discurso de Fidel Castro.

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   Maio

   • Led Zeppelin gravando na Rolling Stones Mobile - UK. Foto: Eddie Kramer

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   Foto: (Ritchie website) Ritchie, Rita, Lucinha Turnbull e Sandra Werneck

   Inglaterra 

   Rita Lee curte férias europeias, precisamente em solo londrino.
  Ritchie nessa mesma época conheceu Rita Lee. A brasileira ficou impressionada com o projeto do inglês em criar uma banda de rock com mais de vinte pessoas para contestar os planos modificação de Picadily Circus, no West End. O LP acabou saindo e contava com as participações dos brasileiros Liminha e Lúcia Turnbull, uma gatinha guitarrista que sempre escrevia aos Mutantes. E Rita convidou Ritchie autor de Menina veneno para residir no Brasil, o que ele topou e desembarcou aqui no final de 1972 com armas e bagagens ficando hospedado na casa de Arnaldo.

   • "Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida" - frase que Rita Lee viu pichada em um muro inglês, batizou o seu segundo solo, o primeiro álbum gravado em 16 canais pelos Mutantes no recém-inaugurado Estúdio Eldorado. A direção musical e a produção novamente ficariam a cargo de Arnaldo, que assina músicas em parceria com Rita e outros ainda assina uma sozinho. É o registro do penúltimo trabalho dos Mutantes em estúdio, com Rita Lee numa mixagem medíocre tentando colocar a sua voz e os backing vocals de Lúcia Turnbull num plano por demais exagerado. Na capa da frente, um auto-desenho de Rita Lee feito sob ação do ácido e na contra-capa as fotos do show da Água Branca.

• "São várias histórias hilárias, mas uma que me marcou foi uma viagem a Londres em julho de 1972 com a Rita, o Liminha e a Lucinha Turnbull. Fizemos uma viagem de van ao País de Gales. Vimos shows maravilhosos e nos divertimos bastante com cabelos vermelhos que pintamos com henna lá mesmo." (Leila Lisboa Sznelwar)

   "No período que eu toquei de junho 1972 a julho de 1973, aconteceram muitos shows, viagens ao sul do pais interior de São Paulo. As coisas aconteciam muito rápido naquela época. Existe muita desinformação a respeito do Joelho de Porco, culpa do desconhecimento e do próprio Carlos (Tico) Alberto Terpins". (Rodolfo Braga).  

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27 junho


Jimmy Page Long Beach Arena by Jeffrey Mayer  

1º jul.

O musical pacifista Hair encerra sua temporada na Broadway, em New York, Estados Unidos, depois de 1.729 apresentações; o espetáculo, que estreou em 18/04/1968, foi escrito por Galt McDermott, Gerome Ragni e James Rado; era um libelo contra a Guerra do Vietnã e gerou sucessos como Aquarius-Let the Sunshine In e Good Morning Starshine.

23 jul.

Um mês depois do filme finalizado e na noite em que o hotel Watergate, em Washington, foi invadido, o que culminou na renúncia do presidente Nixon, "Ciao Manhattan" foi lançado em Amsterdã, onde fez grande sucesso e abriu uma prolífica carreira europeia.

M-utantes

Setembro

No VII e último FIC, os Mutantes encontram novamente uma de suas maiores motivações (participar dos festivais). Pois o início e parte da fama haviam sido adquiridos através deles. Só que os festivais começavam a dar sintomas de decadência e em breve entraria em desuso, devido à desmoralização e decadência. Foi o último adeus de Rita Lee e Os Mutantes, defendendo uma música que Rita adorava, Mande um abraço pra velha. O mesmo festival revelaria ainda O Terço e Raul Seixas e a grande vencedora seria a conhecida Fio maravilha de Jorge Ben. Talvez a desclassificação precoce dos Mutantes tenha precipitado a saída de Rita Lee...

Mutantes

Anjo torto de carreira enviezada, curta e contundente, Sérgio Sampaio brilha nos anos 70 como compositor de uma só canção (o que era injusto com ele): a marcha Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua foi o grande sucesso (embora não tenha ficado entre as premiadas) do sétimo Festival Internacional da Canção, e virou hino, grito de desabafo. Era uma marcha de estrutura musical muito simples e letra direta. Mas deixava margem para dupla interpretação: eram os anos mais rígidos do regime militar, com a censura podando músicas, livros, filmes, peças de teatro - e veio o desabusado cantando que ia pôr o bloco na rua.

