Carta — Aos Caciques 'Made in Brasília'
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15ª Carta — Aos Caciques 'Made in Brasília'
Maiores infratores - Fotografias e montagem: Sandro Alves
Escola de fantasmas. Congresso de hipócritas. Lobos-cordeiros engravatados, engordurados e entronados. Cânceres morais. Brasil. A prática os tornam piores...
Seus olhos fitam o vazio. Suas palavras são o vazio. Nação.
Tudo fora aprendido e apreendido. Lições práticas de como mentir (sorrindo). Lançam mão de esmolas-direitos em oposição às oportunidades-deveres. Selva.
Eleitos para a representação, representam a peste que consome sonhos. Eu laço seus pés e cavalgo pelo campo das palavras-desabafos. Selvagem.
A morte os santifica. Santos homens e mulheres dignos de esquecimento. Nomes cravados nos palácios sepulcros. Formados em monumentos, translúcidos bonecos; títeres do mestre mundial: capital. Brilha o enxofre às pupilas. A moeda é alágrima e o luzir do sorriso. Os filhos à engorda cospem suas riquesas/sobremesas aos anjos assentados sob a esperança.
O ralo está entupido. Não mais suporta tanto veneno-lodo. São os pobres que são lançados aos canos. Aos bueiros, entopem as galerias da cidade subterrânea. É o inferno/casa nos encanamentos do império. Vampirismo real ainda em rigor.
O homem da lei diz que a lei é pra todos... os que podem pagar.
Somos 'algo' na vitrine-urna. 'Algo' enclausurado num matrimônio infantil. Lama.
Releio estas palavras numa esquina qualquer da cidade/estado/periferia/nada/nenhuma. Passa uma criança. Passam duas crianças. Aldeia americada. A infância é algo admirável. Olham pertubadas, cochicham...
As crianças... Essas crianças!... Aos dentes do futuro. Aos cabrestos dos projetos/desejos permitidos, apenas: sobreviver. Jogo de azar...
Pára uma farda ao meu lado. É hora de ir para casa... saco plástico.
Escrito por: Magno Rocha
Ouro Fino/MG – 25/02/09 - Blog Selva Brasil: http://selvabrasil.blogspot.com
Cartas reunidas (poemas, contos, crônicas) e hospedagem de um zine: ‘Sombras’.
Atualizações diárias.