Rock Invaders em chamas (2025)
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O Rock Invaders foi produzido por Analine Ramos para o Do Próprio Bol$o, com o som de palco a cargo de Adelson Siqueira.
★ Rex na jaula quebrada
★ Sonda Mãe
★ Morreu Polaris
★ O Dia D
★ The Hippies
"Rockão da porra! Só banda top!" (Juliana Krause, aniversariante da noite)
Falta uma semana para a primavera e, com ela, esperamos que a chuva venha nos molhar. O happening é um caleidoscópio: a poeira assenta, as cinzas voam, o sol logo desbota as cores das faixas, e o chão de papel picado também perderá sua cor – virando adubo na terra das bananeiras.
O happening tem dois sentimentos: ser vivido e ser testemunhado. Ser curtido e ser dividido. É mudança de humor, é ato de paz. É arte e música brilhando em sua vitalidade plena.
Ah, como a vida é bela – para os jovens em flor, para os adultos, e para aqueles que estão por aqui desde 1964.
★ Abertura: Rex na jaula quebrada
Foi no ROCK INVADERS que me deparei com as guitarras mais bonitas: Gibsons douradas, uma delas vintage, refletindo a luz do sol. Ao lado, os amplificadores Marshall destacavam o palco.
Jurassic Park ou Jurassic Rock?
Rex Na Jaula Quebrada
Clássicos do rock dos anos 70
Beto Cavani: baixo e voz – Wellington Lanite: guitarra e voz – Arthur Lanite, bateria
O nome “Rex na Jaula Quebrada” poderia facilmente remeter a um filme de dinossauros ou, quem sabe, a uma banda cover do T. Rex – o que seria, de fato, um Jurassic Park musical. Mas a realidade surpreendeu e queimamos a língua: esse trio, até então apenas um projeto de ensaios, estreou no palco nesta apresentação.
Na linha de frente, Beto Cavani no vocal e contrabaixo, ao lado do experiente guitarrista Wellington Lanite e de seu filho, Arthur Lanite, de apenas 17 anos, na bateria. A combinação já nasceu potente.
Abriram com “Can’t Get Enough” do Bad Company – e foi como se os ouvidos fossem ao chão. Em seguida, “Get It On” do T. Rex, e o show deslanchou como uma verdadeira Rádio Rock FM dos anos 70: teve também Ufo, Led Zeppelin, Black Sabbath, Peter Frampton e David Bowie no setlist.
Poderíamos chamar o som do Rex na Jaula Quebrada de um “middle of the road”: agradável, direto, sem firulas. Mas no meio dessa estrada, eles revelaram raízes mod com “You Really Got Me”, dos Kinks, e mostraram que não estão apenas repetindo fórmulas – estão cavando sua própria trilha.
Foi uma abertura surpreendente, feita à luz do sol e com a força crua de um trio que promete muito mais.
★ Sr. Paranoia e outras viagens do Sonda Mãe
Claudinei (ex-Terno Elétrico e Boca Preta), guitarra e vocais – Adelson Siqueira, guitarra – Lino Neto, vocais – Ilton, contrabaixo e Sérgio, bateria.
Claudinei é um compositor inspirado de riffs, deixando sua marca nas bandas pelas quais passou. No Sonda Mãe, além de guitarrista, também assume o papel de principal compositor do repertório. Adelson, o outro guitarrista dessa formação foi integrante original do Detrito Federal, desde os anos 80, quando aquela viagem musical começou.
O trabalho desse duo de guitarras é um dos diferenciais da banda. Embora lembre em parte a força do Barão Vermelho, sua identidade se firma na divisão de funções entre as duas guitarras, criando linhas melódicas paralelas ou entrelaçadas – recurso que ficou conhecido como “twin lead guitars” (guitarras gêmeas), uma tradição que vem dos anos 70 com bandas como Wishbone Ash e Thin Lizzy.
O Sonda Mãe costuma se apresentar em ambientes familiares, e há sempre um momento especial quando uma garotinha, neta de um dos músicos, sobe ao palco para tocar uma guitarrinha de plástico com eles. A banda vem se popularizando aos poucos, na esperança de que o público, além de conhecer o som, comece a pedir e reconhecer suas composições próprias, como “Meu Dez Reais”, “Sonda Mãe” (single que dá nome ao grupo), “Vivendo Underground”, “Dislexia” e, nesse show em particular, “Sr. Paranoia”, apresentada como tributo ao guitarrista da banda 5 Generais, presente na plateia.
