Please
Please Me
“Pois bem, o que vocês terão que fazer agora
é tocar uma seleção de músicas que
escolhi, das que vocês fazem no Cavern”. Havia quatorze
canções no total, algumas dos Beatles, outras
de artistas americanos que eles gostavam de copiar. Nós
começamos às 10 da manhã, com Norman Smith
(N. R. ficou conhecido com a música Don’t let it
die com o nome de Hurricane Smith, no começo dos anos
70), como engenheiro, e gravamos diretamente num aparelho “twin
track” mono (N.R. Isso significa que ele usou dois gravadores
mono iguais, acoplando um ao outro fazendo dessa forma uma gravação
estéreo, mas que originalmente foi lançada em
mono). As onze da noite já tínhamos gravado um
monte de coisas, ou seja, treze novas faixas, que juntamos à
previamente gravada Please Please Me.
(. . .)
Tudo que fizemos foi reproduzir
as apresentações do Cavern, na calma relativa
de um estúdio. Eu disse relativa, porque havia um número
que sempre causava furor no Cavern – Twist and shout
– e John gritava o mais que podia. Só Deus sabe
o que ele cantava essa música, pois ele fazia um som
dilacerante e sensual. Essa música tinha que sair da
primeira vez, porque eu sabia muito bem que se nós tivéssemos
que faze-la uma segunda vez, ela nunca mais sairia tão
boa. Como um (homônimo) do compacto, o álbum rapidamente
subiu ao primeiro lugar das paradas, e por causa da popularidade
de Twist and shout (que não era uma música
dos Beatles) nós lançamos um compacto duplo, com
ela e mais outras três músicas. Ele também
foi ao primeiro lugar, na parada de compactos e era a primeira
vez que um compacto duplo realizava tal façanha. Os rapazes
estavam enaltecidos com o sucesso. Eu então pedi outra
canção tão boa quanto Please Please
Me e eles me trouxeram From me to you. Então eu
disse: “Eu quero mais”. Logo veio She loves
you. Eles pareciam uma fonte inesgotável de músicas,
e as pessoas freqüentemente me perguntavam “de onde
eles mamavam tudo aquilo?”. Quem sabe? Para começar,
eles tocaram por um bom tempo, e escreviam músicas desde
que eles eram crianças, e, portanto tinham uma grande
quantidade de músicas que precisavam simplesmente serem
lapidadas". (Sir George Martin).
With
The Beatles
George Martin: "I wanna
to be your man foi cantada por Ringo. Nessa época
nós estávamos fazendo muito vocal dobrado, especialmente
se a voz não era de muita confiança. Uma pessoa
com voz muito boa não serve para fazer isso, não
fica bom, mas algumas vozes ficam muito bem, combinam com o
recurso, e é uma forma de conseguir um resultado muito
bom de alguém que não tenha voz muito boa. Nós
costumávamos descobrir todas as formas de truques para
cobrir alguém se aparecesse uma nota cantada errado.
Eu poria uma nota de piano e consertaria aquela nota particularmente".
O piano da introdução
e do solo do meio de You Really Got a Hold on me são
de George Martin, e foi usado para reforçar o som da
guitarra, um truque pouco adotado na época.
George Martin volta a tocar piano
em Money.
1965
George Martin deixa a EMI e monta sua
própria empresa de produção, a AIR (Associated
Independent Recording), cujos estúdios próprios
em Londres, tornaram-se uma referência em termos de gravação
e um dos mais bem sucedidos em todo o mundo.
Rubber
Soul
As canções que eram
apresentadas eram cada vez mais interessantes, segundo George
Martin.
In My Life recebeu um
tratamento especial, o solo foi composto por Paul, mas quem
o executou o solo foi George Martin. O Solo foi gravado uma
oitava abaixo, e acelerado até a outra oitava, que acabou
deixando o piano com ares de piano elétrico.
1966
5 ago.
Aparece o LP “Revolver”,
no qual se podia ouvir finalmente, letras mais trabalhadas resultadas
da expansão da consciência. George Martin, lembra
que por causa das drogas os rapazes não eram muito claros
no que estavam fazendo. Um dos maiores problemas, com John e
Paul, principalmente o John, era tentar descobrir o que estava
acontecendo em sua cabeça.