VII - FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO (1972)

Outubro

OS MUTANTES ENTREVISTA Revista Rolling Stone Brasil : Via Mahal Lee / Arnaldo Baptista
 
   RS: O que está diferente nesse festival em relação aos outros?

   Arnaldo: A diferença que teve nesse FIC é a incongruência das pessoas que estão fazendo o FIC com o que está acontecendo realmente, porque o FIC é um acontecimento careta, com um público não muito louco, e tá pintando um júri que escolhe músicas legais, diferente muito do ano passado.

   RS: E você acha que isso vai continuar, que a Globo vai fazer coisas para o rock, por exemplo?
A- Vai depender muito, sabe, do desenlace do festival, porque a Globo sempre faz o festival, peneira as pessoas que fizeram sucesso, como foi o caso do Ivan Lins e toda essa gente, e contrata e faz um programa com essas pessoas, então tudo vai ser uma decorrência, e se o rock foi bem nesse festival ela vai se sentir inclinada a entrar na do rock, claro.

RS: E o que você acha da reação do público do Maracanãnzinho a essas coisas que pintaram esse ano?
A- Tá muito mais legal do que eu esperava, porque em relação ao nosso trabalho, anteriormente a gente se apresentava fazendo um happening visual principalmente, e as pessoas vaiavam, aplaudiam, gritavam, e dessa vez as pessoas estavam lá realmente ligadas no som, quase que em silêncio, e isso é muito legal.

RS: Se vocês ganhassem um programa de televisão, na Globo, o que é que vocês achariam?
A- Bem, não há dúvida que seria uma coisa muito estranha, mas aí a gente imporia a condição que fosse um programa em que a gente pudesse dizer alguma coisa e ao mesmo tempo influenciar na escolha das pessoas que fariam esse programa. Hoje eu estava conversando com o Mick que eu nunca vi um programa de televisão bom no Brasil. E televisão aqui é um negócio muito importante. A gente entrou nesse festival por exemplo com a consciência de que a nossa música é boa, e se a gente tem alguma coisa boa pra dizer, a gente não vai dizer para os nossos amigos.

Rita: Só para os nossos amigos, entende? Então a gente entrou pra muita gente ver mesmo.

RS: Você sentiu uma troca, uma permuta, entre a música de vocês e o público?
A- Senti sim, pelo menos eu senti muito silêncio na hora da nossa apresentação.

RS: Qual a diferença, se há, entre os conjuntos de rock de outros países e os brasileiros?
A- Claro que há uma diferença, principalmente técnica. As pessoas que têm conjunto na Inglaterra, por exemplo, toda semana assistem concertos, aonde trocam fluidos, informações, ideias e então eles se influenciam mutuamente e formam uma cultura pop, musical. Uma das coisas mais incríveis do nosso conjunto é que a gente toca há muito tempo, com os mesmos músicos, porque não dá pra trocar de músicos com Os Incríveis, por exemplo. É uma das razões da gente viajar muito: procurar conhecer conjuntos, músicos. Agora aqui pode-se criar essa cultura com a criação de shows, concertos ao ar livre.

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RS: Rapidamente?
A- Eu não posso dizer se rapidamente ou não. Só sei que está começando a acontecer coisas, e há anos que eu estou esperando que isso aconteça.

RS: O que você acha da tendência bem forte nesse festival de se misturar rock com baião. Essa procura do rock-rural brasileiro?
A- É muito legal, porque uma das coisas que eu tenho raiva é do conjunto brasileiro que quer ser conjunto estrangeiro, principalmente porque eu já tive nessa e muito do que a gente fez foi nesse sentido e então há uma facção de conjuntos brasileiros que faz música sem raiz nenhuma, mas a arte sem dúvida deve ser influenciada pelo ambiente. Então essas pessoas que estão fazendo o rock-rural a gente sente que é uma música que tem a ver com o Brasil, com as nossas raízes, e isso é legal.

