53 ANOS DEPOIS! ANGELA DAVIS: A LIBERDADE É UMA LUTA CONSTANTE (2019)

‘POLÍTICA ELEITORAL, SOZINHA, NÃO VAI MUDAR AS CONSEQUÊNCIAS DO CAPITALISMO RACISTA GLOBALIZADO’, DIZ ANGELA DAVIS

Filósofa americana exaltou o feminismo negro brasileiro e disse estar animada com o sucesso do discurso anticapitalista entre a juventude americana
Ruan de Sousa Gabriel / https://oglobo.globo.com/sociedade/celina/politica-eleitoral-sozinha-nao-vai-mudar-as-consequencias-do-capitalismo-racista-globalizado-diz-angela-davis-24032097

21 out. 2019 -  SÃO PAULO - A filósofa americana Angela Davis se recusa a escolher apenas um rótulo — feminista, antirracista, anticapitalista ou abolicionista — para definir seu ativismo.

– Não acredito que seja saudável escolher uma luta e dizer que é mais importante, mas reconhecer como as diferentes lutas se conectam — afirmou ela, em uma coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira no auditório do Parque Ibirapuera, em São Paulo. — Eu não posso ser uma militante antirracista sem falar da dimensão heteropatriarcal do racismo. Não posso ser feminista sem reconhecer o papel que o capitalismo e o racismo tiveram em moldar o patriarcado.

Sobre o assunto, Angela citou, inclusive, a feminista negra brasileira Lélia González, morta em 1994:

— Hoje chamamos isso de “interseccionalidade”, mas antes mesmo desse termo ser introduzido, Lélia González já pensava o racismo junto com os impactos da colonização nos povos indígenas, levando em conta que a maioria da população é formada por mulheres.

Angela Davis está no Brasil para lançar sua “Autobiografia” a convite da editora Boitempo, que publica seus livros por aqui, e da Fundação Rosa Luxemburgo. No livro, ela recorda as lutas sociais que sacudiram os Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970, quando ela militava no Partido dos Panteras Negras, organização revolucionária do movimento negro americano fundada em 1966 e atuante até 1982.

Por conta de suas relações com os Panteras Negras, Angela chegou a ser presa e enfrentou um julgamento acompanhado ansiosamente pelo mundo todo em 1970, aos 28 anos.

Em sua oitava visita ao Brasil, Angela preferiu não dar entrevistas individuais a jornalistas, mas uma coletiva de imprensa e conferências públicas e gratuitas. Ela prestou solidariedade às lutas dos indígenas e sem-teto brasileiros, dos curdos, dos palestinos e diz que os EUA têm muito o que aprender com o feminismo negro brasileiro.

— Estou extremamente impressionada a profundidade do trabalho realizado no Brasil. Para muitos de nós, o Brasil era um raio de luz, de esperança, até que vieram as eleições, e nós prometemos não pronunciar o nome de quem foi eleito, porque na tradição africana nomear é atribuir poder — destacou. — Mas continuo me impressionando e sentido esperança sempre que venho ao Brasil. Sinto um impulso coletivo aqui, principalmente entre os jovens, entre as jovens mulheres negras.

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Angela confessou estar animada com a popularidade de políticos socialistas nos EUA, como o senador e pré-candidato à Presidência Bernie Sanders e a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, ambos do Partido Democrata.

— É muito empolgante ver um número tão grande de jovens indo em direção ao anticapitalismo. Depois do Occupy Wall Street, assistimos à ascensão de um discurso anticapitalista que não víamos desde os anos 1930, quando houve grandes lutas sindicais e o Partido Comunista tinha centenas de milhares de membros — disse ela, que concorreu à vice-presidente dos EUA pelo Partido Comunista em 1980 e em 1984. — Hoje falamos do 1%. Todos sabem que é obsceno que uns poucos homens concentrem mais riqueza do que metade da humanidade. Qualquer um que tem algum sentimento pela humanidade precisa reagir.

No entanto, Angela alertou que não se deve depositar todas as esperanças nas eleições.