The Family Way
Paul McCartney compõe e
produz com George Martin a trilha sonora do filme “The
Family Way”.
1967
Sgt. Pepper's
A idéia básica para
entender uma mudança ainda mais radical que a ensaiada
nas inovações de "Rubber Soul" e "Revolver",
discos anteriores, segundo George Martin, estava na própria
trajetória dos Beatles. "Eles vinham fazendo um
som bem chiclete, analisa. Ao mesmo tempo estavam bancando os
palhaços da mídia e perdendo o controle sobre
suas carreiras. Iam ladeira abaixo e ninguém pisava no
freio", observa.
Os Beatles não sabiam que
tipo de disco fariam. Paul voltou impressionado com aquela tendência
muito comum na Califórnia de se dar longos nomes aos
grupos musicais, ao invés de nomes pequenos com antes,
do tipo Beatles. Paul tinha escrito uma canção
com um longo título: "Sgt. Pepper’s Lonely
Hearts Club Band". A pista foi dada com a ajuda de fitas
magnéticas reproduzidas no sentido inverso e misturadas
em diferentes velocidades empregadas em Strawberry Fields
Forever, uma música simples mas melodiosa, diferente
de tudo o que George Martin ouvira antes. Ele ficou encantado
com a linha melódica. Mas a música ficaria fora
do disco: o contrato dos Beatles com EMI previa o lançamento
de um compacto às vésperas do Ano Novo e Strawberry
Fields foi a escolhida. Nascia a idéia do concept
album baseado em seus dias de infância e adolescência
em Liverpool.
Harmonicamente, Strawberry
Fields começou com um simples acompanhamento de
guitarra acústica por John, passando depois para o som
acid de San Francisco com a entrada dos outros Beatles. E, para
complicar ainda mais as coisas, Martin fez um arranjo mais melódico,
na base de trompetes e violoncelos. Lennon gostava do começo
de uma versão e do fim da outra.
"John, queria um som adocicado,
sonhador, mas o resultado obtido era demasiado duro. Perguntou-me
se lhe podia preparar uma nova versão para os instrumentos
de corda. Concordei, escrevi uma nova partitura e gravamos.
Ainda desta vez não consegui entusiasmá-lo. Não
era o que tinha imaginado. Pediu-me que lhe desse a primeira
parte das novas gravações pois iria tentar montá-las.
Respondi-lhe que era impossível, dadas as diferentes
tonalidades em que tinham sido tocadas e os compassos distintos
em que tinham sido escritas". (George Martin).
Diante da sua indecisão,
George Martin aumentou a velocidade de uma das gravações
e conseguiu casualmente a tonalidade exigida, cortou-as ao meio
e juntou as duas partes de que Lennon mais gostava. John contentou-se
com isso e a partir de então compor música, significava
para ele, montar convenientemente pequenos fragmentos.
Foi um trabalho bem executado:
além de realçar a música, ninguém
notou que tinha havido uma emenda mantendo a característica
do som de John, um ritmo estranho e oscilante como o ritmo atravessado
de sua guitarrra-base no palco.
Em Penny Lane, o ponto
de partida orquestral foi a predileção de Paul
por uma passagem de trompete picollo nos Concertos de Brandenburgo
de Bach. Foi convocado o trompetista da Orquestra Sinfônica
de Londres, que ficou a postos enquanto Paul ia cantarolando
as notas que desejava e Martin as colocava na pauta.
George Martin em seus livros
sobre os Beatles deixa transparecer uma admiração
um pouco maior do que em relação aos outros por
John. Os demais, mesmo Paul McCartney, eram músicos como
ele. A inteligência de Lennon, no entanto, o instigava.
"Quando John saía
com uma tremenda música que evocasse, digamos, sua própria
infância, como em Strawberry, Paul respondia
com uma do mesmo calibre: Penny Lane. A rivalidade
criativa conservava os Beatles no topo". (George Martin).
No final de A Day in the Life,
John, Paul, Ringo e Mal Evans dão um acorde de Mi maior
(E) que chegou a durar 59 segundos no take 7, mas o
melhor, segundo George Martin foi o take 9, com a duração
de 53 ½ segundos.
