Pink
Floyd: a orquestra da nova direção
(Mário Pacheco)
Roger
Keith ‘Syd’ Barrett, George Roger Waters e Dave
Gilmour se conhecem nos anos 50 na Escola para Rapazes de Cambridge.
Roger Waters tinha 20 anos quando
passa no vestibular de 1964, na Politécnica de Regent
Street. Acabara de chegar a Londres, vindo do subúrbio
de Great Bookham para estudar arquitetura, com pouca convicção:
“Na minha opinião o pessoal que freqüenta
uma escola de belas artes é do tipo que não quer
saber deste negócio meio careta de carreira com c maiúsculo”.
Não freqüentava muito as salas de aula, a bem da
verdade. Era mais fácil encontrá-lo na cafeteria
estilo americano da politécnica, conversando com dois
colegas, igualmente pouco interessados em arquitetura: o londrino
Richard William (Rick) Wright (Rick) e Nicholas Berkeley (Nick)
Mason, de Birmingham, ambos com 19 anos. Conversam sobre aquilo
que era a paixão dos três: música. Trocavam
discos, comentavam os últimos lançamentos, iam
a shows de jazz. Às vezes, tocavam juntos peças
de blues ou músicas das paradas de sucesso. Mas sem muito
entusiasmo. O trio intitulava-se Sigma 6 e posteriormente, foram
mudando de nome, passando por T-Set, Meggadeaths, e Abdabs,
um grupo que se apresenta nos bares de estudantes ora com duas
variações: Architectural Abdabs e Screaming Abdabs:
Roger Waters na guitarra-solo, dois vocalistas (Keith Noble
e Juliette Gale), um baixista Clive Metcalf, Nick Mason na bateria
e Rick Wright (guitarra base).
Então, um dia para tentar
a continuidade Waters apresentou a seus amigos Roger Keith Barret
(apelidado Syd) e David Gilmour, ambos de 18 anos e guitarristas.
A figura muito estranha de Syd, costumava frequentar o bar The
Mill, reduto de existencialistas, músicos de blues e
curtidores diversos. Syd era muito diferente de Roger, Rick
e Nick. Já tinha abandonado a Escola de Belas Artes de
Camberwell, já experimentara múltiplas drogas
pesadas, gostava de rock e era pintor abstrato. Viera de Cambridge
com seu amigo David Gilmour, e ambos eram tidos como “barra
pesada” pelos estudantes de Londres. David Gilmour preferiu
ir para o sul da França, pegar sol e estrada, tocando
quando pudesse ou posando como modelo. Syd Barrett tinha planos
de profissionalizar-se em Londres, como músico. Storm
Thorgeson, antigo colega de quarto, mais tarde um dos fundadores
da Hipgnosis, agência de criações gráficas
e visuais, recorda-o nessa época: “Syd foi uma
das primeiras pessoas, em Cambridge, a se ligar na música
dos Beatles e Rolling Stones, e um dos primeiros a usar maconha,
já em 1962. Ele dizia que se conseguisse ser como os
Beatles, ou os Stones, estaria totalmente feliz”.
Por influência do magnético
Syd - “ele era extrovertido, falante, brilhante”,
lembra Gilmour - Rick, Nick e Roger deixam a escola de Arquitetura,
vivem basicamente das mesadas que as famílias dos ex-futuros-arquitetos
ainda mandam, iludidas, e, unindo-se por breve tempo ao guitarrista
de jazz local Bob Close.
Já sob a liderança
de Syd Barret e sem Bob Close, os cantores e Metcalf, o grupo
se torna semi-profissional, com um nome novo: The Pink Floyd
Sound. A idéia, como não podia deixar de ser,
foi de Barrett, unindo os nomes de dois bluesmen da Georgia
que ele admirava Pink Anderson e Floyd Council . No começo
tocavam rhythm and blues. A formação
enxugada incluí Syd Barrett (guitarra), Rick Wright (teclados),
Roger Waters (agora no baixo) e Nick Manson (bateria). O nome
foi tirado por Syd Barrett de um disco de blues, de Pink Anderson
and Floyd Council. E durante o ano seguinte, iam começar
a esquecer o The e o Sound. A partir de 1966, começa
a fase da Swinging London, junto com a moda e as experiências
sonoras da costa oeste americana chegava também a matriz
de toda inspiração o ácido lisérgico,
que Syd consumia com entusiasmo, acompanhado, com alguma moderação,
pelos outros três. Syd, mantêm a liderança,
devido a seu estilo pessoal como guitarrista e ao fato de ser
autor de quase todo o repertório composto nas explorações
dos limites sensibilizados pelo ácido.
