Literárias: Sobre um certo Cão Selvagem


Sobre um certo Cão Selvagem

Por Paulo Roberto Miranda

SUGESTÃO DE LEITURA:

Recomendo aos amigos como leitura prazeirosa, rica e "obrigatória", o livro de poemas de um poeta baiano, de Vitória da Conquista, que depois do segundo enfarto e de algumas safenas, ou mamárias, sei  lá) consertou o relógio e saiu disparando belas palavras, torpedos em forma de poemas, poesia pura, no seu O Cão Selvagem, a quinta publicação poética  de Heitor Humberto de Andrade. O Ivan “Presença” do Quiosque Cultural do CONIC já tinha me falado que o livro era muito bom. Depois de passar uma hora de espera no laboratório EXAME, para fazer um exame ‘escrotíssimo’ chamado ressonância magnética, em que fiquei num tubo de plástico por quase meia hora ouvindo um barulho terrível, ensurdecedor, durante a espera fiquei me deliciando com a poesia do Heitor. Acho que até por isso suportei o exame. Grande, despretensiosamente bela sua poesia. Confessional, capaz de dizer de sua pobreza, de quem não pode entrar num café, mas que está rico de nuvens, águas, lembranças, amores, paixões, tesão de viver, mesmo sabendo como Ferreira Gullar, "que a vida vale a pena, embora o pão seja caro e a liberdade pequena". Já na apresentação do autor Heitor, na contracapa, vejo a marca do filósofo: "jornalista pela fome, poeta pela sede." Não vou me alongar, isso não é uma crítica literária, nem vou citar os poemas do livro, para que vocês vão atrás dele e o comprem ainda hoje. A Editora é a Siglaviva, e o livro foi lançado ano passado, 2013. Fico feliz em redescobrir outras facetas do meu amigo Heitor, que sempre nos enche de elogios e adjetivos superlativos, (O Paulão é formidável!) nem sempre verdadeiros. Hoje descubro que ele é um publicitário, grande fazedor de frases, e generoso com os amigos, às vezes demais, exagera. Mas ele conhece bem, e sabe com certeza de experiência da vida inteira (e isso revela num poema dedicado a Alain Robbe-Grillet), que "as pessoas não são tão importantes como pensam, com seus egos monstruosos"...  Só mais um dele: Dedicatória: Antes temia o tédio a solidão  a pobreza  o desamor. Agora tenho o tédio a solidão a  pobreza o desamor como insumos da minha fábrica de ideias e sentimentos."
Leiam e bebam da poesia. Abração do Paulão de Varadero.