— Muitos jovens sabem que só a política eleitoral não vai mudar as consequências do capitalismo racista globalizado. Precisamos fazer mais do que eleger um presidente. Queremos tirar Donald Trump, mas isso não vai resolver os problemas mais profundos — disse. — As conversas sobre racismo e violência de gênero atingiram níveis sem precedentes nos EUA. Temos que continuar nessa direção, mas isso só vai acontecer se tivermos movimentos sociais radicais.

Angela terminou dizendo que só agora estamos lidando mais seriamente com a herança de séculos de escravidão e que, apesar da demora, está esperançosa.

— O racismo nunca permanece o mesmo, mas suas estruturas permitem que o racismo do passado tenha ressonância ainda hoje. Nós proclamamos a abolição da escravidão pensando que os impactos econômicos, culturais e sociais da escravidão fossem desaparecer automaticamente — disse. — O título de uma antologia feminista recente é “All the women are white, all the blacks are men, but some of us are brave” (em português, "Todas as mulheres são brancas, todos os negros são homens, mas alguns de nós são corajosos”) , e nós, os corajosos, vamos lutar contra o capitalismo, o racismo e o patriarcado. Vamos começar agora o que deveria ter sido feito um século e meio atrás. É só o começo. É muito empolgante, e não podemos parar.

Na noite da segunda-feira, às 19h, Angela apresentou uma conferência pública e gratuita na plateia externa do Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer.

Na quarta-feira, dia 23, ela abriu o Encontro de cinema negro Zózimo Bulbul: Brasil, África e outras diásporas, no Cine Odeon, no Rio.

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Angela Davis vem a SP para evento aberto no Auditório Ibirapuera

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Ativista vem lançar sua autobiografia e comandar o bate-papo “A liberdade é uma luta constante”

GRÁTIS

Auditorio Ibirapuera
Av. Pedro Álvares Cabral - Vila Mariana, São Paulo - SP, Brasil

Angela Davis vem mexer com as estruturas de São Paulo! Em sua primeira passagem por aqui, a filosofa e ativista “pantera negra” vai participar da conferência “A liberdade é uma luta constante” na plateia externa do Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer.

Esse super encontro é organizado pela editora Boitempo, em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo, e faz parte da série de eventos do lançamento do livro Uma Autobiografia com Davis no Brasil.

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angela davis sorrindo e vestindo uma echarpe amarela

Crédito: Reprodução


Ícone do movimento negro e feminista dos EUA, Angela Davis vem ao Brasil para evento gratuito e aberto para mais de 15 mil pessoas!
O livro é um retrato das lutas sociais nos Estados Unidos durante os anos 1960 e 1970 pelo olhar da própria Angela Davis, que, à época, tinha 28 anos.

Nesta publicação, Davis narra a sua trajetória, da infância à carreira como professora universitária, interrompida por aquele que seria considerado um dos mais importantes julgamentos do século 20 e que a colocaria, ao mesmo tempo, na condição de ícone dos movimentos negro e feminista e na lista das dez pessoas mais procuradas pelo FBI.

A falsidade das acusações contra Davis, sua fuga, a prisão e o apoio que recebeu de pessoas de todo o mundo são comentados em detalhes por essa mulher que marcou a história mundial com sua voz e sua luta.

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angela davis em seu discurso mais famoso em 1970

Crédito: Reprodução


Angela Davis alcançou notoriedade mundial na década de 1970 como integrante do Panteras Negras, por sua militância pelos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial nos Estados Unidos
O bate-papo de lançamento do livro de Angela Davis conta ainda com outros grandes nomes, como Raquel Barreto, responsável pelo prefácio da obra de Davis, e da escritora Bianca Santana. Quem media a conversa é Christiane Gomes, da Fundação Rosa Luxemburgo.

Aberto, gratuito e sem necessidade de inscrição prévia, o evento acontece no dia 21 de outubro, a partir das 19h.

Durante a conferência, as demais obras da autora publicadas pela Boitempo vão ser vendidas no foyer do Auditório com descontos especiais.

Entre os livros, estão Mulheres, Raça e Classe (2016); Mulheres, Cultura e Política (2017) e A Liberdade é Uma Luta Constante.

