Sim, Nós temos Rogério Duarte (2009)

19 out. / 2009 • Sim, nós temos Rogério Duarte
Encontro gráfico com uma revolução carioca

A história da Tropicália se estende no estudo do trabalho do artista brasileiro Rogério Duarte.
Como aconteceu em várias apresentações memoráveis, Warren Taylor encontrou Rogério Duarte durante uma canção.
Era “Tropicália”, tocada para Taylor por um dos seus amigos, intoxicado pela brisa do folk brasileiro e caribenho, da instrumentação africana, do pop e do rock que o transportaram para o Rio dos 60s, lugar onde as palmeiras balançavam com a brisa e cada dia era uma desculpa para dançar.
Isso foi há doze anos. Ele começou a colecionar discos de vinil da Tropicália, aprendendo sobre o período da história brasileira que deu crescimento ao que ela foi.
Como a sua coleção cresceu, Taylor, que administra o espaço de arte Flinders Lane’s Narrow (O Estrito de Lane Flinder), se encontrou além das suas afeições pela música (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, João Gilberto e Jorge Ben) e despertou para os projetos gráficos das capas dos álbuns.
Inundado pelos floreios psicodélicos e composições extravagantes, ele percebeu que muitos de seus álbuns favoritos tinham sidos esboçados pela mão: de Rogério Duarte.
“Acho que só me dei conta um dia – oh... opa, este foi desenhado pelo Rogério também. Há uma história aqui”, disse ele.
Sua astúcia de resultados – ou uma percepção abreviada do que Taylor reconheceu – será contada por meio de uma retrospectiva das obras de Duarte no The Narrows, projeto curatorial que converge arte e design, para o Festival Internacional de Artes de Melbourne.
Ela abrange, além da música, capas de álbuns, pôsteres de filmes, livros e um curta-metragem. A exposição é parte de uma maior homenagem ao Movimento Tropicália, com exibição de filmes e uma reinterpretação do seminal álbum Tropicália: ou Panis Et Circenses, com músicos locais, como Sophia Brous, Jeans Lekman e Francis Plagne, para a ACMI (Australia Centre For The Moving Image – Centro Australiano para Imagem em Movimento).
A pesquisa de Taylor para a história da vida de Duarte é quase tão atraente e colorida quanto a retrospectiva que ele montou. Tal como a exposição, ela se estende muito além da breve efervescência da criatividade contracultural que emergiu no Rio de Janeiro nos 60s – pois se refere tanto a um período de agitação social quanto ao regime opressivo de direita implantado no país com a ditadura militar.
Foi a ausência de Duarte na literatura que Taylor acessou – ele mal classifica uma menção na autobiografia de Caetano Veloso, Tropical Truth – Verdade Tropical –, e que se tornou tão atraente para estudo.
“Mesmo quando me deparei com um catálogo para uma exposição, que era uma visita ao The Barbican e ao museu do Bronx, chamada Tropicália – que é tão grande quanto um dicionário –, Duarte, que merecia ter uma seção dedicada só para ele, não estava lá”, diz o fundador do The Narrow..

