Blank City: documentário sobre cinema de Nova York

 

Filmes eram crus e sofisticados, cínicos e apaixonados

13 abr. / 2011 - Nova York era o epicentro de uma revolução cultural entre as décadas de 1970 e 80. Músicos, poetas e artistas com todo tipo de savoir faire habitavam as ruas dos bairros Village e do Lower East Side, criando um repertório híbrido e curioso. Entre esses criadores, surgiram film makers iconoclastas, e de suas películas nasceu o documentário inédito Blank City, descrevendo os inventores do cinema marginal de Manhattan.

Câmeras Super-8 e 16-milímetros registravam obras conceituais inspiradas em mestres como John Cassavetes e Andy Warhol. Mas os jovens artistas, como Jim Jarmusch, John Waters e Steve Buscemi, também buscavam algo novo. Itens explícitos na análise madura que os próprios fazem no documentário dirigido por Céline Danhier, que estreou este mês nos Estados Unidos e está inscrito nos festivais de cinema de Veneza, Berlim, Milão e Rio de Janeiro.

Os filmes eram crus e sofisticados, cínicos e apaixonados, algo entre o plácido e o histérico. A vida underground incluía grandes representantes da geração, como Patti Smith e Debbie Harry. Tudo contido nos movimentos Wave Cinema e Cinema of Transgression, responsáveis por uma crônica de Nova York, marcada por trabalhos que fotografaram aquele momento cultural.

Foi o tempo de escrever como o cinema independente seria feito – até hoje – e, apesar do olhar retrógrado, Blank City explica o presente. Vide a democracia digital contemporânenaque encarna o espírito daquela época em comunidades criativas ao redor do mundo, e emplaca o do-it-yourself e a audácia daquele cinema reativo em versões online.