Os Olhos Azuis de Mamãe
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Os Olhos Azuis de Mamãe
Silêncio no mundo
Há uma tristeza profunda na manhã
Como eram tristes aqueles negros
De Nova Orleans e Saint Louis
Quando à noite cantavam seus blues
É que o olhar piedoso de mamãe
Os seus meigos olhos azuis
Não brilham mais..,
Mas ficaram tão serenos, em paz
Que ainda refletem uma luz
É como se estivessem serenos
Pois fitassem os olhos de Deus
E o céu fosse uma serena lagoa azul
Nuvens branquíssimas pintassem o céu
Ao sol, cisnes passeassem solenes, ao léu
O olhar sereno e doce de mamãe
Tal qual o som suave de um blues
Como um bálsamo, um baião na sanfona de Luis
Me aliviaram a tristeza e a dor
Porque serena, em silêncio, mamãe sonha no céu
Como papai, Jackson do Pandeiro e Tia Almira, mamãe jaz!
Amigos:
Fiz essa homenagem a mamãe, logo após à sua passagem. O grande Guimarães Rosa dizia que as pessoas não morriam, elas se encantavam. Mamãe se encantou. Subiu. Foi conversar com os seus e com Deus. O poema é uma forma de enganar a saudade. Um abraço em todos. Paulo Roberto Miranda (Paulão de Varadero)