"Fassbinder,
o cineasta mais fascinante, talentoso, prolífico e original
da Europa Ocidental"
(Mário Pacheco)
Mais
de duas décadas depois, o fantasma de Rainer Werner Fassbinder,
ainda me assola, me faz acreditar que duas décadas atrás
o mundo era mais inteligente. Fassbinder entrou na minha vida
quando o livro "As lágrimas amargas de Petra von Kant"
caiu nas minhas mãos, desde então consegui assistir
a alguns de seus filmes antes que as cópias voltassem ao
país de origem... Também li, "Posso dormir
quando estiver morto, a vida sufocante Fassbinder" relato
do seu ator e produtor Harry Baer onde ele acerta as contas com
o morto de maneira poética e segura com respeito o que
não é comum em biografias.
No
último natal, eu estava normalmente sem um "puto".
Mesmo assim passei no Quiosque Cultural do Ivan e lá encontrei
a biografia "O amor é mais frio do que a morte - a
vida e o tempo de Rainer Werner Fassbinder" do escritor,
roteirista Robert Katz, este livro saiu aqui pela Editora Brasiliense,
em 1992. Fantasmagoricamente, afundei na leitura e afloraram os
princípios básicos para entender a trama vivida
por Fassbinder sem distinção de set e realidade.
Seus métodos de direção dos atores, sua intensa
produção (43 filmes) e as estratégias para
continuar a viver dos seus filmes. O último ato de Fassbinder
foi sua morte cruel que tirou o lucro das produções
planejadas pelos senhores produtores. Sua máscara mortuária
devia estampar um sorriso.
Aurora
da década de 70: Jimi Hendrix morre, Janis Joplin também!
Jim Morrison
um ano depois: vítimas do excesso de trabalho. Na década
do eu, sofremos essas lacunas luminares e os Beatles rio abaixo...
Alvorecer da década seguinte, Lennon morre! Glauber Rocha
também! Fassbinder um ano depois de Glauber dois de Lennon:
drogas pesadas.
Glauber
teria conhecido Fassbinder quando esteve na Alemanha nos anos
70? Só nos resta imaginar, se procurarmos alguma informação
desse encontro a resposta será o silêncio, ninguém
viu e Glauber não deixou registrado. Fassbinder teria sido
monossilábico? Ou Glauber quebraria o gelo? Qual foi a
língua usada? E as experiências, as idéias
trocadas e planos e projetos? Fassbinder conheceria o cinema novo
brasileiro? Imaginação ainda é o combustível
suficiente. Entre uma carreira e outra, os roteiros, a procura
das locações, das verbas, dos distribuidores, dos
contratos, dos atores. Porra! No Brasil, não há
livro que fale como Glauber atuava no set de filmagem!
Imaginação! Glauber desdenhava de John Lennon, não
me interesso pela produção dele! O que o Caetano
tá fazendo agora no Brasil? Depois do assassinato de Lennon,
Glauber retomou a paranóia da perseguição
pelos aparelhos ianques, temendo ser o próximo... Led Zeppelin
rio abaixo...
O
fascinante Andy Warhol também
quando vivo sempre rodeado por luminares. Andy Warhol teve um
livro lançado na Alemanha e a convite da Mercedes Benz
visitou a Alemanha. Andy Warhol foi ao set de "Querelle"
o último filme de Fassbinder e se encarregou de fazer o
cartaz do filme que Fassbinder jamais veria pronto.
Rainer
Werner Fassbinder (RWF) nasceu em 31 de maio de 1945, na localidade
bávara de Bad Woerinshofen, filho de pais separados criado
"sem educação e num ambiente totalmente diverso
do meio burguês".
Dos
19 aos 21 anos, estudou e trabalhou em teatro na cidade de Munique
após a direção de seu primeiro curta, aos
22 anos dirige o seu primeiro longametragem. Em 1968 encena "Leonce
e Lena" de Buchner, acaba por participar e conquistar a direção
do"Antiteatro" grupo de vanguarda visivelmente influenciado
pelas suas idéias. A partir desse momento RWF estará
sempre exercendo o controle emocional de seus amigos nas telas
ou na vida real numa tentativa atroz de ser amado: "a possibilidade
da gente se servir dos sentimentos e de explorá-los no
interior do sitema em que vivemos".
