INTERPLANETÁRIAS: PRESENTE DE ANIVERSÁRIO
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PREÂMBULO
Caro, editor, deculpe-me se ainda não tive tempo de operar a sua foito porque meu computador principal passa por uma desinfecção poderosa com a adição de um hard drive de 8 Terabites! Portanto, organizando e checo os antigos hard drives! O motivo de escrever-lhe é que achei um texto muito ma smuito estranho mesmo no PC! É datado de 2001 e à primeria vista pode parecer autobiográfico, mas evidentemente não é e, o vocabiulátio e técnica de redacão não é minha e nem sua. Se parece com o pedaço de uma "autobiografia escrita por um Barbieri de outra dimensão"... Senhor editor, é muito louco mesmo! Juro não ter ideia de quem escreveu! Leiam:
PRESENTE DE ANIVERSÁRIO
Ele estava completando 49 anos de idade e resolveu fazer um balanço da sua vida. Aí ele cometeu o primeiro erro. Pela primeira vez sentiu-se realmente velho. E ainda: incompleto.
Ele tinha feito de tudo na vida: uma filha de 22 anos, fruto do primeiro casamento e um garoto de sete anos do segundo. Durante o intervalo de abstinência reprodutora percorreu o mundo sem compromisso. Fez tudo o que sabia, o que julgava que sabia e, até mesmo, o que tinha certeza que não sabia. Trabalhou de barbeiro, apesar da sua completa e comprovada incapacidade motora.
Morou em quase todos os países da Europa, que julgava ser o berço da cultura mundial. E olha que mesmo assim se considerava da geração Woodstock. E esse é um ponto que lhe deixa realmente cabisbaixo. Até hoje não se perdoa por não ter participado dos três assaltos que seus amigos cometeram para viajar para o festival nos Estados Unidos. Esse fato faz falta no seu currículo. Mas isto não é o que lhe deixou deprimido.
Tinha experimentou a maioria das drogas. Das químicasàs naturais. Estacionou na maconha, que não julga droga e defende sua liberação mundial. Álcool não faz muito a sua cabeça e de vez em quando ainda traga cigarros liberados. Prefere o Marlboro dos amigos.
O que realmente começou a perturbar a sua cabeça é que apesar das loucuras, aventuras e conquistas de sua vida, nunca havia jogado uma televisão pela janela de um quarto de hotel. Era uma besteira menor e talvez por isso o incomodasse tanto. Já havia tido oportunidades. Na verdade, quase já jogara uma. Não pela janela, mas na cabeça de um amigo inconveniente. Parou a tempo. Preservou a televisão e a cabeça do amigo.
Não podia passar mais um aniversário sem jogar uma televisão pela janela de um quarto. Era uma prova de que ainda estava vivo, intenso. Era a prova definitiva que ainda não estava velho, nem ranzinza. Tinha atitude.
Saiu de casa decidido a entrar no primeiro hotel que encontrasse e dar-lhe este presente de aniversário. Não andou mais do que dois quarteirões até encontrar o primeiro. Entrou e cadastrou o número do seu cartão de crédito e foi direto para o quarto. Abriu a porta e contemplou a as 29 polegadas da televisão que jazia em frente a cama.
Sentou-se na cadeira da mesa de jantar em frente a janela. Abriu uma cerveja, apesar de que o momento merecia champagne. Mas aí tratava-se de muita extravagância.
Terminou a cerveja em três longos e ansiosos goles. Levantou e arrancou todos os cabos que estavam atrás da televisão. Teve alguma dificuldade com o peso da televisão, mas conseguiu ir até a janela.
Seu coração batia forte e acelerado. Não sabe bem porquê, mas estava revivendo a emoção da primeira bicicleta que ganhou de presente. Era a conquista da liberdade. Abriu a janela, respirou fundo, viu a platibanda do edifício e empurrou a tevê. Ainda teve tempo de colocar sua cabeça para fora e ver o aparelho desintegrando-se completamente no solo.
Ficou estacionado na janela por um longo tempo, rememorando a queda, o som do aparelho quebrando, as peças voando para todos os lados. Estava realizado.
Voltou para a cadeira. Abriu mais uma cerveja e lembrou-se de mais uma falta grave no seu currículo: nunca havia matado ninguém.