Perplexo, Taylor cavou fundo. Ele então contatou a Embaixada Brasileira, que lhe enviou os detalhes de contato do recluso de 70 anos em Salvador-Bahia. A correspondência começou, enquanto Duarte inicialmente suspeitou do estranho australiano, que sabia dos seus projetos. Taylor no entanto aos poucos o foi convencendo sobre os méritos de montar uma exposição.
“Uma vez que começamos a trocar mensagens eletrônicas, ficou mais fácil peneirar sobre os fatos da mitologia popular do que foi a Tropicália. O que ficou evidente é que a obra de Rogério foi muito maior do que a Tropicália, e que em muitos aspectos os seus projetos gráficos e arte não foram realmente as maiores prioridades em sua vida. Eles foram mais uma maneira de ele ter voz e projetar as suas ideias.”
Duarte em primeiro lugar foi um acadêmico, filósofo, poeta e inicialmente um reacionário social, mas depois de tudo isso foi realmente um artista. Taylor descobriu também que a vida de Duarte estava sendo estudada por um PhD em Iowa.
“Eu comecei a aprender mais sobre ele, que foi torturado e preso em 1964, depois de ter estado sob vigilância do governo por algum tempo.”
O governo brasileiro já havia marcado os defensores do Movimento Tropicália como ameaça política, como capazes de corromper a juventude brasileira, e numerosos membros do grupo como Veloso e Gil foram exilados.
“Duarte não foi considerado um radical, mas um livre pensador, uma voz comunista. Ele era um violonista, um compositor e um ator que não seguiu o tradicional caminho de um pop star,” diz Taylor.
Quando o presidente general Costa e Silva dissolveu as assembleias democráticas do Brasil em 1968, Duarte passou à clandestinidade, e se voltou para o Hinduísmo, a Mitologia e o Xadrez como alento.
No meio da pesquisa de Taylor, no entanto, houve um revés – Duarte enviou mensagens dizendo que havia sido diagnosticado de câncer. “A situação ficou indefinida por algumas semanas, até que seu filho assumiu a tarefa de arquivar tudo de seu material.
Rogério o filho preparou os slides da família e nos ajudando com as capas de livros, porque o seu pai não acreditava na medicina ocidental. Basicamente é como se tivesse mudado de país, como se se preparasse para morrer.
Com o filho de Duarte no comando, os planos foram recuperando a sua dinâmica. Taylor começou coletando em sua própria coleção de capas de álbuns antigos, negociou o empréstimo de uma série de cartazes de filmes da Cinemateca do Rio de Janeiro, terceirizou um levantamento de outros trabalhos, e sob a direção de Duarte criou uma compilação de canções que havia escrito e cantado ou interpretado.
A partir das traduções acadêmicas da escrita de Duarte, Taylor espera que os visitantes na exposição sejam capazes de compreender a profundidade e complexidade de seus pensamentos, em relação a teoria social e projeto ecológico.
É através desse escrito, além dos belos trabalhos gráficos, que Taylor acredita que o propósito que Duarte esperava possa ser alcançado na retrospectiva.
“Umas das famosas citações de Rogério é que ele não está prestes a fazer o fim do que ele disse."
“Uma declaração deveria ser sobre abertura de portas, e ele espera que esta atinja o que uma exibição pretenda – que faça as pessoas pensarem.”

Tropicália e Rogério Duarte está na The Narrows, Nível 2 / 141 Flinders Lane, até 14 de novembro de 2009.

O concerto tributo à Tropicália será no ACMI no sábado, 14h.Tropicalia history unfolds in this survey of work by Brazilian artist Rogerio Duarte

 

Graphic encounter with a Rio revolution

October 19, 2009


Tropicalia history unfolds in this survey of work by Brazilian artist Rogerio Duarte.

AS WITH so many memorable introductions, Warren Taylor met Rogerio Duarte through a song. It was a Tropicalia tune, played to Taylor by one of his close friends, and its intoxicating brew of Brazilian and Caribbean folk, African instrumentation, pop and rock transported Taylor to 1960s Rio de Janeiro, a place where palm trees swayed in the breeze and every day presented an excuse to dance.

So it was, 12-odd years ago, he began collecting Tropicalia on vinyl, learning about the music and the period of Brazilian history that gave rise to it as he went.

As his collection grew, Taylor, who runs Flinders Lane's Narrows art space, found his affections shifting from the music (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Joao Gilberto and Jorge Ben) to the designs on their album sleeves.

Awash with psychedelic flourishes and extravagant compositions, he realised many of his favourites had been sketched by the same hand: that of Rogerio Duarte.

''I guess it just dawned on me one day - oh, hey, this one's designed by Rogerio as well. There must be a story here,'' he says.

