Beatles: um olhar de insider
- Details
- Hits: 5654
Inglaterra-Liverpool, lentamente um grupo de estrelas apareceu próximas uma das outras no céu e quando ligadas formaram a imagem de 4 besouros.
John, Paul, George e Ringo possuíam afinidades para uma vida artística indissolúvel.
Paul McCartney não era um grande conhecedor de arte, mas gostava da pintura surrealista de René Magritte. Sabia ceder, menos as próprias canções, um sobrevivente.
George Harrisson seu espírito era calejado pela vergonha passada diante de suas ações sociais ou como mecenas, quando seus convidados preferiam beber.
Ringo Starr nunca precisou ser um Beatle.
John Lennon nunca deixou de ser um estudante num curso das Belas Artes.
Yoko Ono julgava ter talento para substituir qualquer Beatle.
Biografias devem ser misteriosas, metamorfoseando conforme as calmarias e intempéries, a biografia "Magical Mystery Tours – Minha Vida Com Os Beatles" escrita por Tony Bramwell com Rosemary Kingsland apropriadamente promete mistério. Biografias podem ser lidas de trás pra frente como numa espiral, um helter skelter com a sensação de subida e descida – ela deve estender limites para as próprias lendas.
E se possível garotas e mais garotas e rios de dinheiro.
Quem acabou a festa? O ministro Harold Wilson, a desvalorização da libra? Os empresários inescrupulosamente gananciosos querendo fortunas logo no primeiro lançamento de um artista novo?
No Brasil, não conheço nenhum livro abordando os espaços e os frequentadores da Swinging London, a resposta inglesa à cultura das drogas no biênio 1966-67. Os personagens deste conto de fadas revelam nomes como Brian Jones, Jimi Hendrix, Syd Barrett e Keith Moon, no livro de Tony Bramwell; Brian Jones, não aparece, mas Mick e Keith sempre estão juntos como gêmeos em seus apartamentos e festas e até no Brasil em Matão! Apesar da memória prodigiosa de Mr. Bramwell, não podemos deixar de notar a pesquisa bibliográfica do livro.
Esta elucidadora biografia dos Beatles, centrada na época da Swinging London, generosamente reserva as melhores frases para o desabrochar de Jimi Hendrix; mostrado-o no camarim enchendo as narinas de pó e outras drogas, a mania depressiva que o matou. Em apenas um parágrafo o livro responde porque Syd Barrett tornou-se uma lenda “era capaz de compor como John Lennon”. E Keith Moon apesar da pequena estatura era um gigante que marcou época com suas ações malucas.
Janis Joplin também passeava pelos corredores da Apple e até canjava com o Trash, uma banda do selo.
Tony Bramwell egresso de Liverpool, o segundo par de mãos de Brian Epstein, o empresário dos Beatles, fincou pés em Londres para revelar os endereços e interiores das casas, dos apartamentos, dos bares, das festas e dos estúdios de cinema e música. Ele não economiza munição. Acerta os alvos onde quer: é capaz de lembrar de uma trepa esquecida como um voyeur, é capaz de saber que aquele inocente rosto sardento se contraí em dores masoquistas de prazer.
Tony Bramwell freqüenta as alcovas e sabe que as garotas tem que primeiro satisfazer a eles para depois chegarem aos Beatles.
Se você tem uma doce recordação de Mal Evans é melhor não ler esta biografia, nela ele aparece como um homem ligado aos excessos e bruto com as fãs.
Brian Epstein sempre será tratado como um cavalheiro, quis o destino ser o empresário das maiores estrelas dos anos 60.
Se você não teve acesso a textos em português sobre a Apple, a gravadora dos Beatles, este livro saciará a sua gula jornalística.
A melhor resposta ao livro de Tony Bramwell pode ter sido obrigar Yoko Ono a declarar que demoraria uns 5 anos para se dedicar a escrever um livro sobre os Beatles explicando o fim do grupo.
Historicamente o escritor insider deve registrar um ponto de vista racional e menos emocional. Tony Bramwell revela que sempre foi tratado com respeito pelos Beatles como amigos de longa data – e deixa patente que nunca se aliou às drogas – e suas acepções musicais são exatas, sua visão pessoal privilegiada da indústria musical jamais é equivocada, não são posições surpreendentes ou reveladoras, mas amargamente corretas.
Tony Bramwell frisa a revolução de costumes e sexual que o refrão Yeah Yeah Yeah foi capaz, porém ele nunca enlouqueceu como os Beatles, ele sempre soube o seu lugar e o seu valor.
