John Directs....................
The whole bus crew.............
Dec.
21 - Westbourne Suite, Royal Lancaster Hotel. Fancy-dress
party to celebrate the BBC transmision of `Magical
Mystery Tour'.
All Beatles attend.
Dec.
26 - BBC-TV broadcasts the `Magical Mystery Tour'
film.
Dec.
27 - Bad critics for `Magical Mystery Tour'.
Across
the universe (Lizzie Bravo)
Novembro de 1967.
Eles estão editando o filme Magical Mystery
Tour num estúdio mínimo, num lugar
esquisitíssimo em Wardour Street, Soho. Custamos
a descobrir onde eles estavam, andamos pelo bairro
pra cima e pra baixo feito umas malucas. Até
que um dia eu dei de cara com John – foi um
quase-encontrão – e discretamente o seguimos
até o tal estúdio. Dali pra diante passamos
a ir pra lá todo santo dia. É um edifício
pequeno, velho, a gente sobe umas escadas estreitas
e chega a uma sala pequena que vai dar numa outra.
É aí que eles passam horas e horas trabalhando
no filme. A gente ouve tudo do lado de fora. Ficamos
exatamente do lado de fora da tal porta, ou então
sentadas na escada. Se ouve absolutamente tudo que
eles falam, e as músicas do filme a gente ouve
milhares de vezes cada pedacinho – dá
até caseira!
São poucas as
meninas que podem ficar lá comigo, porque todo
mundo trabalha nesse horário (de tarde). Eu
saio do meu trabalho e venho voando pra cá.
No dia 9 de novembro, quinta-feira, John veio pra
fora e ficou uns 10 minutos conversando com a gente,
foi incrível! No domingo, dia 12, George, no
maior bom humor nos perguntou porque não estávamos
na igreja! Na terça, dia 14, eu estava com
mais duas amigas e Paul saiu e nos convidou para ver
um pedaço do filme. Sentamos em uns bancos
altos com ele e vimos coisas incríveis. Ele,
como sempre, um amor de pessoa, engraçado,
carinhoso com a gente. No meio do papo ele disse para
mim: “Ah, Brasil esse é um lugar
incrível!”.
Na terça, dia
21, eles tinham ido comer alguma coisa, e quando voltaram
o rapaz do estúdio tinha dado uma saída,
e então ficaram os 4, mais Mal, Neil e Bill
e eu e mais duas trancados do lado de fora por 15
minutos. John sentou na escadinha e eu, que estava
olhando um álbum com seus retratos na hora
que ele chegou (que flagrante, hein?), sentei do lado.
Ele pediu para vêr o álbum e ficamos
naquele papo meio furado, ele super tímido,
e eu pior ainda, já viu, né? Eu vejo
ele quase todo dia, mas ficar tanto tempo assim tão
pertinho, é tão esquisito! Eu pensava
a 40 mil por hora, tudo o que eu queria dizer pra
ele, sei lá, e o papo da gente tava sem graça
mesmo. Às vezes acho que ele tem tanto medo
de mim quanto eu dele. Afinal, eu sou a faladíssima
fã dele que largou tudo no Brasil pra vir ficar
nesse gelo de lugar (Londres) e seguir ele pra todo
lado. Será que ele acha que sou maluca? Mas
ele me trata tão legal! E quando ele quer ser
estúpido com as meninas que ficam chateando
ele, sai de baixo! Comigo ele só fala numa
boa, canta, faz palhaçadas. Outro dia ele veio,
apertou a minha mão e disse; ‘Como
vai você?’. Na escada ele estava tão
perto que nem dava pra eu ficar olhando muito pra
ele. Acabei ficando com uma visão panorâmica
do seu joelho... Eu morria de vergonha, toda hora
puxava a mini-saia, que afinal acho que estava meio
curta demais mesmo. Não sei bem o que os 3
estavam fazendo. Sei que cantavam e faziam palhaçadas.
Uma hora o Paul fez uma voz esquisitíssima
e disse: ‘Desculpe, eu preciso trocar a
água das flores...’. No dia 28, terça,
fui para Wardour Street mas eles não estavam
lá. Então fui tentar a sorte em Abbey
Road e para minha alegria, lá estavam eles!
John disse ‘Oi’ para mim ao entrar.
Paul veio logo depois e me perguntou: ‘Oi,
ele disse alguma coisa pra você?’.
