Consultando o I Ching fumando maconha ouvindo o Fugs cantando
Blake
(Sam Kashner*)
Ed
Sanders era poeta e músico e havia estado numa famosa
banda de rock chamada The Fugs, que começou no Lower
East Side. Acho que eles queriam se chamar The Fucks, mas daí
não poderiam anunciar seus shows em jornal algum. Então,
sendo uma banda composta de escritores e poetas, trocaram o
nome para algo que soasse como fuck. Outra história
foi que a palavra fug veio de Norman Mailer, que queria
escrever fuck em seus romances mas sabia que não
podia, então colocou fug. Eu nunca perguntei
a Ed Sanders. Na verdade, mal falava com ele. (...) Ed Sanders
escreveu um livro sobre os Mansons chamado “Family”.
(...) Eu conhecia o poema que Allen Ginsberg havia escrito em
junho de 1966 “Consulting I Ching smoking pot listening
to the Fugs sing Blake, que tornava Ed Sanders ainda mais misterioso.
Ele havia chegado à poesia de Allen Ginsberg.
*Originalmente
publicado no livro “Quando eu era o tal – minha
vida na Jack Kerouac School – de Sam Kashner – Tradução:
Santiago Nazarian – Editora Planeta, 2005.
Israel
acha múmia do 4º século que usava haxixe
(Ricardo Bonalume Neto*)
Escândalo
no século quarto da Era Cristã em plena Terra
Santa? Uma jovem grávida de 14 anos morre drogada com
haxixe durante o parto. É enterrada na tumba da família,
perto de Jerusalém. A polícia ajuda a descobrir
os restos carbonizados da droga ainda sobre o corpo da vítima
– 1.600 ou 1.700 anos depois.
O organismo israelense de arqueologia
– Israel Antiquities Authority – divulgou ontem
um comunicado sobre o ocorrido. “Um bloco de material
orgânico contendo haxixe, ervas e frutos foi colocado
na área abdominal, aparentemente para reduzir o trabalho
de parto e a hemorragia e aumentar a força das contrações
uterinas”, diz o comunicado, segundo a agência de
notícias Reuter.
“A primeira vista de que
era haxixe nos foi dada pela polícia”, disse à
Folha o arqueólogo responsável, Joseph Zias, 51,
de sua casa em Jerusalém. Depois
que a equipe encontrou o material estranho sobre o corpo da
adolescente morta, levaram-no para a polícia, que tem
muita experiência em analisar objetos estranhos (em Israel,
suspeita-se de que qualquer coisa fora do lugar seja uma bomba
terrorista).
O laboratório da polícia,
porém, não deu prova definitiva de que havia haxixe
no material carbonizado. Botânicos também não
identificaram nada além das ervas e frutos.
A escavação terminou
em 1990, mas só agora foram feitos testes, na Universidade
Hebraica de Jerusalém, que mostraram que havia a droga.
A equipe do pesquisador Rafael Meshaulam, da Escola de Farmacologia,
utilizou técnicas de espectrografia a gás para
analisar a composição química da mistura.
”O efeito é muito
mais rápido para quem fuma haxixe”, diz Zias: “em
dois minutos e meio já há efeito, enquanto a ingestão
só produz resultados em duas horas e meia”. No
caso de uma grávida em trabalho de parto, os efeitos
tinham de ser bem rápidos.
No caso da vítima não
deu certo. Ela era franzina, o que sempre complica o parto.
Só tinha 1,43 metro de altura, segundo Zias (aparentemente
era uma família-gabiru: a média de altura das
mulheres era só 1,44 metro). O ideal teria sido fazer
uma cesariana, operação conhecida dos romanos,
há que foi César quem lhe deu o nome.
A tumba foi achada em Bet Shemesh
por um trator durante a construção de um prédio,
como é habitual em uma região tão antiga
como Israel. As cerca de 40 pessoas eram da mesma família,
que deveria ser relativamente abastada, para ter uma tumba própria.
Não eram judeus nem cristãos.
O método de enterro mostra que era uma família
pagã. Curiosamente, diz Zias, e sem que ele entenda o
porquê, os homens foram enterrados de sandálias
e as mulheres descalças.
*
Folha de S. Paulo, terça-feira, 2 jun./1992.
Papiro
de 1550 a.C. recomenda a droga
(Ricardo Bonalume Neto*)
O
uso medicinal do haxixe e da maconha (ou marijuana) é
antigo. As duas drogas vê de plantas do gênero Cannabis.
Um papiro egípcio de 1550 a.C. já mencionava o
valor medicinal do haxixe, segundo o arqueólogo israelense
Joseph Zias.
Ainda no século passado
se usava haxixe em várias partes do mundo para facilitar
o trabalho de parto. Drogas hoje proibidas, como ópio,
também tinham seus usos médicos.
Um dos usos do haxixe mencionado
no papiro egípcio é o combate a parasitas intestinais,
afirma Zias. Pesquisas médicas confirmam essa ação,
diz o arqueólogo.
O haxixe – que pode ser
dez vezes mais potente que a maconha – causa uma sensação
de flutuação, interferindo na percepção
de espaço e tempo. O ato de fumá-lo faz com que
a droga caia na circulação sanguínea em
minutos, chegando rapidamente ao cérebro, onde produz
os efeitos.
