Com uma pequena ajuda de um médico otorrino de Harvard uma garota de Tottenham (Londres) conquistou a América

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Adele sai da festa de entrega dos Grammys em 2012 com as mãos cheias!

Adele: Como, com uma pequena ajuda de um médico otorrino de Harvard uma garota de Tottenham (Londres) conquistou a América.
Escrito por Rhys Blakely (Los Angeles), Will Pavia (Nova York) e Lucy Bannerman (Londres)
Publicado em 14 de fevereiro de 2012 no jornal The Times
Traduzido por Antonio Celso Barbieri


No passado o assalto à cena da música pop norte americana era feito através do esforço coletivo de homens jovens cujas bandas tinham nomes estranhos como por exemplo The Beatles ou The Rolling Stones. Esta última invasão está sendo bem diferente: Uma mulher show, com os pés no chão, encabeçada por uma cantora soul vinda do bairro de Tottenhan.

Em Los Angeles no domingo passado, na famosa premiação do Grammy, Adele Adkins, 23 anos, saiu com seis prêmios, arrebanhando todos os troféus a que fora nomeada pela poderosa indústria da música norte americana. Entre os seis prêmios, estavam incluídos os prêmios para a melhor gravação, a melhor música e o melhor álbum. Adele aproveitou o evento para fazer uma volta apoteótica, apresentando-se ao vivo pela primeira vez depois de ter sido obrigada a cancelar sua tournée norte americana, cujos ingressos já estavam esgotados, para fazer uma cirurgia da garganta que ameaçou acabar com sua carreira.

Como se ela quisesse não deixar nenhuma dúvida de que ela estava totalmente recuperada, Adele começou cantar a música Rolling In The Deep, seu mais vendido single de 2011, desacompanhada. Não houve pirotécnica, coreografia, somente Adele. No final da música a audiência já estava à seus pés. Como um crítico mencionou num blog, “Ela deixou claro que seu poder vocal veio para ficar”.

Sua performance foi um dos momentos de destaque num show que também incluiu a apresentação ao vivo da banda Beach Boys, depois de mais de 20 anos fora do palco e, uma homenagem muito emocional à Whitney Houston que faleceu no sábado passado, feita pela visivelmente emocionada Jennifer Hudson.

A música Rolling In The Deep ganhou como melhor música e melhor gravação. Adele ainda ganhou um Grammy por melhor álbum do ano com seu álbum intitulado "21" (vocês devem estar ouvindo neste momento) e, ainda ganhou troféus por melhor pop solo performance, melhor pop vocal e melhor vídeo.

Adele que foi descoberta em 2006 quando um amigo colocou um demo dela no MySpace, agora está empatada com a Beyoncé pela quantidade de Grammys ganhos por uma mulher no mesmo dia.

Um excelente resultado para um compositora e cantora que apenas à alguns meses atrás teve que parar de cantar por causa de uma hemorragia nas cordas vocais. Quando ela recebeu seu Grammy como melhor vocalista, Adele deu à entender que ela chegou bem perto de não poder cantar nunca mais, agradecendo seus médicos por trazerem sua voz de volta. Um deste médicos, o doutor Steven Zeitels, um professor de cirurgia da laringe da Escola Médica de Harvard falou para o jornal The Times que “foi como ser um pai”.

O doutor Steven Zeitels espera que esta remoção com sucesso do pólipo das cordas vocais da Adele, dará mais confiança para outros cantores com problema similares. Ele diz isso porque, depois de um procedimento similar, a cantora Julie Andrews ficou com cicatrizes e teve sua carreira encurtada. O doutor examinou a garganta da Adele usando um laringoscópio inventado por ele mesmo. Depois ele usou um raio laser dirigido através de uma fibra de vidro com 0,3 milímetros de diâmetro, para tratar uns vasos sanguíneos instáveis que levaram á formação do pólipo. “A cirurgia aconteceu muito bem e até acredito que agora seja mais fácil para ela cantar. Para muita gente que eu opero, o pólipo já está lá na garganta por anos!” Concluiu o médico.

Enquanto isto, Adele relembrou a América que ela é de fato uma estrela! Depois de ser premiada por ter lançado “21”, ela falou para o povo: “Este álbum foi inspirado por algo que é realmente normal e que, todo mundo passa por isto – somente uma relação amorosa lixo”. Depois de dividir os detalhes do seu coração partido com milhões de pessoas, ela agora, guarda sua privacidade com muito cuidado. Ela está no momento namorando Simon Konecki, 37 anos que, administra uma empresa de caridade chamada DROP4DROP (Gota por Gota) que fornece água potável em países do Terceiro Mundo.

