Quadrinhos: O salto de John Romita Jr da Marvel para a DC
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O
salto de John Romita Jr da Marvel para a DC
Primeira
revista do Super-Homem desenhada pelo artista chega às bancas nos EUA nesta
quarta-feira
Por New York Times
23 jun. / 2014 – Nova York — Na próxima quarta-feira, os leitores do Super-Homem serão apresentados a dois novos personagens da DC Comics: Ulysses, um estranho visitante de outra dimensão, e o ilustrador John Romita Jr, veterano da Marvel Comics, que fará sua estreia na casa rival. Para os leitores de quadrinhos, a ida de Romita para a DC é o equivalente de uma transferência do Hernane Brocador para o Vasco.
Mas Romita
usou uma metáfora diferente: “A DC e a Marvel são como a Coca-Cola e a Pepsi”,
disse ele, justificando a mudança como uma busca por novos desafios. “Ficando
na Marvel, eu continuaria fazendo a mesma coisa em termos de personagens.”
Quando a ida
para a DC foi anunciada em fevereiro, as reações dos fãs foram divididas. No
site de quadrinhos newsarama.com, os comentários foram desde que “ele se
aproveitava da Marvel” até “queria que ele fosse o desenhista de todos os
quadrinhos do mundo”.
Romita
publicou sua primeira história na Marvel em 1977, desenhando o Homem-Aranha.
Eventualmente ele trabalhou com a maioria dos heróis da editora e alguns dos
grandes nomes da indústria, como Frank Miller (desenhando o Demolidor) e Mark
Millar (em “Kick-Ass“).
No
Super-Homem, ele estará ao lado do arte-finalista Klaus Janson e Geoff Johns,
popular escritor que assumiu o cargo de diretor criativo da DC em 2010. Prévias
das páginas de Super-Homem desenhadas por Romita mostram a linha clássica do
artista, com suas figuras gigantescas e ação dinâmica.
A primeira
história envolve Ulysses, que é enviado por seus pais de seu planeta condenado
para a Terra. A nova equipe criativa de “Man of Steel” deve gerar um aumento
nas vendas da revista. No mês passado, o Super-Homem estava em 48º na lista de
revistas mais vendidas, com apenas 40 mil cópias do número 31. Batman estava em
4º com mais de 107 mil copies. Em primeiro lugar, aparecia “Original Sin”, uma
minissérie da Marvel revelando segredos obscuros de alguns de seus principais
personagens, com 147 mil cópias.
Como acontece
com a Coca-Cola e a Pepsi, muitos fãs de quadrinhos se dividem entre a Marvel e
a DC. Romita não é um completo estranho ao universo DC, nos anos 1990 ele
trabalhou em duas histórias que reuniam personagens das editoras rivais. E como
um profissional vê a rivalidade de forma mais cética, lembrando os exemplos de
colegas como Frank Miller, Jim Lee e Adam e Andy Kubert, entre outros.
Capa de ‘Demolidor - O homem sem medo’, desenhada por John Romita Jr - Reprodução
“Sem competição, você não é nada”, decreta.
Ele afirma ter
buscado inspiração em filmes e nas aulas de artes marciais que fez com o filho
para imaginar sequências e coreografias de lutas.
“Minha arte
ainda não é tão boa quanto minhas narrativa, mas está chegando lá. Quando tiver
75 ou 80 anos, serei um bom artista”, brinca.
Pode-se dizer
que Romita, aos 57, não está deixando apenas a Marvel, mas a lojinha da
família. Tanto sua mãe quanto seu pai trabalharam na empresa. John Romita foi
um renomado artista que, entre outras coisas, criou o visual de Mary Jane, a namoradinha
de Peter Parker. Já a mãe, Virginia, trabalhava na área de produção. Mas Romita
pai tem uma visão prática da mudança do filho.
“Quando você
está no negócio dos quadrinhos, vai onde o trabalho está”, diz ele.
O Romita mais
jovem descobriu sua vocação por volta de 1965, quando viu o pai finalizando uma
capa do Demolidor desenhada por Jack Kirby.
“Quando ele
me explicou que o Demolidor era cego e ainda assim um super-herói, fui
fisgado”, revela.
Romita
estudou na Universidade de Nova York, em Farmingdale, e se formou em ilustração
publicitária e design. Após dois anos, pegou uma oportunidade de trabalho na
Marvel, primeiro fazendo capas para reimpressões de quadrinhos britânicos e
depois como assistente de produção.
“Convenci
meus pais a me deixar tentar e, se não desse certo, eu voltaria para a
faculdade”, disse.
Segundo
Romita, Scott Edelman foi o editor que lhe deu o primeiro trabalho, dizendo:
“Não acredito em nepotismo, mas também não acredito em anti-nepotismo”. Os pais
do artistas que nascia tentaram manter distância. “Nunca saímos do nosso
caminho para facilitar a vida dele”, diz Romita pai.
Os dois
contam a mesma história para ilustrar esse ponto. John Jr estava atrasado para
entregar um trabalho. Sua mãe, gerente de produção, ligou ameaçando: “Se você
não consegue fazer essas páginas, vamos arrumar outra pessoa”. Mas logo
retornou com uma segunda ligação. “Oi, John. Aqui é a mamãe. Você está bem?”