O
mais produtivo dos diretores do "Novo Cinema Alemão"
teve participação intensa na vida cultural alemã,
trabalhando como ator, dramaturgo, encenador e diretor de teatro
e cinema.
Suas
peças como "As lágrimas amargas de Petra Von
Kant" (1972), também viraria filme, sendo inclusive
encenada no Brasil por Fernanda Montenegro e Renata Sorrah, nos
papéis principais com montagem antológica de Celso
Nunes.
Aos
31 anos, seus 31 filmes todos, inquietantemente sórdidos,
loucos, lúcidos, depressivos, atestavam sua genialidade,
inspirada nos fatos reais de sua vida contraditória, a
infância nos anos 50 quando assistia até quatro filmes
por dia, os anos vindouros regados à álcool, drogas,
solidão, fama, couro negro e homossexualismo. Estes momentos
carregavam seus filmes de elementos como a beleza, humanismo,
e sensibilidade constante em suas criações que várias
vezes atraiu para si a ira do Governo (que precisava do terrorismo
para existir), da direita, da esquerda, das feministas, dos judeus
que denegriam sua obra como anti-semita. Seu estilo de vida escandaloso
constantemente era usado como trampolim aos menos afortunados,
mas RWF dribrou a todos.
Em
1979, estrearia comercialmente no circuito brasileiro com "A
encruzilhada das bestas humanas", onde um adolescente mata
o próprio pai, visível crítica que provoca
contradições na Alemanha Ocidental e em outros países
onde foi exibido, uma história de parricídio no
nosso tempo sem perder a estética.
Depois
de responder a um processo por consumo de cocaína, em 10
de junho de 1982, em pleno verão no quarto do seu apartamento,
Fassbinder é inesperadamente encontrado morto, aos 37 anos
e 43 filmes, é vitimado de uma overdose provocada pela
mistura de álcool com cocaína e barbiturícos,
partiu sem ver a estréia de seus últimos filmes.
"Kamikaze" onde trabalhou como ator e "Querelle"
que dirigiu, Fassbinder sonhava em ganhar os três mais importantes
festivais de cinema do mundo - Berlim - Cannes e Veneza - e o
Oscar de melhor diretor, tudo no mesmo ano em que seria capa da
revista "Time", só um atrapalho no trabalho,
RWF não contava com o precoce fim que seus amigos mais
próximos já previam.
Alguns
filmes de Fassbinder ficaram de fora os importantes Veronika Voss,
Lili Marlene e Querelle
As
lágrimas amargas de Petra Von Kant
O
filme foi adaptado da peça homônima, escrita de punho
próprio pelo cineasta. Petra é uma estilista sofisticada
e egocêntrica, bem-sucedida em sua profisão, mas
que ainda se ressente de um casamento malsucedido. Entra em cena
Karin Thimm (Hanna Schigulla), por quem Petra se apaixona, prometendo-lhe
uma carreira de manequim. Acaba abandonada por Karin quando o
marido desta volta de uma longa viagem.
Uma
mulher de negócio
A
atriz Margit Carstensen interpreta o papel de Geesche Gottfried,
uma comerciante fria do início do século 19 que
envenena seu dois maridos, filhos e pais num ato de vingança
pelos anos de opressão patriarcal.
Effi
Briest
Effi
Briest é uma jovem casada com o barão Von Instetten.
O casamento vai mal e ela arranja como amante um major, relação
que termina com a mudança da família. O barão
mata o ex-amante e despreza a ex-mulher, conseguindo ainda manter
a filha ao seu lado. Esse longo filme é uma das tragédias
mais densas realizadas pelo cineasta.