Essa sensação de
relaxamento foi considerada útil nos partos difíceis.
Além disso, a droga tem efeito de aumentar as contrações
do útero.
Existe muita pseudociência
relacionada às drogas, especialmente as chamadas “drogas
leves” como maconha. Mas já foi contatado que ela
produz efeitos em casos de glaucoma. Relatos recentes sobre
pescadores jamaicanos mostram que ela pode ser eficaz no aumento
da visão noturna.
Apesar desses efeitos, também
há um número de pesquisas mostrando os efeitos
negativos das duas drogas, especialmente se consumidas em excesso.
Nesse caso elas podem causar danos ao cérebro; aos pulmões;
ao sistema imune (de defesa do organismo); e à produção
de hormônios.
O uso médico de drogas
extraídas diretamente de plantas é complicado
porque não há como obter doses precisas. Há
haxixes mais e menos poderosos. “Quando era estudante
nos Estados Unidos, nos anos 60, ouvi meus colegas dizerem que
o haxixe mexicano era bem mais forte”, diz Zias.
*Folha
de S. Paulo, terça-feira, 2 jun. / 1992.
Haxixe originou termo ‘assassino’*
A palavra assassino
deriva das formas árabes “hachchachin” e
“hachichiin” (que significam comedores ou fumadores
de haxixe), nome de uma seita muçulmana xiita especialmente
atuante entre os séculos 11 e 13 da Era Cristã
que considerava matar seus inimigos um dever religioso.
O nome refere-se à suposta
prática dos seguidores dessa seita de se embebedarem
com haxixe para ter visões extáticas do paraíso
antes de praticarem os assassinatos. Essa prática, de
Marco Pólo foi um dos narradores, nunca foi confirmada
historicamente.
Os “hachchichin” estabeleceram
um reino de terror de quase 200 anos na Pérsia e na Síria.
A seita era uma ordem secreta, governada por um grande mestre
e hierarquicamente organizada em classes sociais. Os seguidores
das classes baixas realizavam os assassinatos sob leis rígidas
de obediência, em total ignorância dos objetivos
finais da organização.
A ala persa da seita foi destruída
em 1256 com a invasão dos mongóis e a ala Síria
foi gradualmente subjugada pelos sultões da dinastia
mameluca do Egito. Desde então a seita se estagnou e
passou a ser considerada uma heresia menor no islamismo.
Hoje, alguns seguidores da seita podem ser encontrados na Síria,
Pérsia e Ásia Central, com o principal grupo na
Índia e Paquistão, onde são conhecidos
como khojas.
*Folha
de S. Paulo, terça-feira, 2 jun./1992.
Maconha
trata esclerose múltipla
(O GLOBO*)
LONDRES.
O maior estudo já realizado sobre o uso da maconha para
alívio dos sintomas da esclerose múltipla produziu
resultados considerados bons o suficiente para que os cientistas
recomendem a autorização do uso da erva no tratamento
da doença.
Apesar de não haver prova
concreta de que a maconha tenha aliviado a rigidez muscular
causada pela doença, os pacientes relataram melhora tanto
na mobilidade quanto no alívio da dor. Também
houve menos recaídas em pacientes que usaram a maconha
— em cápsulas ou extrato do que entre os que usaram
placebo.
— Acho que há provas
suficientes para se levar adiante o licenciamento e a regulamentação
do tratamento — disse o neurologista John Zajicek, da
Escola de Medicina Península, em Plymouth, que coordenou
a pesquisa, publicada na revista “The Lancet”.
Alguns portadores de esclerose múltipla, doença
que afeta um milhão de pessoas em todo o mundo, relataram
melhora da dor e da rigidez muscular, e, segundo Zajicek, há
poucos registros desses efeitos na literatura médica.
— Este é o maior
estudo já publicado sobre o tema — disse o cientista.
Zajicek disse que o objetivo da
pesquisa – que durou três anos e contou com a participação
de 657 pacientes na Grã-Bretanha – foi determinar
se a maconha tinha valor terapêutico para quem sofre dessa
doença, na qual as células de defesa do organismo
destroem a capa de mielina que recobre e isola os nervos, a
medula espinhal e o cérebro. A causa da esclerose múltipla
não é conhecida.
No início deste ano, a Holanda tornou-se o primeiro país
a tornar a maconha disponível para pacientes com câncer,
Aids e esclerose múltipla, mediante prescrição
médica.
*O
Globo, Ciência e Vida. 8 nov. / 2003.
Corpo
produz substância similar à da maconha (EFE*)
Cientistas
americanos descobriram uma substância produzida naturalmente
pelo
corpo que causa sensação de euforia e tem estrutura
semelhante ao do ingrediente psicoativo da maconha, o THC. A
substância é liberada após atividades físicas.
Até agora, imaginava-se que as endorfinas fossem as únicas
responsáveis pela euforia esportiva. O estudo é
do Instituto Tecnológico da Geórgia e da Universidade
da Califórnia.
*O
Estado de S. Paulo, 10 jan. / 2004.
