Houdini, o Rei das Algemas

Houdini, o Rei das Algemas

Francis Sill Wickware – Adaptado de “Variety” - Publicado no Livro da Juventude

 

 
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Como fazia? Qual era o segredo da mágica de Houdini?

 

O grande Houdini tirava algemas dos pulsos simplesmente dando-lhes uma pancadinhas no lugar certo. Escapava de masmorras com pesadas portas e enormes fechaduras em menos tempo do que se levava para trancá-lo. Durante vinte e cinco anos assombrou o mundo com as suas escapadas.

Houdini fazia-se enterrar em caixões hermeticamente fechados, costurar em sacos de lona, enfiar dentro de latões de leite e de barris de cerveja, fazia-se até fechar dentro de caldeiras de ferro, que eram em seguida rebitadas. Sempre escapava de algum modo, deixando os espectadores boquiabertos.

Seu verdadeiro nome era Ehrich Weiss e, quando rapaz, fora aprendiz de ferreiro. Mais tarde tornou-se ajudante de serralheiro. As fechaduras o fascinavam e, à força de estudá-las, acabou por conhecer todos os seus segredos.

Quando tinha 15 anos, começou a fazer prestidigitação em parques de diversões. Era um rapaz esguio, de olhos azuis e cabelos negros encaracolados e intitulava-se “Carlo” ou “Ehrich, o Grande”. Um de seus números consistia em fechar-se numa caixa de onde saía por uma porta secreta existente na parte de trás. Um comparsa livrava-lhe os braços e pernas das cordas que o paralisavam.

Um dia numa feira do interior um polícia mostrou-lhe umas algemas e perguntou:- Acha que poderia livrar-se destas, rapaz?

- Vou tentar – respondeu o adolescente.

Fecharam-lhe as algemas nos pulsos. Ele foi para trás de um biombo e um minuto depois reapareceu. Pendiam-lhe dos pulsos as algemas abertas! Depois realizou o truque milhares de vezes, em muitos países, o que lhe conquistou o título de “Rei das Algemas”.


Fechaduras e Nós
Weiss tinha 17 anos quando leu as memórias do grande mágico francês Robert Houdin. Ficou tão impressionado que decidiu chamar-se Harry Houdini e fazer tudo o que pudesse para se tornar um grande mágico.

Enquanto sua fama crescia, Houdini propunha-se a tarefa de abrir qualquer fechadura.

Em Londres o “Daily Mirror” desafiou-o a livrar-se de umas algemas que um ferreiro levara cinco anos a fabricar. Eram feitas com muito engenho e diferentes de quaisquer outras algemas do mundo. Houdini livrou-se delas em cinco minutos enquanto 4.000 pessoas o aclamavam.

Na América, um desportista de Boston declarou que era capaz de amarrar Houdini com segurança. Se o mágico se livrasse, ele lhe pagaria 6.000 dólares. O homem levou três quartos de hora amarrando Houdini da cabeça ao pés com centenas de metros de forte linha de pescar. Houdini levou uma hora e um quarto para se desvencilhar desse casulo, mas consegui-o! Estava coberto de contusões porque fora apertado com muita força.

Dizia-se que nem mesmo Houdini poderia escapar de uma cela de prisão. Então ele se deixou fechar numa cela, depois de os guardas lhe haverem tirado toda a roupa e se certificado de que não tinha quaisquer chaves ou limas consigo. Houdini levou exatamente dois minutos para sair. Depois seguiu pelo corredor da prisão abrindo todas as portas das outras celas e trocando os presos só para se divertir.

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Entrou na cela onde sua roupa fora deixada e vestiu-se tão rapidamente quanto pode, apresentando-se no gabinete do diretor exatamente quinze minutos depois de haver sido trancado.


Preso sob o gelo
Quando chegava a uma nova cidade, Houdini frequentemente fazia alguma proeza ao ar livre para atrair público. Um desses espetáculos quase acabou em desastre. Houdini tinha anunciado que pularia num rio e se livraria das algemas debaixo da água. Mas, quando chegou o dia, o rio estava coberto de gelo. Desprezando as advertências dos amigos, Houdini insistiu em fazer o que prometera e mandou uns trabalhadores abrirem um buraco no gelo.