Os executivos da indústria musical dizem que Adele continua como algo mais simples num mercado inundado de uma “dance music” mais preocupada com o ritmo. Adele é uma cantora para quem a música vem primeiro. No ano passado, em declaração à Revista Rolling Stone, Adele declarou: “Eu amo ver a bunda e os seios da Lady Gaga, eu amo ver os seios e a bunda da Katy Perry, eu amo! Mas, minha música não é à respeito disto! Eu não faço música para os olhos eu faço música para os ouvidos!” Bom, seu sentimento parece que tocou o sentimento de Los Angeles que, este ano, decidiu que a entrega do Grammy iria voltar para o básico, premiando a habilidade crua em vez de apenas roupas excêntricas.

Depois da entrega do Grammy, o Jornal The New York Times disse que Adele é a “nova rainha da música pop, uma campeã perfeita para uma indústria do disco sitiada. Uma cantora pura e sem artifícios, capaz de juntar emoção com melodia e vender milhões de álbuns sem a necessidade de usar roupas especiais nem letras apelativas.”

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Adele

A garota que fez bem!
Escrito por Will Hodgkinson
Publicado em 14 de fevereiro de 2012 no jornal The Times
Traduzido por Antonio Celso Barbieri

Quando ela, literalmente “limpou” os Grammys na noite do domingo passado, Adele Adkins deixou de ser uma estrela pop de sucesso para ser um fenômeno mundial. Ela ganhou 6 Grammys. Foi uma conquista enorme considerando-se que a Whitney Houston, cujo falecimento ocorrera apenas à algumas horas antes, ganhou 6 troféus na sua carreira inteira. Até os Beatles ganharam apenas 7.

Foi depois da sua apresentação executando a música Rolling In The Deep, retirada do seu álbum superpremiado chamado 21 que, ficou claro quão distante conseguiu chegar está garota Londrina com apenas 23 anos. Pois, Adele foi ovacionada, por toda a audiência, em pé. E, olha que a audiência contava com a realeza do pop, incluindo Sir Paul McCartney, Rihana, Alicia Keys e Bruce Springsteen.

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Paul McCartney e Adele na entrega do Grammy 2012

Enquanto os artistas norte americanos agradeciam à Deus, seus fãs e todo o mundo, Adele quando pegou o troféu pela melhor gravação do ano com a música Rolling In The Deep que ela define como “uma obscura canção meio blues, gospel, disco” preferiu a abordagem Inglesa dizendo: “Isto é ridículo!”. Esta música estará tocando nas estações de rádio e nos iPods do mundo inteiro no momento em que o leitor lê esta matéria! (com certeza aqui nesta página!)

Quando ela recebeu o prêmio pela melhor performance pop pela música Someone Like You, a cantora falou com seu sotaque Cockney: “Eu preciso agradecer meus médicos, que trouxeram minha voz de volta!”

Adele sofreu, em novembro de 2011, uma cirurgia de emergência em Massachusetts, nos Estado Unidos, depois de desenvolver um pólipo nas suas cordas vocais, Pólipo que poderia terminar sua carreira vocal.

Adele transformou-se numa pop star difícil de não sentir seu calor humano. Ela tem os pés no chão e ao mesmo tempo é muito talentosa. Quando o estilista de moda Karl Lagerfeld recentemente descreveu-a como “um pouco gorda demais” ele pareceu uma pessoa sem sensibilidade.

“Eu represento a maioria das mulheres e tenho orgulho disto” foi sua resposta aos comentários do estilista, acrescentando que, “nunca foi sua intenção ser uma supermodelo.”

O povo gosta da Adele porque, eles identificam-se com ela. Talvez o mais marcante à respeito do seu sucesso é que ele é diretamente contrário ao pensamento das pessoas que acreditam que sabem o que deve fazer uma grande estrela para continuar no topo da sua carreira. Ela não lançou nenhum perfume, não criou nenhuma linha de roupas para vender ou escreveu uma biografia sofrida. Ela não manda um Twitter à cada 5 minutos. Ela não parece a costumeira estrela do pop, não é extravagante nem ultra sofisticada. “Não consigo dançar e não consigo atuar, nunca conseguirei. Eu nunca vou fazer nada disto, eu vou só cantar”. Adele declarou, logo depois do lançamento do seu álbum “19” em 2008.

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Adele no topo do mundo!

Adele cresceu como filha única de Penny Adkins que ficou grávida, quando ainda se preparava para ir para a faculdade, com apenas 18 anos. Mark Evans seu pai, abandonou a família quando ela tinha apenas 3 anos, afundou no alcoolismo e acabou retornando para sua cidade natal em Wales.

Juntamente com sua mãe, a jovem Adele passou por uma série de apartamentos espremidos. Primeiro no bairro de Tottenham, depois Brixton e finalmente para um apartamento logo acima de uma loja de descontos em West Norwood no sul de Londres.

