No estúdio com George Martin
(Mário Pacheco)

Brian Epstein, discovered and became The Beatles’ manager. His second course of business was to get them a recording test with George Martin who at the time was the head of A&R at Parlophone Records, an EMI affliate.

Dick James had been unusually fair to The Beatles (by industry standards of the day) when he set up Northern Songs in February 1963. Recommended to Brian Epstein by Beatles producer George Martin, James had a tremendous amount of respect for The Beatles and their music. Though The Beatles were little more than a talented group with one minor hit (Love Me Do) to their credit when James first met them in early 1963, James, a failed pop singer and then struggling music publisher, knew that the songs of Lennon and McCartney had the potential to become major hits.
   

     

     Please Please Me
     
“Pois bem, o que vocês terão que fazer agora é tocar uma seleção de músicas que escolhi, das que vocês fazem no Cavern”. Havia quatorze canções no total, algumas dos Beatles, outras de artistas americanos que eles gostavam de copiar. Nós começamos às 10 da manhã, com Norman Smith (N. R. ficou conhecido com a música Don’t let it die com o nome de Hurricane Smith, no começo dos anos 70), como engenheiro, e gravamos diretamente num aparelho “twin track” mono (N.R. Isso significa que ele usou dois gravadores mono iguais, acoplando um ao outro fazendo dessa forma uma gravação estéreo, mas que originalmente foi lançada em mono). As onze da noite já tínhamos gravado um monte de coisas, ou seja, treze novas faixas, que juntamos à previamente gravada Please Please Me.
(. . .)
     Tudo que fizemos foi reproduzir as apresentações do Cavern, na calma relativa de um estúdio. Eu disse relativa, porque havia um número que sempre causava furor no Cavern – Twist and shout – e John gritava o mais que podia. Só Deus sabe o que ele cantava essa música, pois ele fazia um som dilacerante e sensual. Essa música tinha que sair da primeira vez, porque eu sabia muito bem que se nós tivéssemos que faze-la uma segunda vez, ela nunca mais sairia tão boa. Como um (homônimo) do compacto, o álbum rapidamente subiu ao primeiro lugar das paradas, e por causa da popularidade de Twist and shout (que não era uma música dos Beatles) nós lançamos um compacto duplo, com ela e mais outras três músicas. Ele também foi ao primeiro lugar, na parada de compactos e era a primeira vez que um compacto duplo realizava tal façanha. Os rapazes estavam enaltecidos com o sucesso. Eu então pedi outra canção tão boa quanto Please Please Me e eles me trouxeram From me to you. Então eu disse: “Eu quero mais”. Logo veio She loves you. Eles pareciam uma fonte inesgotável de músicas, e as pessoas freqüentemente me perguntavam “de onde eles mamavam tudo aquilo?”. Quem sabe? Para começar, eles tocaram por um bom tempo, e escreviam músicas desde que eles eram crianças, e, portanto tinham uma grande quantidade de músicas que precisavam simplesmente serem lapidadas". (Sir George Martin).

    


      With The Beatles


     George Martin: "I wanna to be your man foi cantada por Ringo. Nessa época nós estávamos fazendo muito vocal dobrado, especialmente se a voz não era de muita confiança. Uma pessoa com voz muito boa não serve para fazer isso, não fica bom, mas algumas vozes ficam muito bem, combinam com o recurso, e é uma forma de conseguir um resultado muito bom de alguém que não tenha voz muito boa. Nós costumávamos descobrir todas as formas de truques para cobrir alguém se aparecesse uma nota cantada errado. Eu poria uma nota de piano e consertaria aquela nota particularmente".
     O piano da introdução e do solo do meio de You Really Got a Hold on me são de George Martin, e foi usado para reforçar o som da guitarra, um truque pouco adotado na época.
     George Martin volta a tocar piano em Money.

 


    1965


     George Martin deixa a EMI e monta sua própria empresa de produção, a AIR (Associated Independent Recording), cujos estúdios próprios em Londres, tornaram-se uma referência em termos de gravação e um dos mais bem sucedidos em todo o mundo.