Na época de "Sgt.
Pepper’s", John imagina um problema de afinação
com a sua voz, que achava horrível. E pedia a Martin
o tempo todo que a modificasse por meio de recursos eletrônicos.
Muitas vezes, Lennon foi visto cantando através de um
tubo de papelão, que dava um efeito especial aos seus
vocais. Mas as excentricidade não eram “apenas”
musicais ou psicodélicas.
O impressionante fundo de Being
for the Benefit of Mr. Kite, com um turbilhão de
sons obtido de maneira impossível de duplicar-se: George
Martin conseguiu efeitos variados de órgãos-a-vapor
gravados em fitas cortadas em diferentes tamanhos, jogadas no
chão do estúdio e editadas a esmo. Este método
nada ortodoxo reforçou a atmosfera de circo surrealista
da canção inspirada num velho cartaz que Lennon
encontrou num antiquário de objetos teatrais.
These photos could be related to the "Kite..."
overdub or to proper takes of "With a litlle help...", where
GM also played organ. Notice the hat in the second photo
Num estúdio vizinho ao
dos Beatles, que finalizavam "Sgt. Pepper’s",
o Floyd começa seu primeiro álbum, "The Piper
at the Gates of Dawn", (“O Flautista nos Portões
do Amanhecer”): título de um capítulo de
um livro de contos infantis escrito por Kenneth Grahame, lançado
em 5 de agosto de 1967. Syd Barrett, depois de explicar a George
Martin que estava gravando ao lado conseguiu assistir a gravação
de Lovely Rita dos Beatles e manteve um contato mais
próximo com John Lennon.
Lovely Rita, foi inspirada
por uma guarda de trânsito que havia multado Paul no Canadá,
nessa gravação, Paul usou um pequeno efeito com
um pente (isso mesmo, pente) logo no inicio da canção,
além de efeitos com a boca. O solo de piano é
a cargo de George Martin.
She´s Leaving Home
foi a única canção que não foi produzida
por George Martin.
29 mar.
I wonder how George Martin liked
to see the drink-carton on the top of the piano, looking like
it might fall into it any moment.
21 abr.
— Não sei. No estúdio
eu nunca tomava. Uma vez tomei, pensei que estava tomando um
excitante. Não estava em condições de segurar
uma viagem. Não me lembro que disco era. Mas tomei e
percebi... de repente me senti superamedrontado diante do microfone.
Disse, que é isso?, me senti doente (...) Disse: preciso
tomar um pouco de ar. Eles me levaram para a cobertura e George
Martin ficou olhando pra mim de um jeito estranho. Aí
eu saquei que deveria ter tomado ácido. (John Lennon).
Sem saber o que estava acontecendo George
Martin o levou até o telhado da gravadora, e ficou lá
por alguns minutos maravilhado com as estrelas.
As gravações de
"Sgt. Pepper's" são finalizadas, o maior tempo
gasto pelos Beatles para a gravação e produção
de um disco: George Martin revelou que o disco custou 25 mil
libras, preço hoje de uma fita de demonstração,
e consumiu 700 horas de gravação. Ele queixa-se
da pão-durice da EMI, mesmo diante de um grupo que lhe
rendia milhões. As gravações começavam
sempre às 19h e George Harrison tinha que arrombar o
cadeado da geladeira do estúdio para conseguir leite
para o chá, algo que custou muito aos cofres da EMI,
mas que rendeu muitos prêmios aos Beatles, incluindo 4
grammys.
Yellow
Submarine
As canções de nº
07 até a 13, que fazem parte da trilha incidental, compostas,
produzidas e arranjadas por George Martin.
George Martin usa trechos de Bach.
Let
it Be
Produzido por: Phil Spector, mas
antes de se tornar "Let it Be", Geoge Martin trabalhou
como produtor do projeto.
Quando as sessões de "Let
it Be" acabaram, nem os Beatles nem seu produtor, George
Martin, conseguiram ouvir a série de fitas para reunir
um álbum. Essa tarefa foi dada para Glynn Johns, que
montou um álbum tirado de gravações em
estúdio, e seria originalmente chamado de "Get Back".