Inglaterra
quer relaxar restrição contra maconha
(AP*)
O
governo britânico anunciou em 22 de janeiro de 2004, planos
de alterar a classificação da maconha rebaixando
seus status de droga de classe B para C (no mesmo nível
aplicado para anfetaminas e barbitúricos). Isso tornaria
o uso e a posse da maconha crimes menos graves. A medida já
está vigorando. O secretário do Interior, David
Blunkett, disse que a mudança, criticada por médicos,
ajudará a polícia a se concentrar na repressão
a drogas pesadas. Para a Associação Médica
Britânica, o uso da maconha aumenta o risco de ataques
do coração, câncer de pulmão e bronquite.
*O
Estado de S. Paulo, 23 jan. / 2004.
Maconha vira remédio legal
Amsterdam
(Holanda)
O
governo autorizou as 1.650 farmácias do país a
vender maconha a doentes de câncer, AIDS, esclerose múltipla
e síndrome de Tourette. "Será apenas com
receita", disse Willem Scholten, chefe do Gabinete de Maconha
Medicinal do Ministério da Saúde.
A
discussão do momento
(Renato Riella*)
Quinhentos
economistas de renome internacional divulgaram, nos Estados
Unidos, documento propondo a liberação da maconha.
Eles têm razão. Não há como impedir
essa moda. Nunca experimentei um baseado (não fumo!),
mas de vez em quando freqüento locais públicos ou
fechados onde gente diversa "puxa um". A liberação
da maconha conseguiria eliminar boa parte do tráfico
ilegal de drogas. Se faz mal à saúde, cabe à
sociedade desenvolver consciência, como faz hoje com os
produtos de nicotina. Com a experiência de quem já
conviveu em todos os ambientes, inclusive tendo sido repórter
policial premiado, afirmo: perdi dezenas de amigos, vítimas
do álcool; ninguém das minhas relações
mais próximas foi vítima fatal das drogas. Eis,
portanto, a discussão do momento*.
*Tribuna
do Brasil, 29/jun./2005
Por
uma política de drogas realista
(Luiz Fernando Marques*)
*Médico especialista em saúde pública,
Aids e em substâncias psicoativas
(e-mail:nando.marques@uol.com.br)
Durante
recente reunião da Comissão de Drogas e Narcóticos da ONU, na
Áustria, Peter Piot, diretor executivo do Programa Conjunto
das Nações Unidas Sobre HIV/Aids (Unaids), exortou a comunidade
internacional a juntar esforços e recursos em favor de políticas
adequadas para o controle da relação entre o uso indevido de
substâncias psicoativas – as drogas – e a pandemia de Aids.
A
magnitude do problema é tal que, à exceção do continente africano,
o uso indevido de drogas é a causa determinante das infecções
pelo vírus da Aids, o HIV. Ou seja, de 30% a 90% das infecções
pelo HIV estão relacionadas ao uso indevido de drogas, o qual,
a seu turno, se relaciona intimamente ao crescimento da transmissão
sexual do HIV.
No
Brasil, a relação drogas e Aids concorre, direta e indiretamente,
para cerca de 1/3 das infecções pelo HIV; porém, já alcançamos
um controle considerável dessa causalidade. Por seu lado, muito
há o que se avançar na proposta de uma política pública de drogas,
o que significa perceber a relação de nossa sociedade com as
substâncias psicoativas que ela utiliza. E aqui não se trata,
apenas, das substâncias ilícitas, como maconha e cocaína, mas,
e de forma preponderante, das bebidas alcoólicas e do tabaco,
responsáveis por bem maiores problemas à saúde individual, coletiva
e econômica do país do que as primeiras. Além delas, os medicamentos
usados de forma indevida são uma concreta fonte de transtornos
individuais e sociais.
No
campo das substâncias de uso ilícito, uma política setorial
precisa contemplar populações-alvo tão diversas quanto:
1)
as pessoas que jamais tiveram contato com drogas;
2)
as que, em contato, não as experimentaram;
3)
os experimentadores eventuais ou recreativos;
4)
as que usam regularmente sem dependência;
5)
as que são dependentes;
6)
os ex-usuários vulneráveis.
A
maior parte dessas pessoas não apresenta problema considerável
com o uso de suas drogas. Um número pequeno delas, porém, tem
grandes disfunções por consumi-las,a carretando, ainda, enormes
conseqüências sociais. Boa parte desses problemas é derivada
do fato de ser o uso de drogas um fato ilícito.
O
uso e o comércio de drogas colocam-nos frente a desafios como:
a) o
uso de substâncias inicia-se cada vez mais cedo;
b)
há crescente disponibilidade delas no mercado;
c) são consumidas
como uma “mercadoria” qualquer;
d) a
aplicação da lei “iguala” o traficante ao usuário, vulnerabilizando
ainda mais os primeiros;
e) a
exclusão social promove o comércio, o uso e o recrutamento de
jovens ao tráfico;
f) os serviços
de saúde, educação e segurança estão despreparados para enfrentar
o problema, resultando em abordagens ineficazes;
g) o
aumento da criminalidade e da violência;
h) uma quantidade
crescente de pessoas necessitando de tratamento, mas não encontrando
locais e abordagens adequados às suas necessidades;
i) forma-se
um “estado” criminoso que se expande e corrompe.