     Rubber Soul


     As canções que eram apresentadas eram cada vez mais interessantes, segundo George Martin.
     In My Life recebeu um tratamento especial, o solo foi composto por Paul, mas quem o executou o solo foi George Martin. O Solo foi gravado uma oitava abaixo, e acelerado até a outra oitava, que acabou deixando o piano com ares de piano elétrico.

     


      1966


     5 ago.
     Aparece o LP “Revolver”, no qual se podia ouvir finalmente, letras mais trabalhadas resultadas da expansão da consciência. George Martin, lembra que por causa das drogas os rapazes não eram muito claros no que estavam fazendo. Um dos maiores problemas, com John e Paul, principalmente o John, era tentar descobrir o que estava acontecendo em sua cabeça.

     The Family Way
     Paul McCartney compõe e produz com George Martin a trilha sonora do filme “The Family Way”.

     


     1967


     Sgt. Pepper's
     A idéia básica para entender uma mudança ainda mais radical que a ensaiada nas inovações de "Rubber Soul" e "Revolver", discos anteriores, segundo George Martin, estava na própria trajetória dos Beatles. "Eles vinham fazendo um som bem chiclete, analisa. Ao mesmo tempo estavam bancando os palhaços da mídia e perdendo o controle sobre suas carreiras. Iam ladeira abaixo e ninguém pisava no freio", observa.
     Os Beatles não sabiam que tipo de disco fariam. Paul voltou impressionado com aquela tendência muito comum na Califórnia de se dar longos nomes aos grupos musicais, ao invés de nomes pequenos com antes, do tipo Beatles. Paul tinha escrito uma canção com um longo título: "Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band". A pista foi dada com a ajuda de fitas magnéticas reproduzidas no sentido inverso e misturadas em diferentes velocidades empregadas em Strawberry Fields Forever, uma música simples mas melodiosa, diferente de tudo o que George Martin ouvira antes. Ele ficou encantado com a linha melódica. Mas a música ficaria fora do disco: o contrato dos Beatles com EMI previa o lançamento de um compacto às vésperas do Ano Novo e Strawberry Fields foi a escolhida. Nascia a idéia do concept album baseado em seus dias de infância e adolescência em Liverpool.
     Harmonicamente, Strawberry Fields começou com um simples acompanhamento de guitarra acústica por John, passando depois para o som acid de San Francisco com a entrada dos outros Beatles. E, para complicar ainda mais as coisas, Martin fez um arranjo mais melódico, na base de trompetes e violoncelos. Lennon gostava do começo de uma versão e do fim da outra.
     "John, queria um som adocicado, sonhador, mas o resultado obtido era demasiado duro. Perguntou-me se lhe podia preparar uma nova versão para os instrumentos de corda. Concordei, escrevi uma nova partitura e gravamos. Ainda desta vez não consegui entusiasmá-lo. Não era o que tinha imaginado. Pediu-me que lhe desse a primeira parte das novas gravações pois iria tentar montá-las. Respondi-lhe que era impossível, dadas as diferentes tonalidades em que tinham sido tocadas e os compassos distintos em que tinham sido escritas". (George Martin).
     Diante da sua indecisão, George Martin aumentou a velocidade de uma das gravações e conseguiu casualmente a tonalidade exigida, cortou-as ao meio e juntou as duas partes de que Lennon mais gostava. John contentou-se com isso e a partir de então compor música, significava para ele, montar convenientemente pequenos fragmentos.
     Foi um trabalho bem executado: além de realçar a música, ninguém notou que tinha havido uma emenda mantendo a característica do som de John, um ritmo estranho e oscilante como o ritmo atravessado de sua guitarrra-base no palco.
     Em Penny Lane, o ponto de partida orquestral foi a predileção de Paul por uma passagem de trompete picollo nos Concertos de Brandenburgo de Bach. Foi convocado o trompetista da Orquestra Sinfônica de Londres, que ficou a postos enquanto Paul ia cantarolando as notas que desejava e Martin as colocava na pauta.
      George Martin em seus livros sobre os Beatles deixa transparecer uma admiração um pouco maior do que em relação aos outros por John. Os demais, mesmo Paul McCartney, eram músicos como ele. A inteligência de Lennon, no entanto, o instigava.
     "Quando John saía com uma tremenda música que evocasse, digamos, sua própria infância, como em Strawberry, Paul respondia com uma do mesmo calibre: Penny Lane. A rivalidade criativa conservava os Beatles no topo". (George Martin).
     


