LIVRO REÚNE FOTOS QUE CRIARAM O ÍCONE JAMES DEAN
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A relação íntima entre James Dean e Marlon Brando
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Uma nova biografia do ator de 'Rebelde sem causa' assegura que os dois ídolos do cinema foram casal
Madri 17 MAR 2016 - 20:11 CET
Marlon Brando e James Dean em 1954. CORDON PRESS
As biografias não autorizadas costumam vir recheadas de revelações polêmicas. A última que escandalizou o mundo do entretenimento é a do ator norte-americano James Dean. O livro James Dean: Tomorrow Never Come, escrito por Darwin Porter e Danforth Prince, afirma que o intérprete foi escravo sexual do lendário ator Marlon Brando e que também teve relações sexuais com Walt Disney.
A publicação conta que Brando conheceu o intérprete de Juventude Transviada (1955) quando este foi vê-lo em uma conferência em Nova York. Segundo os autores dessa nova biografia, Brando mais de uma vez contou aos amigos que o olhar de Dean o fez “queimar”. Mas os atores só tiveram um momento para conversar no final da apresentação, quando Dean aproveitou para confessar seu amor e admiração e que o ator de O Poderoso Chefão respondeu com um beijo.
Foto de Brando em 1949. (© BETTMANN/CORBIS)
O livro, escrito por dois veteranos jornalistas de celebridades que conheceram as duas estrelas de Hollywood, traz entrevistas de alguns dos amigos dos atores, incluindo o compositor Alec Wilder. “Definitivamente eram um casal. É possível dizer que a ‘fidelidade sexual’ não fazia parte de seus vocabulários”, lembra Wilder, e acrescenta que o próprio Dean lhe contou sobre o affair.
Mas as polêmicas revelações não falam somente da relação homossexual entre os dois ídolos do cinema, também acrescentam detalhes de sua vida sexual. De acordo com o escritor Stanley Haggart, amigo de Dean, os dois gostavam de praticar jogos sadomasoquistas. O protagonista de Apocalipse Now supostamente se divertia em apagar cigarros no corpo de Jimmy. O escritor afirma que enquanto Brando gostava de atormentar seu jovem companheiro, a quem via como um mero brinquedo sexual, Dean estava completamente apaixonado. “Acredito que Brando usava Jimmy sadicamente, que o seguia por todos os lados com a língua de fora”, explica.
Apesar de ter-se especulado à época sobre a possível relação destes dois atores da década dourada de Hollywood, o intérprete de Vito Corleone sempre negou os rumores. De acordo com o Daily Mail, o livro também afirma que Dean manteve relações íntimas com Walt Disney, que muitos afirmam ter sido homossexual, mesmo sem que exista uma comprovação.
Livro reúne fotos que criaram o ícone James Dean
Fiona Macdonald
Da BBC Culture
James Dean visita o túmulo de um familiar em sua cidade-natal, em Indiana
8 out. / 2015 - Quando o fotógrafo Dennis Stock, da prestigiada agência Magnum, viu James Dean pela primeira vez, na pré-estreia de Vidas Amargas, em 1955, "soube que estava testemunhando o nascimento de uma estrela e sentiu o apelo do ator era iminente".
Naquele mesmo ano, Stock acabou tendo a oportunidade de fotografar Dean, em um ensaio para a revista Life que parece transpirar a mesma sensação de iminência. O ator morreria meses depois, aos 24 anos.
Nos primeiros meses de 1955, Stock clicou Dean caminhando sob a chuva em plena Times Square, em Nova York, e deitado em um gélido celeiro em Indiana; alongando-se em uma aula de dança com a atriz Eartha Kitt e tocando bongô em um baile dos namorados em sua antiga escola.
Nas imagens, Dean parece ora inseguro e imerso em seus pensamentos, ora malandro e malicioso. Tudo isso aconteceu antes de ele ficar famoso.
Quando morreu em um acidente de carro, apenas um de seus filmes havia sido lançado. Foi esse ensaio que ajudou a criar o James Dean que nos conquistou como ícone.
Dean perdeu a mãe aos 9 anos e foi criado pelos tios em uma fazenda
Um novo livro, lançado nesta semana nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, reúne as fotos de Stock pela primeira vez desde que foram publicadas na Life. Editado pela Thames & Hudson, Dennis Stock: James Dean permite vislumbrar o jovem ator em momentos de intimidade e em poses experimentais que tentam captar o astro incipiente que ele era.
Na introdução, o colunista de cinema Joe Hyams afirma: "Nenhum fotógrafo da época havia revisitado a infância de um ator porque poucos atores estavam dispostos a expor suas raízes e a admitir que as sementes de seu talento vieram de um terreno bastante comum".
A mãe de Dean morreu quando ele tinha 9 anos, e seu pai o mandou para ser criado pelos tios em Indiana. Stock registrou a volta do ator à fazenda onde cresceu, escrevendo na legenda que "é possível que Jimmy nunca tenha superado a morte da mãe".
Ator é fotografado em pausa durante ensaio para uma série de TV
Outras imagens revelam o humor de Dean, enquanto ele sorri ao se sentar de pernas cruzadas em um campo cheio de vacas.
"Naquele momento, ele oscilava entre dois mundos – o mundo de suas origens em Fairmount e o início do estrelato", escreveu Stock.
Na visita à sua terra natal, Dean conversou com seus avós sobre sua infância. "Descobri que Jimmy fazia peças de teatro com a mãe. Eles até construíram um palco e inventavam suas histórias, representadas por bonecos", lembrou o fotógrafo na reportagem da Life.
"Com a viagem, Jimmy percebeu que sua ascensão meteórica para a fama já tinha começado... e o tinha cortado para sempre de suas origens no Meio-Oeste americano. Ele entendeu que jamais poderia voltar para casa", conta.
Cruzando o Times Square em plena chuva, James Dean exibe o estilo que fez dele um ícone
Outra imagem mostra Dean nos ensaios para uma série de TV. As impressões de Stock sobre o talento do ator também foram registradas na revista. "Capitalizando nos limites da habilidade adolescente de articular, Dean usa seu corpo ao máximo. Suas expressões são excepcionalmente vivas", afirmou.
"A ideia era revelar os lugares que atingiram e deram forma à personalidade singular de James Byron Dean", disse Stock. "Fiz questão de socializar bastante com Jimmy, porque quanto mais eu aprendia sobre seus humores, mais fácil seria antecipar seus gestos."
O ensaio "revelou as origens do ator" mas também ofereceu um registro que se tornou macabro depois de sua morte prematura. Várias imagens mostram Dean posando de maneira brincalhona em um caixão, em uma loja de móveis de Fairmount. Como Stock lembrou, "ele voltaria para Fairmount em um caixão apenas sete meses depois".
Stock e Dean ficaram amigos no curto período em que conviveram. A relação deles é retratada no filme Life, em que Robert Pattinson encarna o fotógrafo, e que ainda não tem estreia prevista no Brasil.
Leia a versão original desta reportagem em inglês no site BBC Culture.