Qual a origem do Império Do Papel? (1982)
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"Sometime in New York City!? – Frank Zappa que o diga ..." (TIAGO RABELO)
Somos perseguidos por lembranças, o que vejo são sorrisos e caras de espanto
Tesão de arrebatar a boca do balão – arrebentamos o lixo quântico da iconografia – não me interessa a estética, eu só fico p., quando pegam o material digitalizado do acervo e o (re)publicam em fanpáginas, como se eles mantivessem os tesouros da linda juventude – talvez o maior acervo de recortes de jornais do DF e quem saiba lá do planeta – Ixi, supera até os americanos? Acho difícil – Nome dos arquivos? IMPÉRIO DO PAPEL!
Do vizinho do C, Da 34, – Sabe aquelas revistas O Cruzeiro?
– Minha mãe jogou todas fora.
Respondi, – E por que você não tocou fogo?
Os maiores colecionadores de itens são os garis, os livreiros, os discófilos e os vendedores. Acervos destruídos não me comovem. A vontade do povo é rasgar, arrancar páginas, não devolver e se possível dispensar. Memória nacional, acervo!/ Respondo, tá tudo na internet, é só pesquisar.
– Você tem? ainda guarda tudo?
Respondo, – Quando fores lá em casa, leve algumas doações. Nunca aparecem, é assim que eles desaparecem.
– Empresta?
– Descubra o barato que é comprar. No Mercado Livre tem.
– Pô, os discos estão sendo vendidos como relíquias. Até CDs!
– Para pessoas como você, o Spotify é perfeito!
O acervo do Império do Papel e o seu apetite monstro, sempre devora: exemplares e revistas especiais e compactos doados, assim caminha a evolução desde o MEIO DOS ANOS 70. Um caos sacro habita a sala do Império Do Papel
Como se formou o Império Do Papel?
Meu pai era vidraceiro, dava duro na obra, minha grana vinha do suor dele.
Dr. Davi, advogado, pai do Daniel recortava notas sobre rock dos jornais cariocas e os datava, estes recortes me foram doados. O pai do Sidney, era mecânico de motor de avião e fazia os reparos debaixo de chuva pesada. Ele falava, – Estude Sidney, para que você não tenha que viver de mecânica pesada. Do aeroporto, ele trazia as Manchetes impressas no canto com exclusivo para assinantes. E, Glu da QE 32, também conhecido como Fernando, trazia jornais da CEF, onde era estagiário. Logo os meninos do conjunto residencial estavam arracando folhas e trocando matérias e surgindo aqueles albuns de sacos plásticos que tanto conhecemos.
Quando em 1985, estive em São Paulo, vi um monte de fãs com pastas de plásticos trocando folhas, muitas importadas de metal. Eu perguntava tem dos Beatles? Eles estranhavam. Troquei muito material de Duran Duran e U2, assim começou a montanha no fundo de casa.
Um par atraente ou restaram alguns insetos no casaco
A força brutal do capital retira para bem longe de você, as coisas legais que você tinha. Ih, alguns discos-LPs foram subtraídos para sempre. Principalmente em tempos de crise. Os LPs levantaram paredes e, compraram janelas e nos deram horas de lazer em família. Sempre que precisava, vendia uns discos. Os discos que mais sofreram foram aqueles aceitos logo de cara pela sua cara, triste fim para LPs de Ozzy, Nirvana e quase toda a coleção de heavy metal foi parar na Sibéria. Contraía dívidas nos sebos e perto do vencimento, tinha que renegociar a dívida adiantando alguns LPs para abate. Não sobraram verdadeiras raridades para serem vendidas, apenas para serem amadas com alma. Léo Pimentel me visitou e hoje, eu percebi que tenho um LP-pirata do último show dos Sex Pistols na América. Vi um duplo pirata de um show em 1972, do Led Zeppelin e pensei onde andará o Coda?
Vão-se os anéis, depois as unhas e os dentes e fica o cotoco.
"Mário Pazcheco, algum vinil doors ou velvet para negociar???" (MARCELLUS FRANCISCUS)
Nos ANOS 80, os discos-piratas eram mais difíceis do que a grana. Me correspondia com um colecionador da Bahia, ele deveria ter um álbum-duplo pirata dos The Doors, em carta escreveu que não trocaria este disco nem por um fusca. Assim eram aqueles tempos.
Este é um press release inglês do Wings de 1975, ele forma um poster e estava colado quando foi arrancado e me dado. Quando eu comecei a recolher material dos Beatles, foi um furacão, tomara que muita gente não se lembre.
O sobrinho feliz do tio McDonalds tinha tudo. E teria mais ainda... Em uma das primeiras vezes que fui a W3 Sul, encontrei um par de revistas destas dos Beatles e outra do Kiss (idênticas no formato, coisa de fã). O sobrinho teve que fritar muito McDonalds para conseguir a do Kiss. Esta dos Beatles, por um bom tempo foi uma das mais raras. Desde então, eu desço a W3 Sul à procura por bancas. Esta revista de 1978, dava o efeito de que a qualquer hora os Beatles poderiam voltar.
"Os artistas são taxados de acumuladores. Não reajo bem a essa afirmação pois, acumulamos mais memórias que objetos. Temos uma memória afetiva mais aguçada e ninguém percebe. Nós avaliam apenas pelos objetos que guardamos. Tolinhos..." (MÁRCIA NEVES)
Disse que mandará as edições da revistas Transe, mas esta abençoada carta nunca chega, agora mensagens de vídeos, são pontuais
No começo, via Correios, chegavam as revistas importadas, 'ih, é toda em inglês'. Sim aqui diz, finalmente o caladão vai contar tudo, aí me deixavam em paz – eu lia muito livro com o dicionário do lado até hoje é assim
Juntei grana por extensos 22 meses, para comprar esta caixa, ainda lacrada com cinco CDs. É como o guarda-roupas da Carmen Miranda para instalações, para deleite, para criar a sensação de desejo, de um bom sentimento de ter válido a pena. Eu não faço e nem mais farei sacrifícios (tornou-se impossível ser colecionador no Brasil de Guedes e de outros...)
A grana (nunca tinha muita), tinha que adiar a compra de coisas para o vestuário, mas honrava compromissos. Comprei tudo via Correios, nunca fui piolho de loja. A última grana que nem me lembro mais, foi gasta nesta caixa de compactos, são 7!
Robson Gomes tem um exemplar deste
– Como consegui o seu ?
– Passei um ano, indo ao sebo na hora do almoço e olhando para o livro até que ele foi baixou de preço e coube no orçamento
De como isto viria a ser blog? Com um bom tempo de vida on-line, fui perturbado pelos "seguidores" que saudades dos fãs. Viva àqueles que ainda têm fãs. Os onliners perguntavam quando vai virar blog? Eu blogava contra a insistência. Não que o site que é um sítio estava para além de uma revista traduzida ou o comando cópia e cola de notícias. E faltará editorias concisos, opinioões políticas e charges, palavras cruzadas, traduções devidas das 7 línguas e claro que mais de uma tonelada de artigos jamais serão escaneados e conduzidos ao cyberespaço. Então, bloguei e relaxei descolorindo o cabelo. Migrei o assunto do Facebook para #dopropriobolso. Não sei quem sucumbirá primeiro, o site ou o Facebook ou precocemente o autor? Blogue e dê uma bola.