Cenas
perdidas de "Metropolis" são encontradas em Buenos
Aires
Folha de S. Paulo - da
France Presse, em Berlim
3/
jul. / 2008 - Quase
todas as cenas que faltavam do filme "Metropolis",
o mais conhecido do cineasta alemão-austríaco
Fritz Lang, foram encontradas na Argentina, informou a porta-voz
da fundação alemã Friedrich Wilhelm Murnau,
que possui os direitos da obra.
A
versão original do longa-metragem mudo de ficção-científica
foi exibida em janeiro de 1927 em Berlim e havia desaparecido.
"Quase
todas as cenas que faltavam até agora foram encontradas,
entre elas duas muito importantes", disse Anke Wilkening,
restauradora da fundação responsável pela
conservação do patrimônio cinematográfico
alemão, com sede em Wiesbaden.
As
cenas, que representam "aproximadamente 25 minutos"
do filme, estão na cópia de 16 mm encontrada na
casa de um particular por colaboradores do museu do cinema de
Buenos Aires.
"Graças
a esta descoberta sensacional, e apesar da qualidade ruim das
imagens, será possível agora completar esta obra-prima
realizada em preto-e-branco", afirma a fundação
em um comunicado.
Grande
clássico do cinema, "Metropolis" foi cortado
por representantes do estúdio americano Paramount, que
também simplificaram a história.
Memória
Metrópolis,
de Fritz Lang, é relançado nos Estados Unidos em
versão restaurada
Estreou, a 12 de julho de 2002,
no Film Forum de Nova York, e ainda será exibida em diversas
salas dos Estados Unidos, até dezembro de 2002, uma cópia
digitalmente restaurada pela Transit Films/The F. W. Murnau
Foundation, de um dos maiores clássicos do cinema expressionista
alemão: "Metrópolis" (Metropolis, 1927),
de Fritz Lang. Finalmente restaurado com sua trilha sonora original,
composta por Gottfried Huppertz, "Metrópolis"
retorna com uma qualidade de imagem jamais vista, ou vista apenas
no dia de sua estréia, a 1 de janeiro de 1927, no Palast
am Zoo em Berlim.
A produção de "Metropolis",
o filme mais caro do cinema mudo alemão, foi uma das
maiores extravagâncias da UFA. Narrando as peripécias
de um cientista que cria, a soldo do senhor de Metropolis, uma
mulher robô para revoltar os trabalhadores da sociedade
decadente e fazê-los em seguida conformar-se à
vida escrava pelo exemplo da catástrofe que a rebelião
produz, o filme é ideologicamente comprometido com a
ascensão do nazismo, e ao mesmo precursor de todo o imaginário
moderno dos filmes de ficção científica.
Almejando o grandioso, Lang criou cenas de massa que incluíam
36 mil figurantes. Diversos efeitos especiais foram desenvolvidos
para o filme: Eugen Schufftan inovou com um jogo de espelhos
que permitia captar, num mesmo negativo, imagens de ação
ao vivo combinadas com um set de maquetes em miniatura. Gunthar
Rittau usou animação stop motion com carros e
aeroplanos futuristas numa seqüência que durava um
minuto na tela, mas levou uma semana para ser fotografada. Mas
o maior trunfo do filme permanece a interpretação
arrebatada, desmedida, loucamente expressionista de Brigitte
Helm, que, em sua estréia no cinema, interpreta o papel
duplo da diabólica mulher-robô e da bondosa pregadora
Maria.
A história das diversas
versões de "Metrópolis" é um
capítulo à parte na história do cinema.
Lançado com a duração original de 155 minutos,
o filme - que levou o produtor Erich Pommer à demissão
e a UFA à bancarrota - era longo demais para o público
norte-americano, e a Paramount, então associada à
UFA, exigiu cortes: Channing Pollack ocupou-se da edição
mutiladora, reduzindo o filme para 89 minutos. Em 1936, Iris
Barry comprou para a Cinemateca do Museu de Arte Moderna de
Nova York um lote de filmes alemães, incluindo a versão
da Paramount de "Metrópolis" (a coleção
do MOMA hoje excede 14 mil filmes e 4 milhões de stills).
Entre 1968 e 1972, o Arquivo Estatal
de Filmes da ex-DDR compilou uma nova versão de "Metrópolis"
um pouco mais longa. Em 1984, os direitos do filme foram licenciados
para o compositor Giorgio Moroder, que realizou uma versão
esdrúxula de "Metropolis", colorizada por computador
e detonada pela trilha sonora que incluía Love Kills,
de Fred Mercury; Here She Comes, de Bonnie Tyler; e
Cage of Freedom, de Jon Anderson. Essa versão
de 87 minutos, deturpada pelo gosto consumista da música
pop e da cor artificial, teve apenas um mérito: o de
ser projetada a 24 quadros por segundo, restituindo às
imagens - algumas delas antes invisíveis nas versões
anteriores, ainda mais mutiladas - seu ritmo original.
Em 1986, uma cópia restaurada
a partir da versão do MOMA foi repatriada para o Arquivo
do Filme de Munique e, em 1987, o crítico Enno Patalas
adquiriu todos os negativos disponíveis para realizar
uma terceira versão de "Metrópolis"
- a mais fiel possível ao original. Finalmente, em 2002,
o preservacionista Martin Koeber, trabalhando com uma equipe
de arquivistas da F. W. Murnau Foundation, do Arquivo de Filmes
da Alemanha e do laboratório Alpha Omega de Munique,
restaurou digitalmente 12 mil elementos pictóricos da
versão de Munique a um nível de claridade nunca
visto antes. E pela primeira vez desde 1927, o filme é
exibido com a trilha sonora original de Gottfried Huppertz.
A
Kino Internacional apresentou, em seu sítio na Internet,
no endereço http://www.kino.com/,
uma página dedicada à restauração
de "Metrópolis". A página, desenhada
pelo ElizabethK Studio (tão eficaz que, desde o início
da parceria com a Kino, as vendas de vídeos e DVDs dessa
empresa aumentaram 80%), incluia um trailer da nova versão
de "Metrópolis" que é uma pequena obra-prima
de edição; trechos da trilha original também
podem ser ouvidos, numa amostra do impacto audiovisual que "Metrópolis"
ainda reserva aos cinéfilos, após mais esta restauração.
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