Bolwieser
Reúne
um de seus biógrafos, o ator Kurt Raab, e Elisabeth Trissenaar
num caso de infidelidade. Bolwieser fala sobre a crueldade. A
mulher do chefe da estação ferroviária de
uma pequena cidade na Baviera leva ao desespero e à decadência
seu marido Bolwieser, que se torna um alcoólatra quando
descobre seu caso amoroso com o dono de uma hospedaria. Tempos
depois ela troca o amante por um barbeiro. Bolwieser se rebela,
investe contra os dois, é preso e, ao sair da cadeia, é
um homem vazio, sem esperanças, exatamente como o Franz
Biberkopf de "Berlin Alexanderplatz".
O
casamento de Maria Braun (Die The der Maria Braun,
Alemanha, 1978). É um dos melhores trabalhos do diretor.
Hanna Schygulla faz o papel principal, o de Maria, uma mulher
que sobrevive à Segunda Guerra Mundial, liga-se a um soldado
norte-americano e se transforma em mulher de negócios.
O filme retrata a Alemanha Ocidental no pós-guerra, quando
a necessidade obsessiva pelo desenvolvimento econômico deixou
de lado muitos valores morais. O enredo, aparentemente simples,
é uma espécie de alegoria política, inquietante
e inovadora. Em O casamento de Maria Braun, Fassbinder
é símbolico sem ser necessariamente hermético.
A protagonista, Maria Braun, é uma síntese da Alemanha
do período e seu comportamento traduz a trajetória
moral e política do país.
Maria
se casa pouco antes do final da Segunda Guerra com o soldado Hermann
Braun (Klaus Lowitsch) e passa com ele apenas uma noite. Hermann
é mandado para o combate na frente russa. Quando a guerra
acaba, ele é dado com desaparecido em ação.
Maria recusa-se a acreditar em sua morte, mas não resiste
a dez anos de espera e, antes que Hermann reapareça, casa-se
com um soldado americano (George Byrd). A ex-viúva parte,
então, para o mundo dos grandes negócios (inclua-se
o mercado negro).
Fassbinder
emprega recursos dramáticos sofisticados, mas não
chega aextrapolar. Mas é preciso ficar atento. O casamento
de Maria Braun, ao contrário da maioria dos filmes, não
termina com o final da ação. A projeção
de fotografias em negativo de todos os primeiros-ministros da
Alemanha Ocidental encerra o filme, dando remate a um enredo acima
dos rótulos.
A
terceira geração
As
décadas de 60 e 70 foram marcadas pelo surgimento de uma
nova espécie de terroristas, aqueles que agem sem razão
aparente, aqueles que agem apenas pelo prazer da ação,
com extrema violência e precisão mortífera.
É a terceira geração do terror organizado.
Foi na próspera Alemanha que esse fenômeno ganhou
proporções alarmantes, nos anos 70. E foi lá
que surgiu a mais desconcertante abordagem desse controvertido
fenômeno, o filme "A terceira gração".
Fassbinder trata o terrorismo ao mesmo tempo com seriedade e deboche,
Fassbinder contruiu uma comédia perturbadora que analisa
com uma cruel lucidez os violentos caminhos da sociedade européia
contemporânea.
O
filme é explosivo e surpreendentemente bem-humorado, apesar
do tema soturno, com participação de dois dos principais
atores da miltologia pessoal do diretor: Harry Baer e Hanna Schygulla
e música de Peer Rabeen.
Berlin
Alexanderplatz. (100 atores e 3 000 figurantes,
um ano de trabalho: 14 capítulos 15 horas e meia de projeção)
Trecho:
"Este Franz Biberkopf, ex-pedreiro, então
carregador de móveis e assim por diante, agora entregador
de jornais, está pesando quase 100 kilos. Ele é
forte como uma serpente e membro de um clube de atletismo. Usa
polainas verdes, sapato com travas e jaqueta impermeável.
Dinheiro vocês não poderiam encontrar muito com ele,
recebe permanentemente, sempre em pequenas quantidades".
Extraído
de "Berlin Alexanderplatz" (1929), um os grandes romances
alemães contemporâneos, inédito no Brasil,
como toda a obra de seu autor Alfred Döeblin (1878-1957).
