Torre de Cristal e Palha

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Torre de Cristal e Palha

Treze de maio. Rua Treze de Maio de 2007. Tempo absolvido pela carne. Eu caminhava pela rua principal da cidade e não via ninguém à distância possível aos meus olhos. Os bueiros lançavam os seus hálitos pelos ares. Havia chovido. A rua estava úmida pelas lágrimas dos anjos. A rua estava nua pela presença dO Anjo. A noite não poderia infringir a verdade daquele momento...  

Atuou em dezenas de vidas e foi agraciado pela confiança dos honestos — Ainda reside em seu peito o mesmo amor, a mesma coragem. É o diretor de uma idéia onde todos vivem em si mesmos, apenas. Desejaria eu algo diverso?  

Quatorze de maio. Rua Quatorze de Maio de 2007. Relógio absorvido pelo absurdo. Eu caminhava pela rua umbilical da cidade e via uma multidão à distância impossível aos meus olhos. Os bueiros lançavam os seus vômitos pelas sarjetas. Havia comido. A rua estava úmida pelas lágrimas dos bêbados. A rua estava nua pela presença dO Bêbado. A noite não poderia infligir o momento da verdade... 

Atuou em dezenas de peças e foi agraciado pela confiança dos espectadores simples — Ainda reside em seu peito o mesmo ator, o mesmo personagem. É o diretor de uma trapaça onde todos vivem no amanhã, apenas. Desejaria eu algo assim?  

Quinze de maio. Dezesseis de maio. Dezessete de maio. Dezoito de maio. Dezenove de maio. Rua Trinta e Dois de Junho de 2007. Olhei para o calendário, este olhou de volta. Ambos em dúvidas. Ambos em medos. Como poderia ser isto? Nasce uma criança num berço imundo... Equilibrava-me pelos balaustres surdos, fogueiras e páginas de amor imperativo. Quem é você? Ou melhor, quantos você acredita representar? 

Relance: O Satélite em sua face tímida. Sinto um chamado ao ouvido. Um desespero/uivo. Minha sombra viaja em companhia de vários anjos. Minhas profecias sem respeito pela carne pendurada em sua cabeceira. Quem é você? O que... Mais uma página em vigor à interpretação de si mesmo. A compreensão virá alinhavada ao adormecer e concreta ao despertar: “Como pôde ser?”. 

Carrilhões sobrenaturais. Sinos entoam hinos aos três universos possíveis. Sinos entoam falsetes/canções. Sinos entoam carnavalescas alegorias/previsões... Uma estrela é deturpada e um livro ensurdece o mundo. Primeiro degrau. Luar imprevisto. Terra e música... Por outro livro as correntes arderão... A Primeira Carta fora escrita e lançada às almas em sintonia ao depois do infinito finito sepulcro. 

Não, para casa não pretendo voltar. Uma estrela marca meu caminho, meu sentido, minha escolha diante ao insulto... 

Defendo aquele que navega em sutis arrepios... Noites quentes... 


 

Escrito por: Magno Rocha 

Ouro Fino/MG – 25/02/09 - Blog Selva Brasil: http://selvabrasil.blogspot.com

Cartas reunidas (poemas, contos, crônicas) e hospedagem de um zine: ‘Sombras’.

Atualizações diárias.

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