Haiti: A tragédia de um povo!

Haiti a tragédia de um povo!
O líder afirma que está comando mas a nação está descontrolada
No caminho entre o aeroporto de Porto Príncipe e o gigantesco complexo das Nações Unidas (ONU) fica localizada uma construção sem segurança e com um sistema de comunicações precário. Este prédio só tem duas salas pequenas. São dois escritórios minguados. Antes do terremoto, este era o quartel general da polícia judiciária do Haiti. Agora este lugar é a sede do governo haitiano e, o escritório do presidente René Préval que, raramente vive ocupado, não tem recepção nem funcionários e, as pessoas podem observar o seu interior através das janelas.
Hilary Clinton, a secretária de estado norte americana, insistiu ontem que o Sr Préval continua com total controle tanto do Haiti (!?) como do esforço de ajuda (!?) que, infelizmente está falhando, deixando de alcançar os mais necessitados. O Sr. Préval, ele mesmo, declara que está em controle dos eventos e a ONU diz que ela dirige os grupos de salvamento e distribuição de ajuda de acordo com informações recebidas da sua administração.
Que, os prédios da administração ministerial caíram com o terremoto, nós já sabemos, entretanto os críticos e amigos do Haiti lembram que o governo já não funcionava mesmo antes do terremoto. Eles agora estão certos no sentido literal da palavra pois o governo realmente “caiu”.
Seis dias depois do desastre a operação de salvamento no Haiti virou uma guerra verbal com os responsáveis culpando e apontando o dedo uns aos outros porque na verdade, apenas uma migalha de comida, água e assistência médica chegou até as centenas de milhares de vítimas.
As agências de ajuda e os países doadores acusam os militares norte americanos de estarem dando prioridade aos seus aviões. Fora do aeroporto, o trabalhadores que estão ajudando no salvamento protestaram dizendo que parece que não tem ninguém no comando e que a violência, roubos e atos ilegais aumentaram muito nas ruas de Porto Príncipe.
http://www.doctorswithoutborders.org/press/release.cfm?id=4165&cat=press-release
A organização Médicos Sem Fronteiras (Médecins sans Frontières - MSF) reclamou que desde sábado passado 5 dos seus aviões carregando remédios e médicos foram desviados para a República Dominicana. No web site do MSF fica claro que estamos falando de mais de 100 toneladas de remédios e equipamentos além de médicos especializados. Tanto a carga como o pessoal está sendo transportada por caminhões e levará mais de 24 horas para chegar ao ponto de destino. A organização ainda informa que um avião que deveria pousar hoje em Porto Príncipe foi informado que só poderá fazê-lo no próximo dia 26 de janeiro. MSF informou também que os militares norte americanos estão manipulando as prioridades e declarou: “A prioridade deve ser dada imediatamente para aviões carregando equipamentos para salvar vidas e pessoal médico”. Desde terça-feira passada, 40% dos vôos que pousaram em Porto Príncipe são militares.
Alain Joyandet o ministro francês de cooperação pediu para a ONU investigar o papel dominante dos Estados Unidos no trabalho de ajuda e protestou: “Trata-se de ajudar o Haiti e não ocupá-lo!”
Oficiais das agências de ajuda reclamaram da falta de coordenação entre a ONU, Estados Unidos e as agências de ajuda e para ainda mais ultraje destas agencias, o aeroporto foi fechado no sábado só para que a Hilary Clinton pudesse visitar o país.
“Eu não sei que está no comando” foi o desabafo de Bernoit Leduc do chefe de operações do Médicos Sem Fronteiras na capital do Haiti.
Até parte da ajuda prometida é ilusória. A União Européia prometeu ontem 429 milhões de euros em ajuda. Na verdade somente 40 milhões é verdadeiro porque o resto já é dinheiro previamente alocado.
Bill Clinton, que foi recentemente designado como especial mensageiro da ONU para o Haiti, chegou em Porto Príncipe com sua filha Chelsea e fez sua contribuição desembarcando água. Entretanto, lamentavelmente, à poucos quilômetros do aeroporto, na capital, haitianos sem casa, sem um tostão, estão desesperados com sede e fome.
Os quase dois milhões de habitantes necessitam diariamente água e alimentação mas, o Programa Mundial de Alimentação (World Food Programme) que na última semana foram distribuídos apenas 250.000 rações alimentares prontas. Centenas de trabalhadores das equipes de salvamento conseguiram retirar apenas 71 pessoas vivas dos escombros.
