VIVIENNE WESTWOOD: PEDE JUSTIÇA PRISIONEIROS DE GUANTÁNAMO EM DESFILE (2016)

 

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Estilista Vivienne Westwood faz rap sobre aquecimento global
ANNA ROMBINO - ESPECIAL PARA O ESTADO DE S. PAULO

A estilista britânica Vivienne Westwood lançou um rapper em parceria com Mic Righteous

30 ago. / 2016 - A estilista britânica Vivienne Westwood é uma das responsáveis pelo visual punk que conhecemos hoje, cheio de tachas, xadrez e plataformas. Agora, aos 75 anos, a designer arrisca um passo em outro caminho e acaba de lançar um rap! A música foi feita em parceria com o MC britânico Mic Righteous."Conheci Vivienne e ela mencionou que tinha escrito um rap/poema", contou o rapper ao portal ID. "Nem precisei ouvi-lo para saber que seria perfeito para o meu novo álbum. Tudo aconteceu de forma orgânica e eu não poderia estar mais feliz."

Na canção, a estilista, que já tinha feito um manifesto a favor do meio-ambiente na última semana de moda de Londres, fala de mudanças climáticas e do impacto do consumo. "Todo mundo está falando, mas só o nosso mapa nos dá a cena completa. O gelo está derretendo. A indústria solta toneladas de metano. A água virou mais preciosa que o óleo. O plástico mata os albatrozes", recita em um dos versos.

 

 

 

Vivienne Westwood pede justiça a prisioneiros de Guantánamo em desfile

LONDRES, 15 fev. / 2008 - (ANSA) - A estilista inglesa Vivienne Westwood causou polêmica na abertura do desfile da sua mais nova coleção ao protestar contra o tratamento dado aos prisioneiros de Guantánamo.

De volta ao London Fashion Week após nove anos, Vivienne vestiu uma de suas modelos com roupas de baixo laranja e preta, remetendo ao uniforme laranja usado pelos detentos da prisão norte-americana em Cuba.

No começo do desfile da Red Label, a mais nova coleção da estilista, a modelo adentrou a passarela vestindo uma calcinha com a frase "Fair Trial My Arse", fazendo referência ao plano dos Estados Unidos de condenar os prisioneiros de Guantánamo em tribunais militares.

"Fair Trial My Arse" é uma colaboração entre a marca inglesa de lingerie Agent Provocateur e a associação para os direitos humanos Reprieve, que foi acusada pelas autoridades norte-americanas de ter levado cuecas e roupas de banho a um prisioneiro que morava na Grã-Bretanha, Shaker Aamer, que hoje se encontra em Guantánamo.

Vivienne chamou a sua coleção primavera-verão de "56" em protesto à proposta do governo britânico de estender para 56 dias o período de detenção sem acusação formal para os suspeitos de terrorismo.

O desfile da Red Label foi uma espécie de "retorno às raízes" da estilista, uma vez que ele aconteceu na King's Road que, nos anos 1970, foi palco do nascimento do punk e da cultura jovem da época.

Foi lá que Vivienne e o seu companheiro Malcolm McLaren abriram a loja "Let It Rock", o primeiro local onde a estilista começou a vender as suas criações. (ANSA)

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'É muito mais sexy estar vestido', diz Vivienne Westwood

Heloísa Marra - Especial para o G1, em São Paulo

Estilista que influenciou a estética do punk inglês estará na SPFW.
Em sua visita, ela aproveita para lançar sapato pela grife Melissa.

Vivienne
(Foto: Jurgen Teller/Divulgação)
A dama da moda britânica Vivienne Westwood, clicada pelo fotógrafo Jurgen Teller

17 jan. / 2008 - Grande dama da moda britânica, Vivienne Westwood está no Brasil. Além de visitar a São Paulo Fashion Week, a estilista lança um projeto, em parceria com a Melissa, de sapatos em plástico que levam seu nome. “Acho que o plástico é um bom material para sapatos, pois garante longa durabilidade”, contou Vivienne, em entrevista exclusiva ao G1.