A solidez do Sonda Mãe também vem da cozinha de baixo e bateria, que sustenta as guitarras de timbres fortes e cortantes. Enquanto isso, o vocalista Neto se solta, fazendo até air guitar em alguns momentos.
★ Entre camadas e texturas, vive o som de Morreu Polaris
Morreu Polaris
Rock Alternativo (autoral)
Beto Cavani: baixo e voz – Elisa Fuzz: teclado, violino e voz – Eme Joe: guitarra e – Jeferson Barbo: bateria
Repertório:
1) Toda Grandeza e Toda a Miséria, 2) Jogos Antiamor, 3) Na Terra dos Peixes, 4) Quero Mais é Desaparecer, 5) Não Te Quero Mal, 6) Voltando a Fumar, 7) Bomba de Hormônios, 9) Aos Pardais da Minha Lucidez
"Eu rasgo as caixas de sapato e separo cada par para guardar Em pequenos sacos de plástico transparente Depois coloco em ordem de cor, modelo, desgaste E no fim tudo fica no seu devido lugar":
Para escrever sobre o Morreu Polaris, começo pelo fim do repertório, pela última estrofe da faixa “Bomba de Hormônios”, que facilita resumir o show da banda. Vou direto à vertente art rock, mesmo que eles não se reconheçam nesse gênero, porque é exatamente o que fazem. Nesse show, faltou o violino de Elisa Fuzz, que ficou de fora pelo motivo mais lacônico: a falta de entrada na mesa de som.
Bandas com mulheres no elenco podem lembrar o The B-52s, mas o Morreu Polaris soa mais maduro e, ao mesmo tempo, me remete ao Talking Heads, sem que isso signifique uma cópia direta dessas bandas americanas. O som deles carrega um quê de synthpop e new wave brasileira, que surgiu em bandas paulistas como a Azul 29.
Essa influência fica evidente na dançante faixa de abertura, “Toda Grandeza”, cujo público da nossa geração ainda aprecia as batidas tribais. Outro som viajante é “Na Terra dos Peixes”, com seu jogo de metáforas existenciais – um dos lemes da música da banda. Já em “Voltando a Fumar”, eles retornam ao rock’n’roll, flertando com a irresponsabilidade e a liberdade de tempos passados.
O Morreu Polaris é um dos vértices da arquitetura musical de Brasília; eles carregam o azimute da cidade. Apesar de terem sido penalizados pela parca aparelhagem e pela necessidade urgente de conjugar sua música com imagens e outras participações artísticas, soam como poetas da Beat Generation, e, antes tarde do que nunca, que se aproximem do Velvet Underground.
Na árvore genealógica da banda há muitos ramos, alguns arbustos, mas na raiz vejo o trabalho de Tom Tom Macute, banda seminal de Brasília, que abriu a janela para esse som.
"Um ambiente, como sempre, de liberdade, acolhimento, vibe boa e energias positivas. A galera que compareceu curtiu as bandas do início ao fim 😉🤝🏻" (Marcos, vocal de O Dia D)
★ O Dia D – quando o inferno é destino, o diabo é companhia
Marcos, Voz – Rafael, contrabaixo – Marcelo, guitarra e Bruno na bateria
Eis os 8 nomes das faixas que o quarteto O Dia D trouxe para o palco do espetáculo ROCK INVADERS:
Rumo ao Regresso, Punk Anarquia, Morte Laranja, Chão, Eu Não Tenho Emprego, Juventude Perdida, Rumo ao Kaos, Trabalhador.
Como se fosse possível evoluir ou amadurecer o som, o quarteto O Dia D, na presença de seu líder e vocalista Marcos, nos passa a impressão de que, para a maioria da população, todo dia é dia D.
Comovente é a faixa “Eu Não Tenho Emprego” – e se você está nessa situação, sabe muito bem o que representa a frase: “quando o inferno é destino, o diabo é companhia.”
★ The Hippies: A Surpresa Pesada do Rock Invaders
The Hippies fecharam a noite como a última e mais inesperada surpresa do ROCK INVADERS. No palco improvisado, cercado por cactos e luzes cruas, o grupo mostrou porque é chamado de bando celebrado: dois guitarristas jovens, afiando riffs pesados e debochados, um contrabaixista que além de segurar a base canta com força, e um baterista calejado de décadas em bandas “podreiras”.
Mas a força da banda vai além da masculinidade e da pegada pesada. Como um cruzamento improvável entre Os Novos Baianos e Hawkwind, os Hippies têm sua estrela guia em Renata, presença magnética que domina o palco, arrasta olhares, convoca motociclistas estilo Angels e deixa fãs boquiabertos filmando cada segundo da apresentação.