Os oficiais dos Estados Unidos e da ONU insistiram ontem que a situação está melhorando e que a ajuda está começando a fluir com mais livremente. Muito embora ainda não seja suficiente, o aeroporto está no momento recebendo mais ou menos 100 vôos por dia. Os militares norte americanos informaram que esperam conseguir abrir o porto novamente em uns 2 ou 3 dias para que os suprimentos possam chegar via marítima e aérea.
O Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moon disse que quer que mais 3.500 soldados se juntem os 9.000 da força de paz já presente na ilha.
Os oficiais haitianos que seguiram o presidente René Préval em seus frenéticos e não organizados encontros com os oficiais da ONU e Estados Unidos não tinham nenhuma infra-estrutura exceto seus telefone celulares que raramente funcionavam. “Nós nunca sabemos onde o presidente vai estar!”. Desabafa Joseph Jean-Bouchereau, um porta-voz da administração.
Alguns números e fatos importantes:
Pessoal especializado em buscas e salvamentos: 1739 trabalhadores divididos em 49 grupos e auxiliados por 161 cachorros treinados.
Número de pessoas regatadas dos escombros: 74
Pessoas deixadas sem moradia: 1 milhão e 500 mil
Pessoas que precisam de ajuda (segundo a Cruz Vermelha): 3 milhões
Última estimativa de mortos: 200.000
Corpos já enterrados em massa: 70.000
A UNICEF e outras organizações calculam que no final. o Haiti ficará com aproximadamente 1 milhão de órfãos. Crianças que perderam um ou os dois pais.
O navio porta-aviões nuclear USS Carl Vinson chegou carregando 3.500 soldados e 19 helicópteros.
O navio de assalto anfíbio USS Bataan chegará amanhã carregando 2.000 soldados (Marines) e 2 navios anfíbios de desembarque.
O navio USS Comfort, um barco hospital, não chegará até a próxima sexta-feira!
As tropas Norte Americanas distribuíram até agora, apenas 130 mil rações e 70.000 garrafas de água.
Um repórter da BBC ontem declarou: “A única solução é a ocupação total pelos Norte Americanos”.
A verdade é que este terremoto caiu de bandeja na mão dos Norte Americanos. A deposição do presidente anterior e o papel do Brasil nesta empreitada fazendo o joguinho dos norte americanos é muito duvidoso. Como brasileiro é claro que eu quero privilégios na ONU mas não à qualquer preço!
EUA, França e Brasil brigam por predominância no Haiti, diz 'Spiegel'
Analistas ouvidos por revista alemã preveem que o Haiti se torne uma 'espécie de colônia' nos próximos anos.
Da BBC (fonte globo.com) http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1453329-5602,00-EUA+FRANCA+E+BRASIL+BRIGAM+POR+PREDOMINANCIA+NO+HAITI+DIZ+SPIEGEL.html
Enquanto os haitianos lutam por sobrevivência após o devastador terremoto da semana passada, os Estados Unidos, a França e o Brasil estão "brigando pela predominância" no país, diz um artigo publicado no site da revista alemã Der Spiegel.
O artigo, assinado pelo correspondente da revista em Londres, Carsten Volkery, diz que o governo haitiano acompanha esse desenrolar "desfalecido".
Como exemplo da disputa pela predominância no país, a revista cita a decisão do presidente haitiano, René Préval, de passar o controle do aeroporto de Porto Príncipe para os americanos, o que causou uma "chiadeira internacional" e levou o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, a dizer que os Estados Unidos praticamente "anexaram" o aeroporto.
França e Brasil protestaram formalmente em Washington "porque aviões americanos receberam prioridade para pousar em Porto Príncipe enquanto aviões de organizações de ajuda eram desviados para a República Dominicana", segundo a revista.
A Spiegel diz que o Brasil, que lidera as forças da missão de paz no Haiti, "não pensa em abrir mão do controle sobre a ilha" e que, se depender da vontade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto de reconstrução do Haiti "deve permanecer um projeto latino-americano".
A disputa diplomática em andamento "lembra o passado político da ilha", diz a revista, "quando constantemente os 8 milhões de haitianos se tornavam um joguete de interesses internacionais".
Colônia
Por causa da situação precária no país e da fragilidade do governo, vários analistas ouvidos pela Spiegel preveem que o país mais pobre das Américas pode voltar a se tornar uma "espécie de colônia".
"Desde 2004, a ilha é um protetorado da ONU", diz a revista, lembrando que as tropas de paz zelam pela ordem e segurança no país, treinam a polícia local e até organizam as eleições.
Henry Carey, especialista em Haiti da Georgia State University, diz no artigo que o mandato da ONU deverá ser estendido e que o país voltará a ser uma colônia, "dessa vez da ONU".
Para o analista, isso seria "positivo", se for mantida a recente tendência de estabilização econômica e política verificada no país.
haiti
Haiti: A tragédia de um povo!

