Em Brasília, o poeta de muitas línguas Indran Amirthanayagam (2024)

JUNHO: AGENDA LITERÁRIA DE BRASÍLIA

O poeta Indran Amirthanayagam estará em Brasília nos dias 26 e 27 de junho,

Lançamento da REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL
Nº: 11
Data: 26 de junho às 17h
Local: Livraria Sebinho, CLN 406 Bloco "C"

0 music sub

O amigo, poeta e diplomata americano Indran lançará seu primeiro livro escrito em português aqui em Brasília.

Lançamento do livro MÚSICA SUBTERRÂNEA, de Indran Amirthanayagam: no Beirute 109 Asa Sul, Brasília, DF, dia 27 de junho de 2024, a partir das 19 horas.

 

O POETA DE MUITAS LÍNGUAS

O poeta americano INDRAN AMIRTHANAYAGAM (descendente de pais do Srilanka, antigo Ceilão para os portugueses), criou-se num ambiente de poesia jorrante por todos os lados. Do seu pai, além da influência, vieram as amizades com os grandes próceres da Beat Generation, como Allan Ginsberg e outros mais.

Seu amor pela poesia já veio do próprio DNA, da convivência cotidiana com as múltiplas leituras de autores fundantes da literatura universal e da constante interação com as grandes vozes poéticas americanas da segunda metade do Século XX.

Em virtude dessa experiência singular com poetas de várias línguas e países, INDRAN foi cultivando sua sensibilidade para a escrita também em outros idiomas. Assim, a Língua Portuguesa entrou em sua vida para não mais sair.

Agora, em seu primeiro livro, Música Subterrânea, escrito diretamente na língua de Camões, ele constrói uma “arquitetura de metáforas” com o fito de alcançar o leitor de português em seu próprio território linguístico. E consegue. Com uma sintaxe ao rés da fala e das questões existenciais do agora, sua voz dialoga com o tempo presente que, em sua dança de conflitos, nos envolve a todos. Com certeza, suas palavras poéticas produzirão um elo afetivo ainda mais forte entre os nossos povos.

Salgado Maranhão
https://www.instagram.com/p/C6oudxvxFDG/?igsh=Y3dhbno4eXBwenp3

 

INDRAN AMIRTHANAYAGAM (CADEIRA 02) Nasceu, em 1960, em Colombo, Ceilão (atual Sri Lanka). Diplomata dos EUA. É poeta, músico, ensaísta e blogueiro. Escreve em inglês, espanhol, francês, português e crioulo haitiano. Aos oito anos mudou-se com a família para Londres, Inglaterra, e aos 14 anos mudou-se novamente para Honolulu, Havaí, onde começou a escrever poesia. Bacharel em Artes (Literatura Inglesa) pelo Haverford College e Mestre em Jornalismo, pela Columbia University. Editor-chefe da revista The Beltway Poetry Quarterly, apresentador do Poetry at the Port (Haiti), e co-dirigente da DC-ALT (Washington D.C.´s Association of Literary Translators). Curador da plataforma literária Ablucionistas (México). Publicou 19 livros de poesia, incluindo Sur l’île nostalgique (L’Harmattan, 2020), The Migrant States (Hanging Loose Press, 2020) e Lírica a tiempo (Mesa Redonda, 2020). O livro The Elephants of Reckoning ganhou o Prêmio Paterson de 1994, nos Estados Unidos. Na música, produziu o álbum Rankont Dout. Publicou no The New York Times, The Hindu, Reforma, El Norte, entre outros. Bolsista da The Foundation for the Contemporary Arts (2020), da New York Foundation for the Arts, do U.S/Mexico Fund for Culture e da Macdowell Colony. Ganhou os Juegos Florales de Guayamas, Sonora (México), em 2006, com o poema “Juárez”. Dirige e cria conteúdo para o site The Poetry Channel, no Youtube. Em 2021, foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. (https://www.portalentretextos.com.br/post/poemas-de-indran-amirthanayagam-1960-sri-lankaeua)

TERRITÓRIO

Como um cão

que urina

o muro para marcar

seu território,

o diplomata assiste

ao coquetel e começa

a falar aos demais

convidados

da gripe aviária,

da revolução francesa,

do concerto da

filarmônica de Viena

pela primeira vez

em terras régias,

um acontecimento

para contar aos bisnetos.

Ouça, não houve acordeões

nem botes, homens puros

vestidos de smoking

tocando fagotes e trompas

para anunciar o amanhecer,

o primeiro dia, o ano novo.

 

CODA

O diplomata regressa a casa,

sintoniza seu rádio

em uma emissão postergada

do concerto da noite,

dá de comer a seu cão.

JUÁREZ

i.

Nem moscas, nem borrachudos: asas

nascidas no pó, mitocôndria,

se entrelaçam dando voltas

no ar perante a mesa

aonde os poetas falam

de escrever sobre cadáveres.

ii.

Não se pode cair

nestes barrancos passar

uma noite tranquila, levantar-se

ao amanhecer e caminhar

para buscar água doce

do riacho próximo que flui

através dos terrenos baldios

e sua escova de plástico,

sapatos, tangas, dentes.

 

VOAR

Quando amanhece o dia,

quando a luz se vai

e a noite começa;

quando nossos filhos

principiam a caminhar

e a ir à escola,

e se despedem

de nós

nas portas

da universidade,

e viajam de país

em país

para enviar-nos

postais

de sua maturidade

as fotos

de seus próprios filhos

aí encontraremos

a poesia escrita

para capturar

o voo

da borboleta

justo quando se vai

para conciliarmos

com a perda

dos entes queridos,

de nossos pais

ainda com os gatos

e cães, a poesia

nos acompanha

quando ganhamos

um emprego e

quando perdemos,

é amiga, consolo,

ponte até Deus,

Mulher, o mistério,

o irracional, nos

assegura que não estamos

sós, que habitamos

uma comunidade

feita de metáforas,

ritmos, cadências,

de linguagem, pois,

e seus bailes

e cantos.

[tradução do espanhol por Marcos Freitas]

Publicado na Revista da Academia de Letras do Brasil, Ano 2, Número 3, jan./jun., 2020, ISSN 2674-8495.

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