O
equacionamento dessas questões requer ação coordenada em uma
política pública abrangente, na qual não prevaleçam os interesses
de corporações sobre os do país. Não se pode reduzi-la apenas
à ótica militarista, de base intolerante e com suas campanhas
ineficazes do tipo diga-não-às-drogas. Nem à lógica puramente
médica, pela qual a única alternativa é a abstinência para sempre.
Há que se incorporar a experiência das pessoas diretamente envolvidas
com o tema, como os técnicos da área e as organizações de usuários
de drogas.
Tradicionalmente,
as intervenções sistêmicas na área de drogas orientam-se por
ações de:
— Redução
da oferta: repressão ao tráfico, à circulação e à lavagem de
dinheiro; desmantelamento de sistemas de corrupção. Responsáveis:
organismos internacionais; serviços de inteligência; as polícias;
serviços de controle de transações bancárias;
—
Redução de demanda: visa coibir ou retardar o
início do consumo, por meio de ações educativas e de promoção
de atividades ocupacionais que compitam com o uso. Engloba o
tratamento ao uso problemático e dependente. Responsáveis: serviços
de saúde-educação/área social, ONG, empresas;
— Redução de danos: estratégias para
minimizar as conseqüências do uso de substâncias aplicadas às
pessoas com comportamento de risco pela forma de uso ou por
serem dependentes. Responsáveis: serviços de saúde, ONGs, organizações
de redução de danos, o que inclui usuários de drogas.
A
disponibilidade de tratamento às pessoas que usam drogas de
forma problemática é ponto crucial a ser considerado. Estudos
demonstram que adequadas opções terapêuticas trazem bons resultados
no controle do uso de drogas, além de diminuir a criminalidade
e a violência a ele associadas. A ressocialização de egressos
de clínicas de desintoxicação é outro instrumento vital em uma
política de drogas. Às instituições de pesquisa cabe o papel
de monitorar, estudar, apontar práticas exitosas e propor alternativas,
comprovadas por evidências, para o direcionamento das políticas
e de metodologias para o trato do fenômeno “uso de substâncias
psicoativas em nosso meio”.
A
experiência acumulada, dentro e fora do Brasil, aponta para
o óbvio: a cooperação com os usuários de drogas organizados
produz melhores resultados d que persegui-los. Daí a necessidade
de estruturas de acolhimento com baixa exigência e de leis que
não os puna ainda mais. Inovadoras modalidades de penas alternativas
sugerem saídas para a espiral uso de drogas/contravenção/prisão/HIV.
Resta
apenas a pergunta: isso tudo é possível? Sim, se houver decisão
política. Mais do que nunca, reunimos as condições de empreender
as mudanças na direção de uma política de drogas que tenha as
características de nossa cultura, que integre e amplie os recursos
de que dispomos e que enalteça uma de nossas maiores características,
a solidariedade. Além disso, o Brasil e suas políticas cumprem
papel geopolítico que não pode ser negligenciado. Uma real política
de drogas é instrumento de paz.
*
PUBLICADO NO JORNAL ‘CORREIO BRAZILIENSE’ – 9 mai. / 2003.
Pronto
Socorro contra o vício*
(Luiz Ribeiro)
Enquanto
a discussão sobre o uso e o abuso da maconha toma a proporção
de um “bicho de sete cabeças”, as pessoas
dependentes da droga só querem uma coisa: cair fora dessa.
Para que esse decisivo passo possa ser dado, informação,
motivação e prevenção de recaídas
são ferramentas indispensáveis.
Esses três pilares foram
adotados pelo Ambulatório da Maconha para ajudar os usuários
da droga a conseguir largá-la. Criado em janeiro de 2000,
o serviço do Complexo Unifesp/SPDM é o único
no país voltado exclusivamente par ao tratamento de quem
utiliza cannabis sativa (nome científico da maconha).
Cerca de 200 pessoas, a maioria moradora na Grande São
Paulo, já foram atendidas nesses dois anos de funcionamento,
período no qual a equipe de psicólogos verificou
que a falta de conhecimentos sobre os efeitos nocivos da droga
e a pressão social que empurra os usuários para
o consumo são problemas mais freqüentes e significativos
do que sintomas físicos graves decorrentes do uso. Com
essa experiência, e mais de dez anos trabalhando com dependentes
de drogas, a psicóloga Flávia Jungerman, supervisora
do ambulatório, resolveu adotar novas técnicas
no tratamento dos pacientes. A primeira providência foi
instituir a realização de sessões individuais
de psicoterapia.
Antes do início de 2001,
quando ela assumiu o serviço, os usuários passavam
por sessões em grupo. “Alguns estudos mostram que
o atendimento em grupo tem influência negativa entre os
jovens. Ouvir a experiência de outras pessoas que também
fumam maconha pode estimular o jovem ao consumo em vez de alerta-lo
para os efeitos nocivos da droga”, explica Flávia.
“Já aconteceu, por exemplo, quando as sessões
eram em grupo, de o pessoal sair daqui e ir fumar junto”.
O tempo de tratamento foi outro
ponto reformulado por Flávia. Como estudos recentes apontam
que tratamentos breves são eficazes, os pacientes do
ambulatório passam por apenas quatro sessões de
psicoterapia. Eles retornam para consultas de controle após
um, três, seis e 12 meses do término do tratamento.
