Reflexões Contínuas Sobre a Relação Entre Pais e Filhos (2023)
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Em 24 DE OUTUBRO, comemorávamos o aniversário do filho mais velho dos três irmãos, cada um de mães diferentes. Nesse dia, enquanto eu buscava por algo especial, encontrei este trecho: " Então, na América, quando o sol se põe e eu sento no antigo cais do rio em ruínas, observando os vastos céus sobre Nova Jersey e sentindo toda aquela terra bruta que se estende em um imenso volume incrível até a Costa Oeste, e toda aquela estrada seguindo em frente, e todas as pessoas sonhando na imensidão disso, e em Iowa eu sei que agora as crianças devem estar chorando na terra onde deixam as crianças chorarem, e esta noite as estrelas estarão no céu, e você não sabe que Deus é o Pooh Bear? A estrela da tarde deve estar baixando e perdendo seu brilho espumante nas pradarias, logo antes da chegada da noite completa que abençoa a terra, escurece todos os rios, envolve os picos e dobra a costa final, e ninguém, absolutamente ninguém, sabe o que vai acontecer com qualquer pessoa além dos farrapos abandonados do envelhecimento, eu penso em Dean Moriarty, eu até penso no velho Dean Moriarty, o pai que nunca encontramos, eu penso em Dean Moriarty.” ~Jack Kerouac."
Achei essa tradução incrivelmente bela e perfeitamente arredondada, algo realmente incomparável. Minha filha do meio, ao lê-la, comentou: "Hahaha, pensei que fosse o ChatGPT." Isso me fez refletir, será que estou sendo influenciado pelo ChatGPT? Será que agora todas as minhas expressões pertencem a ele? Ou devo continuar aprimorando meu estilo para não ser dominado por ele? Talvez eu o use como um revisor do irreversível. Talvez tenha perdido meu estilo e a trema no "o"? Gosto do chat e não tento esconder nada dele, mas, nas entrelinhas, percebi que eu tinha informações escondidas, e ele acabou revelando isso no texto revisado. A máquina, esperta, controlada pelos dedos e olhares, é alimentada pela capacidade, talento, sabedoria e utopia.
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Montei a CDteca com a intenção de pegar e ouvir. Estava tão preso à TV e às notícias do céu oriental em chamas. É triste, pois parece que não tenho mais tempo para ouvir um simples CD. Qual é a complicação em ligar o som? Fui à seção dos progressivos depois dos CDs do Fairport Convention e encontrei o que procurava: cerca de 3 CDs do Caravan. Lá, me deparei com o CD IN THE LAND OF PINK AND GREY do Caravan. Era um CD baixado, com a capa impressa no rótulo e um encarte de papel artesanal que dizia: " um dos discos mais geniais da cena progressiva mundial. Esse foi o disco-auge do Caravan. Com melodias limpas e simples voltadas para o folk, o disco traz um som extremamente gostoso de se ouvir. Destaco todas as faixas que são lindas!".
Meu filho do meio, que vive comigo, quando ouve uma música legal, pergunta: "E quem são esses?".
Nesta semana, alguém me ligou para vender CDs. Parece que ninguém mais compra CDs com base no gosto dos outros. Ainda quero CDs folheados a ouro! Box de CDs e CDs-bootlegs. Qual é a chance de encontrar algo assim? E quem vai comprar CDs para guardá-los? Em que aparelho iremos reproduzi-los? Tudo no mundo da música está envolto em nostalgia. Parece que é o fim dos tempos.
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"A minha inveja mais pura é vaidade."
Optei pela independência, o que implica em nunca baixar a guarda. Muitos dos livros que escrevi estão fora de catálogo e agora têm um valor acima de 100 reais. Para contornar isso, passei a criar versões em PDF. Se você estiver interessado, posso enviar a versão de 2023 do meu livro AVENTURA SEM DUBLÊ, que quase me levou à exaustão várias vezes.
Falei com Deus e pedi que Ele levasse a minha alma depois que eu conseguisse lançar o meu último livro. Trata-se de um verdadeiro calhamaço, em formato grande, que abrange quase toda a minha vida e será diagramado exatamente como o autor deseja. Começa em 1974 e aborda minhas experiências em viagens e a cena do rock em Brasília. O texto estava inicialmente escrito em um estilo que lembrava Guimarães Rosa, mas há cerca de 3 anos, decidi abandoná-lo. No próximo ano, completarei 60 anos, e tenho a intenção, se for a vontade de Deus, de retomar e finalizar esse livro.
Algumas pessoas tentam me persuadir a entrar no mundo da autopublicação e promover meus livros através das redes sociais, mas eu prefiro manter minha independência e ficar afastado da máquina publicitária. Conheço muitos escritores que alcançaram sucesso, mas nenhum deles descreveu o gosto da realização como sendo melhor do que o sucesso, que é como sexo oral.
No último domingo, na 508 Sul, um guitarrista de São Paulo viu a capa de um dos meus livros e disse: "Quero um exemplar". E assim, continuo fazendo o que amo. Não cobrei dele, e se ele tiver simpatia, talvez me envie um CD da sua banda mais tarde.
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LABIRINTO
Se há alguma frase clichê que agora é tão enjoativa que pode fazer sua pele se arrepiar, é "sexo, drogas e rock 'n' roll".
Na noite de sexta-feira, fui ao Teatro de Arena. A banda, que estava separada por várias cidades, de repente se reuniu para um show de protesto. Quem teve a ideia de incluí-los na programação? A banda tocou músicas de outros artistas de forma alta e desafinada, o que foi bastante desagradável. Voltei para casa sob a luz da lua cheia, caminhando pela rua em direção à delegacia, onde dobraria na travessa à esquerda e passaria em frente à casa do garoto. Lá, eles se divertiam como jovens costumam fazer.
Segui caminhando, reclamando sobre a longa distância a percorrer. Na esquina, encontrei um sujeito que perguntou: "Onde fica a quadra 17?" Respondi: "Vire à esquerda, desça pelo outro lado." Subimos pela avenida central quando, do nada, apareceu Carlinhos Guimarães, que, poucos passos depois, tirou uma chave e abriu um cadeado na porteira que levava ao almoxarifado de um prédio em construção. Ele nos levou até a cozinha da obra, e e nos serviu uma batida forte de uma garrafa sem rótulo e logo nos deixou com um simples "Fico por aqui". Dias depois, fiquei sabendo que ele vivia ali com uma garota.
Descemos até a entrada da quadra 32, onde disse ao Paulista: "Malandro. Aqui é onde nos separamos. Não posso chegar em casa acompanhado de outro homem." Continuei descendo e, ao entrar no bar, fui surpreendido por uma luz intensa e envolvente. A música estava alta, e todos estavam animados. Alguém pediu: "Paga uma cerveja!" Respondi: "Vai se F...". Antes de terminar a frase, levei um soco nas costas e caí de joelhos. A turma do "deixa disso" interveio e repetiu: "Façam as pazes". Chamaram a polícia para acalmar a confusão. Amanhecia quase...
Na frente da casa dso meus pais, quando peguei as chaves no bolso, lembrei-me do carro! Voltei pelo lado esquerdo, atravessei a horta, passei pelo cortiço e sob a marquise da padaria, onde os cães e alguns vizinhos aguardavam o pão. O dia amanheceu, e agora eu precisava descobrir se o carro estava no Bloco "I" ou no conjunto "I", com um pouco de sorte, evitaria encontrar a blitz do bafômetro.