Electricista de Picasso revela 271 obras
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Descoberta
Electricista de Picasso revela 271 obras
por MARINA MARQUES
Fonte: DN Artes / Portugal
Avaliadas em 60 milhões de euros, as obras eram desconhecidas até agora
Um electricista francês que trabalhou para o pintor espanhol Pablo Picasso tem na sua posse 271 obras do artista até agora desconhecidas. A notícia foi ontem avançada pelo jornal francês Libération e a existência deste verdadeiro tesouro só foi revelada porque os herdeiros do pintor, depois de serem contactados pelo ex-electricista de Picasso, decidiram apresentar queixa.
As obras, executadas pelo pintor entre os anos 1900 e 1930, foram oferecidas pelo próprio artista a Pierre Le Guennec, o electricista que entre 1970 e 1973 ins- talou sistemas de segurança nas várias casas que Pablo Picasso tinha na Côte d'Azur, no Sul de França. Esta é a versão que o electricista contou às autoridades francesas que estão a investigar o caso após queixa apresentada pe-lo filho do artista, Claude Picasso.
Desde Janeiro deste ano que o electricista, agora reformado, enviou várias cartas a Claude Picasso com o objectivo de obter os certificados de autenticidade das obras que tinha na sua posse. Em Setembro, o filho do artista e administrador do seu legado decidiu finalmente encontrar-se com Pierre Le Guennec, em Paris.
Foi aí que o electricista lhe mostrou as obras que tinha, 175 das quais inéditas, entre as quais cadernos com desenhos, explicando-lhe que tinham sido uma oferta do pintor. Em declarações ao Libération, Claude Picasso disse não acreditar na versão do electricista. "É certo que Pablo Picasso era muito generoso. Mas datava, assinava e dedicava sempre as suas ofertas", garantiu.
Razão pela qual, após comprovar que as obras apresentadas por Pierre Le Guennec não se tratavam de falsificações, apresentou queixa no Departamento Central de Luta contra o Tráfico de Bens Culturais, organismo que a 5 de Outubro apreendeu as obras em casa do electricista, em Mouans- -Sartoux, no Alpes Marítimos.
O filho do pintor excluiu ainda a hipótese de o pai dar "uma tal quantidade" de obras, "algo que nunca aconteceu", afirmou, adiantando que espera que a justiça francesa possa esclarecer esta situação.
De entre as obras descobertas, encontram-se algumas pouco comuns, como nove colagens cubistas, pintadas no início dos anos 20, período do qual se perderam muitas das obras do artista, e que, de acordo com especialistas citados pelo Libération, valem 40 milhões de euros. Destaque ainda para uma aguarela do período azul, vários estudos pintados sobre tela e duas centenas de desenhos.