     No final de A Day in the Life, John, Paul, Ringo e Mal Evans dão um acorde de Mi maior (E) que chegou a durar 59 segundos no take 7, mas o melhor, segundo George Martin foi o take 9, com a duração de 53 ½ segundos.
     Na época de "Sgt. Pepper’s", John imagina um problema de afinação com a sua voz, que achava horrível. E pedia a Martin o tempo todo que a modificasse por meio de recursos eletrônicos. Muitas vezes, Lennon foi visto cantando através de um tubo de papelão, que dava um efeito especial aos seus vocais. Mas as excentricidade não eram “apenas” musicais ou psicodélicas.
     O impressionante fundo de Being for the Benefit of Mr. Kite, com um turbilhão de sons obtido de maneira impossível de duplicar-se: George Martin conseguiu efeitos variados de órgãos-a-vapor gravados em fitas cortadas em diferentes tamanhos, jogadas no chão do estúdio e editadas a esmo. Este método nada ortodoxo reforçou a atmosfera de circo surrealista da canção inspirada num velho cartaz que Lennon encontrou num antiquário de objetos teatrais.

     
These photos could be related to the "Kite..." overdub or to proper takes of "With a litlle help...", where GM also played organ. Notice the hat in the second photo



     Num estúdio vizinho ao dos Beatles, que finalizavam "Sgt. Pepper’s", o Floyd começa seu primeiro álbum, "The Piper at the Gates of Dawn", (“O Flautista nos Portões do Amanhecer”): título de um capítulo de um livro de contos infantis escrito por Kenneth Grahame, lançado em 5 de agosto de 1967. Syd Barrett, depois de explicar a George Martin que estava gravando ao lado conseguiu assistir a gravação de Lovely Rita dos Beatles e manteve um contato mais próximo com John Lennon.
     Lovely Rita, foi inspirada por uma guarda de trânsito que havia multado Paul no Canadá, nessa gravação, Paul usou um pequeno efeito com um pente (isso mesmo, pente) logo no inicio da canção, além de efeitos com a boca. O solo de piano é a cargo de George Martin.
     She´s Leaving Home foi a única canção que não foi produzida por George Martin.

    29 mar.
     I wonder how George Martin liked to see the drink-carton on the top of the piano, looking like it might fall into it any moment.


     21 abr.
     — Não sei. No estúdio eu nunca tomava. Uma vez tomei, pensei que estava tomando um excitante. Não estava em condições de segurar uma viagem. Não me lembro que disco era. Mas tomei e percebi... de repente me senti superamedrontado diante do microfone. Disse, que é isso?, me senti doente (...) Disse: preciso tomar um pouco de ar. Eles me levaram para a cobertura e George Martin ficou olhando pra mim de um jeito estranho. Aí eu saquei que deveria ter tomado ácido. (John Lennon).
    Sem saber o que estava acontecendo George Martin o levou até o telhado da gravadora, e ficou lá por alguns minutos maravilhado com as estrelas.
     As gravações de "Sgt. Pepper's" são finalizadas, o maior tempo gasto pelos Beatles para a gravação e produção de um disco: George Martin revelou que o disco custou 25 mil libras, preço hoje de uma fita de demonstração, e consumiu 700 horas de gravação. Ele queixa-se da pão-durice da EMI, mesmo diante de um grupo que lhe rendia milhões. As gravações começavam sempre às 19h e George Harrison tinha que arrombar o cadeado da geladeira do estúdio para conseguir leite para o chá, algo que custou muito aos cofres da EMI, mas que rendeu muitos prêmios aos Beatles, incluindo 4 grammys.


     Yellow Submarine


     As canções de nº 07 até a 13, que fazem parte da trilha incidental, compostas, produzidas e arranjadas por George Martin.
     George Martin usa trechos de Bach.