O líder afirma que está em comando
mas a nação está descontrolada
Escrito por Giles Whittel para o jornal The Times em 19/01/2010
Tradução, adaptação e alguns comentários feitos por Antonio Celso Barbieri

No caminho entre o aeroporto de Porto Príncipe e o gigantesco complexo das Nações Unidas (ONU) fica localizada uma construção sem segurança e com um sistema de comunicações precário. Este prédio só tem duas salas pequenas. São dois escritórios minguados. Antes do terremoto, este era o quartel general da polícia judiciária do Haiti. Agora este lugar é a sede do governo haitiano e, o escritório do presidente René Préval que, raramente vive ocupado, não tem recepção nem funcionários e, as pessoas podem observar o seu interior através das janelas.

Hilary Clinton, a secretária de estado norte americana, insistiu ontem que o Sr Préval continua com total controle tanto do Haiti (!?) como do esforço de ajuda (!?) que, infelizmente está falhando, deixando de alcançar os mais necessitados. O Sr. Préval, ele mesmo, declara que está em controle dos eventos e a ONU diz que ela dirige os grupos de salvamento e distribuição de ajuda de acordo com informações recebidas da sua administração.

Que, os prédios da administração ministerial caíram com o terremoto, nós já sabemos, entretanto os críticos e amigos do Haiti lembram que o governo já não funcionava mesmo antes do terremoto. Eles agora estão certos no sentido literal da palavra pois o governo realmente “caiu”.

Seis dias depois do desastre a operação de salvamento no Haiti virou uma guerra verbal com os responsáveis culpando e apontando o dedo uns aos outros porque na verdade, apenas uma migalha de comida, água e assistência médica chegou até as centenas de milhares de vítimas.

As agências de ajuda e os países doadores acusam os militares norte americanos de estarem dando prioridade aos seus aviões. Fora do aeroporto, os trabalhadores que estão ajudando no salvamento protestaram dizendo que parece que não tem ninguém no comando e que a violência, roubos e atos ilegais aumentaram muito nas ruas de Porto Príncipe.

A organização Médicos Sem Fronteiras (Médecins sans Frontières - MSF) reclamou que desde sábado passado 5 dos seus aviões carregando remédios e médicos foram desviados para a República Dominicana. No web site do MSF fica claro que estamos falando de mais de 100 toneladas de remédios e equipamentos além de médicos especializados. Tanto a carga como o pessoal está sendo transportada por caminhões e levará mais de 24 horas para chegar ao ponto de destino. A organização ainda informa que um avião que deveria pousar hoje em Porto Príncipe foi informado que só poderá fazê-lo no próximo dia 26 de janeiro. MSF informou também que os militares norte americanos estão manipulando as prioridades e declarou: “A prioridade deve ser dada imediatamente para aviões carregando equipamentos para salvar vidas e pessoal médico”. Desde terça-feira passada, 40% dos vôos que pousaram em Porto Príncipe são militares.

Alain Joyandet o ministro francês de cooperação pediu para a ONU investigar o papel dominante dos Estados Unidos no trabalho de ajuda e protestou: “Trata-se de ajudar o Haiti e não ocupá-lo!”

Oficiais das agências de ajuda reclamaram da falta de coordenação entre a ONU, Estados Unidos e as agências de ajuda. Estas mesmas organizações, ficaram ultrajadas quando o aeroporto foi fechado no sábado só para que Hilary Clinton pudesse visitar o país.

“Eu não sei quem está no comando” foi o desabafo de Bernoit Leduc, chefe de operações do Médicos Sem Fronteiras na capital do Haiti.

Até parte da ajuda prometida é ilusória. A União Européia prometeu ontem 429 milhões de euros em ajuda. Na verdade somente 40 milhões é verdadeiro porque o resto já é dinheiro previamente alocado.

Bill Clinton, que foi recentemente designado como especial mensageiro da ONU para o Haiti, chegou em Porto Príncipe com sua filha Chelsea e fez sua contribuição desembarcando água. Entretanto, lamentavelmente, à poucos quilômetros do aeroporto, na capital, haitianos sem casa, sem um tostão, estão desesperados com sede e fome.

Quase dois milhões de habitantes necessitam diariamente água e alimentação mas, o Programa Mundial de Alimentação (World Food Programme) informou que na última semana foram distribuídos apenas 250.000 rações alimentares prontas. Centenas de trabalhadores das equipes de salvamento conseguiram retirar apenas 71 pessoas vivas dos escombros.