A liberdade é uma luta constante

ANGELA DAVIS: MUITO MAIS QUE FEMINISTA

Ícone pop, anticapitalista e abolicionista penal, Angela Davis chega para dizer que liberdade é luta constante

NATHÁLIA GERALDO DE UNIVERSAhttps://www.uol.com.br/universa/reportagens-especiais/angela-davis/#muito-mais-que-feminista 

13 de outubro de 1970. Angela Yvonne Davis, 26, está subindo para o quarto de um hotel em Nova York quando sente que uma pessoa se aproxima pelas suas costas. É segurada pelo braço por um "homenzinho frágil", que lança a ela uma pergunta que ouviria repetidamente de outros homens naquela cena: "Você é Angela Davis?". De frente para a "terrível inimiga comunista negra", o agente do FBI queria a confirmação de que ela era, de fato, a mulher que figurava na lista das dez pessoas mais perigosas do mundo. A prisão de Angela Davis projetou seu nome para o mundo. A mulher negra que se tornou filósofa, ativista, intelectual e, na época, também integrante do partido comunista, foi presa por "assassinato, sequestro e conspiração" e, com a detenção, anexou em sua ficha o rótulo de figura pública. Angela virou tema de música dos Rolling Stones, "Sweet Black Angel", e de John Lennon com Yoko Ono, "Angela". Foi dada como integrante do Black Panther Party, o Partido dos Panteras Negras. Se tornou a voz entre os feminismos negros. E, durante quase um ano e meio em que esteve na cadeia até ser inocentada, mobilizou gente de vários países pela campanha "Free Angela Davis" (Libertem Angela Davis). A prisão transformou Angela em uma referência para a cultura pop. Sua trajetória foi escrita por ela mesma em Angela Davis - Uma Autobiografia e lançada originalmente nos Estados Unidos em 1974. A versão brasileira chegou neste ano ao Brasil pela Boitempo, editora que agora traz a autora ao país para dois depoimentos sobre o tema A liberdade é uma luta constante. A participação de Davis acontece dentro do Seminário Democracia em colapso?, no Sesc Pinheiros, no próximo dia 19 d eoutubro, e na plateia externa do Auditório do Ibirapuera, no dia 21 de outubro, em São Paulo. Ela também irá ao Rio de Janeiro, no dia 23 d eoutubro, para conferência aberta. Nascida em Birmingham, a maior cidade do estado norte-americano do Alabama, Angela Davis vem ao Brasil não apenas como uma feminista negra. Ela também é uma voz em defesa do abolicionismo penal, uma mulher negra que se articula politicamente ao longo dos anos para denunciar as opressões de raça, gênero, classe e sexualidade e suas intersecções. E, claro, uma personalidade "pop" da luta pelos direitos humanos, que fez com que os ingressos para ouvi-la se esgotassem em poucas horas.  

Clima

Jane Fonda é presa durante protesto ambiental em Washington
Atriz americana e outras quinze pessoas foram presas sob acusações de obstrução, importunação e aglomeração

Por https://veja.abril.com.br/entretenimento/jane-fonda-e-presa-durante-protesto-ambiental-em-washington/

A atriz Jane Fonda, de 81 anos, é detida durante protesto ambiental em Washington - 11/10/2019 (Arlo Hemphill/Reuters)

A atriz Jane Fonda, de 81 anos, foi detida na tarde desta sexta-feira, 11, enquanto participava de um protesto contra as políticas norte americanas de preservação do meio ambiente. O ato acontecia em frente ao Capitólio, prédio governamental em Washington, capital norte americana.

Segundo o site da revista The Hollywood Reporter, a artista e outras quinze pessoas ligadas ao grupo Oil Change International foram presas sob acusações de obstrução, importunação e aglomeração.

Jane se mudou recentemente para a capital com o objetivo de acompanhar de perto os protestos pela causa ambiental. “Estarei no Capitólio toda sexta-feira, faça chuva ou faça sol, inspirada e encorajada pelo incrível movimento que nossos jovens criaram”, anunciou a vencedora de dois Oscar em seu blog na última quinta-feira 10.

Histórico
A atriz possui um longo histórico como ativista política. Em 1970, chegou a ser presa no aeroporto de Cleveland enquanto protestava contra a Guerra do Vietnã – seu engajamento chamou a atenção do então presidente Richard Nixon, que descreveu Jane como “bela, mas equivocada” em suas escolhas políticas.