RS: Eu por exemplo acho que existe uma tendência natural da rapaziada que está começando, se influenciar muito pelas coisas que se faz lá fora. E isso não tá com muita coisa na medida que eles assimilam uma coisa mais distante da realidade deles do que Jackson do Pandeiro, por exemplo. Então quando eles chegam a um estágio de adquirir personalidade própria, fica muito difícil para um conjunto que imita os Rolling Stones, aqui no Brasil, sobreviver.
A- É verdade, porque é legal a gente misturar uma rapaziada que está começando com alguém mais velho. Isso é a própria cultura musical.
Rita- Mas eu conheço muita gente que não gosta disso. Não gosta do Luiz Gonzaga.
A- Mas talvez porque seja muito feio a gente ir a uma boate para ver Luiz Gonzaga. Eu por exemplo nunca consegui. Mas se for num show pop em que pinte um conjunto e o Luiz, ele será muito bem-vindo.

RS: Voltando ao FIC: tem uma pergunta que envolve toda uma sacação da máquina careta desse festival. Vocês mesmos têm consciência disso. Se vocês ganharem o festival? O que acontece realmente? Vocês mais uma vez fortalecerão um moribundo que quanto mais cedo morrer melhor. Conseguirão injetar nele o soro da salvação?

A- Se nós ganharmos o FIC, a nossa música passaria a ser mais importante ainda, e aí não existiria mais FIC, porque a minha música é contra o FIC, aí então eles talvez resolvessem fazer um FIC ao ar livre, como a nossa música sugere. E tudo isso seria lindo, com televisão e tudo.

RS: Aí cara, eu queria dizer o seguinte: também acho isso tudo que vocês estão falando muito lindo. Mas só se vocês tivessem o poder alquímico de transformar merda em pedra preciosa, e isso me parece muito utópico, porque eu tenho quase certeza de que depois do Festival o ganhador vai aparecer, exatamente como os ganhadores dos festivais anteriores, nas manchetes caretas da imprensa de consumo, e os festivais ao ar livre ficarão como sonhos das noites anteriores.
A- É, mas eu não sou tão inimigo do consumo. Tudo faz parte.

RS: Até aquela ostentação nazista do aparato policial do show do Pickett?
A- Isso é muito triste. Mas eu queria dizer o seguinte: nós trabalhamos muito tempo dentro da estrutura careta e realmente a gente já sabe como usá-la para ganhar dinheiro e depois poder fazer as outras coisas. Realmente o que sustenta a gente são os shows que a gente faz em bailes, uma transação que não tem nada a ver, mas é o que permite à gente comprar nossos aparelhos.

RS: Vocês têm uma aparelhagem bem fora da realidade brasileira, porque aqui existem milhares de pessoas que podem ser excelentes músicos mas tem uma dificuldade enorme em conseguir os aparelhos. Então vocês que conseguiram isso podiam dar uma pala para a rapaziada?
A- Os instrumentos da gente são todos feitos pela gente. Todos os amplificadores são feitos por nós mesmos em casa. Nós nunca poderíamos comprar toda nossa aparelhagem no exterior. A gente compra um Moog que a gente não pode fazer e isso influencia o som que a gente faz. No exterior, por exemplo, ninguém tem o som que a gente tem. Se uma pessoa não tem dinheiro para comprar equipamento é muito difícil ela ser melhor do que uma pessoa que tem dinheiro para comprar, porque elas não têm como tocar. Então, por exemplo, não pode tocar melotron se ele não tem o instrumento.

RS: Então a rapaziada vai ficar até desanimada com tudo isso.

A- Olha, em qualquer revista em quadrinho, existe um anúncio do Instituto Monitor que ensina eletrônica por correspondência; o irmão nosso, o Cláudio, que é quem faz nossos instrumentos, fez esse curso e vários outros. Então o amplificados brasileiro custa 5 milhões, mas se você estudar eletrônica e fizer o aparelho em casa ele sai por um. E tudo isso é muito velho mas as pessoas só estão tomando conhecimento disso agora. Ás vezes um cara toca guitarra mas nem sabe qual é a válvula do amplificador. Olha, tem também um certo desânimo das pessoas porque não existe lugar para se tocar. Se o cara for realmente bom existem casos até das gravadoras financiarem equipamento, isso é realidade...