Se nesse acompanhamento forem detectados sintomas psicóticos
(alucinações, delírios) ou quadros de depressão,
a pessoa é atendida por um psiquiatra e poderá
ser medicada.
Informação
O primeiro passo para ajudar o
dependente é informa-lo. O psicólogo explica os
efeitos nocivos da droga já comprovados pela literatura
científica, como o risco de acidentes, os danos respiratórios
e o déficit cognitivo (a maconha atua em regiões
cerebrais que controlam a memória e a atenção).
Como existe a dependência, a conversa também aborda
os sintomas da síndrome de abstinência que ocorre
quando a pessoa larga o hábito de fumar os cigarros de
maconha. Nessa fase costumam ocorrer momentos de irritabilidade,
depressão, dificuldade para dormir, dores de cabeça
e diminuição do apetite.
“É um trabalho de
conscientização e motivação”,
diz Flávia. Ela conta que os usuários são
questionados sobre os possíveis motivos que os levaram
à maconha - aí entra a pressão social e
o prazer - e as razões que teriam para parar ou diminuir
a freqüência de uso. A partir desse “balanço”
das vantagens e desvantagens da droga, elabora-se um plano para
a mudança de hábito e abordam-se as modificações
necessárias na rotina dos pacientes para evitar recaídas.
“Respeitamos o fato de que
muitos pacientes fumam por prazer. Nossa função
é ajudar a trocar essa sensação por outras
atividades que também são satisfatórias”,
diz Elizabete Partamian Lopes de Souza, psicóloga do
ambulatório.
Casos
O tratamento individualizado leva
em conta o diagnóstico do uso: há desde casos
de dependência grave - nos quais se enquadram pessoas
que fumam vários baseados (cigarros de maconha) por dia
e acabam tendo problemas em sua vida profissional, social e
familiar decorrentes desse uso - até outros casos de
uso recreacional, que incluem os que fumam esporadicamente e
em situações específicas como festas ou
viagens.
Recompensa
Os resultados do atendimento são
animadores. Ao analisar a adesão ao tratamento entre
um grupo de 42 pacientes do ambulatório, verifica-se
que 20 (47,5%) deles o concluíram, passando pelas quatro
sessões. Destes, nove usuários pararam de fumar
a droga e outros nove diminuíram significativamente o
consumo, geralmente de vários baseados ao dia para um
por semana ou menos de um por dia. Um usuário continuou
com a mesma freqüência de uso e outro passou a fumar
mais.
Esses números indicam que
43% (18 pessoas) tiveram melhoras logo ao fim do tratamento.
“Apesar de ser um número baixo de casos avaliados,
pode-se expandir esse índice de melhora para todo o atendimento
n ambulatório”, afirma Flávia. Ela lembra
que a porcentagem média de melhora encontrada em outros
países no tratamento de dependentes de qualquer tipo
de droga é 30%. E, em geral, o índice de desistência
está em torno de 50%
Mudanças
O estudante D., de 19 anos, faz
parte do primeiro grupo. Há um mês e meio sem fumar,
ele garante que freqüentar o ambulatório reforça
seu desejo de se desligar da maconha. “Tenho muito medo
da recaída. E saber que tenho consulta me fortalece.
É um compromisso comigo mesmo”, diz. Usuário
de maconha desde os 15 anos, D. perdeu o emprego e largou os
estudos por conta dos efeitos da droga. “Fumava dois baseados
por dia, um depois do almoço e outro, geralmente, no
começo da noite. No restante do tempo estava sempre apático”,
lembra. Hoje, o paciente D., pensa de outra maneira. “Quero
me livrar da maconha. Gosto de ter mais controle sobre mim”.
Com uma sensação
de insegurança causada pelo uso intenso de maconha, a
estudante R., de 20 anos, também foi procurar atendimento
especializado. “Não agüentava mais. Não
conseguia me concentrar, esquecia o que estava falando, perdi
a autocrítica”, lembra. “Um dia, me olhando
no espelho, senti que não era mais eu. Foi quando assumi
que precisava de ajuda”, diz.
Para alguém que chegou
ao ambulatório querendo tomar choque e ser internada,
R., que também apresenta um quadro de depressão,
está se sentindo bem melhor. “É bom saber
que não estou sozinha. Estou vendo tanta gente querendo
me ajudar que realmente quero mudar!
Com o trabalho do ambulatório, a compreensão dos
seus pais e a garra que demonstra, ela tem tudo para conseguir.
Campeã
de uso
A maconha é a droga ilícita
mais usada no Brasil e no mundo. Nos EUA, um estudo mostrou
que 40% da população já haviam experimentado
a cannabis sativa. No Brasil, um levantamento realizado em 1997
com estudantes de 1° e 2° graus verificou que 7.6% deles
já haviam provado a erva. A maconha foi o entorpecente
que teve o maior aumento de consumo na comparação
com um estudo feito em 1987, quando o índice foi de 2,8%.
Em levantamento domiciliar feito na cidade de São Paulo
em 199, perguntou-se a uma população acima de
12 anos se achava fácil conseguir maconha: 70,2% responderam
que sim.