Um moleque boa pinta, fã de Buddy Holly, Gene Vicent e Eddie Cochran, amante dos discos de rock’n’roll, razão pela qual foi ao show de uma banda 'alemã', uns certos Beatles, amigos seus de infância.
O ciumento, George Harrison se esforçava para manter os laços familiares.
O enlouquecido ou cruel John Lennon afrontava a sociedade, sou um milionário, posso tudo; até Yoko Ono canalizar esse sarcasmo na obtenção de tudo que ela sempre imaginou.
Ringo Starr seria interessante ler o relato dele como a Beatlemania mudou a sua vida.
As drogas foram toleradas porque havia grana; ácido, colheres, seringas, pó mágico e heroína eram consumidas alienadamente e alucinadamente, uma história dessas não poderia terminar bem. Assim eram os loucos anos 60.
John Lennon que contratualmente sempre manteve o posto de dono da banda em certo momento só tinha olhos para Yoko Ono e qualquer tipo de arte menos para os espinhos que dela brotavam e feriam seus amigos mais fiéis.
Brian Epstein teria metido um prosaico pé-na-bunda dela, mas Epstein estava desonradamente enterrado em algum cemitério judeu em Liverpool. Maherishi foi incapacitado, George Martin dava mais ouvidos às músicas de Paul McCartney planejando sua vingança contra John Lennon. No circo, Magic Alex poderia ter saído com Cynthia Lennon, outro comentário maldoso de Lennon? Suicídos e segredos de família ficavam debaixo da lona.
O sábio Lennon, já antevendo este tipo de espetáculo sentenciou – O sonho acabou! Não sem antes revelar: “Uma Roma portátil" de dinheiro, sexo e drogas.
Lennon talvez tivesse asas; asas à imaginação, porém incapazes de levá-lo para longe de Yoko Ono e sua música duramente indigesta.
Tony Bramwell em três oportunidades viu suas lembranças relacionadas aos Beatles serem roubadas; em número idêntico de oportunidades viria o sobe e desce dos negócios musicais o levarem à bancarrota!
No fundo, Tony Bramwell é agradecido a Brian Epstein. Ele também revela que a Apple poderia ter contratado o Queen; que Frank Sinatra gravou o primeiro compacto com o selo da Apple, uma única cópia foi dada de presente à mulher de Ringo Starr, Maurren e que Richard Branson pode ter um cassete de Lennon que vale ouro.
Repetidas vezes, Mário Pazcheco leu esta biografia
Trecho: Capítulo 15
Logo receberíamos uma carta oficial da Central de Difusão. O texto informava que a escolhida era All You Need Is Love e, além disso, concordavam com a “atmosfera de festa”.
Os rapazes saíram logo para o trabalho porque iam tocar ao vivo à noite no estúdio. Provavelmente seria a primeira sessão de karaokê ao vivo do mundo. George Harrison foi quem finalmente perguntou em tom de ironia, “Ei! E quem vai participar dessa festa então? Temos menos de dois dias!".
Todos se entreolharam. A solução era óbvil. Saí dali e facilmente encontrei Keith Moon no Speakeasy. Mas não respondi de volta rapidamente. Afinal, por que estragar uma boa noite pelos bares só por ter encontrado o que queria no primeiro? Keith estava alucinado. Pela primeira vez Keith não estava vestido como a Rainha Vitória ou Hitler.
Irônico, sugeri que fosse para casa descansar. Contei para ele a história da transmissão por satélite e disse, "Amanhã você tem uma festa oficial. O mundo inteiro vai ver e você precisa estar em forma" .
Ele não estava entendendo nada. Aproximou-se de mim com a voz embargada e disse "Não me reprove, rapaz, não me reprove". Mas Keith estava com um ânimo muito mais confiante. "Meu rapaz, estarei lá, mas se não se incomode, pois vou continuar aqui".
"A filmagem é ao vivo", lembrei.
"Satélite? Sei tudo sobre satélites. Conexão com o mundo todo? Café pequeno", disse ele, grandioso.
Fui embora. Era um trabalho exaustivo, mas persisti. Passei pelo Cromwellian, pelo Bag, e no Scotch of St. James encontrei Eric Clapton, Mick Jagger e Marianne Faithful com amigos. Mick disse que iria, sem problemas, mas ficou um pouco chateado pelo fato de a BBC não ter chamado os Stones. Na ocasião eles estavam gravando o novo disco, His Satanic Majesty's Request, e disse que seria um tipo de publicidade impossível de se comprar.