RS: Se vocês forem convidados para tocar de graça em algum festival ao ar livre vocês vão?

A- Claro, diversas vezes nós somos procurados por pessoas fazendo esse tipo de convite, e nós sempre damos força. Às vezes a gente até sabe que a coisa não vai adiante mas todo mundo que vem falar com a gente a gente topa tocar de graça. Tocamos para o Oficina diversas vezes de graça e vamos fazer isso sempre que a coisa nos agrade.

RS: E no Flávio Cavalcanti?

A- Olha eu já disse que a televisão no Brasil é uma coisa muito importante. Eu acho que todos os meios de comunicação são importantes. Acho inclusive mais bonito a gente aparecer num programa como o do Flávio Cavalcanti do que em qualquer outro pseudo de vanguarda. Porque no Flávio Cavalcanti há uma diferença tão patente entre o que a gente faz e aquilo que existe ali, que fica bonito.

9 out.

Na festa do trigésimo segundo aniversário de John Lennon, é entoada a canção "He´s got the whole world in his hand".

Novembro

Torquato Neto completou 28 anos, no dia seguinte escreveu uma longa carta em três folhas de caderno. Seguiu para o banheiro e teve o cuidado de trancar a porta, o gás que vazava na cozinha penetrou em todos os cômodos do apartamento. O corpo de Torquato foi encontrado no chão de bruços, já sem vida. Deixou cerca de trinta letras, vários poemas e muitas críticas de cinema ao lado de textos desgarrados que posteriormente seriam lançados em livro.

29 dez.

"Não há dúvida de que o Rio de Janeiro vive agora um momento de Londres 1965 - ou pra quem preferir, de Califórnia 1966/67: som rigorosamente toda noite. (...) Ir assistir à estréia do Veludo Elétrico na Toca do Rock, foi como assistir os Yardbirds tocando no Marquee, em 1966, com Jimmy Page escrevendo a cartilha do electric blues que começava a aparecer, com o Cream, Stones, The Who, Hendrix e mais tarde um pouco, Led Zeppelin e Jeff Beck Group. O Veludo Elétrico talvez esteja para o rock brasileiro como os Yardbirds estiveram para a música inglesa. (...) O Veludo Elétrico depois de hipnotizar a platéia durante 2 horas com seus blues, deu ainda de canja uma hora de rock completando a alquimia de seu primeiro e vitorioso concerto. Está lançada a primeira pedra. As perspectivas de som no Brasil nunca foram melhores. Se as coisas continuarem nesse percuso, daqui a pouco o fato de nunca aparecerem supergrupos estrangeiros por aqui não vai ter mais nenhuma importância. O supersom está nascendo aqui mesmo".
(Joel Macedo, Rolling Stone Pirata).


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B.A. ROCK 1972... "Assista um dos melhores festivais de hard rock argentinos na íntegracom as bandas: Color Humano, "Pescado Rabioso, "Pappo's Blues, Billy Bond & La Pesada, Vox Dei, Orion's Beethoven, Sui Generis, "Arco-Iris". E muito mais d anata do rock pesado argentino diretamente do meu canal... Curtam Rockers!" (Rogério Kiss)

Discos

Maio

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   O título do novo LP, Mutantes e seus cometas no país do bauretz parodia Bill Haley and his Comets, onde a gíria “bauretz” significava algo como um “barato” de boa qualidade. Resultado: Os Mutantes no País do Barato!
   Nesta primeira edição, o disco recebeu uma caprichada capa-dupla com um viusal externo e interno do artista plástico Alan Voss, que concebeu o significado da palavra “mutante”. Pena que posteriormente a capa fosse simplificada perdendo o seu impacto, desrespeitando a idéia original do artista, prática comum no mercado discográfico brasileiro.

   • "A Hora e a Vez do Cabelo Nascer", música do álbum Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets. Letra vetada da canção "Cabeludo Patriota", dos Mutantes. A mudança do título da canção, de "Cabeludo Patriota" para "A Hora e a Vez do Cabelo Nascer", foi a solução encontrada para se contornar a censura". Memórias Reveladas/1972

   • Aconselhada pelo noivo José Renato (filho do saudoso Chacrinha), Wanderléa abandona a imagem de Ternurinha e aparece como uma artista completa e sofisticada no show "Wanderléa Maravilhosa", apresentado no Teatro Teresa Raquel (Rio), com grande sucesso.

