Impossível
ler Françoise Sagan sem se lembrar de Jim Morrison, enquanto
vivos eles escreveram sobre suas (as)pirações
fantasmas e o perigo de uma diversão preocupante ante
outros olhares mas particularmente divertida - um elo entre
a velocidade e a morte e o fascínio que a liteartura
francesa exerce sobre os estrangeiros.
Françoise
Sagan lançou-se na aventura literária
quando não conseguiu passar no vestibular. Em
sete semanas screveu "Bom Dia Tristeza", relato realista
das experiências de uma moça de 18 anos, Cecile;
que descobre a sexualidade enquanto se
intromete na promíscua vida amorosa do pai, com trágicas
conseqüências. A obra, conisderada imoral no pós-guerra,
teve milhões de exemplares vendidos (um milhão
nos Estados Unidos) e, tornou-a imediatamente famosa.
Os romances que posteriormente escreveu mantiveram o mesmo nível
do primeiro. Françoise Sagan evidenciava talento, apreciado
por vasto público, para descrever a solidão e
o tédio, duas constantes na vida da spessoas de uma certa
classe.
Era
1954 e, neste meio século, "a última das
existencialistas" ou "ativista de esquerda",
como foi muitas vezes chamada a escritora que freqüentava
o Quartier Latin ao lado de Sartre, Juliette Gréco e
muitos outros, alcançou a aura de mito em seu país.
"Bom
Dia Tristeza", adaptado par ao cinema em 1958, com debora
Kerr e Jean Seberg. Além da obra romanesca, Françoise
Sagan foi também autora de peças de teatro, ela
lançou muitos outros romances depois. É
autora de uns 50 livros, entre eles: "Aimez-vous Brahms"?
(Você gosta de Brahms?), de 1959, ou "La Chamade",
de 1965 (título que designa tanto sinal que anunciava
a capitulação dos sitiados quando à batida
desenfreada do coração). No Brasil, foram publicados
entre outros, "Cansado de Guerra", "Sangue de
Aquarela", "Minhas Melhores Lembranças".
Sagan —
pseudônimo tomado de Proust - nunca recebeu importantes
prêmios literários em seu país. Sua obra
chamava a atenção do público, apesar de
tachada de superficial.
Com sua morte,
o país perde uma de suas mais brilhantes e sensitivas
autoras, uma eminente figura em nossa vida literári
Jacques Chirac
ex-presidente mortoda França
O
sucesso também não foi garantia de uma vida tranqüila.
A mundana Françoise Sagan, de uma criatividade hiperativa
- apesar da solidão interior —,
sempre gastou mais do que ganhou e era conhecida por beber demais.
Passou por clínicas de desintoxicação e
chegou a sofrer graves acidentes automobilisticos por causa
do excesso de velocidade. A escritora que foi amiga de François
Mitterrand, em 1992 foi condenada a um ano de prisão
com direito a sursis por problemas com o fisco. A mulher que
nos anos 60 encarnou o espírito de liberdade na França
vivia na casa de amigos. Casou-se duas vezes, mas rapidamente
se divorciou. Ela teve um filho. Morreu, aos 69 anos, de embolia
pulmonar, em Honfleur, na Normandia.
"Tudo
o que recebo por direitos autorais vai para o fisco. Não
me deixam nem um euro para viver. Dependo da caridade e estou
destinada ao hospício", disse Sagan poucos meses
antes d emorrer, quando outros artistas se mobilizaram para
pedir o perdão presidencial à escritora. Ela morreu
jurando ser vítima inocente de uma "armadilha".
"Tenho sobre
a cabeça esse sucesso que se tornou um refrão
eterno"
Françoise Sagan (21 de junho de 1935 - 24 de setembro
de 2004)