Abbey
Road
1969
5 mai.
As gravações continuavam
simultaneamente com a mixagem do projeto "Get Back",
que Paul ainda queria lançar, mas ainda sim Paul quer
gravar mais um disco, entra em contato com George Martin para
produzi-lo, que aceita, contanto que fosse como nos velhos tempos,
a concepção de que iriam gravar um novo disco:
muitas canções já vinham sendo gravadas,
canções como: I Want You, She Came in Through
the Bathroom Windows, Oh! Darling, Octopus´s Garden,
e outras como Mean Mr Mustard e Polythene Pam.
Cinco dias depois Os Beatles finalizam
o mais fantástico álbum que eles haviam feito,
o mais inspirado e o mais bem tocado.
1982
Abril
O jornal Revolution publica a primeira
parte da tradução de Marco Antonio Mallagoli para
o livro "All you need is ears" (tudo que você
precisa é escutar), escrito pelo quinto beatle George
Martin.
All You Need Is Ears is the story of
George Martin, the man who spotted the Beatles' talent, who
recorded and produced them from the start, and who brought their
musical ideas to life. In this witty and charming autobiography,
he describes exactly what it was like to work in the studio
with the Beatles -- from the first audition (and his decision
to scrap Pete Best on drums) to the wild experimentation of
Sgt. Pepper (complete with sound effects, animal noises, and
full orchestras in evening dress at the direct request of Paul
McCartney). This is a singular look at the most important musical
group of all time, and how they made the music that changed
the world: No other book can provide George Martin's inside
look at their creative process, at the play of genius and practical
improvisation that gave them their sound; it is an indispensable
read for Beatle lovers and anyone interested in the music world.
1993
24 out.
Quinta da Boa Vista, Rio
de Janeiro. “George Martin e a música dos Beatles”.
A maior atração internacional do Projeto Aquarius
desde a apresentação do grupo Genesis ainda nos
anos 70.
“Os primeiros meses de 1993 foram
dedicados a negociações com a direção
do Projeto Aquarius, que comungava do desejo de trazer o famoso
maestro e produtor. Uma fita de vídeo com a história
do Aquarius e seus principais eventos foi especialmente preparada
e enviada à Londres, junto com um dado que sensibilizou
George Martin: o Projeto Aquarius sempre foi um evento gratuito,
popular, atraindo dezenas de milhares de pessoas, normalmente
nos jardins da Quinta da Boa Vista. (...) No dia 15 de outubro
de 1993, um vôo da Varig trazia George Martin, sua esposa
Judy, seu filho Giles (que além de assistente do pai,
iria tocar na banda), sua filha Lucy e seu sócio, o também
produtor John Burgess.(...) Entre os Corais e o Grupo de Rock,
formado por Robertinho de Recife (guitarra solo e violão),
Giles Martin (guitarra ritmo e violão), Mauro Senise
(sax),
Fernando Moura (teclados),
Jamil Joanes (baixo), Ricardo Magno (vocais), Carlos Bala (bateria),
mais os percussionistas Peninha, Chacal, Cezinha e Cizinho.
Em seguida, os ensaios foram deslocados para a Sala Cecília
Meireles, onde o Grupo de Rock tocou junto com a Orquestra Sinfônica
Brasileira. Na sexta-feira, dia 22, os ensaios foram realizados
no palco da Quinta da Boa Vista, com todos os músicos
e cantores reunidos pela primeira vez . Mas o imprevisto aconteceu:
a chuva impediu que os músicos da Orquestra Sinfônica
ficassem em suas posições, sob o risco de perderem
seus instrumentos. (...) Um novo ensaio aconteceu no sábado,dia
23, véspera do show. George Martin pode finalmente reger
todos, numa bela prévia do que seria o espetáculo.
Foi um momento mágico, ver o homem que lapidou o som
dos Beatles ali, na Quinta da Boa Vista. (...)
Belos momentos desta noite de
sábado foram preservados, como Giles Martin bem à
vontade, ou discutindo uma passagem com Robertinho de Recife.