   • O Creedence Clearwater Revival acaba.

   • A Paul Butterfield Blues Band acaba.

  • David Freiberg, membro fundador do Quicksilver, onde permaneceu durante cinco anos como baixista e tecladista, passa para o Jefferson Airplane como vocalista, ou seja no lugar de Martin Balin. Era o sepultamento da encarnação gloriosa do Airplane dos anos 60 e que voltaria nos anos 70 a ter Balin na tripulação durante dois discos de sucesso.

   • John Lennon produz um disco de David Peel e a Lower East Side Ono Band chamado The Pope Smokes Dope (O Papa Puxa...).

   • Hunky Dory (LP) David Bowie grava a memorável homenagem Andy Warhol.

   • James Taylor lança o álbun, One Man Dog.

   • Elephant's Memory - Elephant's Memory

   • Mary Hopkin Those Were The Days

   • Uriah HeepDemons and Wizards

   • Various Artists Phil Spector's Christmas Album

• Alceu Valença e Geraldo Azevedo - Quadrafônico (1972) 

• Em 1972, Lula Côrtes gravou com o hoje cartunista Laílson o LP Satwa, pela Rozemblit.

•  Acabou Chorare, o antológico disco Novos Baianos

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• Thin Lizzy - Whiskey In The Jar (Belgium single 1972) - Foto: Woodstock - Rock Store - Since 1978

• Gentle Giant - Acquiring the Taste - "Uma surpresa ouvir esse segundo LP desse sexteto inglês. Este disco é a melhor coisa feita pelos irmãos Shulman até hoje. O que mais eles fizeram? - Seis LPs totalmente repulsivos! Mas tiro meu chapéu para 'Acquiring the Taste'. Aqui a receita de misturar rock, jazz e música clássica deu em algo totalmente gênio. Se o grupo tivesse lançado esse LP agora eu ia jurar que o Gentle Giant seria um dos melhores conjuntos de música progressiva do planeta". (Ezequiel Neves in, Rock, a história e a glória nº 10 / 1975).

•  Gong lança Flying Teapot (1972)

• LP Exile on Main St com os Rolling Stones.

A revista Rolling Stone pediu a Truman Capote para cobrir a turnê Exile on Main Street, dos Rolling Stones. Mas, meses depois, Capote não foi capaz de produzir uma história. A revista pediu a Andy Warhol para entrevistar Capote, e  a história resultante foi chamada de “um áudio-documentário”, de poucas conversas e números do contador do gravador inclusos.

A Elektra, etiqueta do grupo Warner, editou a crucial compilação Nuggets: Original Artyfacts From The First Psychedelic Era, 1965-1968. Organizada por Jac Holzman, fundador da Elektra, e por Lenny Kaye (mais tarde guitarrista de Patty Smith e produtor de renome, com trabalhos de Suzanne Vega ou Kristin Hersh no seu currículo), essa compilação revelou ser extremamente influente e até visionária: uma das primeiras vezes que o termo "punk-rock" foi utilizado foi precisamente nas notas de capa assinadas por Kaye.

• Sir Douglas Quintet officially disbanded in late 1972

Show

• Geraldo Vandré ganha no Peru um festival com "Pátria Amada, Idolatrada, Salve", Salve, parceria dele com Manduka.

São Paulo - Bom Retiro - O Show que Não Tem Preço, Pague-nos Com a Sua Presença. Apresentaram-se os grupos John, Duda (Neves), Palhinha e Marcão + US Mail (com Percy nos vocais) além de uma banda chamada Canabis.

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   Jackie Curtis e Andy Warhol na Margo Leavin Gallery, West Hollywood, 1972
   
 
 Alice Cooper encontra obra de Andy Warhol em depósito pessoalAlice Cooper encontra obra de Andy Warhol em depósito pessoal

  Artes

   • Em 1972, Roger Cardinal descreveu o artista outsider como sendo uma pessoa “possuída por um impulso expressivo” e que “externa esse impulso de maneira não monitorada, desafiando a contextualização da história artística convencional”. A definição tinha se afrouxado um pouco desde os tempos de Dubuffet, levando em conta que os artistas não precisavam sofrer de doenças mentais para sentirem uma compulsão criativa inescapável.

