Hoje 72 anos! Do Senhor Ivan, meu pai


      Heróis no mundo do rock e dos quadrinhos são muitos. Mas herói em carne e osso e próximo que eu conheço, sempre foi o meu pai e que há 15 anos cria o meu filho Virgílio (órfão de mãe antes de completar um ano)... Lá em casa éramos quatro: eu, minha irmã Kelly, minha mãe e senhor Ivan.

      Na companhia dele, não podíamos andar pelas ruas do centro de São Paulo sem passar numa banquinha onde ele me comprava um gibi da Bloch, era 1975.
     Meu pai trabalhou na RCA Victor, lá ele prensava discos e me falava da matriz do corte e outros procedimentos. Meu amor pela música e discos vem daí.
     Já morando em Brasília. E mesmo com a agenda lotada em São Paulo, meu pai arrumava uma hora para passar na Revolution e me trazer LP's piratas dos Beatles ou fanzines.
     A cena mais engraçada que me recordo é ver a carroceria da kombi dele lotada com exemplares do livro Balada do Louco que retirávamos da gráfica.
     Também recordo que foi ele que me deu a grana das passagens quando fui entrevistar Arnaldo Baptista em Juiz de Fora!

     Outra coisa engraçada é lembrar com que delicadeza e amor meus amigos (Cécé, Carlão, Kléber) se dirigiam ao meu pai
     — Seu Pacheco... Eles nunca souberam que meu pai não tem Pacheco no nome que é da minha mãe, Lourdes Pacheco.

     Senhor Ivan nunca frequentou as salas iluminadas das faculdades. Mas sabe como ninguém a geografia do Brasil e sua história política. Dele herdei o hábito da leitura. Ainda tenho os primeiros livros que lí na infância e eram da sua gaveta. Naquele tempo não tínhamos estantes.

     Hoje. 5 de junho, se eu estiver sóbrio vou 'quebrar' uma com ele e jogar sinuca. Feliz aniversário, Pai!

     Menino Virgílio executa violão clássico para deleite do avô e do pai corujas