Ele convenientemente se esqueceu de mencionar que enfrentaria um processo por drogas em dois dias e o caso estava nas manchetes havia muito tempo. Houve passeatas em apoio a ele, e vários artigos foram escritos. Eu disse, "Você agora é meio persona non grata para o Governo, hein, Mick?"
Ele sorriu e falou devagar, "Sim, tem razão. Eles que se fodam".
Mas ele não parecia nem um pouco preocupado, pois no disco Satanic Majesty's, Mick dizia, "Cadê o baseado?".
Nofinal conseguimos criar uma bela atmosfera. Moon chegou cedo. Mick chegou vestindo um belo casaco de seda com olhos psicodélicos estampados. Eppy também foi, e parecia bem feliz. Usava um terno preto de veludo mas não usava gravata. Aquilo o deixou com o rosto mais limpo e muito mais jovem. Tirei várias fotografias naquele dia e as de Brian com os Beatles são últimas em que aparecem todos juntos.
Eu ainda estava na sala de controle tomando uísque com George Martin e Brian quando nos avisaram que estávamos no ar, quarenta segundos antes. Enfiamos a garrafa e os copos embaixo da mesa de mixagem e corremos para nossas posições. Mick estava sentado no chão ao lado de Paul e fumava um grande cigarro de maconha na frente de 200 milhões de pessoas - e ele estaria em um tribunal no outro dia pela manhã. Eric Clapton teve os cabelos produzidos à moda afro, a última moda, como Hendrix. Os mais narcisistas queriam sentar-se aos pés de John porque como vocalista das músicas, as câmeras estariam nele a maior parte do tempo. Ele estava tão ligado e acelerado que mascava chicletes sem parar. Todos tomaram alguma coisa para aumentar a animação, e eu, que era o homem placa exibindo a mensagem O FIM DO MUNDO ESTÁ PRÓXIMO, aparecia dançando e balançando sinos. Mas naquela noite a mensagem foi LOVE LOVE LOVE.
Trecho do livro “Magical Mystery Tours – Minha Vida Com Os Beatles”, de Tony Bramwell com Rosemary Kingsland
Editora Seoman – 2008 – 520 páginas
McCartney diz que Yoko Ono não foi responsável pela separação dos Beatles
O cantor e compositor britânico afirma em entrevista que a mulher de John Lennon não teve culpa nenhuma pelo fim da banda
POR O GLOBO
28 out. / 2012 - RIO - O cantor e compositor Paul McCartney garantiu que Yoko Ono, a mulher de John Lennon, não foi a responsável pelo fim dos Beatles, em 1970. ''Ela certamente não separou o grupo, o grupo já estava se separando'', afirmou McCartney em entrevista concedida ao repórter britânico David Frost, que vai ao ar na rede Al Jazeera. Dessa forma, o músico põe fim a décadas de acusações contra Yoko. A conversa de uma hora, uma das entrevistas mais longas dadas pelo ex-beatle recentemente, será exibida no mês que vem.
Durante o papo, McCartney chega até afirmar que Yoko teve um papel positivo sobre as ideias musicais do parceiro, ao afirmar que Lennon não teria feito canções como “Imagine” se não tivesse tido contato com a arte da artista plástica e compositora japonesa. ''Eu acredito que ele não teria sido capaz de fazer isso sem Yoko, por isso, acho que ela não pode ser culpada por nada. Quando a Yoko apareceu, parte de sua atração era seu lado vanguardista, sua visão a respeito das coisas, por isso, ela mostrou a ele outra maneira de ser, que foi muito atraente para ele. Então, era hora de John ir, ele definitivamente iria sair, de um jeito ou de outro''.
Ainda na entrevista, McCartney reconhece que se incomovada com o fato de Yoko estar sempre às sessões de gravações dos Beatles. O músico diz ainda acreditar que o grupo se separou no momento certo. De acordo com ele, a banda ''deixou um belo legado'' e que por isso a separação ''não foi algo ruim''.
McCartney conta que um dos motivos pelo qual ele e John foram muito próximos é que ambos perderam suas mães ainda na juventude. A mãe de Lennon foi morta após ter sido atropelada, quando ele tinha 17 anos. McCartney perdeu sua mãe quando ele tinha 14 anos de idade.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/mccartney-diz-que-yoko-ono-nao-foi-responsavel-pela-separacao-dos-beatles-6562151#ixzz3shb6nOi1
© 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.