Aliás, Paul está sempre pegando no meu
pé por causa do John. No outro dia ele falou
pra mim: ‘Vai lá falar com ele,
olha lá ele está sozinho’.
Mas eu não ligo. Afinal, não é
nenhum segredo que o John é a pessoa que eu
mais amo neste mundo. Até meu namorado sabe
disso, porque esconder dos outros? Nesse mesmo dia,
28, cheguei em casa bem tarde e o pessoal tinha colocado
o trinco. Como não quis acordar todo mundo,
fui para a estação de polícia,
onde fiquei conversando com os policiais e tomando
chá. Às 6 da manhã voltei pra
casa. Lizzie Bravo, todos direitos reservados –
trecho do livro inédito Sleepless Nights.
*Originalmente
publicado em Revolution Flash, edição
especial de Natal, 1981.
Beatles:
curta viagem no cinema
(Manel Henriques* )
Como
cineastas, os Beatles são ótimos músicos.
Essa a inevitável conclusão a que chega
quem assiste a Magical Mystery Tour, um filme
realizado em 1967 para a televisão inglesa
e que só chegou ao Brasil. A mágica
e misteriosa viagem em questão não envelheceu
nesses 13 anos por um único motivo - já
nasceu velha.
O que existe de mágico
no filme parece ter sido tirado da cartola de um subaprendiz
kubrickiano. O mistério que ele contém,
sacado da manga de um calouro de feitiçaria
que mexe seu caldeirão enquanto pensa que está
escutando Jimi Hendrix. O resultado final, uma vagamente
tediosa viagem pelos povoados dos lugares comuns.
Dentro de um ônibus,
uma heterogênea fauna, composta, entre outras
figuras, pelo coronel autoritário, pelo anãozinho
travesso, pela corpulenta matrona felliniana, por
crianças levadas, além de Paul, John,
Ringo e George, preparam-se para o encantamento progressivo
das estradas desenhadas no mapa interno de cada um.
Um jeito de se olhar
para o filme é considerá-lo uma elegia
ao autoconhecimento, com o rechaço dos gurus
e ideólogos e sua sede para a conquista de
séquitos de seguidores. Quem privilegiar essa
interpretação “desmistificadora”
de Magical Mystery Tour vai se decepcionar.
Enquanto filme, é uma colcha de retalhos cerzida
com achados de pouca inspiração e recheada
de piadinhas sem graça, principalmente quando
perpetradas pela figura desse fantástico canastrão
chamado Paul McCartney.
Magical Mystery
Tour é uma comédia musical leve
e sem maiores pretensões, onde músicos
talentosos experimentam com a imagem. Só isso.
O ano de 1967 foi extremamente rico no campo do cinema.
Para dar alguns exemplos, foi quando surgiram "A
Chinesa" e "Week-End" (Godard),
"Édipo Rei" (Pasolini), "Blow-Up"
(Antonioni), "Belle de Jour" (Buñuel),
"Mouchette" (Bresson), "A Hora do Lobo"
(Bergman). Filmes que garantiram sua vaga na História
do Cinema. Aqui no Brasil, Glauber Rocha lançava
Terra em Transe, e Julinho Bressane Cara
a cara.
Ainda nesse mesmo ano,
os Beatles lançaram um dos três mais
importantes disco da década, o Sgt. Pepper’s.
Quando comparamos o que escutamos no disco com o que
vemos na tela em "Magical Mistery Tour",
aumenta a certeza de que talento não é
uma jóia que despenca já lapidada do
céu na cabeça dos iluminados. É
resultado de muita vivência e prática
com o meio de expressão escolhido. A verdadeira
e inestimável contribuição dos
Beatles está no campo da música. O resto,
seus namoros com o campo do cinema, da literatura
ou das artes plásticas, são momentos
curiosos.
E como uma experiência
curiosa que "Magical Mistery Tour" deve
ser encarado. Assim, é mais fácil ser
benevolente com o tom de enlatado de televisão
que permeia quase todas as apresentações
das (belas) músicas da trilha-sonora. Mesmo
para o mais ardoroso fã dos Beatles fica difícil
não torcer o nariz frente as seqüências
onde aparecem Blue Jay Way e I am the
Walrus, ou mesmo no instrumental Flying,
o instante onde melhor harmonizam imagem-música
do filme.