Milhares de pessoas se apinhavam nas margens do rio e viram as algemas serem fechadas nos pulsos de Houdini. Um grito se elevou da multidão quando ele mergulhou na água gelada, seguindo-se um silêncio ansioso enquanto os minutos passavam – dois, três, quatro, cinco... Finalmente, desceram uma corda na água e um mergulhador preparou-se para ir lá embaixo ver o que acontecera. Nesse momento a cabeça de Houdini surgiu no buraco. Estivera oito minutos debaixo da água!

Era incrível que um homem pudesse ter ficado mergulhado n’água gelada por espaço de oito minutos – até mesmo um mágico que era tão flexível como uma enguia e parecia ter tantas viadas como um gato. As algemas não o tinham incomodado – ele se livrara delas em poucos segundos. Mas a correnteza do rio arrastará-o sob o gelo. Isso era uma coisa que ele não previra. Felizmente Houdini sabia que entre o gelo e  a água havia sempre um estreito espaço. Flutuando de costas e mantendo o nariz nesse lençol de ar, conseguira oxigênio suficiente para se manter vivo até encontrar o buraco no gelo.

Houve outra ocasião em que um cervejeiro inglês teve uma idéia original. Desafiou Houdini a escapar de um barril cheio de cerveja. Ele aceitou, mas não estava acostumado ao cheiro da cerveja e não pode suportar os fortes vapores do álcool. Conseguiu apenas levantar a tampa e estava mergulhado novamente, atordoado, na cerveja, quando seu assistente o puxou para fora a tempo de salvá-lo de se afogar.


Qual era o segredo de Houdini?
O “segredo” das escapadas de Houdini ainda não foi descoberto, mas existem alguns indícios sobre os seus métodos. Sabe-se, por exemplo, que usava sempre uma gazua (um pedacinho de arame com que abria as fechaduras). Algumas vezes grudava-a na sola de um pé!

Talvez a parte mais importante de sua habilidade fosse a maneira maravilhosa que tinha de controlar os músculos. Houdini conseguia engrossar os pulsos e os tornozelos enquanto o amarravam. Depois deixava-os voltar à grossura normal para realizar a sua escapada. Tinha os pés tão flexíveis e podia mexer os artelhos com tanta facilidade que era como se tivesse um segundo par de mãos. Preparou-se como um atleta para as suas escapadas subaquáticas. Durante meses praticou natação debaixo da água. Servia-se de um cronômetro e gradualmente ia aumentando o tempo que podia ficar debaixo d’água. Desse modo fortaleceu os pulmões. Também se temperou tomando banhos cada vez mais frios, e aprendeu a respirar muito lentamente e a fazer apena SOS movimentos indispensáveis.

“A minha principal tarefa tem sido a de vencer o medo,” disse ele uma vez. “Quando sou algemado e preso dentro de um caixote e jogado no mar, ou enterrado vivo sob dois metros de terra, tenho de manter o sangue-frio. Preciso trabalhar com grande habilidade e extrema rapidez. Se ficar apavorado, estarei perdido.”


Através dum Muro de Tijolo
Um dos truques mais desconcertantes de Houdini no palco era a sua façanha de passar através dum muro de tijolo. Pedreiros de verdade entravam no palco com material e a assistência vai-os construírem um sólido muro perpendicular à cena. Quando concluído, tinha 3 metros de altura, 4 de comprimento e 30 centímetros de espessura. Debaixo dele havia um tapete. Doze pessoas do auditório eram convidadas a subir ao palco e examinar o muro, e se certificar de que não havia nenhum truque.

Eram colocados tabiques nas extremidades do muro. Houdini ia então para trás do tabique de um lado e anunciava: “Lá vou eu.” Três segundos depois anunciava: “Aqui estou”, e estava mesmo do outro lado do muro. Como fazia isso?

Quando Houdini anunciava “Lá vou eu”, seus ajudantes abriam um alçapão sob o muro. O tapete cedia vários centímetros... o suficiente para Houdini escorregar por baixo do muro. O truque era feito com tanta habilidade que nem mesmo os mágicos seus rivais conseguiam descobri-lo. Apenas podiam reunir-se aos aplausos que sempre saudavam o maior mágico de todos os tempos: Harry Houdini, o Rei das Algemas.

 

Link: http://identidadeserialkiller.blogspot.com.br/2011/10/o-grande-houdini.html

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