Combina o monólogo interior a uma montagem de fragmentos
próxima à linguagem do cinema, o livro é
um caleidoscópio da vida berlinense, a parte leste da cidade
- quando pertencia a Berlim Oriental - onde, na época,
viviam prostitutas, ladrões, assaltantes e marginais, e
seu eixo narrativo é a trágica resistência
do operário Frans Biberkopf às engrenagens sociais
que o oprimem. De família judia, Döeblin era formado
em medicina, e exerceu a psiquiatria até a ascensão
do nazismo, em 33. Emigrou então para a França e
depois (em 40) para os Estados Unidos, onde se converteu ao catolicismo.
Década
de 20. (1927). Nestes loucos anos de hiperinflação
e do mais alto desenvolvimento cultural, conviveram a crise econômica
de uma Alemanha arrasada e a criatividade da Bauhaus, do cinema
expressionista, da literatura de Thomas Mann e de Herman
Hesse. Alfred Döeblin procurou, através de
sua obra mostrar o brilho e a decadência da Berlim retradada
na Praça Alexanderplatz, local de encontro de mendigos,
ladrões, homossexuais, prostitutas, drogados e policiais.
A sordidez deste ambiente sem esperanças e sem nenhum tipo
de fé em soluções políticas para um
país que parecia perdido, fascinou, anos mais tarde, Fassbinder.
"Foi
ficando claro, a cada página, que um pedaço gigantesco
de mim mesmo, do meu modo de agir, das minhas relações,
de muita coisa enfim que eu tinha como próprias da minha
pessoa, não eram senão o que Döblin escrevera
em 'Berlin Alexanderplatz'". (Fassbinder).
"O
diretor fiel ao espírito de Döblin, foge do clichê
do proletário que mergulha no crime por culpa das condições
sócio-econômicas. Para Fassbinder, o âmago
de toda a história, a tragédia central, não
é o enfoque social nem as mulheres (geralmente prostitutas)
que passam pela vida de Franz, mas o 'amor puro' entre o gago
Reinhold e Franz Biberkopf. Um amor irracional, atemporal, que
nenhum dos dois homens é capaz de admitir, um amor tal
que impele Biberkopf a procurar a companhia de Reinhold, mesmo
depois que este o faz perder um braço". (Pola Vartuck).
Enquanto
escrevia o roteiro Fassbinder trabalhava quatro dias ininterruptos,
dormindo 24 horas e voltando a ficar acordado por mais quatro
dias sucessivos. "Eu devo dizer que sou maníaco-depressivo
e, assim, através da sobrecarga de trabalho, eu sobrepujo
muita coisa". "Eu busco a Alemanha em mim e me busco
na Alemanha".
Capítulos
1.º
A punição ainda está por vir
2.º Como você
pode viver, se não quer morrer
3.º Um golpe de machado
pode machucar a alma
4.º Um punhado de
pessoas sob um profundo silêncio
5.º Um ceifeiro com
o poder do Todo Poderoso
6.º O preço
do amor é sempre muito alto
7.º Lembre-se: um
juramento pode ser sepultado
8.º O sol vai esquentar,
e por vezes queimar a pele
9.º Das eternidades
que separam muitos de poucos
10.º A solidão
pode quebrar paredes e chegar às raias da loucura
11.º É bom
saber uma coisa ou duas: o pássaro mais rápido caça
a minhoca
12.º A víbora
na alma da serpente
13.º O lado de fora
e o lado de dentro ou o nosso misterioso medo do Mistério
Epílogo Rainer
Werner Fassbinder: meu sonho do sonho de Franz Biberkopf
O
pobre Franz termina mergulhado na loucura. Nesse desfecho delirante,
apocalíptico, Fassbinder buscou inspiração
iconográfica nas telas de Hieronymus Bosh e Caspar David
Friederich. O efeito é desconcertante, assim como o recado
explícito - extraído das páginas de Döblin
-, que diz que o homem é e o mais abominável dos
animais.
