New York: A nova polêmica de Carpaneda

Brasileiro inaugura individual de esculturas em Nova York e provoca polêmica
 
Fernando Carpaneda inaugurará uma exposição individual de esculturas na The Leslie Lohman Foundation, localizada no Soho, pleno coração de Nova York. "FERNANDO CARPANEDA: QUEER. PUNK." abre no sábado, dia 25 de junho, às 18h, exatamente uma noite antes do Gay Pride da cidade, que ostenta o título da parada GLBT mais famosa do mundo. A exposição ocupará duas salas e foi organizada pelas entidades Leslie Lohman Foundation e The Kymara Gallery. Nela, será exposta, entre outras, a polêmica escultura "Bolsonaro's Sexy Party", que mostra o homofóbico político brasileiro fazendo sexo anal e oral com um grupo de punks.
 
Fernando Carpaneda na The Kymara Gallery: http://www.kymaraonline.com
Fernando Carpaneda:Queer.Punk. no jornal NY DAILY NEWS: http://events.nydailynews.com/new-york-ny/events/show/184797065-fernando-carpanedaqueerpunk
Para ver a escultura "Bolsonaro`s Sexy Party": http://www.fernandocarpaneda.com/bolsonaros_sex_party.html 
No Brasil, Fernando Carpaneda é representado pela Plus Galeria. Think PLUS www.plusgaleria.com.br

 
 
Fernando Carpaneda Queer Punk
por Nelson Baco
 


Fernando Carpaneda desenvolveu desde o início de sua criação artística uma tendência a mostrar sua erotização em particular com o corpo masculino. Parte do cotidiano de cada um de nós, a sexualidade oprimida, silenciada, em Carpaneda é explicitada e põe em diálogo aberto os universos interiores e exteriores. Artistas consagrados já trabalharam o tema de forma sutil ou mesmo exagerada. Michelangelo Buonarrotti, no teto da capela Sistina pintou um Cristo musculoso, homem desenvolvido, pintou um Deus grande dando vida a um homem também já adulto e esculpiu um Davi heroicamente másculo, como másculo também foi seu Escravo Moribundo. Caravaggio utilizou formas delicadas, atraentes e sedutoras no seu Baco. Passados alguns séculos Tom of Finland trouxe de forma mais explícita em sua arte a erotização mostrando homens camponeses, fazendeiros, lenhadores, trabalhadores da construção, policiais, marinheiros e outros, com corpos à mostra, nus ou seminus, e com enormes pênis. Mas uma aura de romantismo permeia seu trabalho, ainda que se mostre por vezes revestido de elementos do inconsciente proibido: o couro. Brad Rader em seus desenhos e o polonês ULF, com seus homens criados em computador, são absolutamente mais ousados e colocam à vista não só falos eretos mas ainda orgasmos efetivados e cenas instantâneas de desejo e violência. Estes artistas proclamaram uma elegia aos prazeres e aos corpos, em sua maioria, grandes e musculosos. Carpaneda, utilizando-se do seu campo material, mostra em sua arte homoerótica, homens comuns, das ruas, de suas experiências pessoais. Assim, emergem em suas esculturas, punks, mendigos e homens distantes modelos imaginados. Em suas telas, alguns se libertam de tijolos, em suas esculturas da fase expressionista eles se misturam uns aos outros e saltam do bidimensional e em suas esculturas mais contemporâneas, a assemblagem expõe diretamente seus personagens através de partes reais: pontas de cigarro usadas, pelos naturais, pedaços de roupa, de cabelo, saliva, sangue e até mesmo o esperma trazem às obras mais concretização e realismo em sua arte, não necessitando assim de simples idealizações pois o diálogo é em tempo real e fica estático, à mostra. Aqui o sexo tem cor, tem cheiro, tem textura e tem volume. Michelangelo está para Thomas Mann, Proust e Oscar Wilde, esteta convicto na literatura, assim como Carpaneda está para Pasolini, Jean Genet, Artaud, Masoch e mesmo Sade, o marquês. Fernando coloca em suas esculturas o sabor da vida que corre nas ruas quando as ruas dormem. É o doce da busca, da procura, do achado e o amargo e o dissabor da dor, do gozo em silêncio, do desejo casto castrado, do reprimido, quando propõe também um embate ferrenho do tesão versus a religião (leia-se aqui Charlie, um de seus bonecos de versão baseada em ícone católico brasileiro) . Fernando não se incomoda em mostrar aquilo que sente e o que pensa porque é aí que se encontra sua arte. Sua sexualidade não delimita espaços nem personagens. Roqueiros, padres, policiais, alternativos, taxistas, fashionistas, mendigos, viciados, garotos de programa, travestis, transexuais, transgêneros, magros ou gordos, lisos ou peludos, nus, seminus, com seus pênis eretos ou não, com seu orgasmo vindouro, iminente ou já deflagrado. Qualquer homem pode ser encontrado e reconhecido em suas esculturas, pois todos fazem parte de seu cotidiano e do nosso, por mais que tentemos não ver. Para nossa graça, a arte sacra e profana de Fernando Carpaneda já aparece entre renomados artistas internacionais constando no livro "Treasures of Gay Art", ao lado de Andy Wharol, Robert Mapplethorpe, Keith Haring, Jean Cocteau entre muitos outros. Que apreciem, os que têm bons olhos!

 

Texto sobre Fernando Carpaneda escrito por Nelson Baco. Poeta e professor de artes

  
 
 
FERNANDO CARPANEDA:"QUEER.PUNK."
Abertura: 25 de junho ás 18:00 horas. Visitação de 26 de junho a 02 de julho, de 13:00 ás 18 horas.
Local: The Leslie Lohman Foundation Annex 127-B Prince Street,Soho,New York.

+ informações: http://www.fernandocarpaneda.com
 
 
 carpaneda
 
 Fernando Carpaneda/Kymara Artistic Management

www.fernandocarpaneda.com

www.plusgaleria.com.br

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