Arnaldo
Solizta
(O título homenageia Lizt! Idéia do Júnior)
Enquanto
o corpo permanecia inerte na cama em estado de coma, Arnaldo revelou
posteriormente que se lembrava apenas de um sonho...
Na
ampla sala de concertos, suaves movimentos e as mãos deslizando
em gestos assimétricos, delicadamente produziam vibrações,
gerando trechos instrumentais que invadiam o recinto em contraste
com a luz artificial que iluminava o piano.
Um
pensamento repentino: —
à
quanto tempo estaria tocando? Haveria uma pausa para o cigarro?
Mas,
as mãos continuavam agindo, independentes da sua vontade,
continuavam escorregando, experimentando, variando, entre a melodia
de ninar e o frenético rock and roll.
Preparando
uma evolução estilística, dando expressividade
à sua música, quando foi interrompido por uma risada
seguida de uma pergunta —
Como vai Arnaldo?
Arnaldo
Baptista e John Lennon num encontro marcado por muitas risadas
e gargalhadas no final das contas, John o ajudou dando-lhe conselhos.
A gostosa sensação de sonolência continuou;
e quem o embalava era seu pai, com cantos gregorianos.
Repentinamente
a melodia cessou e não se ouviu as risadas, o canto, nem
os aplausos. Estivera dormindo?
—
Estivera
sonhando? E que lugar era esse?
(Mário Pacheco)
*Originalmente
publicado no fanzine, ROCK'N'ROLL MUSIC, nº 18 - ANO: VII
- 1989. Revisora: Marly. Este foi o penúltimo fanzine.
Trazia o meu terceiro texto público a respeito de Arnaldo
Baptista. Um fanzine de boa tiragem e basicamente remetido a todo
o Brasil, divulgando que eu estava escrevendo sua biografia.
O Pesadelo Múltiplo e a Lucidez da
Loucura