Cachorrada: vale o que está escrito

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5 jun. / 2010 - Dia Mundial da Ecologia e Meio Ambiente

Um grande quintal remexido de ossos num Parque de Diversões 
Por: Mário Pacheco

O Coletivo Cultural, Do Próprio Bol$o com origem arraigada na aurora dos anos 80, volta para mostrar sua maneira de ver o mundo.
Estaremos nesta tarde de lua minguante, reunindo pais & filhos e seguidores numa celebração para passar adiante os caminhos e cuidados com o planeta.

Cortina de CD's - Lara & Laura
Jihan caprichou ao selecionar as tirinhas dos Skrotinhos e fotos de Elvis, James Dean e Morrisey impressas em papel  de qualidade com tinta de mesmo padrão. 
IPOD - Léo Saraiva: som retroo 
Malabares de Fogo do Cirque du Soleil - Mike
Cozinha Canina - Rosângela Pacheco: cachorro-quente & Sueli Saraiva: caldo-quente
Maracatu 'Lua de Luanda' 
Rock - Dínamo Z & Barbarellas & Jam
Aniversariantes Senhor, Ivan Pacheco completando 74 anos e Jihan


Parágrafo profético
“Aos que sobreviveram! Não é um encontro, é voltar a respirar o ar das almas do rock emergindo por entre mentes que se alimentaram da musicalidade de toda uma geração.
É um retorno às origens do que foi, é e sempre será a música, a letra e a poesia em nossas vidas. A CACHORRADA veio para nos resgatar deste mundo poluído por sons que ofendem os nossos sentidos.” (Jihan Arar, mãe de Lara & Laura e organizadora do evento).

Estou meio velho para chorar o chopp derramado ou reclamar de tática de campanha.
Nesse fim de semana depois de um fim de semana hipermoderno com teatro da celebração sexual de Zé Celso e Festival de Blues – rolou a nossa ‘Cachorrada’ fazendo contraponto aos festivais e ataques de bandas de estrelas.

Vale o que está escrito é o que vem no verso do jogo do bicho!

No programa foram prometidas atrações acústicas, elétricas e flamejantes e atabaques...

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Pontualmente às 17h30m, as meninas e dois convidados do Lua de Luanda, abriram com canto de raízes e o rufar de tambores, iniciando o sarau elétrico do cachorro doido.

Naquela hora,  a voz canina do Terror Elétrico ficou de castigo e  tivemos que sair rapidamente e alugar um cubo de baixo. Outro carro que traria membros do Terno Revolucionário também ficaria pelo meio do caminho.

Nada impediria o avançar da noite dos cães, éramos a caravana, o Projeto Superfolk, às 19h30m, rapidamente passou o seu som para começar a primeira viagem rumo aos anos 80, com a volta de Alessandro Barros à bateria e à percussão, a simplicidade e segurança do ritmo garantiram espaço para o violão folk de Bruno Brasmith e um repertório que o mais próximo da realidade ficou por conta do clássico consagrado de Wander Wildner, Eu não consigo ser feliz... e pérolas do repertório do Ultraje A Rigor.

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Superfolk: hits redondos e seguros

Nesta altura Leonardo Saraiva, o deejay do IPOD despejou vários hinos das nossas reuniões proporcionando um clima de que a platéia entenderia o argumento deles.

Foi nessa hora que os  velhos camaradas se juntaram ao Superfolk, (Sérgio foi para o Minimoog e Robson Gomes para a guitarra)  Ronaldo ‘Gafa’ sentou  no banquinho da bateria impondo uma pegada jazzistíca e Mike, o Homem Flamejante (guarde este nome!) sentou no seu ‘cajon’ para tirar sons que fizeram a alegria canina, colocando a massa para dançar. Esta superjam foi interrompida na hora certa pelo prenúncio da chuva como em Woodstock. Até as árvores deixaram de derrubar suas folhas para ouvir a música.

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Mike ‘Feliz da vida’ exclamava – A melhor festa do Brasil!
Ulisses comentava – Quando as coisas são feitas com o coração elas dão certo.
Ronaldo - Esta festa foi melhor que a última!

Diretamente das reminiscências dos anos 80, surgiram em nossa realidade Hamilton (e sua tradicional bata e longos cabelos), Lincoln Lacerda  (tradicionais cabelos longos e acompanhado por uma gatinha)  e Marly que fez uma entrada avassaladora – Dê-me uma bebida!

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depois do rock de garagem dos anos 80, Dínamo Z faz o som de churrascaria e põe o povão à bailar...

Chegou a hora da ‘Dínamo Z’, até aquele momento tudo se resumira a adequar e formatar um padrão e um modelo de apresentação – a iluminação, as estampas, o brilho da noite conspiravam a favor. ‘Dínamo Z’ com seu roque jovem-guarda nos colocou para dançar – com um som potente e ensaiado, muito superior a apresentação deles no mês passado num bar, é por isso que eu detesto bares só querem a tua grana.

Tocaram um repertório de 10 músicas entre elas Vinho e dias de chuva, Nunca mais ouvi Smiths e Hey Amor (que é o hit regional deles), com certeza eles estavam em casa e ganharam a confiança da platéia.

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Mike, o Homem Flamejante

Antes da sua apresentação, num português tímido, ele solicita que apaguem as luzes e um rufar de bateria... Mike com suas labaredas deixou boquiaberta a platéia como nos circos da nossa infância. A coragem e destreza do ex-chefe de cozinha do  Cirque du Soleil incendiou a noite e quase tocou fogo em suas vestes para delírio dos meninos e pasmacidade dos adultos – Mike fazia acrobacias e contorcionismos com os malabares em chamas noar e no solo. Uma apresentação incendiária, diretamente vinda da Suécia, terra natal do simpático Mike, o homem de mil instrumentos.

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Barbarellas

Em formato acústico e com apoio da guitarra fechou a noite.
Didáticos, os Barbarellas são uma banda de rock, e estavam numa noite inspirada, eu gosto das longas letras que citam datas cidades e  referências aos locais vividos pela banda.

O final da apresentação deles foi como numa tirinha de quadrinhos quando as caricaturas pegaram os bongôs, os atabaques, triângulos e começaram a mais inebriante e embriagada Jam do rock’n’roll passando por mestres como Raul Seixas, Barão Vermelho, Made in Brazil, Ultraje A Rigor e Chico Science – os cachorros deitaram e rolaram enfastiados por salsichas e latas de cerveja e litros de vinhos e bebidas estranhas e cigarros do Marrocos.

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Para desespero dos vizinhos, já vi papagaio ébrio, agora cachorros bêbados ladrando insistentemente somente na ‘Cachorrada’...