Os oficiais dos Estados Unidos e da ONU insistiram ontem que a situação está melhorando e que a ajuda está começando a fluir mais livremente. Muito embora ainda não seja suficiente, o aeroporto está no momento recebendo mais ou menos 100 vôos por dia. Os militares norte americanos informaram que esperam conseguir abrir o porto novamente em uns 2 ou 3 dias para que os suprimentos possam chegar via marítima e aérea.

O Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moon disse que quer que mais 3.500 soldados se juntem os 9.000 da força de paz já presente na ilha.

Os oficiais haitianos que seguiram o presidente René Préval em seus frenéticos e não organizados encontros com os oficiais da ONU e Estados Unidos não tinham nenhuma infra-estrutura exceto seus telefone celulares que raramente funcionavam. “Nós nunca sabemos onde o presidente vai estar!”. Desabafa Joseph Jean-Bouchereau, um porta-voz da administração.

Alguns números importantes:

Pessoal especializado em buscas e salvamentos: 1739 trabalhadores divididos em 49 grupos e auxiliados por 161 cães treinados.

Número de pessoas regatadas dos escombros: 71

Pessoas deixadas sem moradia: 1 milhão e 500 mil

Pessoas que precisam de ajuda (segundo a Cruz Vermelha): 3 milhões

Última estimativa de mortos: 200.000

Corpos já enterrados em massa em imensas covas comunais: 70.000

A UNICEF e outras organizações calculam que no final. o Haiti ficará com aproximadamente 1 milhão de órfãos. Crianças que perderam um ou os dois pais.


Ajuda ou ocupação?

O navio porta-aviões nuclear USS Carl Vinson chegou carregando 3.500 soldados e 19 helicópteros e o navio de assalto anfíbio USS Bataan chegará amanhã carregando 2.000 soldados (Marines) e 2 navios anfíbios de desembarque. Agora, o mais importante que é o navio USS Comfort, um barco hospital, não chegará até a próxima sexta-feira! As tropas Norte Americanas distribuíram até agora, apenas 130 mil rações e 70.000 garrafas de água. Um repórter da BBC ontem fez a infeliz declaração: “A única solução é a ocupação total pelos Norte Americanos”.

A verdade é que este terremoto caiu de bandeja nas mãos dos norte americanos. A deposição do presidente anterior e o papel do Brasil nesta empreitada fazendo o joguinho dos norte americanos é muito duvidoso. Como brasileiro é claro que eu quero privilégios na ONU mas não à qualquer preço! Não às custas da soberania do povo haitiano!
Antonio Celso Barbieri

EUA, França e Brasil brigam por predominância no Haiti, diz 'Spiegel'. Analistas ouvidos por revista alemã preveem que o Haiti se torne uma 'espécie de colônia' nos próximos anos.
Fonte  BBC publicado na  GLOBO.COM

Enquanto os haitianos lutam por sobrevivência após o devastador terremoto da semana passada, os Estados Unidos, a França e o Brasil estão "brigando pela predominância" no país, diz um artigo publicado no site da revista alemã Der Spiegel.

O artigo, assinado pelo correspondente da revista em Londres, Carsten Volkery, diz que o governo haitiano acompanha esse desenrolar "desfalecido".

Como exemplo da disputa pela predominância no país, a revista cita a decisão do presidente haitiano, René Préval, de passar o controle do aeroporto de Porto Príncipe para os americanos, o que causou uma "chiadeira internacional" e levou o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, a dizer que os Estados Unidos praticamente "anexaram" o aeroporto.

França e Brasil protestaram formalmente em Washington "porque aviões americanos receberam prioridade para pousar em Porto Príncipe enquanto aviões de organizações de ajuda eram desviados para a República Dominicana", segundo a revista.

A Spiegel diz que o Brasil, que lidera as forças da missão de paz no Haiti, "não pensa em abrir mão do controle sobre a ilha" e que, se depender da vontade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto de reconstrução do Haiti "deve permanecer um projeto latino-americano".

A disputa diplomática em andamento "lembra o passado político da ilha", diz a revista, "quando constantemente os 8 milhões de haitianos se tornavam um joguete de interesses internacionais".

Colônia

Por causa da situação precária no país e da fragilidade do governo, vários analistas ouvidos pela Spiegel preveem que o país mais pobre das Américas pode voltar a se tornar uma "espécie de colônia".

"Desde 2004, a ilha é um protetorado da ONU", diz a revista, lembrando que as tropas de paz zelam pela ordem e segurança no país, treinam a polícia local e até organizam as eleições.

Henry Carey, especialista em Haiti da Georgia State University, diz no artigo que o mandato da ONU deverá ser estendido e que o país voltará a ser uma colônia, "dessa vez da ONU".

Para o analista, isso seria "positivo", se for mantida a recente tendência de estabilização econômica e política verificada no país.