Para homenagear sua convidada, a Melissa promove ainda duas exposições que mostram o melhor de sua vida e carreira. “Vivienne Westwood Shoes - 1973-2006” reune 147 sapatos ícones da marca. Já “Vivienne Westwood Multimídia” reconta a trajetória da estilista, que no início dos anos 70 ajudou a definir a estética do movimento punk influenciando o visual de bandas como o Sex Pistols.

Na entrevista a seguir, Vivienne fala sobre estilo, arte e, claro, sobre moda. Ela confessou, ainda, que acredita no amor e explicou a relação do sexo com suas criações. “Todos sabem que minhas roupas são sexy. Eu brinco com a idéia de estar vestido e, então, eventualmente, despido. É muito mais sexy estar vestido.”

Leia, abaixo, trechos da entrevista

G1 – O que a inspirou a criar os sapatos da Melissa?
Vivienne Westwood – A Melissa é uma marca bem estabelecida no Brasil, vem fazendo sapatos há mais de 30 anos e já fez parcerias com muitos nomes importantes, como Jean Paul Gaultier e Thierry Muggler, nos anos 80. Com a Melissa, vamos desenvolver o sapato “Mary Jane”, um dos meus clássicos preferidos, em plástico e cores variadas. Acho que o plástico é um bom material para sapatos, pois garante longa durabilidade.

G1 – Você já afirmou: “moda foi um bebê que eu escolhi e nunca mais abandonei”. Como esse bebê cresceu? O que te seduz no mundo da moda?
Vivienne – Moda não teria sido a minha escolha de trabalho. Acabei envolvida com ela porque eu podia e também porque tinha de ganhar meu sustento. A razão pela qual continuei no meio era porque estava cheia de idéias que queria realizar. Ao longo da minha carreira, estive constantemente cercada por pessoas me fazendo perguntas. As pessoas, às vezes, ficam mais preocupadas com minhas opiniões do que em olhar para as minhas roupas, e há uma razão para isso. Tenho uma empresa relativamente pequena e independente. Não tenho homens de negócios me dizendo o que fazer. E tenho o respeito de pessoas que vêem que minhas roupas são reais e não apenas “hype”. Portanto, o tempo tem estado do meu lado e tenho muita credibilidade, à essa altura. A verdade é que eu tento expor o que penso. Não me vejo como um tipo de estrela ou de propriedade pública.

G1 – Quais são seus sonhos agora?
Vivienne – Ser capaz de dizer algo às pessoas que as faça acordar. “Wake up cave girl” (acorde, moça das cavernas) foi o nome de uma de minhas coleções. Ela se inspirava no despertar da consciência da mulher e marca o começo de um novo mundo, uma forma de começar tudo de novo. O ser humano precisa se tornar mais humano, não mais cultivar seu talento para se transformar no animal que destrói. É preciso usar a ciência para aumentar o potencial humano... Não há progresso sem cultura.

G1 – Você pode falar da coleção em que está trabalhando atualmente? Inspiração, material e formas?
Vivienne – Posso te falar da minha última coleção, chamada “56”. Havia um texto no convite que estava também impresso em uma camiseta. Na apresentação, há gráficos que remetem a cabeças de animais e símbolos de um ritual pagão. É um manifesto sobre a cultura, uma oportunidade de me expressar numa época em que isso está se tornando cada vez mais difícil. Dito isso, a coleção é também sobre sexo e partiu do seguinte conceito: e se Marilyn Monroe se casasse com um lorde inglês dono de uma propriedade no campo, e eles se envolvessem em uma relação bizarra! E misturei essa relação amorosa com damas e prostitutas do século XVII, cobertas com linho, tafetá e seda. E acrescentei a isso imagens de uma entrevista com a atriz Gloria Swanson em uma idade avançada, usando um vestido azul-marinho e um chapéu tibetano. Como tudo isso se junta? Para mim parece algo tribal, rude e rock’n’roll.