No verão, já existia
o que pode ser chamado o underground de Londres. E
o Pink Floyd era, sem a menor dúvida, parte integrante
dele. Depois de algumas apresentações diurnas
no The Spontaneious Underground, o reduto in da época,
em bailes, universidades e barzinhos, substituem por completo
o repertório baseado nos gastos riffs de blues essa evolução
os leva para os recém-fundados clubes-teatro, como o
UFO e o Middle Earth, onde tocam apenas material próprio,
umas canções belas costuradas por ritmos estranhos,
quantidades enormes de reverberação e nuvens de
microfonias comandadas por Syd. “Syd nessa época
era surpreendente”, lembra Waters. “Sua inventiva
era de tirar o fôlego, ele compôs todo o nosso repertório
em poucos meses. Suas maiores influências eram os Beatles,
os Byrds e os Stones. Os Stones, principalmente. Ele ouvia tanto
o seu "Between the Buttons" (lançado em janeiro
de 1967), que o disco ficou gasto”. E foi por sugestão
de Syd que o casal norte-americano Joel e Toni Brown do Instituto
Millbrook de Timothy Leary, projetaram pela primeira vez alguns
slides sobre o Floyd. Num show numa igreja, o esquema visual
foi levado mais adiante com a inclusão de bolhas coloridas
que os grupos da Califórnia já empregavam em seus
números. Em outro espetáculo na Universidade de
Essex, enquanto o Floyd improvisava sobre um ousado tema instrumental
de onze minutos composto por Barrett, as luzes do palco se apagaram
e começou a ser projetado um filme que um paraplégico
havia feito em Londres, mostrando cenas da cidade do seu ponto
de vista. O aparato visual aumentava: luzes coloridas e estroboscópicas,
filmes, slides. Mesmo com recursos modestos, cada show do Floyd
era uma aventura subterrânea, malignamente magnética
e estranha, gótica. O tumulto e o sucesso que se seguiram
firmaram o Pink Floyd de vez como a banda preferida do underground
londrino e, no final deste ano, originou-se uma das características
do Pink Floyd - os efeitos visuais utilizados nos shows, que
se tornaram evidentemente, bem mais do que projeções
de slides.
O Floyd participou de todos os
encontros da Nova Consciência - Spontaneous
Underground Psichodelphia versus Ian Smith, Freak out
Ethel. Na noite de 15 de outubro de 1966, com uma grande ajuda
financeira de Paul McCartney procedeu-se o lançamento
do primeiro jornal underground da Europa, o IT (International
Times). Nesta ocasião foi organizada uma grande
festa no abandonado centro ferroviário de triagem, o
Roundhouse. Puderam lá escutar dois grupos que se iriam
tornar os líderes do underground, Pink Floyd
e Soft Machine.
No Roundhouse ex-clube UFO, o
compilador Miles, mais tarde autor de um livro sobre o Pink
Floyd, presidia a noite, oferecendo a todas as pessoas presentes
um pequeno pedaço de açúcar. Segundo a
lenda, um em vinte estava impregnado de ácido. A festa-viagem
lotaria, Paul McCartney apareceu trajado de sheik e Marianne
Faithfull com o mais curto hábito de freira jamais visto.
O Pink Floyd tocou para cerca de duas mil pessoas (sua maior
platéia, até então), por um cachê
de 15 libras, produziam “um espetáculo barulhento,
agressivo, mas profundamente fascinante”. Durante horas
desenvolviam temas fantásticos no meio dos disparos luminosos
dos estroboscópios com projeções de slides
com líquidos móveis Ainda neste ano, tocaram no
Royal Albert Hall.
