Altamont, choque violento

Altamont, choque violento
(Mário Pacheco)

Os opostos também não tardaram a aparecer: quatro meses depois da celebração pacífica de Woodstock, Altamont se tornou sua antítese. Em dezembro de 1969 os Rolling Stones resolveram encerrar sua excursão americana de forma apoteótica com um grande concerto grátis no autódromo de Altamont, e, quem sabe?, ofuscar o recente festival de Woodstock, cerca de 300 mil pessoas acorreram à Califórnia. À falta de organização do espetáculo foi inadequada, apressada e improvisada e levando em consideração que as sugestões sexuais de Jagger e a violência das canções Midnight Rambler (Jagger leva ao paroxismo sua coreografia que sugere sadismo, deboche, estupro) e Street Fighting Man (Mas o que pode fazer um garoto duro a não ser cantar numa banda de rock and roll), excitavam em demasia o público. A seção californiana da tournê antecipa o clímax final: um jovem agride Keith e Mick quando desembarcam do helicóptero para um concerto talvez esse ato refletisse na contratação pelos Stones do grupo de motoqueiros Hell’s Angels, conhecido por sua violência, para atuar como força de segurança em Altamont. 

Os Jefferson Airplane, que tinha atuado durante a tarde, teve de parar devido aos tumultos que surgiram à sua volta. Ritchie Havens, em particular, confiou que “reinava lá uma tensão que em certos momentos dificilmente se aguentava”.

À noite, os ânimos acirraram-se justamente quando os Stones tocavam Sympathy for the Devil, com brigas entre os espectadores. Um assustado Mick Jagger diria depois que “sempre acontece algo estranho quando tocamos essa canção”. E, sintomaticamente foi durante a execução de Under My Thumb que Meredith Hunt um rapaz negro de 18 anos que estaria empunhando uma arma, foi morto a pauladas e tacos de bilhar pelos Angels a poucos metros do próprio palco. “Vimos um tipo vestido de verde a dançar e depois uma grande confusão”, o cinegrafista filmou o crime sem perceber o que se passava. Quando o show terminou, quatro pessoas estavam mortas: duas atropeladas, uma afogada e uma esfaqueada. Foi um choque violento no mito pacífico e revolucionário que Woodstock tinha ajudado a criar em torno dos festivais. E houve quem atribuísse as desgraças ao satanismo dos Stones que, por via das dúvidas, nunca mais dedicaram canções ao diabo.

Este concerto teve de tudo e isso assustou Mick Jagger, fazendo-o parar, ponderar sobre o que iria fazer da vida. Pensou atém em entrar para a política. Achava que não conseguiria subir novamente num palco para eletrizar o público. Quebrara barreiras, rompera tabus e agora estava condenado a um declínio gradual.

No fim da sua meditação, decidiu consolidar sua posição: continuar sendo o maior astro do rock mundial pelo tempo que pudesse. Sabia que, antes de mais nada, precisava de uma perfeita forma física para sobreviver e parou de beber e tomar drogas, começou a andar de bicicleta e a jogar tênis.

Ninguém fez estardalhaço em torno do vigéssimo aniversário do Altamont Concert.

“Altamont só poderia acontecer com os Stones. Não seria possível com os Bee Gees ou Crosby, Still & Nash” – Keith Richards.

 

Jagger diz não acreditar que Hells Angels queriam matá-lo em 1969
Último Segundo - ig.com.br

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Roma, 17 mar. / 2008 - (EFE).- O vocalista do grupo inglês Rolling Stones, Mick Jagger, disse não acreditar que membros do clube de motociclistas Hells Angels quisessem matá-lo em 1969, como foi publicado recentemente pelo jornal inglês "The Sunday Telegraph". 

Jagger deu tal declaração em entrevista publicada na edição de hoje do jornal italiano "Corriere della Sera", na qual foi taxativo ao afirmar que tais informações eram "completamente falsas".

Segundo o "The Sunday Telegraph", integrantes do Hells Angels planejavam matar Jagger, que criticou o grupo depois de um jovem negro ter sido assassinado durante um show na cidade americana de Altamont, em 1969, cuja segurança estava a cargo dos motociclistas deste clube.


O cantor inglês comentou que, caso houvesse uma ameaça real, a polícia federal americana (FBI, na sigla em inglês) teria alertado os membros do grupo sobre o perigo. 

 


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Tempestade salvou Mick Jagger de ser assassinado
br.reuters.com.

 

3 mar. / 2008 - LOS ANGELES (Reuters) - Mick Jagger, o vocalista dos Rolling Stones, foi salvo de uma tentativa de assassinato por membros da gangue Hells' Angels, quase 40 anos atrás, porque uma embarcação que transportava os homens que iriam matá-lo naufragou numa tempestade. A revelação foi feita num documentário da BBC.


Os detalhes de uma conspiração para matar o roqueiro britânico foram revelados por um agente do FBI como parte de um seriado, "The FBI at 100", que irá ao ar na BBC Radio 4 nesta segunda-feira.

Tom Mangold, que apresenta o seriado, disse ao jornal britânico Sunday Telegraph que Jagger se desentendeu com os Hells' Angels depois de um membro da gangue notória matar um fã durante o tristemente célebre concerto gratuito dos Stones em Altamont em 1969.

Os Stones tinham contratado a seção local dos Hells' Angels para fazer a segurança do concerto realizado próximo de San Francisco, com planejamento deficiente. Os motoqueiros semearam pavor entre o público e se sentiram ofendidos pelo jeito efeminado de dançar de Mick Jagger.

Um deles esfaqueou e matou o jovem Meredith Hunter, 18 anos, diante do palco. O caos foi imortalizado no documentário "Gimme Shelter".

Diante das acusações feitas após o concerto, os Hells' Angels sentiram que tinham sido trapaceados por Mick Jagger. O ex-agente especial do FBI Mark Young, entrevistado no seriado da BBC, disse que membros da gangue lotaram um barco e partiram para vingar-se de Jagger, na residência de verão do roqueiro em The Hamptons, perto de Nova York.

"Os Hells' Angels ficaram tão enfurecidos com o tratamento que Jagger deu a eles que decidiram matá-lo", disse Mangold ao jornal.

"Eles planejaram chegar desde o mar, para que pudessem entrar na casa dele pelo jardim, evitando passar pelos seguranças na entrada de frente. Mas o barco foi pego num temporal, e todos os homens caíram ao mar. Todos sobreviveram, e não consta que tenha havido outra tentativa de assassinar Mick Jagger."

Em 1972, Alan Passaro foi preso e julgado pelo assassinato de Meredith Hunter, mas absolvido depois de o júri concluir que ele agiu em defesa própria porque Hunter portava uma arma de fogo. Passaro acabou tendo morte acidental por afogamento.