The
Who!
(Mário Pacheco)
Um
dos maiores e mais querido dos grupos ingleses do rock. Fundado
em 1964 com Pete Townshend, Roger Daltrey, John Entwistle e
Keith Moon, o grupo se caracterizou desde o inicio por um visual
e um estilo de vida mod - gangue rival e mortal dos rockers,
que usava ternos estreitos e curtos, e tinha um culto exacerbado
da juventude - “As coisas que eles fazem parecem estranhamente
frias/ Espero morrer antes de envelhecer”, e gosto pelo
rhythm and blues.
“Eu costumava frequentar
o UFO Club, que foi onde conheci Mike McInnerney
e Karen e toda aquela turma, todo mundo. Costumava-mos pegar
aquele produto (ácido) que era realmente um produto Sandoz,
coisa pura, então a gente foi para o Monterey Festival
Pop e levei Karen comigo - Não éramos casados
ainda, e o famoso Owsley
apareceu. Ele é uma espécie de empresário
dos Grateful Dead e produtor de drogas. Ele fazia parte do time
que inventou o LSD, e sabia como fazer o ácido, e tinha
a sua própria marca chamada de Stp e que era muito mais
poderosa. Nós tomamos algumas doses no avião de
volta para casa... E eram absurdamente terríveis. Você
não imagina. Quer dizer, eu tive... Você sabe,
quando dizem sob tortura japonesa ocasionalmente, às
vezes se é terrível o bastante, a pessoa chega
sentir que flutua fora do próprio corpo. Neste caso eu
tive que fazer exatamente isto, abandonar o meu corpo, sem dúvida
alguma isto foi o que exatamente aconteceu. Eu disse, fuck
this, não agüento mais. E fiquei livre da viagem.
Isto é verdade, certo. E eu ficava flutuando no ar olhando
pra mim mesmo numa cadeira, por cerca de uma hora e meia. Daí
eu descansava, e recomeçava tudo de novo, e era a mesma
coisa. E eu estava esbaforido, completamente inconsciente no
que diz respeito aos outros, mas eu estava muito vivo, no que,
sabe! Como vivo, me arrastando vivo. De qualquer forma, a coisa
sobre STP com distinção de LSD é a ressaca.
Ela tem duração de dezesseis horas ao invés
de apenas dez. O ato de andar ou fazer algo fundamentalmente
orgânico fica muito atrapalhado, mas tendo eventualmente
acabada, então você fica ao invés de uma
noite de planejamentos cuidadosos, lindas imagens coloridas,
você tem cerca de uma semana tentando remendar o seu ego,
lembrar quem você era, e quem você é, e coisas
assim. Tudo isto, me fez parar de tomar psychedelics”.
Essa memorável declaração de Pete Townshend
serve explicar um outro episódio memorável em
Woodstock por conta do Who. Pete Townshend já entrou
no palco furioso, após ter descoberto que haviam colocado
LSD no suco de laranja reservado para refrescar os músicos.
Assim, no fim do show - ou seja, no momento do tradicional quebra-quebra
da aparelhagem - o guitarrista viu um sujeito entrar em cena
para participar da cerimônia. Nada mais nada menos que
Abbie Hoffman, o líder da esquerda hippie americana,
que acabou expulso do palco a pontapés. Foi uma das poucas
brigas públicas de Woodstock.
Lançado em maio de 1969,
a ópera-rock "Tommy" consagra em definitivo
o Who no Olimpo do rock mundial, consolidando a carreira de
uma banda até então atolada em dívidas
pela quebra constante da aparelhagem de palco.
Em setembro de 69, a execução
sem interrupção da mais bem sucedida ópera
rock ganhou novo corpo com a fúria da performance ao
vivo que levou a crítica americana a jorrar adjetivos
na estréia de Tommy no lendário Fillmore East,
de San Francisco, pois em Woodstock a execução
da peça fora fragmentada.