À medida que o ano terminava,
e os movimentos alternativos ou de contracultura evoluíam,
o quarteto liderado por Barrett se tornava incrivelmente famoso
no circuito de clubes de rock.
Em 1967, são considerados
os expoentes máximos do movimento psicodélico
que estava surgindo. Evidentemente a “superfície”
- o mundo brilhante do show bizz - não tardou a se interessar
pelo trabalho do Floyd. Primeiro, se tornou chique mencionar
o grupo, assim ao acaso - a exemplo de Hendrix em Londres ou
do Velvet Underground em Nova York - em entrevistas à
imprensa ou conversas de final de festa: Brian Epstein, fez
isso várias vezes. Tornam-se a atração
permanente do domingos no famoso Marquee, em Londres, onde foram
vistos pela jovem dupla Peter Jenner e John Hopkins que viriam
a ser os primeiros empresários do conjunto. Depois vieram
os contratos. Primeiro para novos shows: “Eles foram um
dos primeiros acontecimentos rock que eu vi na minha vida. Eles
eram totalmente semiprofissionais, muito loucos, estonteantes.
Levavam o número a um ponto em que você pensava
que tudo ia acabar. Aí juntavam os cacos de novo”,
lembra Jenner.
Foi somente em fevereiro de 1967,
que conseguiram o apoio do produtor Joe Boyd, para a produção
de uma gravação independente. A idéia consistia
em realizar uma fita, e depois oferecê-la às gravadoras
oficiais. Assim foram contratado pela EMI, que deu a eles um
contrato milionário. Da fita, que foi gravada pelo engenheiro
John Wood, no estúdio Sound Techniques, a EMI aproveitou
as faixas Arnold Lane e Candy
in a Currant Bun. Ambas apareceram no primeiro compacto,
lançado na Inglaterra em 11 de março de 1967.
Com a aceitação
da banda pela multinacional, Boyd recebeu o solene “pé
no traseiro”. Passou então a ser o produtor deles
Norman “Hurricane” Smith, que já trabalhara
com os Beatles ao lado de George Martin e que ficaria conhecido
com a música Don’t let it die com o nome
de Hurricane Smith, no começo dos anos 70. Boyd já
chegou a declarar à imprensa inglesa que a EMI gastou
uma fortuna para tentar obter, em seus estúdios, o mesmo
tipo de som de Arnold Lane no compacto seguinte (See
Emily Play). Como não conseguiu, levou o conjunto
ao Sound Techniques e pagou ao mesmo engenheiro para realizar
a gravação.
O primeiro avulso contendo um
de seus maiores sucessos no UFO, Arnold Layne, misteriosa
fábula do travesti Arnold que roubava calcinhas dos varais...
Apesar de ter sua execução proibida nas rádios,
conseguiu um lugar seguro nos 20 avulsos mais vendidos.
Conseguiram
um show no Queen Elizabeth Hall, o que não era tarefa
das mais fáceis para os grupos principiantes. Anunciado
como “relaxamento da era espacial para o clímax
da primavera, composições eletrônicas, cores,
projeções de imagens, garotas e Pink Floyd”,
em maio de 1967, Barrett e Waters encenam o memorável
espetáculo multimídia Games For May (Jogos
de Maio), apresentado no Queen Elizabeth Hall: “A idéia
era fazer tudo o que tivéssemos vontade, no palco”,
explica Waters. “Na verdade nenhum de nós conseguia
ficar parado um segundo sequer, e saímos fazendo coisas
totalmente lunáticas. Num número eu cismei de
ficar mudando um ramo de flores de uma jarra para outra, e não
conseguia parar. Em outro arranjei um saco de batatas e atirei
no gongo que Nick usava. Chegamos até a usar um tipo
de som que era quase isso que hoje se chama quadrifônico”.
A banda performou o material que seria lançado três
meses depois em "The Piper at Gates of
Dawn" e See Emily Play a gema rara composta
por Barrett que incluía a frase que batizou o espetáculo.
