1991: ARNALDO BAPTISTA: LIVRO BALADA DO LOUCO: ENTRE A REALIDADE E A FICÇÃO (PARTE 10)
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1991
LIVRO
BALADA DO LOUCO: ENTRE A REALIDADE E A FICÇÃO
Balada do Louco foi um livro independente, mas isso não justifica sua rudeza literária. Talvez pudesse ser considerado um estilo "nu" de escrita, mas aqui falta polimento. O livro nasceu de uma longa correspondência entre o autor e Arnaldo Baptista. Naquela época, as palavras de Arnaldo eram uma revelação quase sagrada, e o autor se lançou nos cadernos de anotações de Arnaldo, sem as facilidades do Google ou do "copiar e colar", tão comuns hoje.
Lançado à própria sorte, Balada do Louco teve uma recepção fria. Além de ser espetado pela mídia, foi alvo de críticas de jornais e boicotes variados, recebendo apoio apenas dos fãs mais dedicados. Apesar disso, o sonho não morreu completamente. Uma das pessoas que ajudaram foi Luiz Carlos Calanca, dono da lendária loja e gravadora Baratos Afins, que também era um grande admirador de Arnaldo Baptista.
Publicar o livro foi um desafio no melhor estilo "faça você mesmo". O autor enfrentou as dificuldades da autopublicação. Quem já percorreu esse caminho sabe o quanto é árduo — e muitas vezes ingrato.
1991
Segredos e histórias
O saudoso Rogério Ferrinho, fã de heavy metal e mergulhador, certa vez comentou ter assistido a uma apresentação recente de Arnaldo Baptista (suponho que tenha sido na TV Manchete). Segundo ele, Arnaldo estava tão debilitado que precisou ser carregado até o piano. Esse comentário me chocou profundamente.
Em 1983, uma matéria na revista Manchete retratava Arnaldo em recuperação, mostrando um prenúncio das batalhas que ele enfrentaria nos anos seguintes. Em 1987, ao ler matérias muito bem escritas por Thomas Pappon sobre os Mutantes na revista Bizz, senti-me motivado a começar Balada do Louco, revisitando algumas ideias que surgiram naquele período.
A história do livro registra episódios obscuros. Anos após seu lançamento, alguém escaneou uma página e a publicou anonimamente em um blog, com o objetivo de atacar uma pessoa próxima a Arnaldo. O alvo dessa ação percebeu e respondeu com curta acidez nos comentários. Esse episódio me fez reconsiderar o livro, chegando a considerá-lo "mentiroso" e prejudicial à imagem de Arnaldo. Por isso, quando me perguntam sobre uma possível reedição, sou categórico: não tenho interesse. Para mim, cada um colhe os frutos de sua dedicação, esforço e talento.
Apesar dos erros — tanto ortográficos quanto de cronologia —, o livro acerta no que não se propõe a ver, preservando os depoimentos que misturam realidade e ficção. Ao olhar para ele, fica claro que metade das histórias realmente aconteceu, enquanto a outra metade é fruto dos esforços hercúleos de Arnaldo para recuperar a memória e preservar sua credibilidade.
Legado e Revisão
Balada do Louco: Encontra-se em um limbo editorial, com o autor resistindo à ideia de uma reedição, considerando o impacto negativo que pode ter tido na imagem de Arnaldo. O livro é visto como um registro imperfeito, mas singular, de uma conexão emocional com o artista.