MORRE DONA LÚCIA ROCHA: CONDOLÊNCIAS AO TEMPLO GLAUBER (2013)

Morre dona Lúcia Rocha: condolências ao Tempo Glauber

 Agência Estado

03 jan. / 2014 - Foi velado na noite da última sexta-feira, 03, no Tempo Glauber, no Rio, o corpo de dona Lúcia Rocha, mãe do cineasta Glauber Rocha. Ela morreu nesta sexta-feira, aos 95 anos, de causas naturais. Dona Lúcia era muito querida no meio cinematográfico. Transformou-se em guardiã do acervo documental e dos filmes do filho desde sua morte, em 1981. Com muito esforço, conseguiu restaurar filmes e criar o Tempo Glauber, centro cultural do bairro de Botafogo. 

 

"Eu sou uma sertaneja pau-de-arara, mas Deus me deu a glória de ter parido um mito". (Dona Lúcia Rocha).

Lúcia Rocha procura saber detalhes da doença do filho, 1986

"Perdi quase sete anos de convívio com o meu filho. Isso dói tanto quanto a morte dele. Ou mais porque na morte ele descansou. Ele ficou como um cachorro danado andando pelo mundo, louco pra voltar pro Brasil. Mas ele só era livre lá. Aqui era assassino. Os assassinos estão soltos agora. Essa Bahia me entristece demais". (Dona Lúcia Rocha) 

 

 

    Dona Lúcia Rocha se parecia com a minha vó por parte de mãe, dona Maria Lopes. Estive com ela em duas oportunidades distintas. A primeira em 1989 durante uma Mostra Glauber Rocha no Cine Brasília e dez anos depois em dezembro de 1999, no restaurante Carpe Dien.

   Se era caprichosa? Se seus olhos brilhavam?
   Depois eu conto, sem rodeio, o rápido assunto nas duas vezes que nos encontramos sob olhares de parentes e produtores.

   Eu começava como pesquisador da obra de Glauber Rocha. Na segunda, eu me senti como parente. Dona Lúcia levou o meu livro Balada do Louco para as estantes de cinema do Tempo Glauber (RJ) e este ato me proporcionou muitos contatos e fez com que o site ganhasse visualização quanto à obra de Glauber Rocha, seu filho.

   Em várias histórias da vida de Glauber, o nome de dona Lúcia foi pronunciado.
 

   

 
Glauber Rocha no dicionário teórico e crítico

    de cinema de Jacques Aumont e Michel Marie
 

Cineasta, crítico, ensaísta, poeta, desenhista e escritor brasileiro autodidata, Glauber Rocha não fez, em sua obra, distinção entre teoria e prática. Seus artigos sobre o cinema são um apelo à ação revolucionária, do mesmo modo que seus filmes são definidos por ele mesmo como “manifestos pra teoria estética.
Líder do Cinema Novo, ele desenvolve, a partir da década de 1960, um projeto de cinema nacional inteiramente independente, tanto do ponto de vista econômico quanto formal. Em seus artigos e em suas cartas, a tônica é colocada na necessidade de uma ruptura profunda com o modo de produção cinematográfica tradicional e com todo modelo estético vindo de fora (nem Hollywood, nem Nouvelle vague, e sim uma estética brasileira, latino-americana e terceiro-mundista). Os princípios éticos da revolução elo Cinema Novo são exposto por Glauber Rocha em seu artigo de 1965, “Uma Estética da Fome”. “Aqui reside a trágica originalidade do Cinema Novo diante do cinema mundial: nossa originalidade é nossa fome e nossa maior miséria é que essa fome, embora sentida, não é compreendida”. Para fazer com que fosse compreendida, os filmes do Cinema Novo deveriam colocá-la em primeiro plano, superexpô-la de maneira violenta.
Em seus filmes, essa “estética da fome” se concretiza em uma representação metafórica da História. Por meio da violência, as personagens de Glauber Rocha mostram o irracionalismo e as forças inconscientes reprimidas pela razão, tentando assim abrir uma via para a revolução. Em um artigo de 1971, “Estética do sonho”, ele define a revolução como “a ‘anti-razão’ que comunica as tensões do mais irracional de todos os fenômenos, a pobreza”.
Glauber Rocha falará em seguida cada vez menos de estética e cada vez mais em sonho, magia, crença, vida: “A arte revolucionária deve ser uma magia capaz de enfeitiçar o homem a tal ponto que ele não suporte mais viver nessa realidade absurda”. Influenciado em sua juventude pelo pensamento dialético de Serguei M. Eisenstein, Glauber Rocha parece se aproximar mais do misticismo social de Roberto Rossellini: “Não justifico nem explico meu sonho, pois ele surge de uma intimidade cada vez maior com os temas de meus filmes, sentido natural de minha vida”.

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