Minha experiência literária com philip k. dick
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Minha experiência literária com philip k. dick
(Mário Pazcheco)
Editora ALEPH 2006 - 300 páginas. Obra cuja Tradução de Fábio Fernandes é um primor!
Há décadas, Philip K. Dick habita o nosso imaginário, com o avançar do tempo tivemos a oportunidade de assistir a alguns filmes baseados em sua obra; geralmente inquietantes e cuja temática predominante é: o que a sociedade será capaz para controlar a individualidade? Castrar impulsos? Dominar o indivíduo através da própria paranoia?
Do apogeu à derrocada
Ainda em 1974, Philip K. Dick teve uma experiência onde ele sentiu/recebeu um espírito do tempo dos primeiros cristãos, quando estes eram decapitados ou jogados na cova dos leões. Possesso! Philip K. Dick passou a surtar no cotidiano gritando – Romanos! Ou desaprendendo a dirigir. O Engraçado é que ouvindo uma canção dos Beatles, ele creditou a ela a informação de que seu filho recém-nascido; nascera com um problema congênito e que deveria ser operado em menos de 24 horas! Fato confirmado no hospital.
Ainda seguindo os ensinamentos do espírito, Philip K. Dick chutou seus agentes e os cheques começaram a entrar. Num dia infeliz para Philip K. Dick, o espírito resolveu abandoná-lo e ele também sabia que o seu destino na humanidade estava próximo da imortalidade.
Philip K. Dick como bom louco reconhecia que ele poderia estar desenvolvendo uma neurose.
Livro dentro do livro
Resolvi ler Philip K. Dick, pelo início da sua obra: O Homem Do Castelo Alto, que lhe valeu o prêmio ainda em 1962. Apesar do título você não encontrará um ilhado escritor americano num jardim de maravilhas e muralhas! O personagem e também escritor, Hawthorne Abendsen; é o autor do ‘fictício’ e proscrito O Gafanhoto torna-se pesado que considera existir uma outra Terra (A NOSSA!) onde o Nazifascismo perdeu a 2ª Grande Guerra!
No O Homem Do Castelo Alto, os alemães mesmo vencedores cultivam o ódio intestino e estão prestes a lançar a ofensiva Dentes-de-Leão que aniquilará outrora os aliados da terra do sol nascente.
O ríspido diálogo entre Hawthorne Abendsen, o autor do O Gafanhoto torna-se pesado e a sua voluptuosa leitora Juliana Frink esclarece o impasse:
Ele: – Isso quer dizer que meu livro é verdade, não é?
– Sim – ela disse.
Com raiva, ele respondeu: – Alemanha e Japão perderam a guerra.
– Sim.
Para o leitor, este diálogo é a senha que proporciona a volta à realidade ao nosso eixo. E nos faz lembrar-mos de outras obras com finais abertos...
Oráculo é parceiro do escritor
Livros foram escritos a maquina ou ditados, mas este foi inspirado pelas Varetas de milefólio e moedas do I Ching.
E nem foi preciso consultar o oráculo para saber as respostas às indagações Por que lutar? Por que escolher? Afinal a esperança não é resposta é condição.
Personagens irretocáveis
O que mais me atrai nos personagens desenvolvidos por Philip K. Dick é a sagacidade, o direito de nascer de irromper de impor de opor – sua construção é seguríssima, ele vai abrindo as nuances do caráter do meio da função e mostra que mesmo o mais abjeto mercenário pode amar a sua Pátria; pode cultivar o patriotismo pode fazer eco com os heróis perdidos no tempo mas desde que essa nação tenha heróis. É por isso que na sua obra o desespero jamais vence e os alemães mesmo como vencedores estão desesperados: depois de erradicarem e escravizarem o continente africano; depois de violentarem as divisas da Europa, depois de fazerem da Lufthansa e da Mercedes Benz as máquinas do Império, eles parecem saber que em outra Terra não foi este o final!
A. C. Barbieri é fã de Philip K. Dick escreva p/This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it. |