Ré, Reverberou! (2021)
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"É mais um escrito pululando gosto indiscutível de Rock!! Esse ré reverberou na minha carcaça, porraaaa!" (DAVI CARVALHO)
Ontem eu fui lá no estúdio, em um banco atrás da vidraça, em pé, ereto estava um violão Epiphone, ferramenta do tipo que um peão ama. – Guarde-o, se não ele será carregado. Um violão pesado, feito de detalhes, taquei-lhe um ré, tiau. Ainda ontem, repassei no estúdio, na porta da entrada como um daqueles bonecos de tamanho natural que balançam os braços, estava Joe Perry! Com as mechas coloridas nos cabelos ainda negros! Segurava uma guitarra firebird! Pirei, o guitarrista era alto e magro como uma girafa. Me aproximei! – Não é que era um sósia!? Ri muito, era perfeito. Que sonho bom, Joe Perry ainda é o meu herói, tipo o que Chuck Berry foi para John Lennon.
Na mesma rua, na mesma calçada, me vi cercado por uma turba barulhenta de venezuelanos e angolanos. Rindo alto. De roupas e turbantes coloridos e gigantescos cabelos afros. Abri a porta do salão de cabelos de Polly, ele divide o pão e gosta de muvuca colorida. O cheiro do charo se misturou ao cheiro das panelas. Na sala, o violão Epiphone estridentemente silvava. Dançavam a rumba cubana. Faltava uma bira, do tipo fogo ardente ou conhaque de alcatrão.
Na fila do supermercado, aquele FDP, daquele menino, filho da mamãe que lhe deu um espaço e estúdio público para ele tocar durante a sua gestão como prefeita. Me gritou: – E o rock? – Não rolou mais?
Nunca me deu uma força, nunca subiu uma lata de concreto no ombro. Nem vê, Facebook, nem lê, Jornal do Guará e nunca pisou no site. – São 40 anos de rock na veia! Gritei a plenos pulmões na fila do caixa. Rocks never die.
Coriolano, este personagem de Shakespeare, nunca me viu colerizado. Nem sabia que a minha recente tentativa em montar um estúdio fora vã. Nem sabia que eu tenho maior medo de contaminar o meu filho. Que odeio aglomerações e que não tenho medo de morrer. Perguntei ao decrepito pai de Coriolano, – Cadê a companheira? – Terminamos. Um velho safado, incapaz de calar a boca da ex-mulher. Um par desagradável de estultos.
Eraldo da kombi, estava no estacionamento. Abriu a porta – Fala, Pacheco! – Siga as nuvens. Siga para casa, pois lá estamos dando uma fiesta cubana.