Lola
(Prostituta engana funcionário na Alemanha do pós-guerra)
O
novo chefe do departamento de edificações da prefeitura
chega a uma cidade alemã para trabalhar. De origens aristocráticas,
é incorruptível só na aparência. Não
demora e conhece uma bela senhorita (Barbara Sukowa) com seu jeito
meigo, que lhe desperta da austeridade de seu cotidiano. O que
ele não sabe é que ela é uma esfuziante prostituta
enviada por seu amante (Esslin) ele trabalha à noite no
bordel-cabaré e de dia é um burocrata da prefeitura;
e se diz pacifista, humanista, poeta e simpatizante do anarquismo,
mas não passa de um oportunista, o dono da boate onde trabalha,
para corromper o funcionário público. É na
boate que se encontram políticos e homens de negócios
pouco chegados a práticas honestas. A moça se envolve
mais do que imaginava e o sujeito acima de qualquer suspeita entra
num declínio físico e moral, que para ele é
a paga por seu intenso amor. "Lola" é uma bela
versão de "O anjo azul" de Sternberg, com um
pouco mais de temática político-social. É
mais um filme de Fassbinder sobre o milagre econômico da
Alemanha do pós-guerra, "os anos mais amorais da história
da Alemanha".
Fassbinder
como ator "Kamikaze 1989"
De
Wolf Gremm, um policial auto-irônico que traz Reiner Werner
Fassbinder em seu último trabalho no cinema.
Documentários
"Berlin
Alexanderplatz - observações de uma filmagem",
de Hans Dieter Harzl, que acompanhou o ritmo da filmagem e mostra
como a série foi realizada;
"Rainer
Werner Fassbinder", documentário sobre o diretor captado
por Florian Hopf e Maximiliane Mainka; é definido por Vorobow
como um retrato de "Fassbinder de perto". "Hopf
e Minka foram amigos que o acompanhavam durante muitos anos. Tinham
horas e horas de material e o editaram em 30 minutos, por sugestão
de outras pessoas do cícrculo de conhecidos do cineasta".
No documentário, o cineasta concede uma entrevista informal
ao jornalista Hopf estirado na grama.
60 anos de Fassbinder
Em
anos anteriores e aniversários sazonais, boa parte da filmografia
de Fassbinder é apresentada no Brasil, "Nora Helmer",
filme de 1973 que nunca fora exibido no Brasil participou de uma
Mostra em São Paulo, em 2001 com 33 títulos e o
documentário "Rainer Werner Fassbinder".
2002,
foi uma espécie de Ano Fassbinder, com lançamentos
em DVD dos seus filmes iniciais e por isso mais raros, a remasterização
e a monitoração ficaram a cargo de Thea Eymèsz,
editora original destes filmes. Itália, Austria,
Tunísia, Estados Unidos, França, Países baixos
dedicaram eventos à memória do diretor.
Desde
1995, a Fundação
Fassbinder, cuja presidente é Juliane Lorenz,
a viúva de Fassbinder, vem coletando um estoque de seus
textos teatrais em diferentes versões, desenhos, correspondências
e inéditos, preservando, catalogando e dispondo-os via
database. No sexagésimo aniversário de Fassbinder
31 mai. / 1945 - 10 jun. /6 1982), vamos torcer para uma manifestação
que consiga despertar o interesse da nova geração
pelo trabalho de Fassbinder, "o cineasta que via na Alemanha
pós-nazista a marca do passado recente sobre o qual o país
tentava passar rapidamente a borracha".
No final do ano passado foram lançados em território
nacional dois Dvds de Fassbinder: "O camaento de Maria Braum"
e "Lola" para comprá-los acesse o site: dvdworld.
Em
Brasília, já em janeiro de 2005, durante a mostra
"Novo cinema alemão, anos 60 a 80: Fassbinder, Herzog,
Wender" no Centro Cultural Banco do Brasil, Fassbinder aparecia
no programa com o filme "Effi Briest" e seus 141 minutos.
10
filmes favoritos de Fassbinder*
1.