Quando digo que Magical
Mystery Tour já nasceu pedindo pra morrer,
quero enfatizar que se trata apenas de um momento
de (quase) descontração à parte
na carreira musical dos Beatles. Quase, porque ninguém
produz um filme como quem brinca de amarelinha. O
filme interessa também porque dá pra
notar, hoje, com o devido distanciamento, que aquelas
quatro cabeças estavam longe da afinação
total do consenso, crença comum que imperou
por muito tempo, e que começou a desabar com
as declarações de Lennon.
Ringo faz uma tremenda
força para dar vazão à sua veia
histriônica. George faz tudo para parecer sério.
Lennon tenta ficar sério, mas é um bom
ator demais para isso, principalmente quando sabia
que o dedo de Paul seria o responsável pelo
toque final da produção.
"Magical
Mystery Tour" lembra na forma os filmes que Richard
Lester produziu com os Beatles, "A Hard Day’s
Night" (1964), e "Help!" (1965), O
que torna "Magical Mystery Tour" pesado
é o que existia solto na montagem dos filmes
de Lester aparece travestido com pretensos “toques
de genialidade” nas mãos de Paul McCartney,
como montador, revela-se um competente contrabaixista.
*Originalmente
publicado no Jornal de Brasília, 1981.
Pornographic
Policeman
(Mário
Pacheco)
Uma segunda-feira londrina;
o Largo de Soho está repleto de flores, sol
e muitos turistas jovens. Alguns espreguiçam-se
na grama, compartilhando baseados. Outros olham expectantemente
para cima, em direção das janelas art-deco
da casa do outro lado da rua onde, num espaçoso
escritório do terceiro andar.
O filme foi feito em
duas semanas de filmagem e 11 de montagem, 11 semanas
a mais que o previsto inicialmente. O filme não
tinha roteiro definido. O grupo embarcou num ônibus
lotado com 43 pessoas, sendo que nenhuma delas sabia
direito o que ia acontecer, nem mesmo os Beatles.
Gastaram muito filme virgem - a fotografia é
de Ringo - e depois Paul levou quase 80 dias dirigindo
a montagem.
Havia um único
objetivo definido na viagem, o encontro com os bruxos
que são eles próprios. Talvez estivessem
aí alusões ao fato de que esta era a
primeira vez que faziam alguma coisa sozinhos, sem
seus gurus George Martin ou Brian Epstein, ou ainda
o fato de que eles pretendiam ser gurus de si mesmos,
na base da volta para o interior, o autoconhecimento
que começava a ser então propalado como
a grande saída para o ser humano.
Magical Mystery
Tour, o filme e não a trilha sonora, foi
o primeiro fracasso da Apple. “Não tínhamos
um script, as cenas foram filmadas por pessoas
que admitiam ser consumidoras de Lsd, em filme colorido,
e exibido em preto e branco pela BBC 1 no dia de Natal,
no horário comum”, recordou Derek Taylor.
Mesmo substituindo o
verso pornographic policeman por pornographic
priestess - I’m the Walrus foi proibida
de tocar na BBC devido ao trecho pornographic
pristess/ say you’ve been a naughty girl/ you
let you knickers down - você foi uma
menina indecente/ ao deixar suas calcinhas caírem.
Nessa música, Lennon
faz uma brincadeira lúdica com as palavras,
a nível de "Alice no País das Maravilhas",
de Lewis Carrol - os mais absurdos substantivos se
juntam aos mais absurdos adjetivos, formando frases
de uma lógica incontestável. Reconhecida
por Allen Ginsberg como a nova poesia.
Documentário
revela identidade do 'eggman' citado em canção
dos Beatles
Da EFE - g1.globo.com
Filme
com imagens inéditas desfaz mito em torno do
refrão de I'm the Walrus.
Longa de David Lambert chega às lojas do Reino
Unido no fim do ano.
Um
documentário sobre os Beatles, que será
lançado no fim do ano, revela um dos maiores
mistérios da história da banda: a identidade
do célebre "eggman" que aparece citado
na refrão da música I am the Walrus.
Trata-se de Ted O'Dell, que
em 1967 trabalhava como distribuidor de ovos em Newquay,
e encontrou com os Beatles em um pub desta cidade
britânica.