    


     Let it Be


     Produzido por: Phil Spector, mas antes de se tornar "Let it Be", Geoge Martin trabalhou como produtor do projeto.
     Quando as sessões de "Let it Be" acabaram, nem os Beatles nem seu produtor, George Martin, conseguiram ouvir a série de fitas para reunir um álbum. Essa tarefa foi dada para Glynn Johns, que montou um álbum tirado de gravações em estúdio, e seria originalmente chamado de "Get Back".
     
     


     Abbey Road

     1969
      5 mai.

     As gravações continuavam simultaneamente com a mixagem do projeto "Get Back", que Paul ainda queria lançar, mas ainda sim Paul quer gravar mais um disco, entra em contato com George Martin para produzi-lo, que aceita, contanto que fosse como nos velhos tempos, a concepção de que iriam gravar um novo disco: muitas canções já vinham sendo gravadas, canções como: I Want You, She Came in Through the Bathroom Windows, Oh! Darling, Octopus´s Garden, e outras como Mean Mr Mustard e Polythene Pam.
     Cinco dias depois Os Beatles finalizam o mais fantástico álbum que eles haviam feito, o mais inspirado e o mais bem tocado.


     1982


     Abril
   
O jornal Revolution publica a primeira parte da tradução de Marco Antonio Mallagoli para o livro "All you need is ears" (tudo que você precisa é escutar), escrito pelo quinto beatle George Martin.
    All You Need Is Ears is the story of George Martin, the man who spotted the Beatles' talent, who recorded and produced them from the start, and who brought their musical ideas to life. In this witty and charming autobiography, he describes exactly what it was like to work in the studio with the Beatles -- from the first audition (and his decision to scrap Pete Best on drums) to the wild experimentation of Sgt. Pepper (complete with sound effects, animal noises, and full orchestras in evening dress at the direct request of Paul McCartney). This is a singular look at the most important musical group of all time, and how they made the music that changed the world: No other book can provide George Martin's inside look at their creative process, at the play of genius and practical improvisation that gave them their sound; it is an indispensable read for Beatle lovers and anyone interested in the music world.

    


     1993

      24 out.
    
Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro. “George Martin e a música dos Beatles”. A maior atração internacional do Projeto Aquarius desde a apresentação do grupo Genesis ainda nos anos 70.
    “Os primeiros meses de 1993 foram dedicados a negociações com a direção do Projeto Aquarius, que comungava do desejo de trazer o famoso maestro e produtor. Uma fita de vídeo com a história do Aquarius e seus principais eventos foi especialmente preparada e enviada à Londres, junto com um dado que sensibilizou George Martin: o Projeto Aquarius sempre foi um evento gratuito, popular, atraindo dezenas de milhares de pessoas, normalmente nos jardins da Quinta da Boa Vista. (...) No dia 15 de outubro de 1993, um vôo da Varig trazia George Martin, sua esposa Judy, seu filho Giles (que além de assistente do pai, iria tocar na banda), sua filha Lucy e seu sócio, o também produtor John Burgess.(...) Entre os Corais e o Grupo de Rock, formado por Robertinho de Recife (guitarra solo e violão), Giles Martin (guitarra ritmo e violão), Mauro Senise (sax),
Fernando Moura (teclados), Jamil Joanes (baixo), Ricardo Magno (vocais), Carlos Bala (bateria), mais os percussionistas Peninha, Chacal, Cezinha e Cizinho. Em seguida, os ensaios foram deslocados para a Sala Cecília Meireles, onde o Grupo de Rock tocou junto com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Na sexta-feira, dia 22, os ensaios foram realizados no palco da Quinta da Boa Vista, com todos os músicos e cantores reunidos pela primeira vez . Mas o imprevisto aconteceu: a chuva impediu que os músicos da Orquestra Sinfônica ficassem em suas posições, sob o risco de perderem seus instrumentos. (...) Um novo ensaio aconteceu no sábado,dia 23, véspera do show. George Martin pode finalmente reger todos, numa bela prévia do que seria o espetáculo. Foi um momento mágico, ver o homem que lapidou o som dos Beatles ali, na Quinta da Boa Vista. (...)
     Belos momentos desta noite de sábado foram preservados, como Giles Martin bem à vontade, ou discutindo uma passagem com Robertinho de Recife. Ou mesmo aguardando o momento de colocar seu violão em ação. Em seguida, Robertinho de Recife deu um show à parte durante o meddley Carry That Weight / The End, com solos que encantaram todos os presentes no ensaio. Tudo estava perfeito para o dia seguinte. Tudo?      (...) No domingo, dia 24, eram aguardadas cerca de 100 mil pessoas nos jardins da Quinta da Boa Vista. Mas uma chuva torrencial desabou sobre o Rio de Janeiro, levando a acreditar que o concerto seria cancelado. (...)
     Uma multidão estimada em 20 mil pessoas resistiu enquanto a produção improvisou coberturas para o Grupo de Rock. Os dois Corais ficaram na chuva, enquanto que a Orquestra Sinfônica Brasileira teve que se retirar. O que se viu então foi inesquecível: um George Martin tão entusiasmado, que recusou a proteção contra a chuva que lhe ofereciam. Todos os arranjos foram adaptados para suprir a falta da Orquestra. (...)
     Um vídeo enviado por Paul McCartney especialmente para o evento foi exibido, onde ele conversava com George Martin e o público. Foi uma apoteose. (...) Outro ponto marcante para George Martin foi o encontro que promovemos entre ele e Tom Jobim, antes de deixar o Rio de Janeiro. Na foto, tirada por um fotógrafo do jornal que patrocinava o evento, estamos eu, George Martin, Tom Jobim e meu ex-parceiro na empreitada, Marcelo Fróes. (...)
     Acredito que todos os que estiveram envolvidos com aquele show jamais irão esquecer a simpatia e simplicidade de George Martin, o homem que deu forma ao som do maior grupo musical do mundo, The Beatles. Momentos para recordar por toda a vida. E farei isso”. (Ricardo Pugialli)
     "No domingo, caiu uma chuva torrencial no Rio e o espetáculo atrasou. As quase 50 mil pessoas esperaram umas duas horas debaixo d’água e Martin acabou subindo ao palco para tomar uma chuveirada sem a orquestra - que não poderia ter seus instrumentos molhados. Regeu o coral das Meninas Cantoras de Petrópolis, enquanto os músicos da banda se espremiam debaixo de uma pequena tenda improvisada. Foi emocionante, mas também foi um vexame. Pra mim, um dos pontos mais legais foi no meio, quando rolou uma mensagem em vídeo - gravada especialmente por Paul num camarim de sua turnê em curso. Quando o concerto de Martin fora confirmado, tratei de enviar um fax diretamente pro Paul no escritório da MPL - pedindo que ele gravasse um vídeo saudando a platéia e também o velho amigo. Alguns dias depois, baixou um fax perguntando qual o nosso sistema de vídeo. Eu mal pude acreditar. Mas, bem, depois do ‘espetáculo’, todos foram se secar e mais tarde nos reencontramos numa churrascaria na Tijuca”. (Marcelo Fróes)
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     O guitarrista Marcus Rampazzo guarda num cofre em sua casa fotos dos Beatles e partituras de George Martin.

     Ejazz – Essa é uma pergunta inevitável, uma vez que mexe com nossa eterna curiosidade em torno dos Beatles. Como foi trabalhar com o “quinto” deles, Sir George Martin?