   • Em 1972, Carlos Vergara idealiza a mostra intitulada EX-posição, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em lugar da individual que estava agendada, o artista organiza uma mostra coletiva, posicionando-se criticamente em relação à realidade política do país. Em suas palavras: “Era tão agoniante a situação que se vivia, que achava um absurdo fazer uma individual fingindo que não estava acontecendo nada. Era já uma postura política tentando abrir o espaço individual para uma coisa mais coletiva.” De Nova York, Hélio Oiticica envia para a mostra o projeto do Filtro, um penetrável que conduz o trajeto do público. A exposição abriga múltiplas linguagens, apresentando pinturas, desenhos, fotografias e filmes super-8 de muitos artistas, entre os quais Roberto Magalhães, Caetano Veloso, Chacal, Bina Fonyat, Glauco Rodrigues, Ivan Cardoso e Waltércio Caldas. Além de organizar a exposição, Vergara apresenta seu trabalho fotográfico sobre o carnaval e uma reportagem realizada com Fonyat no vilarejo de Povoação (ES). Também mostra seu filme Fome, em super-8, e o Texto em branco, publicado pela editora Nova Fronteira.

   • Uma década após sua criação, o Resumo da arte do Jornal do Brasil realiza sua décima e última edição. A mostra recebe elogios do pintor Di Cavalcanti e do crítico Ayala.

   • O fotógrafo, Cecil Beaton é nomeado cavaleiro do Império Britânico.

   Teatro

   Renato Borghi, um dos fundadores do Oficina se desliga do grupo.

   Literatura

   Janeiro

   Tatuagem - histórias de uma geração na estrada (Joel Macedo), uma edição independente que esgotou seus três mil exemplares em dois anos e que nunca foi reeditado! O livro foi lançado na loja freak "Veste Sagrada", em Ipanema, com um concerto de "Ivan e suas vassouras", um cover de hard rock com as vassouras encenando as guitarras. Tudo louquésimo.
    Detalhes sobre o livro, o autor recebia cartas na redação da revista Rolling Stone Pirata vindas do presídio da Ilha Grande, com os presos políticos e comuns pedindo para que Joel Macedo mandasse exemplares do livro para lá, pois tinha aparecido um que era disputado a tapa pelos detentos e já estava bantante danificado...

   • Chacal lnça Preço da Passagem

   • A autobiografia, Without Stopping, de Paul Bowles é publicada nos Estados Unidos.

   • A publicação póstuma de sua mais extensa e inspirada obra, "Visions of Cody", revitaliza Jack Kerouac.

  • É editada a peça de Fassbinder, "As lágrimas amargas de Petra Von Kant" que também viraria filme. No Brasil, Fernanda Montenegro e Renata Sorrah, interpretaram os papéis principais com montagem antológica de Celso Nunes.

   • Os Sertões, de Euclides da Cunha, prefaciado por Glauber Rocha é lançado em Cuba.

   • O álbum 7 Xilogravuras de Emiliano Di Cavalcanti é editado pela Editora Chile.

   • Wally Salomão e Torquato Neto referências constantes na produção literária do desbunde, criam a emblemática revista Navilouca, somente publicada depois do suicídio de Torquato Neto com financiamento de Caetano Veloso. 

  Televisão

   Em 1972, a atriz russa, nascida Elke Giorgierena Gunnup, em Leningrado, hoje São Petersburgo, saboreava um cigarro num restaurante de frutos do mar no Rio. "Eu era punk muito antes de o punk existir, criança", diz Elke. "Meu cabelo era black power. Nessa época, eu era jurada do Buzina do Chacrinha, onde fiquei 14 anos", lembra Elke Maravilha.

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Yevgeny Yevtushenko, em 1972 (Foto: AP Photo/Dave Pickoff) Yevgeny Yevtushenko, em 1972 (Foto: AP Photo/Dave Pickoff)

  Filmes

   Foto: Don Paulsen - DP27 Bo Diddley & Chuck Berry no palco para o filme"Let The Good Times Roll," Nassau Coliseum, 1972.