Ou mesmo aguardando o momento de colocar seu violão em
ação. Em seguida, Robertinho de Recife deu um
show à parte durante o meddley Carry That
Weight / The End, com solos que encantaram todos
os presentes no ensaio. Tudo estava perfeito para o dia seguinte.
Tudo? (...) No domingo, dia 24,
eram aguardadas cerca de 100 mil pessoas nos jardins da Quinta
da Boa Vista. Mas uma chuva torrencial desabou sobre o Rio de
Janeiro, levando a acreditar que o concerto seria cancelado.
(...)
Uma multidão estimada em
20 mil pessoas resistiu enquanto a produção improvisou
coberturas para o Grupo de Rock. Os dois Corais ficaram na chuva,
enquanto que a Orquestra Sinfônica Brasileira teve que
se retirar. O que se viu então foi inesquecível:
um George Martin tão entusiasmado, que recusou a proteção
contra a chuva que lhe ofereciam. Todos os arranjos foram adaptados
para suprir a falta da Orquestra. (...)
Um vídeo enviado por Paul
McCartney especialmente para o evento foi exibido, onde ele
conversava com George Martin e o público. Foi uma apoteose.
(...) Outro ponto marcante para George Martin foi o encontro
que promovemos entre ele e Tom Jobim, antes de deixar o Rio
de Janeiro. Na foto, tirada por um fotógrafo do jornal
que patrocinava o evento, estamos eu, George Martin, Tom Jobim
e meu ex-parceiro na empreitada, Marcelo Fróes. (...)
Acredito que todos os que estiveram
envolvidos com aquele show jamais irão esquecer a simpatia
e simplicidade de George Martin, o homem que deu forma ao som
do maior grupo musical do mundo, The Beatles. Momentos para
recordar por toda a vida. E farei isso”. (Ricardo Pugialli)
"No domingo, caiu uma chuva
torrencial no Rio e o espetáculo atrasou. As quase 50
mil pessoas esperaram umas duas horas debaixo d’água
e Martin acabou subindo ao palco para tomar uma chuveirada sem
a orquestra - que não poderia ter seus instrumentos molhados.
Regeu o coral das Meninas Cantoras de Petrópolis, enquanto
os músicos da banda se espremiam debaixo de uma pequena
tenda improvisada. Foi emocionante, mas também foi um
vexame. Pra mim, um dos pontos mais legais foi no meio, quando
rolou uma mensagem em vídeo - gravada especialmente por
Paul num camarim de sua turnê em curso. Quando o concerto
de Martin fora confirmado, tratei de enviar um fax diretamente
pro Paul no escritório da MPL - pedindo que ele gravasse
um vídeo saudando a platéia e também o
velho amigo. Alguns dias depois, baixou um fax perguntando qual
o nosso sistema de vídeo. Eu mal pude acreditar. Mas,
bem, depois do ‘espetáculo’, todos foram
se secar e mais tarde nos reencontramos numa churrascaria na
Tijuca”. (Marcelo Fróes).
O
guitarrista Marcus Rampazzo guarda num cofre em sua casa fotos
dos Beatles e partituras de George Martin.
Ejazz – Essa é uma
pergunta inevitável, uma vez que mexe com nossa eterna
curiosidade em torno dos Beatles. Como foi trabalhar com o “quinto”
deles, Sir George Martin?
Fernando
Moura – Foi inesquecível sob vários aspectos.
Ele trouxe arranjos originais das gravações dos
Beatles e outros que ele havia escrito depois. Tocar a “Papperland
Suíte” do “Submarino Amarelo” com a
Orquestra Sinfônica Brasileira e o “homem”
ali na frente regendo foi uma experiência muito marcante,
assim como tocar a introdução de “Golden
Slumbers” exatamente do mesmo jeito que o Paul Mc Cartney
gravou e sentir a entrada das cordas repetindo os motivos melódicos
do piano... Você passa a entender a música de uma
maneira totalmente diferente: a orquestra é um gigantesco
instrumento capaz das mais incríveis nuances sonoras
na cabeça e na escrita de um grande arranjador como o
George Martin. Às vezes eu achava que estava sonhando,
tocando as partes que ele havia criado para gravações
que são históricas para a música popular
de várias gerações, mas tinha que me ligar
logo, pois como ele evidentemente sabia nota por nota das partes
de piano e teclados do repertório, a responsabilidade
era muito grande.