Possivelmente a 21 de março,
num estúdio vizinho ao dos Beatles, que finalizavam Lovely
Rita, o Floyd começa seu primeiro álbum,
"The Piper at the Gates of Dawn", (“O Flautista
nos Portões do Amanhecer”): título de um
capítulo de um livro de contos infantis escrito por Kenneth
Grahame, que será lançado a 5 de agosto de 1967.
Syd Barrett, depois de explicar a George Martin que estava gravando
ao lado conseguiu assistir a gravação de Lovely
Rita dos Beatles e manteve um contato mais próximo
com John Lennon.
“Piper registra com fidelidade
o tempo em que foi feito sem, contudo, se prender a clichês
de paz e amor. (...) O triunfo acontece em várias frentes:
instrumentos inusitados criando uma pletora de efeitos num estúdio
de apenas quatro canais, a opção bem sucedida
pelo experimento que não resvala na indulgência
nem por um momento e o corpo de canções compostas
por Syd Barret este sim o trunfo maior. Incursionando por estruturas
melódicas fragmentadas e pouco usuais, Syd faz de cada
temática uma extensão desta...
Quando o mágico e fantástico
verão londrino de 1967 se aproxima, o Pink Floyd está
numa situação curiosa e privilegiada. Com dois
avulsos apenas (o segundo, See Emily Play, mais suave
e mais onírico cujas imagens lúdicas da garota
enlouquecendo remetiam à Lucy dos Beatles, também
chegou às paradas, permanecendo três meses entre
os mais vendidos, chegando ao sexto lugar no Hit Parade inglês)
ele é o grupo mais falado da Swinging London, o mundo
psicodélico de Londres delira. Waters, Mason e Wright
começam a ser vistos com roupas de cetim brilhante e
óculos escuros nos restaurantes da moda, fora desses
ambientes é o mais odiado do circuito operário
de bailes, recebido sempre a garrafadas e vaias.
E
é nesse momento, quando se inicia a jamais interrompida
escalada do grupo em direção ao superestrelato,
que começa a vir à tona uma das grandes tragédias
do rock: o delirante e imaginativo Syd Barrett, o homem que
forjou o som livre do Floyd, que concebeu seu aparato visual
e escreveu seus primeiros sucessos, caía rapidamente
na loucura total.
No início, só Waters
e depois Manson e Wright é que reparam nos acessos súbitos
de fúria que o acometiam; para os outros, tratava-se
apenas de uma crise de estrelismo, do cara que sempre sonhou
ser maior que os Beatles. Os técnicos do estúdio
achavam que era esnobismo quando Syd os fazia overdubarem mil
vezes sua guitarra. Mas quando ele aparece em farrapos para
gravar um tape para a BBC ou pára um show no meio, para
afinar a guitarra, se torna patente que seu espírito
vagueia por outros mundos.
Um dia, a namorada de Syd, Lynsey,
apareceu toda ferida na casa de Waters, e contou que Barrett
a havia trancado uma semana num quarto, ali mantendo-a com biscoitos
e água que passava por baixo da porta. Os funcionários
da EMI começaram a teme-lo: “Ele estava falando
e de repente parava e ficava olhando o vazio” recorda
Jenner, empresário do Floyd na época, “depois
te encarava fixo, com um olhar gelado que parecia te atravessar”.
Um Ano mais tarde, Peter Jenner, não acreditando no potencial
da banda sem Syd Barrett abriria mão da banda.
Com a repercussão do primeiro
álbum fazem a primeira, única e curta turnê
norte-americana, em novembro de 1967, interrompida porque Syd
insistia em tocar uma só nota durante os shows e, numa
entrevista para a tevê, limitou-se a responder as perguntas
com seu olhar psicótico.