Esse quadro, associado a fatores
como o aumento mundial do número de casos de usuários
exclusivos de maconha, a comprovação de complicações
mais graves, o início de consumo em idades cada vez mais
baixas e o aumento rápido da freqüência de
uso, levou os especialistas da Unifesp a criarem um atendimento
específico para dependentes de maconha.
Como a droga age no organismo
1. O THC, princípio ativo da maconha, vai para os pulmões
e, em seguida, cai na corrente sanguínea;
2. Via sangue, o THC segue até o estômago, fígado
e rins (depois é eliminado pela urina) e para o baço,
onde diminuiria a produção das células
de defesa do corpo;
3. Outra parte do princípio ativo atua no cérebro.
A droga é assimilada por diversas regiões como
o córtex, o hipocampo e o cerebelo - áreas relacionadas
com o movimento, a memória, a visão, a coordenação
motora e as sensações. Há ainda estímulo
da produção de serotonina, substância responsável
pela sensação de prazer.
Consumo inicia aos 14 anos
Perfil de 122 pacientes atendidos pelo Ambulatório da
Maconha
90%
são homens
65% têm entre 15 e 21 anos
75% começaram a fumar maconha entre os 12 e 16 anos;
a idade média de início é 14 anos
40% são estudantes; 51% não completaram o ensino
médio
30% foram encaminhados para tratamento pela mãe; 28%,
por profissionais de saúde; 20%, por parentes; e 14%
foram por conta própria
54% fumavam mais de um baseado por dia nos últimos três
meses antes do tratamento
62% nunca haviam feito tratamento para dependência
26% já haviam sido abordados e detidos por policiais
76% achavam que o uso da maconha era responsável por
conflitos na família
54% indicaram o álcool como a primeira droga consumida
na vida; 33%, o tabaco como a segunda; 48% a maconha como terceira,
23%, os solventes como a quarta; e 25% indicaram o crack ou
a cocaína como a quinta droga
*Originalmente
publicado em “Saúde Paulista”, janeiro-março
de 2002
(Publicação do Complexo Unifesp/SPDM)
Maconha
para uso próprio*
(Luiz Flávio Gomes)
O
sujeito planta poucos pés de maconha para uso próprio.
O art. 12, 1°, II, da Lei 6.368/76, prevê o delito
de semear ou cultivar plantas destinadas à preparação
de entorpecente. Quid iuris quando são poucos os pés
de maconha?
Parte da jurisprudência
admite que o delito é sempre o do art. 12, 1°, II
(independentemente da intenção do agente: para
uso próprio ou para terceiros) - nesse sentido: Resp
316.617-SC, Félix Fischer, DJU de 24.02.03, p. 266).
Outros entendem que seria possível aplicar analogia in
bonam partem nesse caso e enquadrar a conduta no art. 16. Para
nós, cuida-se de fato atípico. Nem configura o
art. 12, 1°, II, porque não é hipótese
equiparada a tráfico, nem tampouco é correto o
art. 16 (que não cuidou dos verbos plantar ou semear
ou cultivar).
Quanto ao art. 16 haveria, assim,
patente analogia in malm partem (entre os verbos utilizados
pelo art. 16 não se encontra o de plantar ou semear ou
cultivar plantas destinadas à preparação
de entorpecente). No art. 16, a conduta não encontra
adequação típica. E tampouco é o
caso de interpretação analógica, porque
não há na lei citada cláusula específica
antecedida de fórmula genérica.
Quanto ao art. 12, 1°, II,
tendo em vista sua posição topográfica
e, sobretudo, a pena cominada (de três a quinze anos de
reclusão), não há dúvida de que
só tem pertinência essa moldura típica quando
de trata de plantação destinada ao tráfico.
Aliás, o citado dispositivo legal contempla modalidade
criminosa equiparada ao tráfico.
Dando interpretação
literal, no Resp 316.617-SC, Félix Fischer, DJU de 24.02.03,
p. 266, chegou-se à conclusão de que a plantação
de treze pés de maconha configura o crime do art. 12,
1°, II. Com a devida vênia, não andou bem o
julgado. Toda aplicação literal da lei tem o inconveniente
de reproduzir suas eventuais injustiças. Na medida em
que o legislador não é Deus, sempre está
sujeito a equívocos. Quando o juiz aplica a lei literalmente
corre o risco de reproduzir esses equívocos. Não
há dúvida de que o art. 12, 1°, II, nada diz
(expressamente) sobre a destinação da droga. Mas
não era preciso dizer. A pena de três a quinze
anos de reclusão não foi pensada para a plantação
de uns poucos pés de maconha (onde se nota claramente
a intenção de uso próprio).
Falta proporcionalidade à
decisão em sentido contrário. E o paradoxo maior
é o seguinte: se o sujeito estivesse na posse de treze
“pacaus” de maconha, seguramente seria enquadrado
no art. 16 (salvo se a destinação para terceiros
fosse evidente). O mais seria enquadrado no art. 16. O menos,
que consiste na plantação de pés de maconha,
acaba tendo tratamento jurídico mais drástico.
A injustiça é patente. E esse não é
o papel do juiz.
Sempre que houver dúvida
num enquadramento típico, a melhor solução
é adotar a posição mais favorável
ao acusado. O intenso (e desnecessário) uso do Direito
Penal, de outro lado, viola o princípio da intervenção
mínima. Sem contar seu efeito criminógeno e reprodutor
da violência.