Foi um desafio e uma fonte de inspiração muito
importante para a minha carreira como músico e arranjador.
(...)
"Por indicação
do George Martin, com quem trabalhei aqui em 1993 no Projeto
Aquarius, fui para Edimburgo, onde um grupo de professores que
incluía ao mesmo tempo gente que tinha trabalhado no
desenvolvimento do Pro Tools e compositores de música
para cinema e TV da Grã-Bretanha, estava começando
um curso de música para cinema, TV e multimídia
com um programa que era exatamente o que eu estava procurando:
história da música para cinema, composição
para imagens, prática de orquestração com
direito a usar os alunos dos cursos de graduação
em música da escola, gravação e edição
digital, programação midi e criação
de sons em sintetizadores e samplers. A escola oferecia ainda
a possibilidade de fazer música para os filmes dos alunos
do curso de cinema, que faziam parte de um programa com o Channel
Four, que os exibia regularmente para toda a Europa". (Fernando
Moura).
1994
Set.
George Martin
trata Gershwin com carinho (Folha
de S. Paulo, 16 set. / 1994).
1995
É editado o
livro “Paz, Amor e Sgt. Pepper - Os bastidores do disco
mais importante dos Beatles”. É o depoimento único
de quem esteve presente em todas as etapas da realização
daquele que é considerado o disco mais importante da
história do Rock’n’roll. Em suas quase 200
páginas, sete delas reservadas para fotos, o quinto beatle
George Martin relata de maneira cronológica e com uma
memória quase fotográfica, como aconteceu aqueles
dias de 1967, quando o grupo gravou o álbum Sgt. Pepper,
falando das sessões de gravação, de como
foram escolhidas as músicas, como foi o processo de montagem
da capa e muito mais. Tradução: Marcelo Fróes.
Editora: Relume Dumará, 196 páginas.
It was the summer to end all summers.
London was swinging and Love and Peace were going to change
the world. On 1 June 1967 came the summer's main event: a long-awaited
album from the Beatles. Six months in the making, Sgt. Pepper's
Lonely Hearts Club Band revolutionized the world of pop music.
In Summer of Love George Martin takes
us down to the magical fantasy land that is Pepper, and inside
the inspired creative process of his work with the Beatles.
Song by song, track by track, 'Lucy in the Sky with Diamonds',
'She's Leaving Home', 'A Day in the Life,' 'Within You, Without
You', the album comes alive.
Affectionate, funny and often moving,
Summer of Love gives us a whole new take on George Martin's
extraordinary relationship with the world's best ever band.
Published by Macmillan, 1994 and published
again by Pan 1995.
Vinte e sete anos depois de lançado
na definição de George Martin, seu produtor e
arranjador: “Uma granada de fragmentação
musical que explodiu com um impacto que ainda se faz sentir”.
Nenhum exagero. Esta declaração, pertence ao livro
"Paz, amor e Sgt. Pepper’s", olhar crítico
que George Martin, arranjador de todos os discos dos Beatles,
exceto "Let it Be", lançou sobre os estúdios
de Abbey Road nos seis primeiros meses de 1967 e disseca o álbum
que expandiu as fronteiras do pop para os limites até
então inauditos.
George Martin precisou de seis
meses para produzir "Sgt. Pepper’s", e quase
três décadas para explicá-lo em 194 páginas.
Em Sgt. Pepper’s,
George Martin, vetou It’s only a Northern Song,
uma música de George Harrison, “porque não
estava à altura do disco” e fez cara feia para
Lovely Rita.
“Pepper’s articulou
aquele sopro de vida e energia que varreu a Grã-Bretanha
nos anos 60”, opina. Aliás, este caleidoscópio
de sons e imagens, letras impenetráveis, deu origem a
centenas de interpretações. As iniciais de Lucy
in the sky with diamonds seriam um acróstico para
LSD? George Martin ignora essa e outras histórias mas,
confirma que eles usavam drogas “fora do estúdio”
e encerra a questão com uma definição cúmplice
e sábia de Sgt Pepper’s: “O mundo olhou para
ele e viu o que quis”. E
como olhou e ouviu.
