Do Mestre Stanley Jordan, com carinho

“Se as pessoas duvidam quando você quer mostrar que pode fazer alguma coisa de um jeito diferente, simplesmente não dê ouvidos a elas”

Centro de Ensino 01
Guará I – QE 08
Produção: Clube do Blues

Texto & Foto: Leonardo Saraiva

28 mai. / 2010 – Sexta de manhã, aula normal. Turma cheia, atenta e curiosa. Mas algo indica mudanças na rotina da classe. No lugar do quadro-negro, amplificadores e caixas de som. A mesa do professor cede espaço para os microfones. As mãos do mestre não seguram o bastão de giz branco ou o apagador de madeira e feltro.

O professor empunha uma guitarra como quem carrega uma criança. Com ambas as mãos ele afaga o corpo e acaricia o braço do instrumento. As cordas são percutidas com habilidade incomum, como afagos nos cabelo do menino. As notas ecoam macias, redondas. A aula começa.

Essas foram as sensações que Stanley Jordan transmitiu a quem teve a sorte de assistir ao pocket-show que o artista apresentou no Centro de Ensino  01. Realizado como parte dos eventos do Festival República Blues – promovido pelo Clube do Blues – a apresentação consagrou a iniciativa de professores da unidade de ensino, que ministram ali aulas de introdução musical para alunos em situação de vulnerabilidade, quase todos moradores da Estrutural.

Um dos mais consagrados guitarristas de jazz em atividade e criador de uma técnica única, que renovou o uso do instrumento, Stanley Jordan é dono de uma simplicidade arrebatadora, evidenciada em um sorriso carismático, quase pueril. Antes de tocar quatro músicas – entre elas El Condor Pasa e fragmentos de Bach - Jordan  assistiu atento à abertura  da oficina de flautas de papel, show com o Carrossel de Velotrol (This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.).

Em um breve e sincero pronunciamento, o guitarrista contou um pouco de sua trajetória e dos paradigmas que rompeu, ao propor uma execução absolutamente incomum do seu instrumento. “Se as pessoas duvidam quando você quer mostrar que pode fazer alguma coisa de um jeito diferente, simplesmente não dê ouvidos a elas”. Jordan também afirmou a importância da música como mecanismo de inclusão e do poder de transformação da arte e da cultura na vida das pessoas.