*Caderno
Direito & Justiça, Correio Braziliense, 28 de abril
de 2003
Luiz Flávio Gomes, Doutor em Direito penal pela Universidade
de Complutense de Madri, mestre em Direito penal pela USP e
diretor-presidente da TV Jurídica IELF.
E-mail: falecom@luizflaviogomes.com.br
Cafeterias
de maconha na mira da Holanda
(Joan Clements*)
Governo quer
acabar com costume
AMSTERDÃ.
Novas propostas de legislação antifumo podem ameaçar uma das
maiores atrações turísticas da Holanda: as cafeterias onde é
possível fumar um “baseado” escolhido e um menu sem se preocupar
com o café. O governo tem relutantemente tolerado as cafeterias
durantes anos e agora descobre uma forma de forçá-las a fechar
sem parecer que está fazendo isso.
Defensores
vêem a legislação proposta como uma maneira sagaz de manter
as credenciais liberais ao mesmo tempo em que se livra o país
da constrangedora percepção de que ele é o centro de drogas
leves da Europa.
A
primeira salva foi disparada nesta semana quando o governo prometeu
apresentar leis antifumo severas, banindo até 2005 o fumo em
todas as áreas públicas de entretenimento, incluindo discotecas,
restaurantes, bares e cafeterias. Segundo a Forces Netherlands,
a filial holandesa da organização internacional pró-fumo, a
medida vai pôr na rua cerca de 50 mil empregados de bares e
restaurantes.
A
reação dos donos das cafeterias foi imediata. Anton Roskam,
presidente da Organização de Varejistas de Cannabis, classificou
a legislação de ultrajante.
—
Uma solução óbvia seria fazer nossos funcionários assinarem
um contrato dizendo que não querem trabalhar numa área em que
o fumo é proibido — disse.
Há
vários milhares de cafeterias pelo país e as mais conhecidas
estão em Amsterdã. Muitos proprietários estão se levantando
contra a ameaça a seus negócios.
—
É como dizer que não se pode servir arroz num restaurante chinês
— alegou Ari Hogenhorst, dono da cafeteria Penguin, em Arnhem.
Uma
outra solução foi oferecida pelo proprietário da cafeteria Upstair,
também em Arnhem.
—
Podemos instalar um ventilador que espalhe fumaça de vários
tipos de maconha no recinto. Os fregueses poderiam sentar e
aproveitar sem estar fumando. Já o proprietário do Sence, possivelmente
a cafeteria mais antiga do país, disse estar “chocado e surpreso”
com o governo.
—
Onde vamos parar neste país? — questionou.
Sua
solução par ao problema inclui reduzir as drogas a migalhas
e misturá-las a chocolate quente numa nova bebida. As
migalhas também poderiam ser espalhadas sobre ovos fritos, que
seriam um prato popular entre os visitantes de Amsterdã.
*Do
Daily Telegraph/’O Globo’ – 31 mai. / 2003.
Desde
quando maconha é doping?
(Bárbara Gancia*)
Sempre
fui da humilde opinião de que futebol é esporte,
natação e atletismo são esportes e até
automobilismo pode ser considerado esporte. Já o vôlei,
tadinho, para mim não passava de uma atividade recreativa,
como jogar queimada.
Nunca tive muita paciência com o jogo, que massacra as
articulações do joelho e a mim inspira torcicolo.
Era só ver o canto de uma quadra de vôlei na Tv
para que eu sentisse vontade de gritar: “Põe essa
rede no chão!”.
Acontece que, nos últimos
meses, desde que passei a apresentar com mestre Silvio Luiz
o programa de esportes “Dois na Bola”, no canal
de Tv paga Bandsports, minha percepção do vôlei
mudou. Não tinha idéia do grau de dedicação
exigido dos atletas, do profissionalismo envolvido ou da paixão
que essa atividade gera. Aos poucos começo a tomar gosto
pela coisa e a conhecer os protagonistas. Aprendi que jogadores
de vôlei são seres durões, idolatrados e
que se levam muito a sério. Em suma: ao contrário
do que eu imaginava, o vôlei merece respeito. Assim sendo,
hoje coloco este território sagrado à disposição
do caso Giba, o jogador brazuca em atividade na Itália
que foi acusado de uso de Cannabis em um exame antidoping e
que agora corre o risco de sofrer uma suspensão de dois
anos.
Quantas carreiras mais o COI (Comitê
Olímpico Internacional) pretende arruinar antes de se
dar conta de que maconha não é doping? Giba é
um dos melhores jogadores do país e arrisca ficar fora
da Olimpíada de Atenas por conta de uma substância
que usou (se usou) socialmente e não com o intuito de
melhorar seu desempenho em quadra. Só quem não
sabe distinguir entre uma folha de alface e uma cenoura pode
ligar o uso da maconha ao vigor físico. Note que não
existe um só estudo que diga que a substância melhore
a performance do atleta.
Giba foi autuado na Itália,
país, como bem lembrou o jornalista Marcos Augusto Gonçalves
em sua coluna no jornal “Lance”, em que o uso pessoal
da maconha é legalmente tolerado. Em relação
ao caso, o doutor Eduardo de Rose, membro do Comitê Antidopagem
do COB, afirmou, curto e grosso, que maconha “é
considerada, mas não é doping. Ela é uma
droga social”.