Pete Townshend pulava, girava o braço direito em moinho,
contorcia-se; Keith Moon tocava bateria como um possesso, virando
o tempo inteiro e dando um toque de genialidade demente aos
vários climas de Tommy; John Entwistle, mais contido,
usava seu baixo seco como uma segunda guitarra e Roger Daltrey
encarnava o personagem título alternando as diversas
transformações de Tommy. Ao final, o quebra-quebra
dos instrumentos dando a coda ensandecida da versão original
que Broadway nenhuma jamais será capaz de reproduzir.
Discos conceituais e embriões
de óperas-rock já tinham sido assimilados desde
a trilogia clássica composta por "Sgt. Pepper’s",
"Their Satanic Majesties" e "Pet Sounds".
O Who colocou seu nome brilhantemente nesta lista com uma saga
que misturava trauma infantil com psicodélia, misticismo
com fliperama, fundia um superdotado surdo, mudo e cego que
discute, à moda de fábula, os risco e os delírios
do poder com uma máquina eletrônica cheia de cores
e sons, numa espécie de tragédia da realidade
virtual. Se "Sgt. Pepper’s" esvaziou a proposta
do projeto "Smile" de Brian Wilson, dos Beach Boys,
por ter sido lançado antes, o mesmo não pode se
dizer de "Tommy" que precedeu em uma década
a "The Wall" e não eclipsou o sucesso
do Pink Floyd.
Nos anos seguintes, Pete Townshend
permitiu que "Tommy" fosse descaracterizada em seu
vigor original por pretensas versões teatrais e cinematográfica,
fazendo com que se perdesse o contato com a magnífica
versão original. Inclusive o disco original saiu de catálogo
nos restando uma trilha sonora ridícula e impotente diante
do original, que este vigoroso trabalho volte ao acesso dos
fãs que estão com suas cópias gastas e
outros que só conhecem a versão “adulterada”
é um apelo que as companhias do disco deveriam dar ouvidos
chega de tiragens exclusivas e pequenas como aconteceu nos anos
80, e cópias importadas subterfúgio de privilegiados...
Em junho de 89, Tommy voltou à
vida para ajudar crianças autistas. Pete Townshend, declarou:
“É um espetáculo duradouro, que precisa
ser mantido vivo. Eu acho que o Who o deixou escapar. Não
devíamos mas deixamos. Vai ser ótimo voltar, olhar
para ele novamente e dizer ‘Ei, esta é uma oportunidade
de trazer algo de volta à vida’”.
Quando da apresentação
de Hendrix ao The Who, por intermédio do empresário
Kit Lambert, a única coisa que o baterista Keith Moon,
caindo de bêbado, soube dizer, foi: “Quem é
que deixou esse selvagem entrar?”. “Ele é
Mau-Mau ou Zulu?” Jimi ficou louco, e Lambert teve de
obrigar Keith a se desculpar. Mas antes disso, quando o The
Who ainda não conhecia Hendrix, Eric Clapton e Pete Townshend
foram a boate Speakeasy. Quando iam entrando, Jeff Beck ia saindo
e disse para Townshend, só de maldade: “Tem um
cara aí dentro quebrando o amplificador com a guitarra.
Melhor você entrar lá, e dizer que quem faz isso
é você.
Na verdade, Peter ficou possesso
por Jimi usar aquelas transas de microfônia e quebrar
a aparelhagem. Numa temporada que os dois fizeram, mais tarde,
no Saville Theatre de Londres, Jimi entrava antes e roubava
o show. Pete cada dia estava mais louco e disse a Chas Chandler
para encerrar o contrato. Quase um ano depois, eles voltariam
a se encontrar, no Festival de Monterey. Pete então pediu
a Jimi pro Who entrar primeiro, a fim de evitar os rolos de
sempre. Jimi concordou e Pete pensou: “Quero ver ele me
ultrapassar agora” Depois da apresentação,
Jimi subiu no palco e queimou a guitarra. Enquanto fazia isso,
Keith Moon dava saltos e dizia: “Pete olha lá o
que o Zulu está fazendo. Por que não pensamos
nisso antes?”.