Kaleidoscope, quando a música do Oriente Médio encontrou com a psicodelia nos anos 1960

Kaleidoscope, quando a música do Oriente Médio encontrou com a psicodelia nos anos 1960


Na segunda metade da década de 1960, pululavam bandas pelos quatro cantos do mundo; as pessoas se juntavam para fazer música e muitas vezes sem nenhuma preocupação em fazer sucesso – que diferença com os dias de hoje! Uma dessas bandas que só poderia ter surgido na era da contracultura é o Kaleidoscope.

 Kaleidoscope
Música
Por Claudio Campos
http://bagarai.com.br/kaleidoscope-quando-a-musica-do-oriente-medio-encontrou-com-a-psicodelia-nos-anos-1960.html

10 jun. / 2011 - Por mais que a música tenha evoluído nas últimas décadas, mesmo com a mesclagem de sonoridades diversas principalmente a partir dos anos 1990, foi os anos 1960 o grande laboratório musical do século XX. Muita gente maluca começou a se atrever musicalmente e, o mais legal, muitas vezes sem intenção de criar algo novo – muitos simplesmente levados pela atmosfera incrível que tomou conta daquela época. As coisas simplesmente aconteciam, diferentemente de hoje, onde vemos artistas dizendo que seu novo trabalho vai ser inovador, revolucionário, etc.

Na segunda metade da década de 1960, pululavam bandas pelos quatro cantos do mundo; as pessoas se juntavam para fazer música e muitas vezes sem nenhuma preocupação em fazer sucesso – que diferença com os dias de hoje! Uma dessas bandas que só poderia ter surgido na era da contracultura é o Kaleidoscope.

Na mesma época existia o Kaleidoscope inglês, uma banda psicodélica muito legal; mas esta aqui é norte-americana, é só não confundir.

Criada em 1966, inicialmente a banda se chamava Bagdad Blues Band, era formada pelo talentoso multi-insturmentista David Lindley, que fez parte de bandas como The Mad Mountain Ramblers e The Rodents; Chris Darrow, músico de múltiplos recursos proveniente de grupos bluegrass (The Dry City Scat, por exemplo); Solomon Feldthouse, um instrumentista versado em música oriental – ele se especializou em instrumentos turcos -; Chester Crill, outro multi-instrumentista – um daqueles sujeitos que só poderia ter surgido naquela época -, que tinha a mania de adotar pseudônimos estranhos como Fenrus Epp, Max Buda e Templeton; por último, John Vidican, percussionista e baterista.

Pena que a mistura exótica da banda, principalmente nas músicas mais longas como Taxim e Seven-Ate Sweet, fazendo fusões com a música do Oriente Média e rock, os quais foram pioneiros, acabaram por minar as bases do grupo, levando-os a serem rotulados como banda muito cult.

O ecletismo musical da banda acabou atraindo admiradores famosos como Jimmy Page, que chegou a declarar ser sua banda favorita de todos os tempos.

Em 1967, Kaleidoscope assinou com a Epic Records e lançou seu primeiro single, “Please/Elevator Man” um grande tema à la Byrds, foi incluído em seu LP de estreia, Side Trips (1967), produzido por Barry Friedman, desfilava sua atrativa miscelânea de sons, cativantes canções como If the night, Keep your mind open e Pulsating dream. Mas é na abertura do álbum com Egyptian Gardens que exemplifica a perfeita atração da banda por sons do Oriente Médio.

A Beacon From Mars (1968) foi seu segundo álbum, no qual incluía duas faixas ao vivo de longa duração Taxim e a homônima A Beacon From Mars, pois ao contrário de suas canções em singles (raramente ultrapassavam os três minutos), em vinil podiam abusar das improvisações.

Seus shows eram também muito originais, enquanto tocavam suas canções, apareciam bailarinas executando a dança do ventre (belle dance) e quando introduzia a guitarra espanhola, era a vez das bailarinas de dança flamenga a invadir o palco.

Infelizmente após a gravação desse álbum houve duas baixas na formação original, Chris Darrow e John Vidican deixaram o grupo, sendo substituídos pelo baixista Stuart Brotman e o baterista Paul Lagos. Darrow iria para o Nitty Gritty Dirt Banda. Incredible Kaleidoscope (1968) foi o terceiro trabalho, inferior aos dois primeiros, embora não de todo ruim, com bons temas como Lie to Me, Seven Ate-Sweet e o single Let the Good Love Flow.

O álbum seguinte seria Berenice (1970), um LP que incluiu dois novos nomes, o baixista Ron Johnson e o cantor guitarrista Jeff Kaplan, que faleceria pouco meses depois devido a uma overdose após a sua entrada na banda. O álbum foi um fracasso comercial e artisticamente acabou por ser o seu pior trabalho até então, o que provocou a dissolução do grupo. Lindley se tornaria um prestigioso músico de estúdio, tanto quanto Chris Darrow, que havia saído anteriormente da banda.

Em meados dos anos 1970, os membros originais, sem a figura chave de David Lindley, Kaleidoscope ressurgiu e publicou o álbum When Scopes Collide (1977), e em 1991 seria o ano de seu último disco de estúdio, Greetings from Kartoonistan (We Ain´t Dead Yet).