Para desfazer a injustiça, ó, leitor imparcial,a
única solução é escrever ao COB,
exigindo que o comitê exerça pressão pela
absolvição de Giba:
www.cob.org.br/site/opiniao/opiniao.asp
*PUBLICADO
NA FOLHA DE SÃO PAULO, 31 jan. 2003.
Droga
é legal, o homem que não é
(Byra Dorneles*)
Domingo
passado estava conversando com um amigo meu que é musico
e constatei algo que penso há anos: droga é
legal! Pense em toda a obra dos Stones, Brown Sugar
na década de 70 e dos Doors,
se não houvesse drogas. Sem apologia , eu só
uso drogas ilegais duas vezes ao ano, no meu aniversario e
no reveillon, mas fico pensando..."Cabeça de Dinossauro"
dos Titãs, sem o Arnaldo Antunes drogado, seria possível?
Sgt. Pepper's, dos Beatles sem
ácido lisérgico?
Rimbaud...?
Uivo
do Allen Ginsberg?
As portas
de Percepção de Aldous Huxley sem drogas?
Flashbacks,
de Timothy Leary?
O A E
O Z, dos Mutantes?
Meu amigo dizia: “sou
um homem! Como é que é!?
Alguém ou o sistema vai me
dizer o que eu devo comer ou beber? A maconha é meu
samba!”
A proibição provém
justamente do medo que ‘eles’ têm da máquina
parar de funcionar e de que todos acabem com sua rotina febril
e estagnante, de que nasça uma nova ordem em que os
princípios cristãos caóticos e caducos
venham ser questionados.
A partir do momento que a sociedade
rotula a pessoa de ‘viciado’ ele é excluido
de uma possível participação e é
discriminado.
Ralph Emerson, que nasceu em
1803, usava haxixe e ópio e defendia um sistema de
idéias basicamente fundamentado na individualidade,
crescimento interior, autoconfiança e rejeição
à autoridade, instigando assim, as pessoas a procurar
um Deus interior e abandonar o cristianismo.
Qual a importancia das drogas?
Elas são usadas desde que o mundo é mundo! Qual
o medo que elas despertam? Na Hollanda e alguns bairros de
Londres tem espaços liberados pra seu uso com controle
da sociedade e não tem casos de violência ou
quaisquer distúrbios.
Nesses casos acima em que cito
alguns artistas que usaram e fizeram obras maravilhosas, alguém
pode argumentar referindo-se às mortes de overdose
e tal....É por isso que digo que a droga é legal
e como o homem é que não sabe manipular e perde
o controle, se Freud conseguisse conter sua fome de cocaína
talvez chegasse a resultados enormes. Se Hendrix
não se chapasse daquela maneira não teria morrido
de sufocamento pelo vômito...
Janis Joplin estava acostumada com uma dose de heroína
sarapa e naquele dia fatal veio uma carga muito pura e...Elis
Regina me parece que foi a mesma coisa...
Recentemente, em 2003 houve
um congresso aqui no Brasil, chamado Narco News, no qual um
professor norte-americano, Robert Stephens, tentando espalhar
o medo, como fizeram em 1937 quando foi proibida a maconha
nos Estados Unidos, querendo apertar o cerco aos usuários
e tambem visando aqui, a implantação de clínicas
de ‘tratamento’, (esse terrorismo chamado de justiça
terapêutica), fez varias falsas afirmações
sobre a droga:
1 - causa insônia
2 - náusea
3 - nervosismo
4 - ansiedade e perda de apetite(!!!)
É claro que foi desmascarado
lá mesmo na terra dele, imagine aqui, dizer que maconha
provoca insônia e perda de apetite! No mínimo
ele nunca experimentou!
Alguns nomes históricos
que usaram / pesquisaram drogas:
Carlos Castaneda, Aleister Crowley,
William Burroughs, James Joyce, Ken Kesey, Torquato Neto,
Alan Watts, Lennon, Paolo Mantegazza, Sérgio Sampaio,
Miles Davis, Jim Morrison, Keith Richards, Raul Seixas, Mick
Jagger, Tim Maia, Jerry Rubin, Eduardo Bueno, Abbie Hoffman,
Kurt Cobain, Arnaldo Baptista, Albert Hoffman, Allen Ginberg,
Timothy Leary, Arnaldo Antunes;
Concluindo, vamos usar todas
as drogas, plantas, com responsabilidade e moderação
pois seu uso pode causar dependência, pensando que é
fundamental:
1- Construir seu próprio
e desfrutável universo
2 - Pense por si mesmo e questione
a autoridade, como disse Burroughs: “ Na verdade, tudo
é permitido”.
3 - “ O fato de todo homem
e toda mulher ser uma estrela”.
Eu não posso causar
Mal nenhum a não ser a mim mesmo... ( Lobão
e Cazuza).
*Byra Dorneles (Auto-didata,
ex-calafate e estuda sobre drogas desde os 13 anos).
Base do texto:
www.narconews.com
"Flashbacks" de Timothy
Leary.
De
quando o rock era contracultura
Swinging
London