Cinco anos sem Zé Rodrix!

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 ZÉ RODRIX: "Impostos não devem ser usados para sustentar a arte"

 O músico Zé Rodrix, um dos dire­tores do espetáculo "Rei Lagarto", sobre a vida de Jim Morrison, pediu demissão. Tomou a decisão ao ler, em Gente Boa, que a peça, com es­tréia marcada para outubro, teria fundos da Lei Rouanet, Ele enviou o seguinte e-mail aos produtores:

 Acabo de descobrir exatamente nos detalhes desta notícia que não vou mais participar do pro­jeto. Vos conhecem a minha opi­nião sobre Renúncia Fiscal e Leis de Incentivo. Enquanto isto era um em­preendimento privado, no máximo com os patrocínios e os apoios dire­tos de empresas que se associariam ao empreendimento, eu estava den­tro. Infelizmente, ao entrar a jogada da Lei Rouanet, MiniCul etc., ele se torna impossível para mim.

 Não acredito que o dinheiro de TODOS deva servir para patrocinar a aventura pessoal de ALGUNS, e, quando isto se configura, eu saio fora.    Investimento deve ser feito co dinheiro real que não prejudique o essencial do país. Impostos devem ter fim específico, e o sustento da arte não é, a meu ver, uma destas essencialidades. Sempre fui um artista que não se privilegiou de nenhum tipo de ligação com estados e governos, em  nome de minha própria liberdade. Assim sendo, há que haver em mim algum respeito pelas coisas em que eu acredito. Se entrar nisto, estarei  negando tudo que é a minha maneira de ser, pensar e agir. No Brasil de ho­je, precisamos de investidores cons­cientes, e não, segundo minha  manera de ver a realidade, de utilizar de maneira equivocada o dinheiro pú­blico.

 Desejo ao pessoal da produção o máximo de sorte e sucesso possíveis, e sei que serão muito felizes, gra­ças à qualidade artística de todos, os   envolvidos”.

 

 Tem Lei Rouanet? Estou fora!

 Músico pede para sair de espetáculo com incentivo fiscal

 O GLOBO, quarta-feira, 29 de agosto de 2007 – Coluna GENTE BOA por: Joaquim Ferreira dos Santos


Aao ler esta nota, tornei-me admirador do caráter e da combatividade do músico Zé Rodrix, que sirva de exemplo aos desmotivados e oportunistas de plantão

 

 

Quem foi Zé Rodrix?

Onde ele possa plantar os amigos...

Conceição  Freitas
Correio Braziliense, 30 mai. / 2009

 

Na certidão de nascimento, ele se chamava José Rodrigues Trindade.

Contam que era grande piadista, mas o Brasil conhecia mesmo era o cantor e compositor Zé Rodrix. Com Tavito, compôs uma música que descreveu a alma de uma geração de sonhadores dós anos 70 que imaginava uma casa no campo para fugir das armadilhas do capitalismo.

Casa no Campo virou um megassucesso na voz de Elis Regina,  um hino aos amigos, aos discos, aos livros, à vida quieta e distante da Vida urbana tumultuada

O carioca Zé Rodrix era um instrumentista múltiplo: tocava piano, acordeão, flauta, bateria, saxofone e trompete. Ficou conhecido quando, em 1967,  participou de um dos célebres festivais da TV Record, acompanhando Marília Medalha, Edu Lobo e o Quarteto Novo, defendendo a inesquecível Ponteio ("Era um, era dois; era cem/Era o mundo chegando e ninguém/ Que soubesse- que eu sou violeiro/Que me desse amor ou dinheiro ... ")

Depois, Zé Rodrix criou um conjunto de rock rural com Sá é Guarabyra, mas antes do fim da década de 70, saiu do trio e passou a fazer parte do grupo pré-punk Joelho de Porco. Deixou a música nos anos 80 para se dedicar à publicidade, mas a saudade bateu e em 2001 ele se juntou novamente a Sá e Guarabyra, para lançar um CD pelos 30 anos de carreira.

Além de publicitário, cantor, compositor e instrumentista, Zé Rodrix era autor de livros sobre a  maçonaria. Escreveu a "Trilogia do templo", em que conta a história de uma das fraternidades mais antigas do mundo. Zé Rodrix morreu a 21 de maio de 2009, em São Paulo. Deixou seis filhos e dois netos.