     Fernando Moura – Foi inesquecível sob vários aspectos. Ele trouxe arranjos originais das gravações dos Beatles e outros que ele havia escrito depois. Tocar a “Papperland Suíte” do “Submarino Amarelo” com a Orquestra Sinfônica Brasileira e o “homem” ali na frente regendo foi uma experiência muito marcante, assim como tocar a introdução de “Golden Slumbers” exatamente do mesmo jeito que o Paul Mc Cartney gravou e sentir a entrada das cordas repetindo os motivos melódicos do piano... Você passa a entender a música de uma maneira totalmente diferente: a orquestra é um gigantesco instrumento capaz das mais incríveis nuances sonoras na cabeça e na escrita de um grande arranjador como o George Martin. Às vezes eu achava que estava sonhando, tocando as partes que ele havia criado para gravações que são históricas para a música popular de várias gerações, mas tinha que me ligar logo, pois como ele evidentemente sabia nota por nota das partes de piano e teclados do repertório, a responsabilidade era muito grande.
Foi um desafio e uma fonte de inspiração muito importante para a minha carreira como músico e arranjador. (...)
     "Por indicação do George Martin, com quem trabalhei aqui em 1993 no Projeto Aquarius, fui para Edimburgo, onde um grupo de professores que incluía ao mesmo tempo gente que tinha trabalhado no desenvolvimento do Pro Tools e compositores de música para cinema e TV da Grã-Bretanha, estava começando um curso de música para cinema, TV e multimídia com um programa que era exatamente o que eu estava procurando: história da música para cinema, composição para imagens, prática de orquestração com direito a usar os alunos dos cursos de graduação em música da escola, gravação e edição digital, programação midi e criação de sons em sintetizadores e samplers. A escola oferecia ainda a possibilidade de fazer música para os filmes dos alunos do curso de cinema, que faziam parte de um programa com o Channel Four, que os exibia regularmente para toda a Europa". (Fernando Moura).


     1994
      Set.

     George Martin trata Gershwin com carinho (Folha de S. Paulo, 16 set. / 1994).


     1995


     É editado
o livro “Paz, Amor e Sgt. Pepper - Os bastidores do disco mais importante dos Beatles”. É o depoimento único de quem esteve presente em todas as etapas da realização daquele que é considerado o disco mais importante da história do Rock’n’roll. Em suas quase 200 páginas, sete delas reservadas para fotos, o quinto beatle George Martin relata de maneira cronológica e com uma memória quase fotográfica, como aconteceu aqueles dias de 1967, quando o grupo gravou o álbum Sgt. Pepper, falando das sessões de gravação, de como foram escolhidas as músicas, como foi o processo de montagem da capa e muito mais. Tradução: Marcelo Fróes. Editora: Relume Dumará, 196 páginas.

     It was the summer to end all summers. London was swinging and Love and Peace were going to change the world. On 1 June 1967 came the summer's main event: a long-awaited album from the Beatles. Six months in the making, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band revolutionized the world of pop music.
    In Summer of Love George Martin takes us down to the magical fantasy land that is Pepper, and inside the inspired creative process of his work with the Beatles. Song by song, track by track, 'Lucy in the Sky with Diamonds', 'She's Leaving Home', 'A Day in the Life,' 'Within You, Without You', the album comes alive.
     Affectionate, funny and often moving, Summer of Love gives us a whole new take on George Martin's extraordinary relationship with the world's best ever band.
     Published by Macmillan, 1994 and published again by Pan 1995.

     Vinte e sete anos depois de lançado na definição de George Martin, seu produtor e arranjador: “Uma granada de fragmentação musical que explodiu com um impacto que ainda se faz sentir”. Nenhum exagero. Esta declaração, pertence ao livro "Paz, amor e Sgt. Pepper’s", olhar crítico que George Martin, arranjador de todos os discos dos Beatles, exceto "Let it Be", lançou sobre os estúdios de Abbey Road nos seis primeiros meses de 1967 e disseca o álbum que expandiu as fronteiras do pop para os limites até então inauditos.
     George Martin precisou de seis meses para produzir "Sgt. Pepper’s", e quase três décadas para explicá-lo em 194 páginas.
     Em Sgt. Pepper’s, George Martin, vetou It’s only a Northern Song, uma música de George Harrison, “porque não estava à altura do disco” e fez cara feia para Lovely Rita.
     “Pepper’s articulou aquele sopro de vida e energia que varreu a Grã-Bretanha nos anos 60”, opina. Aliás, este caleidoscópio de sons e imagens, letras impenetráveis, deu origem a centenas de interpretações. As iniciais de Lucy in the sky with diamonds seriam um acróstico para LSD? George Martin ignora essa e outras histórias mas, confirma que eles usavam drogas “fora do estúdio” e encerra a questão com uma definição cúmplice e sábia de Sgt Pepper’s: “O mundo olhou para ele e viu o que quis”.      E como olhou e ouviu.
     Felizmente diferente do disco, o livro tem narração simples e linear. A pretexto de revelar os bastidores do álbum, George Martin monta uma bela crônica sobre sua convivência com os Beatles. Revela, por exemplo, que o disco custou 25 mil libras, preço hoje de uma fita de demonstração, e consumiu 700 horas de gravação. Ele queixa-se da pão-durice da EMI, mesmo diante de um grupo que lhe rendia milhões. As gravações começavam sempre às 19h e George Harrison tinha que arrombar o cadeado da geladeira do estúdio para conseguir leite para o chá.
     No final do livro Martin faz uma comparação entre os discos dos Beatles. E afirma que "Sgt. Pepper’s" não é o melhor disco dos Beatles, mas disparado o mais inovador. Explodiu barreiras, aproximou o clássico do popular e ganhou lugar na história.