The tale Taylor has uncovered - or an abbreviated version, at least - will be told through a retrospective of Duarte's works at The Narrows for the Melbourne International Arts Festival.

Spanning album covers, film posters, books, music and a short film, the exhibition is part of a larger homage to the Tropicalia movement, with film screenings and a reinterpretation of the seminal album Tropicalia: Ou Panis et Circenses by local musicians, such as Sophia Brous, Jens Lekman and Francis Plagne, at ACMI.

Taylor's search for the story of Duarte's life is almost as compelling and colourful as the retrospective he has mounted. As with the exhibition, it extends well beyond the brief but feverish spell of countercultural creativity that emerged out of Rio de Janeiro in the late 1960s - as much a reaction to a period of social upheaval as the oppressive rule of the country's right-wing military dictatorship.

To start, it was Duarte's absence from the literature Taylor studied (he barely rates a mention in Caetano Veloso's autobiography, Tropical Truth) that made him such a compelling subject to study.

''Even when I came across a catalogue for an exhibition that was touring the Barbican and the Bronx Museum called Tropicalia - and it's as big as a dictionary - Duarte, who deserved to have a section dedicated to him, just wasn't there,'' he says.
Perplexed, Taylor dug deeper. He contacted the Brazilian embassy, which obligingly forwarded him the reclusive 70-year-old's contact details in Salvador de Bahia. Correspondence began, and while Duarte was initially suspicious of the strange Australian who knew of his designs, Taylor slowly convinced him of the merits of mounting an exhibition.

''Once we began emailing each other, it became easier to sift the facts from the popular mythology of what Tropicalia was. What became obvious is that Rogerio's work was much bigger than Tropicalia, and that in many ways graphic design and art weren't really the major priorities in his life. They were more a way for him to have a voice and project his ideas.''

Duarte was an academic, philosopher, poet and social reactionary first, and an artist after that; his life and times, Taylor discovered, were also being studied by a PhD student in Iowa.

''I started to learn more about him, that he was tortured and imprisoned in 1964, having been under government surveillance for some time.''

The Brazilian government had previously labelled the proponents of the Tropicalia movement a political threat, capable of corrupting Brazilian youth, and numerous members of the group, such as Veloso and Gil, were exiled.

''While Duarte wasn't considered a radical as such - more a free-thinking, vocal communist - he was a guitarist, a singer-songwriter and an actor and he didn't really follow the traditional path of a pop star,'' says Taylor.

When military president Costa e Silva dissolved Brazil's democratic assemblies in 1968, Duarte went underground, turning to Hinduism, mythology and chess for solace.

In the midst of Taylor's research, however, he was dealt a setback - Duarte emailed to say he'd been diagnosed with cancer. ''It hung in the balance for a few weeks until his son took over the task of archiving all of his material.

''He's been uploading family slides and helping us with book covers because his father, who doesn't believe in Western medicine, has basically moved to the country to prepare to die.''

With Duarte's son at the helm, plans regained their momentum. Taylor set about collating his own collection of vintage album sleeves, negotiating the loan of a series of film posters from Rio de Janeiro's Cinematheque, sourcing a survey of his other design work and, under Duarte's direction, creating a compilation of songs he'd had a hand in penning, singing or performing.

From translations of Duarte's academic writing, Taylor hopes visitors to the exhibition might also be able to grasp the breadth, depth and complexity of his thinking, particularly in relation to social theory and ecological design.

It's through this writing, and beyond the pretty graphics, that Taylor believes the retrospective might achieve what Duarte had hoped for.

''One of Rogerio's famous quotes is that he's not about making a statement and that being the end of what's said.

''A statement should be about opening doors, and he hopes that's what this exhibition will do - make people think.''

Tropicalia and Rogerio Duarte is at

The Narrows, Level 2 / 141 Flinders Lane, until November 14.

The Tropicalia tribute concert is at ACMI on Saturday, 2pm.

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