   • Solaris, Andrey Tarkovski.

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   Por Dentro de Garganta Profunda. No consultório do doutor Young, ele e a jovem Linda chegam à conclusão de que o problema dela não é psicológico. A moça não sabe o que fazer – por algum motivo, não tem orgasmo, não ouve sinos naquela hora. O psiquiatra então se oferece para examiná-la fisicamente. Não lhe encontra o clitóris. "É claro que você não ouve sinos", ele diz, "não tem badalo." E, na sequência dos exames, finalmente encontra o pequeno órgão perdido. No fundo de sua garganta.

   Fillmore – (1972)

   Documentário – Colorido – 105 minutos. Direção: Richard T. Heffron. Filme-concerto dos últimos dias do auditório Fillmore West (San Francisco), intercalado com reminiscências do proprietário e empresário Bill Graham sobre os bons tempos de San Francisco. Participam: The Grateful Dead, It’a Beautiful Day, Jefferson Airplane, Santana, Hot Tuna, Cold Blood, Boz Scaggs, Elvin Bishop, New Riders of the Purple Sage, Stoneground, Quicksilver Messenger Service, Tower of Power.

   Ladies and gentleman: The Rolling Stones

   A 16 de dezembro de 1988, em uma hora foram vendidos os 800 ingressos para a última exibição no dia posterior no New York Film Museum, do documentário Ladies and Gentlemen: The Rolling Stones, um filme de “sexo e drogas”. O documentário foi financiado pelo próprio grupo e realizado em 1972 por Robert Frank, 63, considerado um dos maiores fotógrafos vivos - é dele as fotos ampliadas de um filme Super-8, utilizadas no Exile on Main Street. Entre as cenas polêmicas do filme, há uma relação sexual num jato em pleno ar e outra que mostra Keith Richards fazendo uso de drogas. Os Stones não gostaram do resultado por considerá-lo “desprezível e ridículo” e conseguiram proibir a exibição comercial do filme. Por duas vezes o diretor desafiou o grupo e exibiu o filme em universidades. A decisão de mostrá-lo pela última vez foi do próprio Frank.

  The Survivor 

  (O Sobrevivente), baseado no premiado livro, de James Herbert, sobre um piloto que sobrevive à explosão do seu jato. A direção de David Hemmings ganha consagradores elogios da crítica e até um prêmio no Festival do Cinema Fantástico de Sitges pelo filme.

   Câncer

  Filmado em quatro dias de ago./1968. Ficção, longa-metragem, 16 mm, preto e branco. Rio de Janeiro/Roma, 1972, 950 metros, 86 minutos. Companhia Produtora: Mapa Filmes (Brasil); Distribuição: Embrafilme; Lançamento: 2 set. / 1982, São Paulo, Centro Cultural São Paulo; Coprodutores: Gianni Barcelloni, RAI-Radiotelevisione Italiana; Diretor: Glauber Rocha; Diretor de fotografia e câmara: Luis Carlos Saldanha; Som direto: José Antônio Ventura; Sincronização: Paulo Garcia; Montadores: Tineca e Mireta; Laboratório de imagem: Líder Cine Laboratórios;
Elenco: Odette Lara - a mulher; Hugo Carvana - marginal branco; Antônio Pitanga - marginal negro; Eduardo Coutinho - o ativista; Rogério Duarte, Hélio Oiticica, José Medeiros, Luis Carlos Saldanha, Zelito Viana e o pessoal do morro da Mangueira (Rio de Janeiro).

Heat, (Andy Warhol, produtor).

Women in revolt, 1972 (co.dir. com Paul Morrisey).

Pink Flamingos


Obituário

4 junho

O avião no qual viajava para a Índia, onde fazia uma conexão até Londres, explodiu no ar e caiu no leito seco de um rio, perto da Capital indiana, Nova Delhi. Leila Diniz, aos 27 anos, morria no auge da carreira no cinema e na televisão.

Gregori Warchavchik (1896-1972). 

Rory Storm, juntamente com sua mãe, morrem num bizarro duplo suicídio.