     1996


     15 jun.

     A rainha Elizabeth condecora Mr. Martin com o título de cavaleiro, sendo essa a maior condecoração da Inglaterra, e George deve ser agora tratado como Sir George Martin.

     1997


     Ao final deste ano, George Martin penduraria os ouvidos, despedindo-se com um tributo aos Beatles...

     


       2001


     "Harrison era um músico formidável, além de ser uma pessoa maravilhosa. Ele conseguiu evoluir para uma dimensão superior. Era o bebê dos Beatles e, ao contrário de Paul (McCartney) e de John (Lennon), enfrentou dificuldades para desenvolver seu talento como compositor e escrever suas próprias músicas". (George Martin).


     Paul McCartney conversando com George Martin
     "Fazendo Música" - Livro organizado por George Martin - . Editora UnB, 2002.


2006
      Fevereiro


     George Martin quer crédito por Yesterday


     Sir George Martin, lendário produtor de discos dos Beatles, quer que seu nome seja incluído nos créditos de "Yesterday", para que suas contribuições para a banda não passem em branco.
     Ele não acha justo que, 41 anos depois do lançamento do disco "Help!" seu nome ainda seja omitido dos créditos da música, muito embora ele seja o autor de todos os arranjos de cordas. "A gente não sabia o que fazer com ela. Era uma música tão aguada, então eu saí e escrevi um arranjo para um quarteto de cordas de acompanhamento. Dois dias depois, eu estava ensaiando e Paul McCartney entrou na sala. Ele nunca tinha visto uma partitura e disse 'não tem o meu nome nela'. Então, eu passei uma caneta pra ele e ele assinou. Eles escreveu o nome de John Lennon também, embora John não tivesse nada a ver com isso", disse Martin.
     Yesterday aparece no Guiness Book Of Records como a música mais regravada de toda a história e é melhor você nem perder seu tempo tentando imaginar quanto dinheiro George Martin perdeu nesses 41 anos em que seu nome não consta nos créditos.

    

   

Yesterday pode ter sido inspirada em canção napolitana
     
ANSA

 


   A música assinada por Paul McCartney é, segundo o lendário compositor italiano Lilli Greco, uma canção napolitana que remonta a 1895

 

     18 jul. / 2006 - ROMA - Yesterday, um dos maiores sucessos de todos os tempos, assinada por Paul McCartney, é uma variação de uma canção napolitana que remonta a 1895, afirma o compositor italiano Lilli Greco. O lendário compositor, arranjador e produtor musical, afirma que a canção Piccere Che Vene a Diceré inspirou os Beatles.

     O maestro, que explicará sua teoria em um programa da televisão italiana RAI que irá ao ar na noite desta terça-feira, afirma que conheceu Brian Epstein, empresário do quarteto de Liverpool, que lhe confessou que tanto John Lennon quanto Paul McCartney teriam um conhecimento enciclopédico de músicas de todo o mundo e de todas as épocas, com uma predileção pelo antigo repertório napolitano.

     Anteriormente, em 2004, a originalidade de Yesterday já havia sido questionada por dois estudiosos ingleses de música pop, o radialista Spencer Leight e o escritor Dominic Pedler.