Antes, degolaram o Santo Guerreiro e agora esturricaram o seu corpo defunto. Antes, destruíram o concretismo tropicalista de Oiticica. Bad times para o novo cinema nacional tem sido desde quando Glauber queria toda a verba da Embrafilme para a sua IDADE DA TERRA com orçamento internacional. O primeiro algoz que me lembro, foi um tal de Ipojuca. E, todos os governos posteriores foram ruins para o novo cinema nacional.

Ainda em Cannes, em 1980, degolaram Glauber, ele nos disse a respeito das tramas do cinema comercial. Foi uma de suas últimas performances. Em mais 40 anos, rodou-se o mundo a pedir os manuscritos e as ideias de Glauber que eu acho que agora estão perdidas para sempre como originais e manuscritos. E muitos outros filmes jamais vistos, jamais serão realmente vistos. O que sobrou do cinema nacional foi a falta de consideração pelos criadores. Sobraram uns livros mal impressos com fichas técnicas.

Eu nem culpo o responsável. Não há culpados. Ninguém irá responder. Ontem na televisão, um cineasta da família Escorel ao ouvir o nome de Glauber, instantâneamente diminuiu a importância dele com "há outros filmes". Sim, há outros filmes, mas não com a grandeza de Glauber Rocha. Que aliás, teve seus filmes salvos em nossa memória. Depois, o Brasil vai de pires, de embaixada em embaixada pedindo cópias. Um país sem educação, incapaz de cuidar da sua própria cultura num triller de terror.