Mapplethorpe renascido
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10 de fevereiro de 2011 | N° 9077
FOTOGRAFIA
Mapplethorpe renascido
Museus adquirem um acervo de imagens avaliado em R$ 30 milhões
Os museus de maior prestígio de Los Angeles, o LACMA e o Getty, anunciaram esta semana que adquiriram um acervo de obras e arquivos do fotógrafo americano Robert Mapplethorpe, avaliado em mais de US$ 30 milhões.
A aquisição faz de Los Angeles o centro dos estudos sobre Mapplethorpe, reunindo em apenas uma cidade o melhor e o mais representativo de sua obra, assim como a maior coleção arquivos relacionada a ela.
A maior parte do acervo foi doada pela Fundação Robert Mapplethorpe. O restante foi financiado pelo empresário David Geffen (um dos três fundadores do estúdio Dremworks) e a fundação Getty.
São mais de 2 mil obras, incluindo fotos Polaroid, desenhos e colagens do fotógrafo. O material inclui parte da correspondência de Mapplethorpe com amigos e parentes, uma coleção completa dos catálogos de suas exposições e documentos relacionados ao julgamento do Centro de Arte Contemporânea de Cincinnati, que foi acusado de “obscenidade” por ter exposto obras do fotógrafo com temática homossexual.
Robert Mapplethorpe, que morreu em 1989, aos 42 anos, ganhou fama pelos grandes retratos em preto e branco com composições muito estilizadas, fotos de flores quase surrealistas e uma temática homoerótica explícita, que provocou a fúria das associações conservadores.
A aquisição de parte da produção do fotógrafo reforça o caráter pioneiro de seu trabalho, tanto pela criatividade quanto pela ousadia, já que ele se consagrou com as imagens de nus masculinos, se assumiu gay e morreu de Aids.
Além de biografias que retratam sua trajetória, foi lançado, no final do ano pasado, o livro Só Garotos (Companhia das Letras) autobiografia de Patti Smith, artista que viveu com Roberto Mapplethorpe nos anos 1960 e 1970.
Nas 280 páginas, Smith mostra como o conheceu e, ao relatar a história de amor do casal, ela também narra sobre a contracultura americana dos anos 1970. Ainda assim, Patti não o abandonou e prometeu que escreveria este livro. Além das histórias, ela também insere no livro imagens raras do acervo dos artistas, que se tornaram ícones do século 20 por causa da ousadia.
Conhecido como o documentarista de cena sadomasoquista gay, Mapplethorpe percorreu um longo caminho entre sua infância no Queens, em Nova York, até o submundo GLS mais radical.
Em suas fotos, o artista retratou muitos personagens seus contemporâneos e amigos, como Andy Warhol, David Hockney e Madonna.
Los Angeles/AFP