Os deuses malditos (La caduta degli Dei), de Luchino Visconti;
2. A morte tem seu preço
(The naked and the dead), de Raoul Wash;
3. Lola Montez, de Max Ophuls;
4. Caminho da redenção
(Flamingo road), de Michael Curtiz
5. Saló ou os 120 dias de
sodoma (Saló), de Pier Paolo Pasolini
6. Os homens preferem as louras
(The gentlemen prefer blondies), H. Hawks
7. Agente X-27, de Josef von Sternberg
8. O mensageiro do diabo (The night
of the hunter), de Charles Laughton
9. Johnny Guitar, de Nicholas Ray
10. Roter Holunder, de Wassilij
Schukschin
*Estranhamente
nesta lista, entre os filmes apontados pelo cineasta ficaram de
fora "Viver a vida", de Jean-Luc Godard, e "Viridiana",
de Buñuel, que ele mesmo já havia colocado como
suas maiores influências e paixões cinematográficas.
Homenagem
brasileira
"Uma
praça chamada Berlim" - Direção de Paulo
Dionísio, produção de Márcio Parente
Cunha e roteiro de Cláudio Bojunga. Realização
TVE, a partir da série alemã Berlin Alexanderplatz;
Indicação
de leitura
"A
vida sufocante de Fassbinder" - de Harry Baer. Editora Brasiliense.
"O
amor é mais frio do que a morte", de Robert Katz e
Peter Berling, acredito que completíssimo.
"A
anarquia da fantasia" - ensaios, anotações
de trabalho, conversas e entrevistas organizados por Michael Toteberg.
Tradução de Sônia Baldessarini e Clóvis
Marques. Jorge Zahar Editor, RJ. 212 páginas.
"O
livro é uma coletânea de entrevistas e ensaios que
foram selecionados de duas edições alemãs:
'Die anarchie der phantasie' e 'Filme befreien den kopf'. A temática
é das mais sortidas: dos filmes de Douglas Sirk e Claude
Chabrol (duas grandes admirações de Fassbinder,
sobretudo o primeiro que aliás participa de uma entrevista
feita em 1979) ao provincianismo alemão, o pós-guerra
e o terrorismo (que ele abordou no polêmico 'A terceira
geração', que ilustra a contracapa). E ainda a sua
maneira de encarar a vida e a arte (não faltam detalhes
sobre sua vida particular), a política e o cotidiano e
os inevitáveis problemas de incompreensão que sofreu
por seu despudor. Assim, o filme 'O direito do mais forte' provocou
protestos da comunidade homossexual e a peça 'O lixo, a
cidade e a morte', considerada anti-semita, nunca conseguiu ser
encenada". Sérgio Bazi;
"Revista
Cultural Vozes" - volume 88, ano 88, n.º 2, mai. / 1994.
Texto de Luiz Nazário, crítico, pesquisador e historiador,
intitulado "Fassbinder e a Morte";
Artigos
consultados
A
moral da reconstrução alemã segundo Fassbinder
- Sérgio Bazi,Correio Braziliense, 8 jul. / 1987
A polêmica telessérie
do alemão Fassbinder - Sérgio Bazi,Correio
Braziliense, s/d
Fassbinder: fantasticamente
anárquico - Sérgio Bazi,Correio Braziliense,
s/d
Berlin Alexanderplatz -
Pola Vartuck, O Estado de S. Paulo, 4 ago. / 1987
Retrospectiva lembra os dez
anos sem Fassbinder - Antonio Gonçalves Filho, F.
de S. Paulo, 10 jun. / 1992
A Alemanha na visão de
Fassbinder - Luciano Milhomem, Correio Braziliense, 4 jul.
/ 1992
Petra Von Kant ganha versão
regeneradora - Ubiratan Brasil, F. de S. Paulo, 28 mar. /
2001
O inédito de Fassbinder
- Silvana Arantes, F. de S. Paulo, 31 mai. / 2001
Obra do cineasta revela-se sólida-
Inácio Araújo, F. de S. Paulo, 31 mai. / 2001