SESC-DF: O FestClown e seu Uso Político.

Os artistas e cidadãos brasilienses sabem da importância de eventos que promovam a arte local e o intercâmbio com grupos e artistas de outras praças, inclusive internacionais. Instituições como o SESC, em todo o Brasil, cumprem com esse importante papel no campo social e cultural, afinal é para isso que recebem benefícios do governo, além das contribuições dos trabalhadores do comércio (historicamente uma categoria mal remunerada). Seu presidente no DF é o Senador Adelmir Santana, do DEM, suplente de Paulo Otávio, ex-vice-governador do DF, que como sabemos, teve que renunciar ao cargo diante do escândalo de corrupção chamado “Caixa de Pandora” estourado pela Polícia Federal etc.

A importância do papel social e cultural do SESC é indiscutível em todo o país, repito. Porém, isso não pode abrir o precedente para que o Sr. Adelmir Santana use as atribuições de seu cargo de presidente para se promover politicamente. Ano passado, quando de uma exposição na Esplanada de “obras dos museus da França”, que na verdade não passavam de réplicas torpes, logo na entrada de uma estrutura montada bem ao lado da Rodoviária, víamos uma foto quase em tamanho natural do Senador Adelmir Santana, portando um largo sorriso.

Agora, no Festclown, com uma produção pouco preocupada se havia ou não uma fila de pessoas na chuva, tendo que aturar os atrasos e furos na programação, ao folhearmos o programa, o que vemos lá de imediato? A assinatura, como senador, de Adelmir Santana. Esse tipo de procedimento parece lembrar aquela famosa retórica do “você sabe com quem está falando?”, ou, se alguém preferir, “Veja quem é o mecenas desse evento”. Afinal, SESC e Senado se misturam simplesmente por ambas as palavras começarem por S, é isso? Os velhos resquícios de políticas ‘coronelescas’. Enquanto isso, cabos eleitorais se encarregam de fazer as honras da casa, como é o caso do Sr. Rogero Torquato, ou o palhaço Totóia, uma das coisas mais tristes e deprimentes que se pôde ver no palco da Plínio Marcos, um “ser dodói”, como bem definiu o excelente Marcio Moura, do Etc e Tal, mestre de cerimônias da noite de gala. Aliás, lamentável, o Sr. Rogero Torquato, na última noite, diante da reclamação de um espectador sobre o número de ingressos ser superior à lotação da sala, querer jogar a responsabilidade sobre a FUNARTE que, apesar de seus próprios problemas, mostra-se sempre uma gentil parceira. Merecidas as vaias ao cabo eleitoral. De qualquer forma, fomos salvos pelo Francês Julien Cottereau, pelo argentino Chacovachi, pela suíça Gardi Hutter, de O Ponto e pela boa participação dos artistas brasilienses.

Curiosamente, no entanto, os esquemas políticos por trás do evento não surgiram em nenhuma piada de nenhuma apresentação... Parece tudo tão normal!

Certamente, meus trabalhos continuarão indo para a gaveta enquanto essa dinastia se perpetuar nos quadros do SESC/DF. Mas jamais deixarei de apontar a politicagem que embaça e se aproveita do trabalho artístico alheio para se promover. Ao DEM o que é do DEM... À arte o que é da arte!

 

Adeilton Lima
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