Logo na abertura, surpreenderam com uma versão da dificílima “Perfect Strangers” do Deep Purple. E não parou aí: teve Peter Frampton, a clássica “Barracuda” do Heart, além de números incendiários de Black Sabbath, Megadeth, Metallica e até Sepultura, provando que a banda carrega o peso e a sinceridade que muitos apenas arranham.
O show do The Hippies não é estático — é movimento puro. Noite adentro, ficou claro: eles querem tocar pesado, de verdade.
Jovens senhores
Foto: Marizan Fontinele
Da esquerda para a direita: Zé Maria e Félix Amorim, fundadores dos 5 Generais – banda cujo grande palco foi o Rolla Pedra e as adjacências do poder. Ao centro, de branco, o celebrado Gilmar Batista, vocalista da A.R.D., recém-chegado de uma turnê pela Europa. À direita, de amarelo e vestindo a camisa do Detrito Federal, o anfitrião Mário Pazcheco.
Zé Maria e Félix estão com as gravações de um novo trabalho já avançadas – ou praticamente finalizadas – em um projeto que remete às bandas da aurora dos anos 80. Vieram mostrar uma faixa pronta e marcar um retorno em grande estilo, prometendo um vinil comemorativo.
Sentidas as ausências de Marcelo ‘Maguim’ (in memoriam), vocalista da Stoner Babe e parceiro de longa data de Félix Amorim, e do jornalista, cantor e compositor Rodrigo Leitão, que teve imprevistos de última hora.
Foi bastante calorosa a recepção do jornalista, historiador, rockissista e piromaníaco nas horas vagas, nosso querido @mariopazcheco, em seu refúgio ecológico, em uma tarde regada a muito rock e pessoas maravilhosas. Encontrar as musas Rosane e Sol do @soloautoral foi simplesmente um encanto.
Em meio à correria da nossa querida e workaholic @analineup, tivemos tempo de traçar alguns projetos futuros. Sempre esclarecedora e didática foi também a nossa conversa com o amigo de décadas e underground @gilmar_gamakong, sempre muito simpático.
Sem contar que é sempre muito satisfatório encontrar o gênio da bateria e eterno #StonerBabe @tiago.rabelo1.
Fica também um abraço a todos e todas que estavam ali presentes, em especial ao pessoal do @sondamae, que embalou a festa com seu som contagiante.
Enfim, um domingo muito especial 😉 (5Generais)
Foto: Marizan Fontinele
Da esquerda para a direita: Adelson, um dos guitarristas da Sonda Mãe, responsável pelo som de palco e pelo apoio geral às bandas; ao lado, Mário Pazcheco, anfitrião e dono do pedaço; e Analine Ramos, que deu vida, forma e sangue ao projeto ROCK INVADERS – foi ela quem reuniu essa constelação de músicos talentosos. Na outra extremidade, um dos guitarristas do The Hippies e, sempre sorridente, o baterista Marcelo “Podreira”, que não deixou de brincar: “Cadê o banco da minha bateria?”
O povo light da produção do evento Rock Invaders:
Foto: Marizan Fontinele
Um grupo diverso, sorridente, cercado de verde, descontraído e sem formalidades, reunido em clima de amizade e parceria. Não há a tensão típica dos bastidores de grandes produções, mas sim a leveza de quem toca o barco com alegria, improviso e união. O cenário rústico, a roda de conversa e as cores vivas das roupas reforçam esse espírito “light”, de celebração coletiva, onde cada um soma no que pode e todos fazem parte da engrenagem do evento.
Assim, a expressão “o povo light da produção do evento Rock Invaders” pode ser entendida como essa turma que carrega a energia da festa, mas sem perder a leveza, a espontaneidade e a camaradagem.
Foto: Marizan Fontinele
Mais pessoal “light my fire” da produção do Rock Invaders. O registro mostra a energia de quem fez acontecer: músicos, produtores e apoiadores, cada um com seu papel para incendiar a noite. Marcaram presença Wellington, guitarrista do Bootnafat, e Beto Cavani, então baterista do Nata Violeta, banda que abre o disco tributo ao Arnaldo (só com grupos de Brasília).
O clima foi de confraternização, misturando jovens talentos promissores da cena, casais de músicos, projetos audaciosos e produtores descolados. Como sempre, não dá para listar todos os nomes — Gilvam, o incendiário, também esteve por ali, assim como gente vinda da Bahia e do Rio das Ostras.
Pelas expressões de felicidade na foto, dá para ver que todos ficaram mais do que satisfeitos com o resultado.