ROCK DA ESTAÇÃO DE FERRO (2021)
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BRASÍLIA
ROCK DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA BERNARDO SAYÃO NO NÚCLEO BANDEIRANTE
DAS ZOORIGENS
Lá tinha a Vila Tenório
IAPI e Esperança
Tinha o Morro do Urubu
Na Vila do IAPI
As malocas perigosas
Todas partiam dali
Mas depois da remoção
Vieram todos pra'qui
Nestas imediações do lado do IAPI no Bernardo
Sayão existia a Chácara São Nélson, onde vivemos
Engenheiros, trabalhadores acompanharam o avanço do conjunto de máquinas de terraplanagem em ação para elevar o morro de terra, para a construção do pontilhão para a estrada de ferro. Soergueu um pequeno túnel sobre as águas do córrego Vicente Pires. O Elevado como uma costura dividiu-se em duas abas, florescendo as quatorze belas colônias agrícolas em generosas fatias de terras da Fundação Zoobotânica.
Estes acidentes geográficos espremem vales e ribanceiras é caminho de marcha. E cenas de desilusão, de vagões lentamente sumindo no poente ora descida ora subida. Do movimento maçante das rodas de ferro como cantilena. O cuidado diário com os trilhos para a embarcação não descarrilar.
Do latifúndio descampado às margens do córrego. Madeira e adobe. Eucaliptos gigantes a riscar o Sol. Famílias foram acumulando-se em suas plagas. Fugindo das ratazanas e da falta de estrutura das primeiras ocupações dos candangos. Posso me lembrar do bambuzal.
Lugar aprazível para a buchada de bode dos paraibanos, o mutirão mineiro da matança do porco. Vento rasante na fogueira. Galope e horta como recreação. Monjolo. Muitos cachorros ladrando a entrada de estranhos.
Nossa herança, nossas roupas de viajantes distantes para fincar nossos pés e instrumentos elétricos nesta terra acolhedora e carente de dedicação. A lixiviação a maltratava.
Primeiro canto foi da ave. Da cantiga da coruja. A manifestação elétrica aconteceu quando o caseiro Lúcio se casou com Dora e espichando um rolo de fio do outro lado do vizinho trouxe a energia e a dança do forró.
Um dia, o palco veio até a chácara. Chegou porque era descida. Parecia cena de filme do Monterey Pop, um festival de tribos.
Na carcaça elétrica do caminhão desfilava o desfile da dança elétrica. Eles tocavam com o rufar da bateria e o arranque psicodélico da guitarra. Crianças de todas as idades cresciam. As ondas sonoras acompanhavam as altas Sombras do pôr do Sol.
No conto, na fábula, lenda ou mito rezam que nestas beiras rola o tilintar do blues. A agremiação entre o sobrenatural que sopra as gaitas por personagens folclóricos entre eles o Saci-Pererê. O medo do Curupira, das armadilhas da Caipora. Lenha para o blues: “Nana neném que a Cuca vem pegar, papai foi pra roça, mamãe foi trabalhar."
Chácara Pacheco (1982-2022) um panteão da manifestação do imperceptível da relação da terra e o colono e a força para perseverar.