Produtor Não Realiza Milagres!

ou um papo com o Guitarrista Ricardo Dezotti

     Conhecia o Guitarrista, Ricardo Dezotti de fotos e em novembro de 2006, durante Tour Despedida da Patrulha do Espaço, tive o prazer de ouví-lo e conhecê-lo. Durante uma semana embarcamos em aventuras estradeiras ao lado do nosso amigo Adriano Rotini. Naquela semana, o violão Del Vecchio soou a verdadeira alegria meio que blues que Dezotti tirava das suas cordas para deleite de quem estivesse próximo.
     E, desde então temos trocado mensagens eletrônicas culminando neste papo blues...
(Mário Pacheco)



     
     > Do Próprio Bol$o Ricardo Dezotti aponte-nos as partes delicadas e essenciais na conclusão de um trabalho de hard rock gravado em português?
     Ricardo Dezotti Creio que gravar hard em português seja um pouco mais difícil do que em inglês, pelas próprias barreiras da língua portuguesa, é essencial que a banda tenha uma composição original em termos de harmonia , melodia e letra. O processo de gravação em si, pode não ser tão complicado, mas é necessário delicadeza para que o produto seja da qualidade esperada. Todas as fases do processo de gravação, na minha opinião merecem especial atenção, mas outra coisa muito importante, talvez até mais, é a fase de pré produção.


     > Do Próprio Bol$o   Geralmente o trabalho de bandas novatas peca pela falta de originalidade na sonoridade e até de conhecimento em quê o produtor pode resolver? É comum escolher um trabalho alheio para tirar parâmetro da produção própria?
      Ricardo Dezotti Um produtor com muitos conhecimentos pode ajudar muito a banda, um produtor competente trabalha todas as fases de produção (pré, produção e pós produção), pois sabe a importância de cada uma dessas fases. Agora, não acredito que um produtor possa também fazer milagres, se a banda peca por falta de conhecimentos, é bom pra esta banda, correr atrás do próprio prejuízo. Na minha opinião, é comum escolher um trabalho alheio para tê-lo como parâmetro de produção própria, por exemplo, no disco do Freak! queríamos uma sonoridade pesada que lembrasse a sonoridade do Aeroblus da Argentina.


     > Do Próprio Bol$o Às vezes os timbres os bends as evoluções os desenhos são muito similares... não se assemelham aos clássicos mas sim a iniciativa própria e até redudante não são canções enxutas de 3 minutos mas longos exercícios nem sempre entendidos... É um problema de composição?
     Ricardo Dezotti Talvez sim, depende muito do que a banda está querendo, mas hoje em dia, se uma banda quer tocar no rádio, não adianta querer fazer músicas de vinte minutos, como se estivesse tocando In-a-Gadda-da-Vida do Iron Butterfly.


     > Do Próprio Bol$o Geralmente, o Hard Rock Nacional têm seus acordes e riffs fincados nos anos 70. Existe outra escola de outra década? Ou o estilo é este mesmo datado e vintage?

     Ricardo Dezotti Acredito que o Hard Rock tenha um pé bem fincado no Blues, pelo menos, comigo é assim que funciona. Uso muito do Blues dentro do Hard...Se você pegar o trampo do Bixo da Seda por exemplo, vai ver que tem psicodelia, hard, mas muito Blues também.


     > Do Próprio Bol$o Nos fale de um solo alheio imprescindível e disseque o andamento o sentimento o que acontece quando você o executa e por que ele é marcante?
     Ricardo Dezotti Solo de Little Wing – Jimi Hendrix. Pra mim, é um dos melhores feitos até hoje, tem força , feeling, e “pega” quem está escutando. Quando você o executa, sente tudo isso, é mágico. Citei apenas um, mas poderia ficar horas falando de solos maravilhosos.


     > Do Próprio Bol$o Fale-nos do seu desempenho ao vivo especificamente numa canção ou solo!
     Ricardo Dezotti Uma música que gosto muito de tocar é Novo Amanhecer do Freak! É uma música forte e abre o disco. Agora, qualquer música que eu vá tocar, com certeza, empenho vai haver, não subo no palco pra fazer meia – boca.


     > Do Próprio Bol$o Você que já tocou com Rolando Castello Jr, com Paulo Zinner tem algum sonho musical realizado? Qual o seu sonho?
      R.: Meu sonho é continuar tocando sempre, com os amigos às voltas. O melhor de tocar é tocar com quem você gosta. Foi um grande prazer tocar com essas feras, mas não poderia deixar de mencionar que toquei com Dudu Chermont, que foi um dos melhores amigos que tive nesta vida, fantástico.
     > Do Próprio Bol$o O que você está ouvindo agora? Em busca de quê aprendizagem curtição inspiração - o que você toca e ouve no dia-a-dia sem aparecer nos palcos?
     Ricardo Dezotti Ando ouvindo muito Grand Funk Railroad, Hendrix, Gov´t Mule (Warren Waynes fantástico), Joelho de Porco, Patrulha, entre muitos outros, não caberia aqui citar todos. Quando não estou nos palcos, gosto de tocar as músicas que ouço, e, além disso, ficar improvisando em afinações abertas de guitarra.

     > Do Próprio Bol$o Marca da guitarra? Qual a difrença entre o hard rock feito com a gibson e com a fender? Poderia nos fornecer uma combinação própria de pedais e efeitos...
     Ricardo Dezotti Gosto das duas marcas, mas sou muito mais Gibson Les Paul. A diferença está nos timbres. A Les Paul costuma ter um timbre bem mais encorpado, enquanto a Fender Strato, muito mais brilhante, mas não é só a guitarra que conta, o amplificador tem grandíssima valia. Não sou muito de usar efeitos, gosto demais daquele som de válvulas bem setentão...aveludado. Gosto muito de usar o pedal Wha-Wha.

     > Do Próprio Bol$o No Brasil quem sabe produzir hard rock? Cite-nos um disco!
     Ricardo Dezotti Sou muito fã da Patrulha, pois o Rolando Castelo Júnior, sem dúvida, é um dos melhores bateristas de Hard Rock com quem tive a honra de tocar.

     A mítica Patrulha do Espaço: Júnior, Vagner Siqueira e Dezzotti

     > Do Próprio Bol$o Na revista Guitar Player existia uma coluna chamada "Clinic Guitar" - você poderia nos passar uma pequena aula ou um macete...
     Ricardo Dezotti Gosto muito de rock em tons menores, nos solos dessas músicas, costumo mesclar as escalas menores harmônica, natural e melódica.

     > Do Próprio Bol$o Como será o seu próximo disco o que poderemos esperar? Você respira música o tempo todo, sempre está compondo ou as coisas acontecem?
     Ricardo Dezotti Forte, algo forte, powerfull... Música é minha vida, sempre estou com ela na cabeça e nos ouvidos. Sempre pinta uma idéia, um som, às vezes pinta um som praticamente pronto, não é sempre igual.


LINK
Freak! Rock'n'Roll! CD de estréia!