Felizmente diferente do disco,
o livro tem narração simples e linear. A pretexto
de revelar os bastidores do álbum, George Martin monta
uma bela crônica sobre sua convivência com os Beatles.
Revela, por exemplo, que o disco custou 25 mil libras, preço
hoje de uma fita de demonstração, e consumiu 700
horas de gravação. Ele queixa-se da pão-durice
da EMI, mesmo diante de um grupo que lhe rendia milhões.
As gravações começavam sempre às
19h e George Harrison tinha que arrombar o cadeado da geladeira
do estúdio para conseguir leite para o chá.
No final do livro Martin faz uma
comparação entre os discos dos Beatles. E afirma
que "Sgt. Pepper’s" não é o melhor
disco dos Beatles, mas disparado o mais inovador. Explodiu barreiras,
aproximou o clássico do popular e ganhou lugar na história.
1996
15 jun.
A rainha Elizabeth condecora Mr.
Martin com o título de cavaleiro, sendo essa a
maior condecoração da Inglaterra, e George deve
ser agora tratado como Sir George Martin.
1997
Ao final deste ano, George Martin
penduraria os ouvidos, despedindo-se com um tributo aos Beatles...
2001
"Harrison era um músico
formidável, além de ser uma pessoa maravilhosa.
Ele conseguiu evoluir para uma dimensão superior. Era
o bebê dos Beatles e, ao contrário de Paul (McCartney)
e de John (Lennon), enfrentou dificuldades para desenvolver
seu talento como compositor e escrever suas próprias
músicas". (George Martin).
Paul McCartney conversando
com George Martin
"Fazendo
Música" - Livro organizado por George Martin - .
Editora UnB, 2002.
2006
Fevereiro
George Martin quer crédito
por Yesterday
Sir
George Martin, lendário produtor de discos dos Beatles,
quer que seu nome seja incluído nos créditos de
"Yesterday", para que suas contribuições
para a banda não passem em branco.
Ele não acha justo que,
41 anos depois do lançamento do disco "Help!"
seu nome ainda seja omitido dos créditos da música,
muito embora ele seja o autor de todos os arranjos de cordas.
"A gente não sabia o que fazer com ela. Era uma
música tão aguada, então eu saí
e escrevi um arranjo para um quarteto de cordas de acompanhamento.
Dois dias depois, eu estava ensaiando e Paul McCartney entrou
na sala. Ele nunca tinha visto uma partitura e disse 'não
tem o meu nome nela'. Então, eu passei uma caneta pra
ele e ele assinou. Eles escreveu o nome de John Lennon também,
embora John não tivesse nada a ver com isso", disse
Martin.
Yesterday aparece no
Guiness Book Of Records como a música mais regravada
de toda a história e é melhor você nem perder
seu tempo tentando imaginar quanto dinheiro George Martin perdeu
nesses 41 anos em que seu nome não consta nos créditos.
Yesterday
pode ter sido inspirada em canção napolitana
ANSA
A música assinada por Paul McCartney é,
segundo o lendário compositor italiano Lilli Greco, uma canção
napolitana que remonta a 1895
18
jul. / 2006 - ROMA - Yesterday,
um dos maiores sucessos de todos os tempos, assinada por Paul
McCartney, é uma variação de uma canção napolitana que remonta
a 1895, afirma o compositor italiano Lilli Greco. O lendário
compositor, arranjador e produtor musical, afirma que a canção
Piccere Che Vene a Diceré inspirou os Beatles.
O
maestro, que explicará sua teoria em um programa da televisão
italiana RAI que irá ao ar na noite desta terça-feira, afirma
que conheceu Brian Epstein, empresário do quarteto de Liverpool,
que lhe confessou que tanto John Lennon quanto Paul McCartney
teriam um conhecimento enciclopédico de músicas de todo o
mundo e de todas as épocas, com uma predileção pelo antigo
repertório napolitano.
Anteriormente,
em 2004, a originalidade de Yesterday já havia sido
questionada por dois estudiosos ingleses de música pop, o
radialista Spencer Leight e o escritor Dominic Pedler.