Penny Adkins, conta Adele, foi a uma mãe muito “cool”. Ela levou Adele para ver um concerto do The Cure no Finsbury Park quando ela ainda era uma garotinha e encorajou-a na sua obsessão pela musica pop que, nunca acabou.

Ela diz que sua mãe, se não foi particularmente musical mas, foi muito criativa e um certo elemento de boemia sempre esteve presente na sua casa. Sua mãe levou–a para aulas de música nos fins de semana à noite e aguentou os ensaios no apartamento. Estes ensaios também eram frequentados por Shingai Shoniwa, um vizinho que agora é o líder da banda Noisettes.

Sua mãe, ensinou-a a expandir suas ambições musicais muito além do que acontece nas garotas adolescentes normais, apoiando-a na sua decisão de entrar numa escola no sul de Londres mais voltada para a música, a Brit School, onde ela dividiu a sala de aula com Leona Lewis e Katie Melua.

Então, não foi surpresa, que quando Adele recebeu o troféu por melhor álbum do ano ela fez uma homenagem para sua mãe dizendo: “Mamãe! A garota fez bem!”

Depois que, um amigo colocou algumas músicas dela na Internet quando ela tinha apenas 16 anos, Adele assinou com a gravadora XL Recordings, casa do White Stripes e Radiohead. Um selo independente com integridade suficiente para deixar Adele ser ela mesma e, com poder comercial suficiente para fazer a música dela ser ouvida.

Adele maior influência vem dos anos 60 com o Rhythm and Blues da lendária Etta James. Ela comprou um álbum da Etta James somente para mostrar para sua cabelereira o jeito loiro e bufante que ela queria que o cabelo dela fosse cortado (Uma variação que ela usa até hoje). Bom, a música do álbum provou ser mais profundamente influente do que o corte de cabelo. Etta James foi a rainha do soul trágico, ela tinha a habilidade para por o seu coração na interpretação de uma forma muito sofisticada. “Ela foi a mais original!” Adele escreveu dias depois da morte de Etta James em janeiro deste ano.

A influência de Etta James no trabalho de Adele é mais visível na música Someone Like You, a música que transformou-a de uma promissora e agradável jovem cantora na voz dos nossos tempos. Escrita em parceria com o compositor norte americano Dan Wilson, esta música descreve as tentativas de uma jovem para se recuperar do final de uma relação amorosa, ao mesmo tempo que, abençoa o novo romance do seu ex-namorado. Inspirada na sua relação frustrada com um homem de 30 anos, a música mostra a dura realidade de um coração partido com, o melhor lado de nós desejando o melhor para o antigo amante, no momento em que ele está construindo uma vida nova e, ao mesmo tempo agarrando-se na possibilidade cada vez mais remota de ganha-lo de volta.

Adele compôs em 2010, as partes iniciais desta música no violão depois de descobrir que o homem que ela tinha acabado de romper o relacionamento, que ela pensou que acabaria se casando, estava envolvido com outra mulher.

Lançado no final de janeiro de 2011, Someone Like You subiu ao topo das paradas de sucesso do mundo inteiro, provando que, até as canções mais acessíveis podem ter um conteúdo emocional forte.

A sua performance desta música no Brits Wards em 2011, um evento que naturalmente oferece a chance para assistirmos estrelas do pop bêbadas fazerem papeis de palhaças transformou-se na mais lacrimosa noite da história desta premiação. Com o emocional abalado e as feridas ainda abertas Adele nos presenteou com uma comovente interpretação.

Com o cabelo preso para trás, usando um simples vestido preto e com um acompanhamento de piano, ela cantou como se ela estive falando diretamente para seu ex-namorado, terminando chorando no final da música. Por esta interpretação ela também foi ovacionada em pé.

Considerando-se que esta relação frustrada também gerou a música Rolling In The Deep, Adele possivelmente teve a separação amorosa mais lucrativa da história da música pop. Ela é a primeira artista depois dos Beatles que teve duas músicas entre as 5 primeiras da parada de sucessos dos singles e dos álbuns ao mesmo tempo! E, olha que com os Beatles isto aconteceu em 1964. O álbum “21” é o álbum digital mais vendido de todos os tempos nos Estados Unidos.

“21” é o álbum número 1 que mais tempo está no topo das paradas no Reino Unido. Alguém comprou uma cópia dele à cada 8.3 segundos em 2011. Um ano depois do seu lançamento ele voltou à ser o número 1 e já está lá no topo por 19 semanas consecutivas.

A questão é : Como será possível para Adele superar o sucesso do “21”? Agora que ela está ajustada com o novo namorado Simon Konecki, poderá ela estar ainda com o coração partido o suficiente para espremer mais um álbum?

“Oh não!” Foi sua resposta no Grammys

“Eu estou muito ocupada sendo feliz!”

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