De volta a Londres, Mason, Wright
e Waters compreendem que estão num dilema: “Por
um lado Barrett era nosso compositor, nossa figura central”,
diz Wright, “mas por outro, era totalmente impossível
nos comunicarmos com ele”. Durante o grande concerto na
noite de Natal de 1967, em Londres, com The Who, Jimi Hendrix,
The Nice e The Move, os três decidem que Barrett tem de
sair. Primeiro pedem a David ‘O List, do Nice, que toque
junto com eles, mesmo sem tirar Syd, para tornar a transição
mais suave. Mas quando Barrett sobe ao palco, nessa noite, com
a cabeça coberta por uma mistura de bryllcreem e pílulas
de Mandrix esfarelado, que escorre por seu rosto como uma máscara
grotesca, eles vêem que não podem esperar mais
mandam chamar na França o guitarrista David Gilmour,
antigo amigo de Syd, para que a substituição não
seja muito violenta. “Era óbvio que eles me chamaram
para que eu tomasse o lugar de Syd”, diz Gilmour, “mas
eu nunca soube o que ele sentiu a respeito. Não creio
que ele tenha sentido. Nessa época, ele já estava
num outro plano, com uma lógica só dele”.
No início de 1968 durante
sete semanas Gilmour e Barrett tocam juntos, A intenção
inicial era manter Barrett como letrista assim como Brian Wilson
dos Beach Boys. Mas a situação de Barrett se agrava
e ele tem mesmo de ser afastado.
A dois de março de 1968,
“depois de uma reunião cheia de demonstração
de pudor espúrio e compaixão hipócrita,
os músicos e seus agentes decidiram (sem a presença
de Barrett) que Syd estava fora. (...) Continuaram a gravação
do segundo LP, enquanto Barrett aparecia no estúdio,
todos os dias, e levava a guitarra com a infrutífera
esperança de que iriam chamá-lo para tocar também”.
Valdir
Montanari.
Evoluíram em seguida já
sem a presença do mentor Barrett para as longas suites
viajantes que caracterizam o rock progressivo. Lançado
em 1968, "A Saucerful of Secrets", este álbum
de transição marca a saída de Syd Barrett,
fundador e até então principal compositor da banda
que aparece creditado numa única faixa, Jugband Blues.
"A Saucerful of Secrets", é qualificado
pela revista Sound como “mágica expedição
misteriosa ao reino dos sons inauditos”. A revista "Melody
Maker" perguntou em grandes títulos: “Estão
a matar a música pop?”. Um leitor enfadado tinha-se
queixado:
“Toda esta estúpida
luz e o ruído doloroso põem-me doente. Se há
alguma coisa que possa matar a música pop, então
é seguramente esta insultuosa estupidez”..
Diante desta queixa, os empresários
dos “destruidores” do pop retorquiram:
“Pink Floyd são o
que você é. Se acredita que eles estão a
liquidar alguma coisa, então você é seu
cúmplice”.
Syd Barrett, declarou: “tudo quanto pudemos fazer é
gravar um LP que nos agrade. Se houvesse gente que recusasse,
continuaríamos em frente”.
O psicodelismo do Pink Floyd deixa
de lado as canções instantâneas para valorizar
os 39 minutos do LP com as texturas dos sons em faixas mais
longas e viajantes.
Waters, porta voz do grupo, redige
um mini-manifesto no estilo: orgulhosamente a Emi apresenta:
“Nós tocamos a música
que nos agrada e aquilo que tocamos é inédito.
Creio que nos podíamos chamar a orquestra da nova direção.
Se tivéssemos que nos caracterizar a nós próprios,
diríamos que os Pink Floyd são a luz e o som.
Ambos os meios se completam mutuamente e nós os utilizamos
não só como espetáculo”.
Jugband Blues não
foi o número de despedida de Syd ao Floyd, outro número
escrito por Barrett. Consistia em um único acorde e um
único verso. “Vocês já entenderam?”.
E os outros três respondiam:
- “Não”.
Em março/abril do mesmo
ano, ele deixava o grupo, iniciando uma carreira individual,
apoiado pelos outros membros.
Sem o carisma de pop-star de Barrett, Roger Waters assume a
liderança natural do grupo: “Eu estava muito preocupado,
porque via muitos grupos bons se dissolvendo à minha
volta - os Yardbirds, o Move. Mas no fundo eu sabia que isso
não ia acontecer conosco: nós não estávamos
loucos, nem com medo de tentar coisas novas, como os outros”.
Profética declaração.