Segundo
publicou nesta sexta-feira (4) o jornal "Daily
Express", o encontro casual entre a banda de
Liverpool e esse trabalhador de Newquay -cidade litorânea
da região britânica da Cornualha- serviu
de inspiração para John Lennon escrever
a letra da canção, considerada uma das
mais intrigantes da época psicodélica
dos Beatles.
Em
1967, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr
e o próprio John Lennon se instalaram alguns
dias nessa região para gravar o filme "Magical
Mystery Tour".
Foi
em um desses dias que, tomando uma cerveja no pub
The Sailor's Arms, os Beatles conheceram Ted O'Dell,
que tinha então 20 anos, e lhes foi apresentado
como o "homem dos ovos" ("eggman").
Após
terminar as filmagens, os Beatles deixaram Newquay
e, pouco tempo depois, lançaram o álbum
"Magical Mystery Tour", no qual havia a
canção I am the Walrus, em
cuja letra constavam os versos "I am the eggman/they
are the eggmen" ("Eu sou o homem dos ovos,
eles são os homens dos ovos").
Após
mais de 40 anos, o documentário "Mystery
Tour Memories", dirigido e produzido por David
Lambert, resolve o enigma que sempre pairou sobre
a origem e o significado do "homem dos ovos"
da famosa canção.
O
documentário, que chegará às
lojas do Reino Unido no final deste ano, contém
15 minutos de imagens inéditas dos Beatles,
feitas por turistas que estavam na Cornualha durante
o verão de 1967.
Magical
Mystery Tour – 1967/Parlophone – Emi (Double
EP)
(Dado Nunes)
Magical
Mystery Tour / Your Mother Should Know / I Am The
Walrus / The Fool On The Hill
Flying / Blue Jay Way
Magical
Mystery Tour – 1967/Capitol-Emi (Long Play)
Magical
Mystery Tour / The Fool On The Hill / Flying / Blue
Jay Way
Your Mother Should Know / I Am The Walrus / Hello,
Goodbye / Strawberry Fields Forever
Penny Lane / Baby You´Re A Rich Man / All You
Need Is Love
Gravado nos estúdios
Abbey Road/ Olympic Sound Studios
Produzido por: George
Martin, John Lennon, Paul McCartney
Engenheiros de gravação:
Geoff Emerick , Richard Lush, Martin Benge, Keith
Grant, Malcom Addey, Eddie Krammer, John Timperley,
John Iles, Ken Scott, Peter Vince e Graham Kirkby.
Instrumentos utilizados por Paul durante as
gravações:
•
Rickenbacker 4001/S / • Steinway Grand Piano
• Fender Rhodes / • Hammond Organ
• Flauta doce / • Epiphone Texan
• Mellotron / • Percussões
Curiosidades
sobre o disco:
1.
Foi lançado em
Londres o compacto duplo com as canções
somente do filme, a capitol (Eestados Unidos) lançou
como um long play incluindo as canções
que foram singles daquele mesmo ano. Nos Estados Unidos,
o LP chegou rapidamente ao primeiro lugar, mas em
Londres o LP amargou uma 35ª posição
no ranking da Billboard. O compacto duplo também
chegou ao 1º lugar.
2.
O filme homônimo
também não rendeu muita fama ao quarteto,
foi passado em preto e branco no dia 26 dez. / 1967
e segundo Ringo “foi odiado”. Mas quando
passaram em cores as pessoas gostaram muito mais.
Nos dias de hoje, é notado como um filme da
época, artístico, vanguardista.
3.
Penny Lane/Strawberry
fields forever, foi o primeiro single dos Beatles
que não chegou ao primeiro lugar desde Please
Please Me no Reino Unido. Foi em Strawberry
Fields Forever o primeiro uso de Mellotron em
uma gravação, foram os primeiros sintetizadores
a serem lançados.
4.
Hello Goodbye/ I Am
The Walrus, foi o single de natal mais bem sucedido
da carreira dos Beatles. Um dado curioso é
que Lennon estava furioso com o fato de Paul ficar
sempre com o lado “A”, em uma declaração
após o fim dos Beatles chegou a dizer: “Incrível
como uma música como I Am The Walrus
poderia ser lado B de uma canção como
Hello, Goodbye”.
5.
O EP duplo foi lançado
no dia 8 dez. no Reino Unido, a Capitol como foi dito
anteriormente tomou outra decisão que foi muito
mais rentável. O EP até o natal vendeu
½ milhão de copias, já o LP vendeu
1 milhão e ½.