88 anos do nascimento de Wilson Grey

88 anos do nascimento de Wilson Grey
(Mário Pacheco)


O Brasil não defende os seus criadores
Absurdo! “um grande ator, pouco conhecido”

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Wilson Grey: 10 de dezembro de 1923 - 3 de outubro de 1993
Foto: http://quemevivo.blogspot.com/2010/07/o-grande-desafio-wilson-grey-contra.html


Beco dos Artistas, ponto de encontro da gente de cinema na Cinelândia. Seis anos batendo nas portas do estúdios da Atlântida e todos rindo dizendo que ele era muito feio para ser ator.

Uma “ponta” em "Hóspede de uma noite" (1951), de Ugo Lombardi, foi sua estréia no cinema e, a partir daí em diante o nome de Wilson Grey apareceu nos créditos das produções de todos os movimentos do cinema brasileiro, desde as chanchadas ao Cinema Novo e no auge da Embrafilme.

Em 1954, na comédia “Matar ou morrer”, Wilson Grey contracenou com Oscarito, Grande Othelo e José Lewgoy.

Carioca do Engenho de Dentro, Wilson Chaves nasceu no dia 10 de dezembro de 1923 – e adotou o nome Grey por causa de uma bela atriz, Nan Grey – queria ser artista de cinema. A realidade atrapalhou os sonhos de menino que, aos 9 anos, perdeu o pai e começou a trabalhar como contínuo, entregador de farmácia, ajudante de bicheiro e garçom, para ajudar a família. Mas nessa época ele já tentava um papel no cinema.

— Tenho cara de bicheiro, mas encaro um Brecht tranqüilamente.

Em 1942, depois de um teste, Wilson Grey conseguiu o papel de um soldado, sem fala, na montagem de “Hamlet” de um grupo formado por Paschoal Carlos Magno.

Wilsinho das Candongas, Wilsinho das Cocadas, Take One (por jamais precisar filmar a mesma cena) ou Rei da Sinuca, mesmo tendo atuado em 250 curtas e longas-metragens, Wilson Grey, por açlgum tempo recordista mundial de participações em filmes, no lançamento de "A dança dos bonecos" um dos seus grandes sucessos ainda em julho de 1987, era descrito pela imprensa como “um grande ator, pouco conhecido”...

Ator de tevê, teatro e radionovelas, o incansável Wilson Grey, quatro anos depois aos 67 anos e 43 de carreira, desanimou.

Era fevereiro de 1991 e, Wilson Grey não apareceu na cerimônia de entrega do Prêmio Golfinho de Ouro, no Teatro João Theotônio. Representa-o, o diretor Ivan Cardoso – o primeiro a lhe dar o papel de protagonista, em "O segredo da múmia"– recebeu o troféu e o cheque de Cr$ 53 mil.

Sua ausência se deveu por conta de seu estado de saúde: há mais de um ano as internações de emergência passaram a ser constantes na sua vida – em janeiro de 1991, ele sofreu dois derrames.

Sob severo regime alimentar e à base de medicamentos, Wilson Grey andava deprimido e não recebia a visita dos amigos no apartamento de Santa Teresa.

Se defendia/sobrevivia apenas do salário conquistado com o personagem “Linguiça”, que a produção de Chico Anysio mantinha, e de eventuais contribuições ou promoções de amigos, como a mostra de cinema do Estação Botafogo, com renda revertida para o ator. A amargura de estar doente só era quebrada pelo neto Renan, então com três anos, que o fazia rir com suas caretas e travessuras.

— Aos amigos, diga que estou morrendo e precisando de dinheiro, que aí desaparece todo mundo. Eu não quero ver mais ninguém!

— Só nunca beijei a mocinha no final do filme.

Wilson Grey morreu no dia 3 de outubro de 1993, aos 69 anos.

Dez anos depois, Wilson Grey seria homenageado com uma sessão beneficente para a sua família no Cine Odeon. Com exibição do curta-metragem “Wilson Grey”, de Jessel Buss, e a comédia “Matar ou correr”, de Carlos Manga.

Organizada pelo Grupo Estação e pelo Riofilme, a sessão teve a presença de diretores, atores e produtores que trabalharam com Wilson Grey, e sua renda foi doada para a família do ator.


Alguns filmes

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Vai trabalhar, vagabundo

Produzido em 1973.
Grey o considerava “vagamente autobiográfico”.

Abismu (O Abismo / Abismu, ou sois todos de um)

Produzido em 1978. Colorido. 82 min.
Produtor Rogério Sganzerla (R.S. Produções Cinematográficas) Diretor Rogério Sganzerla Elenco Rogério Sganzerla, Norma Bengell, José Mojica Marins, Jorge Loredo, Wilson Grey, Mario Thomar, Edsom Machado e Satã.
Estrelando no papel de um explorador embrenhado numa mata fechada, Sganzerla presta uma homenagem a Jimi Hendrix neste filme experimental. A trama tem como ponto de partida um papiro egipício, incluindo personagens bizarros à história. Mojica aparece como Professor Pearson, ao lado de outras figuras conhecidas, como Zé Bonitinho (Jorge Loredo) e a musa do cinema novo, Norma Bengell.

Memória do cárcere

Produzido em 1984.

Os Fantasmas Trapalhões 

Lançamento: 1987
Direção: J.B. Tanko
Atores: Renato Aragão (Didi) Mussum, Dedé Santana, Zacarias, Carla Daniel.
Duração: 88 min
Gênero: Infantil

Os amigos Didi, Dedé, Mussum e Zacarias ganham a vida vendendo artesanato à beira da estrada. Eles são surpreendidos por uma perseguição de carros, que resulta em um acidente. O grupo socorre o velho Giovanni (Wilson Grey), que estava no acidente, que antes de morrer revela o esconderijo de uma fortuna, que na verdade é o dinheiro que fora roubado de um banco na Itália. Com a ajuda do delegado Augusto (Gugu Liberato), eles partem em busca da quantia. Só que eles não contavam que o esconderijo era um castelo mal-assombrado e que os bandidos iriam em seu encalço. http://www.adorocinema.com/filmes/fantasmas-trapalhoes/

A dança dos bonecos

Produzido em 1987
Diretor Helvécio Ratton.
Vencedor de 8 prêmios no festival de Cinema de Brasília, entre os quais o de melhor filme pelo júri popular.
Conquistou também a medalha de ouro no Festival Giffoni, na Itália, cujo júri é formado por 120 crianças de todas as partes daquele país.

O segredo da múmia

Produzido em 1978-1982. Preto e Branco/Colorido. 81min.
Produtor Ivan Cardoso e Zelito Vianna (Mapa Filmes/ Super 8 Produções) Diretor Ivan Cardoso Elenco Anselmo Vasconcellos, Clarice Piovesan, Wilson Grey, Regina Case, Evandro Mesquita, Julio Medaglia, Nina de Pádua, Cole, Maria Zilda e José Mojica Marins.

O cientista maluco Dr. Vitus descobre no Egito a múmia de Runamb, que no passado foi um assassino de mulheres condenado à morte por seus crimes. O cientista traz a múmia de volta à vida para desenvolver um soro da imortalidade, mas a criatura começa a raptar mulheres, levando-as para a mansão do cientista.

O inacreditável personagem de Wilson Grey e o Frakenstein de Boris Karloff, que o filme homenageia.

Em 1990, Wilson Grey recebeu o prêmio mais importante - o de melhor ator - no Festival de Brasília por este filme, em que era protagonista.
Prêmio da Crítica no Festival Internacional do Cinema Fantástico de Madri (Espanha).

Wison Grey

Diretor:
Jessel Buss.
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