“Elsa
von Freytag-Loringhoven: a Rainha Dada
(Anton Gill*)
1915
Em
1920. Greenwich Village tinha começado a se encher de vida,
vida artística. Os aluguéis eram baratos e a propaganda
boca a boca era eficiente. Talvez o símbolo mais notável
da nova onda em Nova York, apesar de, em si, estar longe de ser
o mais importante, tenha sido uma alemã, a baronesa Elsa
von Freytag-Loringhoven. Tendo escapado de um lar pobre e infeliz
para se tornar prostituta, conseguiu, mais tarde, matricular-se
como aluna de artes em Munique, de onde passou a freqüentar,
por intermédio de um casamento fracassado, os círculos
literários da Alemanha. Um extravagante caso amoroso a
levou para os Estados Unidos, onde procurou escapar das garras
da polícia de seu país, mas ele a abandonou em Kentucky,
em 1909. Aos 35 anos, Elsa conseguiu chegar em Nova York, onde
se casou com um arruinado barão alemão exilado,
de quem herdou o título. Ele a largou no início
da guerra e suicidou-se na Suíça no fim da guerra.
Elsa permaneceu em Nova York, servindo de modelo ocasional para
artistas; vivia ao deus-dará e foi adotada como colaboradora
eventual e cause célèbre pela Little Review.
Tornou-se a representante viva de uma era. Para visitar o cônsul
da França, colocou na cabeça um bolo de aniversário
com cobertura de glacê, evidente que com as cinqüenta
velinhas acesas, dada a ocasião, formando conjunto com
um par de brincos confeitos no formato de caixas de fósforos.
Tinha pintado o rosto de verde esmeralda e colado vários
selos na pele, para indicar “pontos de beleza”.
Seus cílios tinham uma aplicação de espinhos
dourados de porco-espinho e, ao redor do pescoço, usava
um colar de figos secos. Em outra ocasião, preferiu pintar
o rosto com facial amarelo e passar batom preto, completando o
efeito com um balde carvão usado como chapéu. Em
ainda outra oportunidade, e estamos em 1917 - encontrou-se com
o escritor e pintor George Biddle vestindo uma capa de chuva escarlate
que, com uma “mesura real”, abriu para revelar
que estava inteiramente nua:
"Sobre os mamilos
havia duas latas de tomates, atadas ao corpo por uma tira verde.
Entre as latas de tomate estava pendurada uma diminuta gaiola
de passarinhos, com um canário destroçado. Um braço
estava coberto, do punho ao ombro, com anéis de cortina
de plástico, que depois ela confessou ter furtado de uma
vitrine de loja de móveis em Wanamaker’s. Tirou então
o chapéu, adornado com muito bom gosto e discrição
com cenouras, beterrabas e outros legumes, todos dourados. Seu
cabelo, preso num coque, tinha sido tingido de vermelho escarlate".
Essa
pessoa, verdadeiramente incomum, não poderia durar. Vivendo
com muito pouca higiene e sempre às voltas com a polícia,
sua popularidade foi cedendo junto com sua excentricidade e, com
o tempo, sua mente foi deteriorando. Abandonada por quase todos,
uma das pessoas que ficou ao seu lado foi a romancista Djuna Barnes,
que a ajudou a voltar para a Europa, onde terminou na mais negra
miséria, em Potsdam. Seu corpo foi encontrado pouco antes
do Natal de 1927, com a cabeça dentro de um fogão
a gás. Peggy nunca a conheceu, mas ouviu falar dela, e
ficou fascinada e assustada com uma personificação
tão completa do não-conformismo.
*In
"Peggy Guggenheim - A vida de uma viciada em arte, pág.
84. Editora Globo - 2005).
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Os últimos dias
de Adolf Hitler - comuniweb.com.br
3
abr. / 2007 - Alemanha – Morreu, ontem, aos 93 anos, o barão
Bernd Freytag von Loringhoven, que foi ajudante de ordens dos
generais no bunker de Berlim e passou os últimos meses
da guerra ao lado de Hitler. “Ele sempre perguntava às
pessoas sobre sua saúde, mas era desconfiado de todos e
cruel com os oficiais; culpava-os por tudo”, disse.