G1 – Como você descreveria uma mulher moderna e um homem moderno?
Vivienne – Eu acho que no caso dos homens ingleses, eles são mais aventureiros que as mulheres. Muitas mulheres se vestem de acordo com o que elas acreditam que os homens acham sexy. Elas deveriam se vestir para parecerem bonitas e poderosas – aí atrairiam mais homens interessantes. Os homens gays se vestem muito bem. E os negros são sempre ótimos, com exceção de agora, com a juventude conformista – anti-intelectualizada – e sua moda esporte corporativa estampada nas roupas do rap. Eles se parecem com as vítimas que de fato são.

G1 – Você acredita no amor?
Vivienne – Claro.

G1 - Como o sexo afeta a moda e o jeito de as pessoas se vestirem?
Vivienne - Todos sabem que minhas roupas são sexy. Eu brinco com a idéia de estar vestido e, eventualmente, despido. É muito mais sexy estar vestido. Pessoas em países quentes, como a África, usam jóias e dificilmente mais alguma coisa. Mas eles estão vestidos à sua própria maneira. Estátuas gregas, Afrodite, Vênus, estão vestidas apenas com um pequeno pedaço de tecido. Minhas roupas dão às pessoas o poder de torná-las sexy – afinal de contas, elas são bastante femininas. Mas o mais importante é que elas fazem você se destacar. Há uma relação entre você e o que você está vestindo que é muito interessante. É algo que você não viu ninguém fazer antes, e ninguém mais está usando nada parecido. O que minhas roupas podem fazer por você, penso eu, é fazê-lo parecer importante.

G1 - O que é subversivo hoje?
Vivienne - Hoje as pessoas querem ser rebeldes, mas eu não acho que haja espaço para elas, porque a única e verdadeira rebeldia está relacionada a idéias, e não houve nenhuma idéia no século XX. Hoje em dia, tudo é ditado pela indústria de massa e pela propaganda. Minha moda não é para todos - você precisa ter algo de muito forte em sua personalidade para querer vestir minhas roupas.

G1 - Como você gosta de se vestir?
Vivienne - Eu não compro nada desde 1970. Só visto minhas próprias peças, embora use peças íntimas da Agent Provocateur.

G1 - Que artistas te inspiram?
Vivienne - Meus pintores favoritos são Ticiano, Velásquez e Vermeer. Eu amo a pintura alemã do século 17. Ouço música raramente em casa, porque estou sempre lendo, mas vou a concertos. Isso não significa que eu goste de tudo na música clássica. Por exemplo, não gosto dos alemães românticos, incluindo Beethoven. Aí, de novo, meu gosto para música é francês. Com “francês”, quero dizer Bach, Mozart, Chopin, todos os grandes "franceses", claro, especialmente Debussy e Ravel. De novo, adicione os russos, Tchaikovsky, Stravinsky, Prokofiev e Shostokovich. Eu conto todos esses como franceses, porque eles começaram numa época na Europa em que a cultura era francesa.

G1 - Quando a moda virou arte?
Vivienne - Eu normalmente não chamo a moda de arte. Mas por outro lado, arte é um trabalho manual, e a moda também. De fato, na arte, se você não tem técnica, não é possível se expressar. Se a tradição é quebrada, você tem de achar novas técnicas para substituí-la. Com arte, não é suficiente ter muita publicidade para suas idéias e provocar um debate da mídia em torno delas. É preciso ser capaz de dar um “start”. Mas, na moda, você não pode simplesmente ignorar a técnica, porque você tem os corpos e as formas de costura. Você tem que entender como manipular o material para conseguir o efeito que quer. Então, acho que esse é um dos motivos pelo qual a moda ainda sobrevive. Para mim, um trabalho artístico é altamente sério e universal, uma imitação da vida. Como Shakespeare, por exemplo.