Patti Smith et Joan Baez, chantant ensemble en Allemagne. 2 août 2018

– Deixe-me chorar por você, Patti.
– Estou chorando também, Joan, você não pode me ver?
– Deixe-me lembrar aquela música sobre Bangladesh, sobre o atacante assassinado, sobre o amor de Dylan (envelhecemos, não mais amor), sobre todos os hippies que viraram yuppies, sobre o muro desmoronado que estávamos celebrando na época, sobre os poetas quem eles não vivem ..
– E Trump, querida Joan! E os bombardeios na Síria. Os refugiados afogados no Mar Mediterrâneo. A ascensão dos nazistas após muitas e muitas décadas. Vivíamos bem, intensamente, ganhamos dinheiro, éramos adorados. Não são motivos para parar.
– É por isso que continuamos a cantar e tocar música. Sempre e em toda parte haverá pessoas injustiçadas. E aos 100 anos, então, minha Patti?
– Sim, e aos 100 anos, minha Joan. Eu amo Você!"

Compondo Brown Sugar

tal qual ontem, tal qual hoje

A capa do primeiro LP de Gilberto Gil ganha um toque de profécia

O Mel da Terra abriu a maratona do Rock Cerrado, o grande festival de todos os tempos

Rock Cerrado 40 Anos

Jornal Do Guará, 13 a 19 de novembro de 2021

“Rock Cerrado foi um divisor de águas” (Nardelli)

E seguindo pela área geocronologia, o Rock Cerrado’81 aconteceu na área administrada pelo Guará.

A propaganda passava na tevê e o cartaz azul do espetáculo estava espalhado pela cidade. "TODO!" O contingente jovem basicamente formado por estudantes correu para assistir ao festival das mais variadas formas...

20 mil pessoas presenciaram O Woodstock do Cerrado! Com Mel da Terra! Walter Franco, Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Raul Seixas, Robertinho de Recife e Roupa Nova!

Foi incrível, o primeiro show que eu ouvi uma guitarra de verdade foi no Walter Franco. Palhinha, o guitarrista da banda dele, debulhou. Tony Osanah, guitarrista do Raul Seixas, também arrebentou.

No gramado do Pelezão, o coletivo das QEs 32/34 e o Sindicato do Reggae. Marilac, João Medonha, Omar, Mônica Sebba, Alexandre, Kadu e Edílson, os irmãos de Laninha, também Ike, o falecido irmão do Bú (cêtáaí?), Bastos, Guilherme, Nardelli, Edson ‘Mergulhão’ e Fernando Neves. Belini, irmão do Guilherme, jogador profissional de futebol, Hudson Gomes, e Delinho, irmão do Nardelli.

Na segunda-feira, na noite deste dia, na escola falamos do show de Raul Seixas que mandou alugar a Esplanada!

Raul Seixas que retomava de forma ascendente a sua carreira abriu a sua apresentação com o fogo de “Aluga-se”. Ainda me lembro da forte presença cênica de Raul Seixas e ainda com uma ponta de espanto comento, — Foi o dia em que Raul Seixas liberou a maconha ele disse que todo mundo podia fumar e usar colírio...

Eu vi Raul Seixas ao vivo! Aos 17 anos e ainda estudava e andava sozinho para evitar encrencas desagradáveis segundo o paladar moral de minha família. Depois, acho que foi na escola à noite que falamos do show dele!

Bastos que já trabalhava e era do Sindicato do Reggae. Comprava uns discos que depois de ouvidos se ele não gostasse os jogava na minha mão, nem pensava em grana de imediato: "Depois você me paga". Assim conheci o primeiro do Pink Floyd que veio com outro A SAUCERFUL OF SECRETS, num álbum duplo com um sapo saindo da boca na contracapa. As revistas haviam falido, a Somtrês quando não falava de Stones, Made in Brazil e Beatles tocava de leve na nova onda inglesa do heavy metal. Eu e Nardelli e muitos outros, sacando a escassez das informações, migramos para jornais como Correio Braziliense e O Globo.

Fernando Neves, da QE 32, depois do estágio e o almoço na CEF, retornava com os cadernos culturais de jornais do eixo Rio-SP – assim a informação rolava. Começamos a guardar as páginas inteiras, antes picotávamos as folhas.

Na companhia de Guel visitávamos a casa das primas até que as moças pintaram armadas na praça da QE 32 querendo receber o justo cachê. Era domingo, seis da tarde, eu ia à padaria. Encontrei elas e a rapaziada atrás da grana – nessa tarde, o saudoso Alex, irmão de Doca esquentou a orelha de quem passara o cheque sem fundo – tendo ao fundo a Mercearia do seu Lula.

ROCK CERRADO anteviu e abriu a mente de muita gente. Foi o ponto alto e ainda pacifista das manifestações públicas que se espalhariam por Brasília, a maior delas e a mais pacífica. Depois a maioria das aglomerações públicas seriam marcadas por atos de violência e de depredação.

Ainda me emociono com a liberdade da galera, dos pés à cabeça, das roupas, do aroma e cantando: “Você pode fumar baseado, baseado em que você pode fazer quase tudo.” E, o melhor do show era a crise de ciúmes do Pepeu Gomes com a Baby Consuelo. E o bando de marmanjos aos pés do palco para ver a minissaia.

Raul 'Líder' Seixas com Tony Osanah, na guitarra; Edu Rocha, na bateria; Olmair Raposo, nos teclados e Pedrão, no baixo